segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Livros Lidos (12)


AZEVEDO, Israel Belo de. Curso Vida Nova de Teologia Básica: Apologética Cristã. São Paulo, 2006. 

O autor possui um Ph.D em Filosofia pela Universidade Gama Filho, Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e especialização em História pela Universidade Federal Fluminense. Ele diz:



"Não acreditar em Deus em optar por viver sem propósito. A propósito, há sentido e propósito para a vida? Um ateu, como Freud, explica: “Não, de jeito nenhum. A partir de nosso ponto de vista científico, não podemos responder à questão se a vida tem ou não tem sentido”. Que sentido tem uma vida sem sentido? É mais sábio aceitar, como C. S. Lewis, um cristão, que o sentido e o propósito da vida são encontrados quando compreendemos nos termos do Criador que nos fez por que estamos aqui. O propósito primeiro de nossa vida é estabelecer um relacionamento com o Criador.

Para crer em Deus, precisamos nos abrigar para o que está além do sentido da razão. Não precisamos negá-la para experimentar o amor de Deus. É como se fosse uma aposta: se não cremos em Deus, perdemos a possibilidade de conhecer. Ser cremos, damo-nos a oportunidade de conhecer. Para crer em Deus precisamos exercitar a liberdade, que pode ser não crer, mas também crer. Escolhamos crer." P. 27, 28. 

Por mais que ainda persista a ideia de que homens da Ciência não possam acreditar no Transcendente, isso não procede. Phillip Henry Gosse (1810-1888), um dos maiores Biólogos do século XIX, em confirmação, nos conta:

"Quem pensa que pode haver um conflito real entre ciência e religião deve ser muito inexperiente em ciência ou muito ignorante em religião."  P. 57.

Apesar de seu livro ser uma apologia do Cristianismo, Azevedo lista algumas crueldades que a cristandade perpetrou ao longo de seus quase 2000 anos de existência:

1. Ano 324: Os "cristãos" de perseguidos passam a perseguir. 

2. Séculos 11 e 16: Cruzadas e guerras travadas contra os muçulmanos.

3. Século 13: A igreja católica institui a inquisição. Quem não acredita na besteiras que ela ensina deve ser devidamente punido ou morto.

4. Miguel Servetus (século 16): Este foi cruelmente morto na fogueira pelos protestantes.

5. Camponeses da Alemanha: Lutero apoiou a guerra dos grandes senhores feudais contra eles. Mais 100 mil morreram.

6. Massacre de São Bartolomeu: Católicos franceses assassinaram cerca de 60 mil protestantes.

7. Nazismo: A maioria das igrejas católicas e protestantes foram coniventes com Hitler.

8. América Latina. Os espanhóis e a igreja católica massacra os povos que aqui viviam.

9. Tráfico de escravos: Os negros não valiam muita coisa para protestantes e católicos. Eram inferiores. 

10. Brasil: Igreja católica e protestante não criticaram a ditadura. Pastorecos e padrecos frequentavam os palácios dos militares. 

Logicamente que o autor vai contrabalançar com exemplos de "cristãos" que fizeram coisas benéficas para a sociedade. De qualquer forma vemos o quanto a religião instituída e organizada pode fazer mal as pessoas e países.


"Deus está presente no mundo. Deus, como causa, não está fora da natureza como agência coerciva externa, mas está envolvido na existência das entidades criativas através do amor persuasivo." Charles Birch, foi Professor de Biologia nas Universidade de Oxford, Columbia, Chicago, Minesota, Sidney e da Califórnia. 

Livro que não acrescenta quase nada ao assunto Ciência e Fé. :( Textos chatos, que não trazem nenhuma empolgação. De 0 a 10, nota 5 pra esse livro. Esperava bem mais dos autores. O capítulo que mais me interessou foi A Ascensão e Queda do Criacionismo, escrito pelo Conrad Hyers, Ph.D em Teologia pela Universidade de Princeton. Concordo com ele, quando diz:

"[...] Os textos da criação [do livro de Gênesis] representam literatura e preocupação muito diferentes do discurso moderno. Jogar as afirmações bíblicas nessa arena, como se fossem da mesma ordem que a Origem das Espécies de Charles Darwin ou o The Panda´s Thumb, de Stephen Jay Gould, ou ainda como se conclusões científicas pudessem resultar delas, é estar muito confuso sobre o ensinamento do material de Gênesis". P. 122.

