O que dizer? Bom, esperava uma articulação argumentativa mais pungente do autor. Pois o título é extremamente chamativo e desafiador. O Rice Broocks não segue uma cadeia de raciocínios linear para mostrar passo a passo o porquê de “Deus não está morto”. São os velhos argumentos (nada contra, só poderiam serem melhor formulados) e praticamente as mesmas citações (com poucas exceções) que já li nos vários livros que tratam desse tema. Nada absolutamente novo. O Broocks carece das habilidades argumentativas dos Filósofos Norman Geisler e Willian Lane, ou do escritor Josh McDowell.
Mas Deus está ou não está morto? Não, não - Deus não está morto. O autor pode até não ter um grande poder de convencimento, porém, o ateísmo pouco (ou nada) tem a nos dizer. Pode ser que nem seja o Deus judaico-cristão que esteja vivinho. Talvez possamos ser frutos de um projeto deístico, ou de um Deus que se relaciona com o ser humano à parte de qualquer sistema de crença religioso. As possibilidades são várias.
Esperava um pouco mais desse livro. Pensava encontrar uma defesa robusta e aguçada da significância, digamos, ontológica, que há no mundo natural. Os autores, Benjamin (Ph.D em Filosofia na Universidade de Vanderbilt, EUA) e Jonathan (Ph.D em Literatura na Universidade do Kansas, EUA) tentam sem sucesso em muitas páginas de seu livro argumentar em prol de uma inteligibilidade por trás da natureza. Pecam quando escrevem exaustivamente sobre a obra Willian Shakespeare, querendo fazer uma possível ponte e conexão entre a genialidade literária deste, com a genialidade e ordem existentes no mundo natural. Nota 0 para o terceiro capítulo.
Mas existem muitos pontos positivos no livro. Usando uma abordagem diferente, eles argumentam eficientemente sobre o misterioso sucesso da Matemática em explicar com bastante êxito os mistérios que sondam o Universo. Mas como poderia a Matemática, sendo ela apenas uma invenção e abstração arbitrária condicionada cultural e geograficamente, segundo os materialistas, explicar tão bem as sutilezas do mundo físico?
“Em bases materialistas, por que haveria de ser assim? Por que haveria qualquer conexão entre as relações numéricas formais, altamente abstratas, e números e cifras, e a ordem na natureza? Em suma, por que a natureza é passível de análise matemática?” P. 26.
Para os autores, e para mim, também, existe algo (Deus) por trás da natureza que nos permite decifrá-la, descobrindo mesmo que parcialmente os seus fundamentos. No entanto, se somos o resultado cego e aleatório de um amontoado de poeira cósmica, é muito estranho e bizarro conseguirmos através de nossas capacidades intelectivas entender o mundo que nos cerca. Na verdade, nem teríamos intelecto de bosta nenhuma.
O autor, Colin A. Russel (Ph.D e Mestre em História e Filosofia da Ciência na Universidade de Londres), argumenta que “os rios da ciência e da fé”, tal qual duas correntes que se cruzam, historicamente não tiveram o conflito de gato e rato que comumente se comenta por aí.
No surgimento da ciência moderna, o autor afirma que as raízes do pensamento grego juntamente com a “redescoberta de certas doutrinas do cristianismo bíblico levou a uma nova percepção qualitativa da natureza, grande o bastante para abranger essas descobertas recentes e tornar possível a Revolução Científica”. P. 63.
Isso acaba contrariando o ponto de vista dos que defendem um antagonismo brutal entre fé religiosa e trabalho científico sério.
“É fácil demais precipitar-se para a conclusão de que a ciência conseguiu emergir quando o punho de ferro da igreja abrandou e a liberdade e raciocínio do mundo antigo foram devolvidos a raça humana. Uma avaliação nesses termos não é apenas demasiado simplista, mas também errada em aspectos importantes”. P. 26.
O assunto em questão é sobre a relação entre “Fé e Razão/Teologia e Ciência”. Embora o livro trate de assuntos que necessariamente não estão relacionados a esse tema.
O que me surpreendeu negativamente foram os capítulos escritos pelo Lee Strobel e Norman Geisler, visto que esses autores tem obras fantásticas sobre os assuntos tratados no livro em questão. O primeiro escreve basicamente as mesmas coisas que registrou em suas duas primeiras obras, repetindo a exaustão os argumentos presentes ali. O Geisler decepciona bastante em dois dos três capítulos escritos. Esse não é o Geisler que conheço de outras obras de inestimável riqueza argumentativa.
O último capítulo, que trata sobre o “Islamismo Negro”, talvez tenha sido o que mais me chamou atenção, por historiar um movimento de inestimável importância na luta pelos direitos civis nos EUA. Mostrando suas crenças, práticas e políticas sociais, em prol de mais igualdade entre brancos e negros naquela nação. Mesmo que alguns grupos tenham lutado por mais separação e antagonismo.
Outros capítulos falam sobre o Budismo, Meditação Transcendental, Reencarnação, Mormonismo, Alcorão, Origem do Universo, Argumentos Para Existência de Deus, e etc. Tudo de maneira bastante resumida e sem muita profundidade. Para cada um desses complexos temas, livros e mais livros devem ser lidos e estudados. Mas um dia chegamos lá.
Como de costume, mais uma obra que trata da intrigante questão “Razão e Fé”, tema, que me é tão caro e fruto de reflexões diárias.
Juntamente com grandes amigos, sempre posso discutir, avaliar, reavaliar, rejeitar, abraçar e falar bem ou mal dos temas que sempre vêm ao nosso encontro, através de nossas inúmeras leituras e diálogos, que sempre se complementam e nos ajudam a abrir novos horizontes intelectivos.
E o tema do livro em questão, sem sombra de dúvida, foi o mais recorrente, apesar da obra em foco ser muito básica e rasa sobre o assunto “Fé e Razão” (poxa, só leio coisas básicas, é isso?). De qualquer modo, toda leitura é válida e proveitosa, nem que seja para rejeitá-la e taxá-la como um lixo teórico depois. O que não é em geral o caso desse livro. Digo em geral, pois julgo que o autor é otimista demais em alguns pontos. Acho que ele quer enganar a si mesmo. Isso é típico dos cristãos. Não que eu não caia em algumas enganações volitivas de vez em quando.
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