quarta-feira, 29 de junho de 2016

Escravismo no Brasil


LUNA, Francisco Vidal; KLEIN, Herbert S. Escravismo no Brasil. São Paulo: Edusp, 2011.

Francisco Vidal Luna (Bacharel e Ph.D em Economia na USP e Professor da mesma) e Herbert S. Klein (Bacharel, Mestre e Ph.D em História na Universidade de Chicago, EUA) pesquisaram por mais de trinta anos os arquivos referentes ao sistema escravista no Brasil, e esse livro é o resultado parcial de seus exaustivos estudos. Aliando os pressupostos teóricos da Economia e da História, apresentam uma cuidadosa análise dos africanos escravizados no Brasil Colônia e Brasil Império. Tanto pesquisas em fontes primárias, como em trabalhos acadêmicos publicados, foram meticulosamente feitas, trazendo uma riqueza de dados inestimáveis, para quem se interessa pela dinâmica da vida social, econômica e social do Brasil em seus quatro primeiros séculos. Muitos gráficos, tabelas, números e notas de rodapé estão espalhados ao longo das quase 400 páginas; chega a ser chato e cansativo olhar um por um, porém, muitas obras acadêmicas são assim mesmo, quer os seus leitores gostem ou não.

Vamos ver apenas algumas informações que Luna e Klein nos trazem:

No senso comum, quando falamos em escravidão dos africanos, logo pensamos que a escravização só foi perpetrada pelos europeus. Mas a realidade foi um pouco mais complexa e triste do que essa. Africanos também escravizavam africanos. Fato que ainda poucos conhecem, excetuando-se a comunidade de Historiadores e curiosos. A África se compunha de vários povos, tribos, línguas, dialetos, costumes, que distinguiam as suas populações, como normalmente acontece em qualquer lugar. Naturalmente surgiam conflitos que acabavam em guerras tribais, aonde os vencidos podiam ser escravizados. Essa escravização era numa escala infinitamente menor que a escravidão feita pelos europeus na Idade Moderna. Mas que ela existia entre os africanos, existia. O livro em foco não menciona a média de pessoas que eram levadas cativas depois de uma guerra, mas outros Historiadores mencionam que o número de escravos não passavam de dez.

“Também no continente africano a escravidão existiu desde os registros históricos mais antigos, mas foi uma instituição relativamente sem importância antes de iniciar-se o tráfico atlântico de escravos.” P. 15.

Durante a escravidão nas Américas (portuguesa, espanhola e inglesa), mais africanos foram trazidos para esse lado do atlântico do que europeus. Os traficantes de escravos eram muito habilidosos e eficientes em caçar africanos, tornando menos custoso para os colonizadores os trazerem para cá. Com a ressalva de que na América espanhola, os escravos ficaram relegados mais aos serviços domésticos e a servidão urbana, como acontecia na Europa.

“[...] a América tornou-se o grande mercado para 10,5 milhões de cativos que se estima terem ali desembarcado no decorrer dos cinco séculos seguintes, e foi no Novo Mundo que a escravidão africana mais se expandiu sob o domínio europeu. Até a década de 1830, mais africanos do que europeus haviam atravessado o Atlântico, e estima-se que em 1750 mais de três quartos dos que emigraram para a América eram escravos africanos.” P. 25.

O modelo português de plantation (grande lavoura) serviu de exemplo e fora copiado pelas outras colônias nas Américas. O açúcar antilhano desenvolveu-se e até ultrapassou o mercado luso-brasileiro, graças à tecnologia e modo de trabalho escravo africano aprendido na colônia portuguesa. A escravização indígena e o trabalho assalariado de pessoas vindo da Europa não vingaram no Caribe. 

“A experiência do desenvolvimento colonial na América portuguesa tornou-se o modelo para todas essas colônias posteriores, havendo inclusive uma transferência direta, para as Antilhas, de cativos brasileiros e da tecnologia brasileira no fabrico do açúcar em meados do século XVII.” P. 35.      