Por mais que o livro do Darwin e do Gould possam ter seus erros de interpretação dos dados coletados; existe uma diferença gritante entre estes e o livro de Gênesis, que não foi absolutamente resultado de um trabalho de pesquisa e coleta de dados sobre a natureza. Não se pode impingir ao belo texto da criação, elementos da ciência moderna. Fazer isso, é desonrá-lo.


Charles Colson, um dos autores, foi assessor direto do ex-presidente norte americano Richard Nixon. Ele foi preso no maior esquema de corrupção pelo qual os EUA passou - o escândalo de Watergate na década de 1970. 

É um dos poucos autores protestantes que admiro, apesar das suas inconsistências (mas quem não as tem?!) e fraca defesa de certos assuntos que comprometem a "santidade" e credibilidade da cristandade/cristianismo na história. Gosto quando os autores dizem:

"O fato simples é que uma sociedade livre ninguém tem o direito de impor a sua vontade a ninguém. O que qualquer cidadão pode fazer é lutar por seu ponto de vista dentro do processo democrático". P. 244.


Tinha curiosidade de ler alguma coisa desse renomado autor. Como não tenho coragem de ler uma outra obra dele (A Espiral Hermenêutica), de 768 páginas, optei por essa. Duas importantes questões que o livro "3 perguntas cruciais sobre a Bíblia" trata, são:

PODEMOS CONFIAR NA BÍBLIA?

Podemos? Tenho dificuldades em acreditar  em tudo que ela diz. 

PODEMOS ENTENDER A BÍBLIA?

As interpretações sobre o que ela diz ou ensina existem aos milhares por aí. Das interpretações mais viáveis às mais esdruxulas.

“A crença na eternidade é uma das mais duradouras do Ocidente. Com ela, os homens enfrentaram, ao longo de séculos, a angustiante constatação da efemeridade da vida. [...] a fé na eternidade atuou como um poderoso fundamento não apenas da vida dos indivíduos, mas também da constituição das sociedades”.


“A crença na eternidade é uma das mais duradouras do Ocidente. Com ela, os homens enfrentaram, ao longo de séculos, a angustiante constatação da efemeridade da vida. [...] a fé na eternidade atuou como um poderoso fundamento não apenas da vida dos indivíduos, mas também da constituição das sociedades”.

Quando li essa contra-capa, fiquei louco para ler este livro. Concluí em 2014, num momento bem oportuno. Visto que na época, uma pessoa muito especial pra mim e para os meus amigos de sala de aula, tinha falecido em um acidente de moto.

Carlos Eire, ensina História na Universidade de Yale, EUA. E também já lecionou nas Universidades de Princeton, Minnesota e Virgínia, ele escreve:

"Imaginar a eternidade é aventurar-se para além da experiência sensível, refletir sobre o inimaginável, contemplar o supremo. A eternidade está além da nossa compressão, mas não além da apreensão intelectual. Não se trata de mero mistério lógico, algo contraditório ou fanático, como um círculo quadrado. Tampouco é um 'tropeço da crassa irracionalidade', como alguns materialistas gostam de dizer. A eternidade é uma possibilidade lógica real, com muitas dimensões; como tal, ela é uma questão epistemológica e metafísica quanto científica, ou ainda ética ou política. A eternidade é [...] um mistério para lógicos e cosmólogos e uma meta para os indivíduos e as sociedades; ao lidar com ela, estamos buscando sentido, propósito ou justiça suprema". P. 37-38.

Embora o autor do livro não alimente esperanças quanto a uma vida pós-morte. Eu tento alimentar essa esperança, e sei que meu amigo já mencionado tinha uma crença bem forte numa vida após esta vida. Ele aventurou-se "para além da experiência sensível", refletiu sobre o "inimaginável" e contemplou o "supremo". Pela convivência que tive com o meu nobre companheiro de sala de aula, sei muito bem que ele buscava "sentido, propósito [e] justiça suprema". Que ele tenha encontrado.

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