Nudez!
Em nossa cultura é praticamente impossível não vincular o nu ao
sexo, ao erotismo, a pornografia, a putaria e outras coisas mais.
Estamos acostumados a erotizar o corpo despido. Associamos o
estar sem roupas a libido, a sexualidade a ser exercida.
Não é dessa maneira que umas poucas pessoas veem a nudez.
Por exemplo, no Rio Grande do Sul, na comunidade Colina do Sol, todas as pessoas que ali moram, vivem nuas. Para eles, a nudez é algo tão natural quanto
comer, tomar banho, conversar, praticar esportes e etc. Com rígidas regras de
convivência, eles vivem numa mini cidade, onde a roupa tem pouca importância.
Apenas quando está muito frio, ou noutras pequenas circunstâncias, é que eles
se cobrem com um pedaço de tecido. Algumas pessoas que querem visitar e
conhecer o local, pensam erroneamente, que ali é um antro de putaria. Mas
talvez, excetuado a nudez inerente do local, eles vivem com sérias restrições
de comportamento até mais severas que as do mundo "normal". Carinhos
excessivos em público são duramente proibidos. Eles não falam claramente, mas
ereção em público é pecado capital nessas localidades.
O Brasil vive uma ironia, ou podemos chamar de hipocrisia mesmo.
No Carnaval é permitido que peitos e bundas sejam plenamente exibidos em
público, seja na TV, seja nos bailes e nas ruas. Podem estar crianças, pessoas
idosas, não importa, pois pelo menos nesses quatro dias de folia, a lei que
pune a nudez em público, como atentado violento ao pudor é SUSPENSA. Que
sistema legal é esse que arbitrariamente resolve tirar férias nos dias dessa
festa? Não estou criticando a nudez carnavalesca, mas a flexibilidade
injustificada do nosso sistema de leis.
Quando a Sara Winter, ainda feminista na época em que esse
documentário foi feito, foi fazer um protesto contra os vergonhosos gastos para
a copa do mundo, mostrando seus lindos e apetitosos seios (acho que sejam, pois
estão embaçados; e ok, sou mais um que não sabe desassociar a nudez do sexo),
ela e suas companheiras de militância foram arrastadas pela policia. Num
protesto pacífico e com uma acusação legítima, pessoas são presas e punidas,
por estarem com os seios à mostra, sem fazer atos e gestos obscenos. No
entanto, na futilidade do carnaval, pessoas podem fazer insinuações sexuais em
rede televisiva nacional e ainda são aplaudidas e idolatradas. Vai entender uma
coisa dessas.
Ficarmos nus é, e continuará sendo um TABU. Nossa formação
ético-religiosa-cultural não nos permite ir além. Pra falar a verdade, a roupa
protege-nos não apenas fisicamente, mas psicologicamente. Nossa história de
vida está de certa forma refletida em nosso corpo. Sejam defeitos, cicatrizes,
marcas... Por que deveríamos expô-las aos outros? Quem diabo se importa em ver
nossas pelancas, estrias, celulites, bunda murcha, manchas?! Não obstante, se tem pessoas que não
ligam, que assim vivam em seus lugares e paraísos do naturismo, como a localidade
Colina do Sol.
Que todos sejam felizes. Ou com roupa ou sem.
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