Quando os portugueses resolveram de fato colonizar o Brasil, na década de 1530, os engenhos de açúcar precisavam de mão de obra para funcionar a todo vapor, inicialmente os senhores buscaram os indígenas para trabalharem cativos no plantio da cana, mas sabemos que a escravização dos moradores da terra, não durou por muito tempo nos engenhos do nordeste. A pressão dos jesuítas, por exemplo, é um dos fatores que ajudam a explicar isso. O Estado português pressionado pela igreja, depois de um tempo proibiu a escravização dos silvícolas, embora em algumas regiões, durante séculos os nativos tenham sido escravizados. De qualquer forma, o trabalho nas grandes lavouras, foi efetivado pelos africanos. O livro nos ajudar a entender o porquê dos índios terem sido descartados no empreendimento de plantation português, além da pressão religiosa católica:

“Como muitos nativos da África ocidental provinham de culturas com técnicas avançadas de agricultura e metalurgia do ferro, eram muito mais qualificados para tais atividades do que os índios. Além disso, no que respeitava às doenças, eles provinham do mesmo meio que os europeus, e a maioria das moléstias que eram epidêmicas para os índios eram endêmicas para os africanos. Portanto, nos quesitos de qualificação, saúde experiência em trabalho agrícola mais rotinizado, os africanos eram considerados muitos superiores aos cativos indígenas.” P. 39.

Mesmo com a ascensão da cafeicultura, no Vale do Paraíba e na província de São Paulo, ultrapassando em produção e exportação o plantio da cana de açúcar no nordeste, ela não foi o setor que concentrou o maior número de escravos. As análises apontam que a escravaria no Brasil estava mais diluída do que se pensava antes. Nem no açúcar e no café estava o maior contingente de negros.

“Apesar da crescente concentração da escravaria da cafeicultura, a maioria dos cativos do Brasil não trabalhava em fazendas de açúcar ou café mesmo no Centro-Sul. Mesmo com sua posição dominante no valor total das exportações, o café absorvia apenas uma pequena fração dos escravos rurais da região.” P. 113.

“Pelo menos de 1700 em diante, em nenhum momento da história da escravidão brasileira os cativos dos engenhos, minas e cafezais compuseram a maioria dos escravos residentes no Brasil.” P. 130-131.

Nas áreas da pecuária, algodão, produção de grãos e raízes para alimentação, trabalhos especializados, semiespecializados, artesanato, mineração, criação de gado, vendas de vários produtos e frutas (escravos de ganho), e serviços domésticos entre outras atividades, concentravam mais escravos que o açúcar e o café. Eram poucas as pessoas que tinham um alto número de escravos, a maioria dos que possuíam cativos, tinham uma média de sete escravos.

Infelizmente no sistema escravagista, muitos dos que antes tinham sofrido as agruras, humilhações e torturas da servidão forçada, quando conseguiram a sua alforria, fizeram o mesmo que os brancos racistas: escravizaram também. Bastou conseguir a liberdade, para ter os seus próprios escravos, para lhes gerar riquezas. O livro não nos diz, se o tratamento dos negros proprietários eram mais humano e mais leve para os seus cativos “irmãos”, pelo evidente fato deles terem sido também escravos um dia.

“Em 1738, por exemplo, na lista de proprietários de escravos da localidade do Serro Frio, em Minas Gerais, 225 eram ex-escravos e controlavam 10% dos cativos. Ademais, entre esses forros proprietários, dois terços eram mulheres. Isso representa um aspecto importante da escravidão no Brasil: em situações muito particulares, como na mineração, ex-escravos atingiam a condição de proprietários de escravos.” P. 355.  

“O fato de que algumas pessoas de cor foram bem-sucedidas na economia de mercado pode ser visto em seu papel como proprietários de escravos. Em números estudos conclui-se de que tais pessoas possuíram escravos.” P. 306.

Muitos alforriados tornaram-se especialistas em caçar os negros que fugiam das fazendas. Cerca de 15% dos capitães-do-mato eram negros. Quanto mais foragidos eles capturavam, maior o seu pagamento.

Em termos oficiais a Igreja Católica, apesar de não fazer esforço algum para acabar com a escravidão africana, afirmava que os negros possuíam alma. Mas geralmente ouvimos dizer o contrário. De qualquer forma, Bulas Papais legitimavam sem cerimônia a escravização dos habitantes da África. Talvez, uma das mais conhecidas tenha sido a Bula Romanous Pontifex, que não é mencionada no livro.

“A Igreja Católica, embora fosse uma ativa proprietária de escravos, aceitava que os africanos possuíam uma alma imortal e lhes concediam todos os direitos aos sacramentos.” P. 206.

E por incrível que pareça os escravos tinham alguns direitos garantidos pelo Estado, com o intuito de “proteger” as suas vidas. Eles não podiam ser mortos arbitrariamente pelos seus donos. Uma lei do século XVI (Ordenações Manuelinas) e os códigos imperiais do XIX declaravam que o assassinato de um escravo era passível de pena de morte. Mas não nos enganemos, a documentação existente parece nos indicar apenas dois donos de escravos que foram mortos, por assassinar arbitrariamente seus escravos. Esses “direitos de proteção” ao cativo não tornou a escravidão mais palatável; mais mansa; ou mais humana para o cativo. 

