segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Livros Lidos (10)


GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Vida, 2007.

Um dos livros mais interessantes e inteligentes que eu li em 2007. Os autores Norman Geisler (Ph.D em Filosofia na Universidade Loyola) e Frank Turek (Doutorando em Teologia), são bastante habilidosos em destruir as várias falácias que estão presentes no ateísmo e na ciência presa ao naturalismo filosófico. Desde refutações ao relativismo epistêmico e moral, passeando pelo preconceito que muitos cientistas nutrem pela ideia de um pé divino na configuração do Universo, os escritores apresentam argumentos fincados na lógica e na ciência que evidenciam a racionalidade de se crer numa mente inteligente que criou o cosmos.

Também o problema da origem da vida é explicitado, o que acaba enfraquecendo e muito a evolução das espécies por meio da seleção natural e mutações gênicas, visto que se a evolução química da primeira vida se mostra extremamente inviável, o problema da teoria da evolução se encontra logo em seu início. Embora, Darwin, tenha criado a sua teoria pressupondo a primeira vida já formada e " pronta" para iniciar o seu processo gradualista. 

Um dos trechos que julgo mais importante no livro é este:

“Nossa capacidade de raciocinar pode vir apenas de um de dois lugares possíveis: ou a nossa capacidade de raciocinar surgiu com base em uma inteligência preexistente ou surgiu baseando-se em uma matéria inanimada. Os ateus/darwinistas/materialistas crêem, pela fé, que nossa mente surgiu de matéria inanimada e sem nenhuma intervenção inteligente. Dizemos que isso é pela fé porque tal afirmação contradiz toda observação científica, a qual demonstra que o efeito não pode ser maior do que sua causa”. P. 97.

“Faz muito mais sentido acreditar que a mente humana é feita à imagem de uma Grande Mente — Deus. Em outras palavras, nossa mente pode aprender a verdade e pode raciocinar sobre a realidade porque ela foi criada pelo Arquiteto da verdade, da realidade e da própria razão. O materialismo não pode explicar a razão, assim como não pode explicar a vida. O materialismo simplesmente não é racional”. P. 97.

Os autores estão repletos de razão. Como o ateu pode reivindicar racionalidade, se ele acredita que tudo é resultado do acaso irracional? Como ele pode confiar em suas capacidades cognitivas? Segundo as premissas adotadas por eles mesmos, o ateísmo seria tão irracional quanto qualquer outra visão. Contudo, são poucos os ateus que se dão conta da contradição em que se encontram. 

Jay Budziszewski, Ph.D em Filosofia pela Universidade de Yale e Professor na Universidade do Texas, em Austin, concorda:

"O mote 'apenas a razão!' é completamente sem sentido. A própria razão pressupõe fé. Por quê? Porque uma defesa da razão pela razão é circular e, portanto, sem valor. Nossa única garantia de que a razão humana funciona é Deus que a fez." P. 141.

Em suma, o livro pode até não transformar um ateu em um crente na existência de um ser inteligente que criou o cosmos, mas pelo menos, o cético honesto terá um respeito maior pela visão de mundo teísta.


Escrito pelo Filósofo Denis Lecompte (Ph.D em Filosofia, Letras, Teologia e Ciências Humanas), esse livro retrata resumidamente a história do ceticismo em relação as religiões vigentes desde a antiguidade grega a idade moderna com os iluministas. Segundo o escritor, o ateísmo propriamente dito, ou seja, como um sistema organizado de pensamento só surge no século XVIII, na França.

“[...] pela primeira vez na história da humanidade, afirmar-se um ateísmo que se proclama radical e sistemático. [...] é efetivamente em seu seio que se vê surgir a elaboração e a afirmação de um ateísmo materialista, que se pretende inteiro e racionalista”. P. 92.

Um defeito do livro, creio eu, é em quase não trabalhar o “retorno do religião”, algo que está explicito em seu título. O autor trabalha diminutamente a volta do religioso. Poderia ter explorado mais essa questão. Se resume apenas a mencionar em pouquíssimas páginas a ascensão do misticismo da Nova Era e de um cristianismo “rejuvenescido”.

De qualquer forma, como um filósofo sensato que é, a sua conclusão sobre o ateísmo não poderia deixar de ser mais sóbria:

“O cientificismo e o materialismo ateu não dão conta da realidade. [...] o materialismo entendido num sentido, duro, ‘chato, totalitário e ateu mostra-se inviável e inaceitável”. P. 138-139.

Por incrível que pareça, até alguns Filósofos ateus, a exemplo do Bradley Monton e Thomas Nagel, chegaram a conclusões semelhantes.


