Esse livro não poderia deixar de ser pelo menos mencionado na minha monografia. Visto que foi (e ainda é) umas das mais importantes obras literárias do século XX. Tive a curiosidade de ler essa obra em 2010, quando nem me passava pela cabeça fazer uma pesquisa mais meticulosa sobre Calvino e seus feitos na área social.
A influência de Calvino nos vários países que integram a Europa (Brasil também) foi tão vasta e intensa que muitos teólogos, historiadores e sociólogos reconhecem que além dele ter sido um grande e importante teólogo, também o consideram um grande reformador social, político e econômico (ok, eu já falei isso várias vezes em outras postagens.
A conhecida obra do sociólogo Max Weber traz uma investigação sobre os motivos pelos quais o sistema capitalista se desenvolveu tão plenamente entre os países aderentes das ideias protestantes. Para Weber, a “ética”, ou seja, os princípios norteadores da conduta protestante tiveram uma fundamental importância no desenvolvimento do capitalismo.
"Uma simples olhada nas estatísticas ocupacionais de qualquer país de composição religiosa mista mostrará, com notável freqüência, uma situação que muitas vezes provocou discussões na imprensa e literatura católicas e nos congressos católicos, principalmente na Alemanha: o fato que os homens de negócios e donos do capital, assim como os trabalhadores mais especializados e o pessoal mais habilitado técnica e comercialmente das modernas empresas é predominantemente protestante.” P.12.
Livro lido e aprovado, com várias ressalvas. O Narloch é escrachadamente de direita, mas nem por isso, rejeitei o que ele escreve nesse livro.
Zumbi tinha escravos.
Os índios mataram mais índios que os portugueses.
Os guerrilheiros na ditadura, eram tão ou mais perversos que os militares.
Etc.... Etc....
Carece de problematização, questionamentos; é meio romanciado, mas não deixa de trazer informações valiosas sobre o reformador e seu impacto na cristandade e na história.
Podemos não concordar, e até repudiar muitas das ideias e atitudes de Lutero. No entanto, tiro o chapéu para essa grande figura da história. Um dos maiores homens que já viveu!
Como um dos meus objetos de estudo é a história da igreja/cristianismo/cristandade, não poderia deixar de ler esse livro e usá-lo nem que fosse como nota de rodapé na minha monografia.
"Precisamos admitir, logo de início, que ninguém tem a palavra final sobre as datas mais importantes na história do cristianismo".
"Não tivemos a intenção de nos colocar como juízes autorizados a decidir o que foi realmente importante na vida da igreja em todos esses séculos. Em vez disso, tentamos apresentar um panorama dos acontecimentos na surpreendente história do povo de Deus que possibilitará aos que não são nem especialistas nem historiadores uma visão adequada dos principais contornos e dos eventos-chave que moldaram o cristianismo".
Por mais que eu discorde da linha historiográfica desse autor; eu sempre tenho usado esse livro quando vou escrever. Na monografia sobre Calvino e a Educação, não foi diferente. O Keith Jenkins (Professor de Teoria da História na Universidade de Chichester, na Inglaterra), escreve:
"Não há método que estabeleça significados definitivos; a fim de terem significado, todos os fatos precisam inserir-se em leituras interpretativas que obviamente os contém, mas que não surgem pura e simplesmente deles. Muitas vezes, os historiadores parecem supor que as interpretações derivam dos “fatos” e que uma interpretação temporária e localizada é na realidade verdadeira/exata; que 'no centro', se encontram os fatos fundamentais e alguma maneira dada e não-interpretada". P. 61
Acho válido o historiador ter um certo tipo de incredulidade em relação aos documentos e narrativas históricas. Mas apesar desse enunciado do Jenkins ter os seus méritos, a citação em apreço talvez sofra de consistência lógica. Pois afirmar que os fatos não tem significado, pressupõe que a afirmação sobre o suposto fato sem significado é uma afirmação significante e relevante sobre o mesmo.
Se este for o caso, Jenkins acaba admitindo sem o perceber que os fatos tem significado (afirma, aquilo que está tentando negar), se não, a afirmação dele cai na vacuidade. Pois o que ele afirma, não passará apenas de mais uma “interpretação”, tão válida (ou seria melhor dizer: inválida?!) quanto a de qualquer outra pessoa.
E assim estaríamos adentrando num relativismo pós-moderno perigoso e auto-contraditório. Embora a sua visão em todo o livro é realmente relativista e pós-moderna. O Jenkins é que precisa "repensar" o seu modo de fazer história.
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