“Embora pouquíssimos senhores tenham sido executados por tal crime no Brasil, houve alguns casos de proprietários de escravos que foram punidos com exílio ou vultosa multa, e quase todas as mortes não naturais de cativos, inclusive suicídios, acarretando investigações judiciais formais. [...] mas era consenso que açoitar, marcar a ferro e cometer outras violências físicas constituíam tratamento aceitável para cativos” P. 205.

Como diz a conhecida frase de que “violência gera violência”, os escravos em muitas ocasiões, se vingavam de seus proprietários e capatazes, matando-os:

“Em Campinas, província de São Paulo, no período 1831-1887, houve 79 assassinatos de senhores por escravos.” P. 216.

“São muitos os casos de escravos que justificam ter matado feitores ou senhores porque estes os espancavam constantemente e reduziam ao extremo seus direitos básicos à alimentação e ao descanso.” P. 219.

Para aqueles que conseguiam sua tão sonhada liberdade e pessoas livres de cor, a vida não seria fácil, apesar de termos mencionando que alguns forros possuíam escravos, isso não quer dizer que até mesmo esses seriam bem aceitos na sociedade branca racista. O negro continuava a ser de uma classe humana inferior e, sendo assim, careceria dos mesmos direitos que o cidadão branco.

“Desde o princípio, leis locais e metropolitanas investiram contra os direitos das pessoas livres de cor [...] Era-lhes negado o direito de exercer cargos públicos até mesmo na administração municipal [...] Leis suntuárias proibiam às mulheres de cor usar roupas e joias como as ostentadas pelas mulheres brancas. Por muitos anos, a punição a criminosos diferiu para os brancos e forros.” P. 272-273.

“Uma vez alforriados, os ex-escravos ingressavam no mais baixo estrato da sociedade.” P. 289.

Nas décadas finais do sistema escravista, houve uma grande queda no número de escravos. Cada vez mais aumentava às alforrias, as fugas, a pressão dos clubes abolicionistas, da sociedade e de outros países, principalmente a Inglaterra, para que o Brasil o extinguisse. Todas as regiões ou províncias, de acordo com a documentação existente, apresentam a diminuição de cativos. Eis alguns números de uma tabela na página 320:

PROVÍNCIA
1872
1887
% DE DECLÍNIO




PARÁ
27.458
10.535
-62%
R. G. DO NORTE
13.020
3.167
-72%
PERNAMBUCO
89.028
41.122
-54%
BAHIA
167.824
76.838
-54%
R. DE JANEIRO
292.637
162.421
-44%
SÃO PAULO
156.612
107.085
-32%


A distribuição de escravos por região estava da seguinte forma em 1872:

Centro oeste – 1%

Sul – 6%

Norte – 7%

Nordeste – 27%

Sudeste – 59%

A distribuição da população cativa por região em 1887:

Centro oeste – 1%

Sul – 2%

Norte – 6%

Nordeste – 24%

Sudeste – 67%

Com a abolição em 1888, a entrada de imigrantes europeus cresceu vertiginosamente.

“Na década após a abolição, chegaram da Europa cerca de 1,3 milhão de imigrantes, dos quais 60% eram italianos.” P. 337.

Como já foi dito, a vida dos alforriados no período em que a escravidão vigorava, não era nada fácil. E com o fim dela, a vida dos escravos foi marcada pela discriminação, preconceito e racismo. Os brancos não aceitavam que os ex-escravos tivessem os mesmos direitos. A segregação imperava, mesmo que na teoria eles tivessem seus direitos assegurados.

“A cor negra vista como uma identidade negativa e o ‘embraquecimento’ considerado Pré-requisito para a mobilidade bem-sucedida foram parte da visão cognitiva de todas as sociedades americanas até boa parte do século XX.” P. 339.

Os negros, compondo as pessoas que já eram livres antes da abolição, ex-escravos, seus descendentes e os mulatos adentram o século XX, sob a pecha da rejeição e abandono por parte da sociedade e do Estado. No entanto, não era pra menos, não é porque eles agora não estavam debaixo do chicote dos feitores, exército, polícia, guarda nacional, capitães-do-mato, capatazes e senhores de engenho, que agora seriam visto como plenos cidadãos que podiam gozar de todos os privilégios que a constituição garantia aos brancos. Se muitos destes eram deixados a revelia pelo governo, imagine os pretinhos. 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Retratos de Fé


Estamos no século XXI, e muitos pensavam que a religião iria sucumbir, diante do avanço da Ciência em todas as áreas. Obviamente isso não aconteceu. A fé e a filiação religiosa são tão fortes (no Brasil), que parece até piada que alguém tenha pensado que as comunidades religiosas deixariam de ter a sua relevância na sociedade. Vemos em nosso território uma miríade de religiões e igrejas de todos os tipos e de todos os gostos possíveis. Às vezes, ficamos sem saber qual delas carrega a pecha de religião mais sóbria ou mais maluca e alienante.

A série de documentários Retratos de Fé vem trazer em cada episódio a história e crença das várias religiões e crenças no Brasil. São vídeos de quase 30 minutos, que fazem uma síntese bem simples e objetiva do que determinada religião crê, ensina e diz vivenciar. Não são feitos questionamentos capciosos e, nem os podres e contradições internas são expostos. Até porque nenhuma igreja/religião ficaria imune. O propósito da série é mostrar dada religião pelos olhos dos seus próprios adeptos, sem julgamentos de valores se estão certas ou erradas.

Olhando principalmente para as igrejas cristãs, todas dizem seguir a Bíblia. Para um observador de fora, não tem como essas afirmações de suposta fidelidade ao texto “sagrado” não serem hilárias, pelo óbvio motivo dessas igrejas crerem em coisas muitas vezes diferentes umas das outras. Todas dizem fazerem uma hermenêutica legítima e fiel do texto sagrado, da história, da tradição e etc. Entretanto, suas visões do que deus supostamente espera de nós, seres humanos, são bem contraditórias e até inimigas mortais. O que os seus líderes diriam, diante disso? Ah, que as outras igrejas e suas pobres ovelhas não tiveram a iluminação e seriedade suficientes para entenderem a Deus corretamente, como eles entenderam. Chega a ser um verdadeiro circo, tal situação. Não sendo injusto, muitas dessas igrejas comungam de um núcleo comum de crenças, que as tornam num certo sentido igrejas irmãs, apesar de suas diferenças doutrinárias e práticas distintas no dia a dia.

Nas religiões do Candomblé, Batuque, Jurema e Umbanda (só resumi a Umbanda), também muitos (acho que a maioria mesmo) de seus adeptos e líderes espirituais não se veem como inimigos que devem ser combatidos. Elas possuem em seu bojo crenças similares e que até se complementam.

Muitas religiões mesmo com suas visões de mundo particulares, não saem combatendo e demonizando as outras.

Chega de enrolar, e vamos ao resumo do que Retratos de Fé traz sobre as associações religiosas no Brasil. OBS: queria não ser irônico, mas não teve jeito. Outra obs: o programa tem muito mais episódios do que esses abaixo. Mas a minha preguiça costumeira, não me permitiu escrever sobre todos. De qualquer forma, todos os episódios estão disponíveis no site da TV Brasil e ainda estão muito bem resumidos. Eles podem ser visto no link logo abaixo:


UMBANDA

Uma religião nascida no início do século XX, na cidade do Rio do Janeiro. Ela inseriu em seus cultos e rituais, vários elementos de outras religiões. Uma verdadeira miscelânea de práticas vindas do candomblé, catolicismo, espiritismo kardecista e pajelança.

Interessante que um dos umbandistas entrevistado ressalta que antes da Umbanda ser fundada, já havia relatos de pessoas que tinham incorporado os espíritos dos pretos-velhos, caboclos, exus...
 
Já apresentei seminário na Faculdade de História sobre as diferenças entre Umbanda e Candomblé, mas minha memória sempre falha em diferenciar algumas distinções básicas entre essas duas religiões. Se eu não estiver equivocado, é só na Umbanda que os pretos-velhos e caboclos se incorporam, para dar os seus “preciosos” conselhos. No Candomblé não.

E sempre quando vejo a ritualística da umbanda, me pergunto até onde são reais essas manifestações do outro mundo.  Minha atual concepção é que não são reais. São transes “verdadeiros”, no sentido de que a pessoa realmente entra em um estado alterado de consciência, mas que tal estado não tem relação com o sobrenatural. Não são nem orixás, pretos-velhos, caboclos, e muito menos os demônios da ótica cristã-protestante, apesar de pessoalmente eu não achar nada agradável o comportamento e trejeito desses “espíritos”. São cachaceiros, gostam de um charuto, são amorais e imorais, falam um monte de abobrinhas, e ainda querem nos fazer acreditar que são espíritos evoluídos? É subestimar o pouco da inteligência que temos.



IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA

O adventismo é conhecido por sua “guarda” do sétimo dia da semana (sábado). Essa igreja surgiu nos Estados Unidos, no século XIX, depois de uma grande decepção de cristãos protestantes bem tolinhos, diga-se de passagem, que acreditavam que Jesus voltaria numa data descoberta por eles, mediante seus “profundos” estudos bíblicos. Bom, Jesus não voltou, e muitos ficaram bem tristinhos e cabisbaixos. Outros se juntaram, reavaliaram suas interpretações, passando a crer agora em outras tolices. Assim surge o adventismo.

Os entrevistados enfatizam que o adventismo se caracteriza por duas doutrinas peculiares: a guarda do sábado, como eu já tinha mencionado, e uma forte crença na segunda vinda de Cristo, que agora mais espertos e mais humildes, não ousam marcar data alguma para a “volta” dele. 

Outro ponto dito por eles, é que zelam muito pela saúde física do corpo. Dizem, que o corpo do cristão sendo templo do Espírito Santo, deve ser bem cuidado, mediante o não uso de drogas e álcool, mas através de uma dieta de alimentos saudáveis. O pastor adventista dá a entender que aqueles que se abstém de carnes vermelhas são espiritualmente mais maduros.

A igreja adventista é um ramo separado do protestantismo histórico, por não ensinar as doutrinas históricas do inferno e da imortalidade da alma, assim como as igrejas evangélicas e o catolicismo ensinam. Mas concorda com elas sobre as doutrinas da Trindade, ressurreição física de Cristo e outros ensinamentos fundamentais do Cristianismo.           



IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS

Igreja fundada por Joseph Smith, nos Estados Unidos, no século XIX. Afirma-se que ele estava confuso em que igreja seguir, diante de tantas denominações cristãs. Mas Deus teve piedade dele, e pediu para que esperasse, pois a solução viria em breve. E adivinhe: ele não iria se filiar a nenhuma igreja, mas fundar a verdadeira religião cristã. Todas estavam erradas, e cabia a ele restaurar o Cristianismo.

Um dos missionários mórmons diz que assim como o oriente produziu o testamento de Jesus Cristo, assim também, o ocidente produziu o seu próprio testamento, que não contradiz o primeiro. O Livro de Mórmon seria essa escritura sagrada, que foi revelada por seres angelicais a Smith.

A igreja mórmon tem a tradição de enviar seus jovens de 18, 19 anos para o campo missionário por dois anos, aonde nesse período eles farão o trabalho de evangelizar (eu diria alienar) mais pessoas.

Voltando ao Livro de Mórmon, este já foi PROVADO como falso do ponto de vista histórico. Nenhum achado arqueológico o confirma. A igreja mórmon não tem nenhum Historiador de renome, que possa dizer que existe algum indício que mostre a viabilidade histórica das páginas desse livro. A história dos povos pré-colombianos, apesar de suas lacunas, não tem nenhuma relação com o que o livro de mórmon narra. Pena que os mórmons, coitados, acreditarão, mesmo que todas as direções escancarem as contradições de seu livro sagrado.


IGREJA ANGLICANA

A Igreja Anglicana é a mais católica das igrejas protestantes. Para quem estar acostumado a frequentar certas comunidades evangélicas, com certeza tomará um susto ao assistir um culto anglicano. Em muitos aspectos se parece muito com a missa católica. É uma síntese de protestantismo e catolicismo.

O anglicanismo surge no século XVI (a pastora do vídeo erra ao dizer que foi no século XV), dentro do contexto das revoluções teológicas empreendidas por Lutero,  quando o rei Henrique VIII rompe com o papa e desvincula a igreja da Inglaterra da tutela do bispo de Roma.

É uma igreja inclusiva e ecumênica. Tem uma teologia flexível e que se adapta facilmente a muitas questões contemporâneas. O programa foca em dois pontos: ordenação de mulheres ao sacerdócio e aceitação de homossexuais assumidos.

Quanto ao primeiro ponto, é dito que não existe na Bíblia nenhuma proibição quanto às mulheres se tornarem pastoras. Desde o século XIX o anglicanismo vinha discutindo essa questão. Quanto ao segundo ponto, é impossível conciliar a posição do anglicanismo com os ensinos bíblicos concernentes a homossexualidade. Não estou condenado à mesma. Mas o texto bíblico sempre a condena. Talvez seja a Bíblia que esteja errada em condená-la, porém, com certeza o anglicanismo está errado em fazer uma péssima interpretação da Bíblia e chegar à conclusão de que ela não vê a prática homossexual como pecaminosa. Proceder assim, é não ver o ÓBVIO.


ASSEMBLEIA DE DEUS

Assembleia de Deus, a maior igreja evangélica pentecostal do Brasil. Conhecida pelo seu legalismo no modo de se vestir e falar em línguas estranhas, ou língua dos anjos. Ela nasce em solo brasileiro há pouco mais de 100 anos, com os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg. Estes inicialmente freqüentam uma igreja batista, mas devido a divergências, fundam a Igreja da Missão da Fé Apostólica, que posteriormente se filia a igreja dos Estados Unidos, passando ao seu atual nome.

Como já dito, é uma denominação cristã conhecida por um rígido controle sobre as vestimentas de seus fieis. Embora tenha mudado bastante nas últimas décadas, muitas igrejas locais ainda procuram viver sob esse fardo ridículo. Mas qual a justificativa? Um dos pastores no vídeo, admite que não existe uma proibição explícita na Bíblia sobre a mulher usar cabelos curtos ou usar calças, porém, os filhos de Deus devem ser diferentes e se pautar pelos bons costumes e princípios. No entanto, porque a mulher ter cabelos grandes e usar saias longas é um sinônimo de bons costumes?

Quanto ao falar em línguas é fato que as reuniões na Assembleia de Deus são conhecidas por terem manifestações de línguas desconhecidas. Para eles, isso é uma poderosa prova de que o Espírito Santo está atuando e aprovando seu modo de vida. Isso é totalmente contestável. Várias igrejas protestantes e a quase totalidade dos estudos linguísticos rejeitam a veracidade dessas línguas.


ATEUS, AGNÓSTICOS E SEM RELIGIÃO

Esse é um episódio atípico. Não tratará de uma religião ou igreja específica. Entrevistará três pessoas que não possuem religião. Um publicitário ateu, uma lavradora sem religião e um Professor universitário agnóstico.

O ateu parecia um pastor da igreja universal às avessas. Os trejeitos e a imposição da voz estão iguais aos cacuetes do macedinho e seu bando. Um ateu bobo. Imbuído de uma retórica pobre e ingênua. Aquele tipo de materialista que ainda acredita que o ateísmo é pura razão e a religião é pura superstição. Sua vontade de não crer é tão intensa quanto à vontade daqueles que creem.

A matutinha da lavoura insiste em sua crença em Deus, mas não tem vontade alguma de frequentar qualquer templo religioso. Em suas falas é patente o quanto a sua fé na divindade é forte e sincera. Em alguns momentos pensei que ela iria chorar de emoção. Ela reitera várias vezes que o seu coração lhe diz o que é certo e errado, que Deus a guia e que pensa nele em todos os momentos.

O agnóstico e Professor afirma que não possuímos conhecimento suficiente que indique com segurança se Deus existe ou não. Particularmente, ele sente muita dificuldade no conceito de um Deus que escuta preces e as atende - algo tão primordial nas igrejas cristãs. Talvez possamos um dia chegar a um conhecimento seguro sobre essa polêmica questão, mas por ora, suspendamos o julgamento, diz ele.


IGREJA MENONITA

O pastor começa dizendo que a Igreja Menonita baseia-se exclusivamente na Bíblia. Mais uma comunidade de fé que repete esse clichê. Todas dizem isso; todas afirmam ter uma ética puramente bíblica. Mas muitas vezes, isso não passa de um discurso vazio de todas elas. Impossível seguir tudo. O que pode haver é uma tentativa sincera por parte de alguns em tentar seguir, ou fingir que seguem. Nada além disso.

Os menonitas surgem na Reforma Protestante do século XVI. Meno Simons foi o seu líder, daí o nome da igreja. Discordavam de Lutero, Calvino, outros reformadores e da igreja católica, quanto ao batismo de crianças. Enquanto que Lutero e Cia, não entraram em conflito com o papa, nesse assunto, os grupos anabatistas, dos quais os menonitas faziam parte, bateram de frente nesse tema. Entre os seguidores de Meno Simons, o batismo deve ser feito voluntariamente, em uma idade em que o batizando tenha capacidade de discernir a real importância desse sacramento, algo que não é possível no batismo de recém-nascidos. Nesse sentido, as igrejas pentecostais seguem o mesmo caminho dos menonitas.

Outro ponto frisado no vídeo e esclarecido pela igreja, é que eles geralmente são comparados aos amish, aquele grupo religioso legalista dos Estados Unidos, que rejeitam toda a tecnologia e modo de vida do mundo moderno. Os menonitas esclarecem que apesar de viverem em comunidades, não rechaçam o que mundo contemporâneo pode oferecer em termos tecnológicos.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

A Teoria da Evolução é “irrelevante” para o estudo da Medicina?

É um fato que Cientistas gabaritados, já não acreditam mais na Teoria da Evolução. Esses mesmos Cientistas dizem que existe uma controvérsia no meio acadêmico em torno da veracidade das ideias de Charles Darwin, naturalmente os Cientistas evolucionistas negam essa tal controvérsia. Segundo os darwinistas, o que existe são discursões de como o processo evolutivo ocorreu.  Mas a evolução em si, jamais é negada. Os mecanismos que a natureza criou para transformar uma espécie em outra é que são discutidos amplamente. Uma espécie de telos metafísico é que está fora de questão. Nesse caso, os inimigos de Darwin estão equivocados em afirmar que existe uma controvérsia, como se a comunidade dos Cientistas estivessem dividida entre Darwin e o Design Inteligente, ou outras formas de criacionismos.

Se a comunidade dos Cientistas está totalmente com Darwin, parece que a comunidade dos Médicos, não. Segundo alguns Professores de Medicina, a evolução é completamente descartada e irrelevante para os estudos que empreendem com os seus alunos. Um Médico pode ser formado e altamente preparado para exercer suas funções, sem nunca precisar acatar nenhum dos postulados da evolução darwiniana.

Aqui vai o depoimento de alguns Médicos sobre a “irrelevância” da evolução nos estudos na Medicina:

David Menton, Ph.D em Biologia na Universidade de Brow, EUA, e foi Professor de Medicina na Universidade de Washington.

"Se a teoria da evolução fosse colocada de parte, não haveria qualquer tipo de impacto negativo dentro da medicina uma vez que essa teoria não desempenha qualquer papel no ensino ou na práctica da mesma. Isto não quer dizer que não há profissionais de medicina que não subscrevem a teoria da evolução, ou que ela não é mencionada durante as palestras. De facto, de tempos a tempos ela é mencionada, mas pelas palestras que já participei, quando a teoria da evolução é mencionada, ela é citada de passagem – quase como uma confissão de fé – sem contribuir em nada para o tópico. Os professores não podem perder muito tempo com a teoria da evolução uma vez que eles têm verdadeiro conhecimento médico para passar aos estudantes, e perder tempo com especulações evolutivas é um desperdício. Se removermos a teoria da evolução do nosso estudo, não há nada no domínio da ciência empírica que não pode ser feito de forma progressiva".  - https://darwinismo.wordpress.com/2013/06/01/ser-medico-e-ser-evolucionista-e-contraditorio/

Michael Egnor, Neurocirurgião e Professor do Departamento de Pediatria da Stony Brook University.

“Na verdade, os médicos não investem muito tempo na teoria da evolução. Eles não a estudam nas escolas médicas e nunca usam crenças evolutivas quando se dedicam a tentar curar os pacientes. Não há disciplinas evolutivas nas escolas médicas. Não há ‘professores de evolução’ nas escolas médicas. Não há departamentos evolutivos nas escolas médicas. [...] Sou professor de neurocirurgia; trabalho e ensino numa escola médica, faço pesquisas em torno do cérebro e, em cerca de 20 anos, levei a cabo mais de 4000 operações ao cérebro. Nunca uso a teoria da evolução durante o meu trabalho. Será que seria um melhor cirurgião se assumisse que o cérebro é o resultado de causas aleatórias? Claro que não. Os médicos são detectives. Nós procuramos por padrões e no corpo humano, os padrões presentes possuem toda a aparência de terem sido criados. Começando na estrutura complexa do cérebro humano e acabando no não-menos-complexo código genético, os médicos sabem que os nossos corpos possuem evidências sobrepujantes em favor do design”. - https://darwinismo.wordpress.com/2012/02/19/sera-que-e-necessario-que-um-medico-tenha-fe-em-darwin/

Robert Cihak, formado em Medicina na Universidade de Harvard, pós-graduado na Escola de Medicina da Universidade de Stanford.

“É claro que a maioria dos médicos são cépticos do Darwinismo… Um cirurgião ocular conhece de forma íntima os surpreendentes meandros da visão humana. Logo, as histórias vagas e infantis em torno da evolução ocular não o enganam. E o sistema ocular é apenas um dos incontáveis órgãos e sistemas interdependentes do corpo que colocam em causa qualquer explicação Darwiniana.” - https://darwinismo.wordpress.com/2014/05/20/os-medicos-e-a-teoria-da-evolucao/

Jane Orient, Professora de Medicina na Universidade do Arizona.

“A evolução com o significado de ‘modificações com o passar do tempo’ é um facto indisputável, mas a evolução com o significado da origem de todas as espécies a partir dum ancestral comum é uma especulação imaginativa e desvairada, e ela não deveria ser ensinada como ciência e muito menos como um ‘facto’… As escolas deveriam ensinar a matemática, a lógica e o método científico, e os estudantes deveriam fazer observações cuidadosas, para além de aprender a planificar e levar a cabo experiências. A teoria da evolução de Darwin é, fundamentalmente, um tópico para a história ou para a filosofia.” - https://darwinismo.wordpress.com/2014/05/20/os-medicos-e-a-teoria-da-evolucao/

Cerca de 60% da comunidade dos Médicos norte-americanos creem num design. Willian Dembski, (Ph.D em Matemática na Universidade de Chicago, Ph.D em Filosofia na Universidade de Illinois e Professor associado de Pesquisa em Fundamentos Conceituais da Ciência na Baylor University) e Jonathan Witt (Ph.D em Literatura na Universidade do Kansas, EUA) citam importante pesquisa feita:

“[...] uma pesquisa feita pelo Instituto Finkelstein descobriu que cerca de 60% dos médicos dos EUA consideram que o design inteligente teve sua importância na origem dos seres humanos.” - Design Inteligente Sem Censura. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. P. 31.

Não tenho ciência da repercussão que essa pesquisa teve em solo americano, mas devido às brigas históricas travadas entre darwinianos e criacionistas por lá, com certeza os evolucionistas catalogaram o depoimento de inúmeros Médicos proeminentes para desmentir quaisquer afirmações que venham desmerecer o estudo da evolução na área da Medicina.  

Mas vamos lá. Mesmo que o estudo da Biologia Evolutiva seja mesmo irrelevante para os estudos medicinais, se segue que o darwinismo não é a melhor teoria científica para explicar os seres vivos? Muitos Cientistas ignoram o que a Filosofia da Ciência tem a dizer sobre os empreendimentos científicos, postulados e pressupostos usados pelos Cientistas, entretanto, isso torna as abstrações da Filosofia sem importância para a Ciência? Cientistas de renome mundial, vez por outra, em sua completa ignorância, rejeitam o que os Filósofos têm a dizer. Até um Físico famoso chegou a afirmar que a Filosofia está morta. Cientistas podem trabalhar perfeitamente e descobrir coisas extraordinárias sem se importarem com o que a Filosofia diz ou deixa de dizer. No entanto, é válido afirmar, que por causa desse “descaso”, o estudo filosófico de como a Ciência caminha e funciona, é falso e pode ser jogado no lixo? Eu acho que não.

E tem mais: se 60% dos Médicos creem numa espécie de design, os outros 40% parecem estar ao lado do barbudo do século XIX. O que seria muitos (e bote muitos nisso) Médicos. O que colocaria o darwinismo em larga vantagem, se comparado com o número de Cientistas que estudam diretamente os seres vivos (Biologia), que estão contra o velhinho feio e assustador da era vitoriana. Visto que os adeptos do Design Inteligente e os doidos de pedra dos criacionistas da terra jovem, arrisco dizer, não chegam a 1% na comunidade dos Biólogos.

Dessa forma, pode até ser verossímil (e creio que até seja mesmo) que a evolução não tenha validade alguma nos estudos médicos, mas disso não se segue que ela não seja a melhor explicação para complexidade do corpo humano tão estudado pela comunidade médica.

Por trás das afirmações de alguns (ou todos) esses Médicos, existe uma ideologia religiosa que os impele a serem com tanta veemência contra o darwinismo. E olha que nem acredito na evolução.

PS: o texto tem um “pecado” bem à vista. Todas as citações são de fontes secundárias (ou talvez até terciárias). E de um blog criacionista da terra jovem, ainda mais. Apenas a citação do livro do Dembski e Witt é que não foi retirada do blog Darwinismo Wordpress. Mesmo assim, é mais uma citação de segunda mão, que fiz. Mas fazemos citações indiretas a todo o momento e a toda hora. Sem elas, as conversações seriam impossíveis. Apenas presumi que as citações estão devidamente corretas e sem distorções. Sendo assim, elas servem ao propósito do texto.