Em mais um livro concluído do Alister McGrath (Ph.D em Biofísica Molecular e Ph.D em Teologia Histórica na Universidade de Oxford), constato novamente as grandes habilidades do autor em transmitir conhecimento abalizado e seguro de uma maneira espetacular.

Em poucas páginas ele destrói as pretensões materialistas mais otimistas dos cientificistas. Mostrando o quanto o ateísmo é limitado em suas asserções. No que concerne ao Cristianismo propriamente dito, discordo de algumas conclusões do autor.

O McGrath sempre deixa claro ao longo de toda sua obra, os limites epistemológicos do que defende e escreve. Eis uma qualidade que está ausente tanto em teístas como ateístas.

Conheço alguns crentes que pensam que suas argumentações racionais, baseadas na lógica e raciocínios abstratos têm poderes quase mágicos para persuadir e convencer os discordantes. São cativos das ilusões que nos foram legadas pelo iluminismo.


Esse livro repete os vários argumentos propostos a favor da Teoria do Design Inteligente em detrimento da aceita Teoria da Evolução. De maneira didática e organizada, traça rapidamente a viagem de Darwin no navio Beagle e sua posterior formulação da Teoria da Evolução.

Mostra os erros e fraudes que ocorreram no final século XIX e no século XX de alguns cientistas para provarem a cientificidade da evolução, tais como: a experiência de Urey-Milley, o Homem de Java, o Homem de Piltdown, o Homem de Nebraska, o Homem de Pequin, os Embriões de Hackel e etc. Estes são os velhos exemplos repetidos ad nauseam. Porém, o autor menciona casos recentes de fraudes cientificas tentando corroborar a teoria. Fraudes estas, que eu desconhecia, ou não lembrava. 

Um dos pontos positivos do livro foi em mostrar que dois importantes pilares históricos do Darwinismo estão sendo cruelmente solapados pela Academia. A ideia de um “Ancestral Comum” e a famosa “Árvore de Darwin”, conceitos interligados na teoria. Cientistas e revistas importantes são amplamente citados expondo as fragilidades desses conceitos ultrapassados da teoria, segundo eles.

O livro peca, a exemplo dos demais que tratam dessa questão, em não expor o que realmente é a Teoria do Design Inteligente de maneira didático-sistemática. Apenas se restringe a enumerar os inúmeros buracos que a Teoria da Evolução possui. Tudo bem, que faz parte do labor científico tentar falsear com rigor, lógica e pesquisas as teorias dominantes. 

No entanto, se os adeptos do Design, afirmam possuir uma teoria concorrente, que então apresentem os mecanismos pelos quais o tal Designer criou os seres vivos. Pois se não conseguem fazer isso, ou ainda se afirmarem não possuírem no momento os aparatos científicos e tecnológicos para tal, fica evidenciado que a sua teoria, pelo menos nesse quesito falha dos mesmos problemas epistemológicos que a teoria paradigmática é acusada de sofrer.


Phillipp E. Johnson (Professor de Direito na Universidade de Berkeley, na Califórnia) trata de assuntos relacionados ao materialismo filosófico, ciência, darwinismo, ética e etc.

O prefácio foi escrito pelo renomado Dallas Willard, Ph.D em Filosofia na Universidade Wisconsin-Madison, que num certo momento diz:

"A razão é a capacidade humana de determinar, por meio do pensamento, o que é ou não real. Séculos atrás, o pensador honesto tinha de estar disposto a seguir a pergunta ainda que esta conduzisse a um universo sem Deus. O mesmo se dá com o pensador honesto de hoje. Ele tem de se dispor a seguir a pergunta ainda que esta conduza a um universo governado por Deus. Atualmente, esta última possibilidade é o motivo de aqueles que se julgam responsáveis por tudo que é razoável e certo se tornarem intolerantes e arrogantes. Eles não suportam esta estar errados sobre a não existência de um Deus real." P. 11.

O  objetivo de Johnson é romper os alicerces do naturalismo metafísico, fazendo as perguntas e questionamentos certos para expor as fragilidades epistêmicas em que a Academia está imersa. Creio que ele é bem sucedido nessa empreitada.

O autor não tem receio em tentar propor um novo alicerce para o desvendar da realidade no mundo natural. Esse novo (quer dizer velho) fundamento seria o Deus judaico-cristão. O subtítulo do penúltimo capítulo é: "E se começarmos com a Palavra?". Uma alusão clara ao Logos joanino. O Cristo dos evangelhos.

Depois ele que não reclame e resmungue quando os oponentes do Projeto do Designer Inteligente, classificarem esse movimento sarcasticamente como apenas mais uma "evolução" do bom e velho criacionismo bíblico tão caro aos mais fervorosos literalistas do Gênesis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário