NARLOCH,
Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo. São Paulo: Leya,
2013.
Link do livro em PDF:
O
jornalista Leandro Narloch, odiado pelos Professores de História, narra nessas
páginas, uma história não usual de certos acontecimentos e personagens da
História mundial. Fala muita merda, é verdade. Faz um uso seletivo de fatos,
para chegar à conclusão que deseja. É como se a maioria dos Historiadores
fossem burros, e ele (adivinhe?!?) fosse o grande e verdadeiro intérprete da
História!
Mas
ele acerta em muitas coisas. Quando detona o socialismo, por exemplo. Isso deixa muita gente puta da vida.
Até
onde sei, a comunidade profissional de Historiadores repudia essa obra. Nessa
rejeição, há motivos legítimos, mas creio que a ideologia político-filosófica
tem o seu quinhão.
Como
não sou Historiador profissional, apenas um reles Licenciado, não nutro nenhuma
ojeriza pelo Narloch e suas obras de História. Não obstante, tenho consciência
de que ele é muito malandro em muita coisa que escreve.
Em
todo caso: obra recomendada, todavia, com cautela.
Alguns
trechos:
"Outros grafites de Pompéia [cidade romana destruída
pelo vulcão vesúvio] parecem anúncios de prostituição, mas talvez sejam
tentativas de difamar conhecidos. 'Quem sentar aqui deve ler isso antes de
qualquer coisa: se quiser uma trepada, pergunte por Ática. O preço é 16 asses.'
Outra: 'Rômula chupa o homem dela aqui e em todos os lugares'. Há casos
similares sugerindo garotos de programa: 'Glicão lambe vaginas em troca de 2
asses', diz um rabisco. 'Aceito virgens', informa outro."
P. 14-15. - Ray Laurence, Professor de História Antiga na Universidade de Kent,
Reino Unido.
A
safadeza já era grande.
"Os grafites também revelam que existia amor em
Pompeia. Na parede de um bar, um vizinho zomba do rapaz que não é correspondido
pela amada. 'Sucesso, o tecelão, ama uma garçonete chamada Íris, que não gosta
dele; e quanto mais ele implora, menos ela gosta.'" P. 15.
A
natureza humana não muda mesmo. Desde a antiguidade... Demonstre muito
interesse, que você só ganhará desprezo. E o nome do desprezado era Sucesso. Que ironia.
“Os cintos de castidade estão para a Idade Média assim como
a loira do banheiro e as balas com cocaína estão para os anos 80. São pura
lenda urbana, mas de um tipo que durou séculos e pegou até grandes
historiadores.”
P. 22.
E
de onde vieram esses benditos lacradores de pipiu? Objetos falsificados que
possivelmente foram criados no século XIX. Mas os cintos existiram. A
finalidade não era para evitar o marido de levar um chifre.
“Só em 1405 é que aparece o primeiro registro conclusivo
de cinto de castidade. O Bellifortis, primeiro manual ilustrado sobre
equipamentos bélicos, exibe um desenho do acessório e informa que ele era usado
em Florença na defesa pessoal das mulheres: elas o utilizavam durante invasões
de exércitos estrangeiros para evitar estupros. Não seria, então, um ícone da
opressão machista, mas uma defesa contra ela.”
P. 22.
"A Igreja exigia abstinência [de sexo] nos domingos,
nos dias santos, na Quaresma e durante a menstruação. Somando outras
restrições, sobrava menos da metade do ano para o entretenimento conjugal. Os
senhores feudais negavam a maioria dos divórcios e, na Inglaterra, mulheres
foram multadaspor fazer sexo antes do casamento. Tudo isso para fazer valer o
sexto mandamento da Bíblia, aquele que pede aos cristãos evitar a fornicação.
'Fornicar' inclui praticar incesto, requisitar prostitutas,
sexo fora do casamento e masturbação."
P. 24.
Ela
exige muitas dessas coisas até hoje. Mas quantos filhos da igreja obedecem?
Assim como os fiéis da Idade Média, são poucos os que se abstêm atualmente. O
discurso é de castidade, santidade, submissão, mas não passa de teoria.
"Assim como hoje, a prostituição era comum e às vezes
reprimida, às vezes tolerada. A partir do século 14, algumas cidades europeias
não só legalizaram a venda de sexo como organizaram o negócio. Bordéis
dirigidos pelo governo municipal apareceram em toda aEuropa Continental.
Supervisores estipulavam os locais e as horas de prostituição e cobravam
impostos das mulheres e dos cafetões. O mais famoso desses bordéis, o
Casteletto, criado em Veneza por volta de 1350, atraía turistas sexuais de toda a Europa."
P. 25-26.
Hoje
o lugar na Europa que mais atrai a macharada é Amsterdã, na Holanda. Nem ia
dizer que um grande amigo meu, quando esteve na Europa, solicitou, por 150
euros, os serviços e chamegos carinhosos de uma loira exposta em uma daquelas
vitrines num bairro da luz vermelha na capital da Holanda.
"A ideia de que a Terra se movia não
era nova: tinha quase dois mil anos quando foi proibida pela Igreja. O grego
Aristarco propôs, no século 3 a.C., tudo aquilo que Copérnico defenderia 18
séculos depois: o Sol era o centro, a Terra girava em torno de si própria e em
torno do Sol, assim como os outros planetas. Mas ninguém na Grécia levou
Aristarco a sério. Contra sua teoria havia diversos argumentos e questões sem
resposta. Se a Terra se move, por que um objeto solto do alto de uma torre não
atinge o chão um pouco para trás, como acontece quando alguma coisa cai de um
carro ou de um barco?" P. 40.
"[...] Newton era obcecado por
prever grandes acontecimentos do cristianismo. Reconstruiu a planta do Templo
do rei Salomão, acreditando que ela guardava pistas matemáticas sobre a data em
que Jesus Cristo voltaria à Terra. Com base nesse estudo, o físico propôs que,
em 2370, haveria a segunda ressurreição e o Juízo Final. A mais inquietante
previsão de Newton é a data da volta de Jesus Cristo: 1948. Trata-se do mesmo
ano em que o catarinense Inri Cristo nasceu. Coincidência?" P.
43.
"A média atual do Brasil é de 26,2 homicídios a cada
100 mil mortes. A da cidade de São Paulo é 12 – menor que a de cidades
americanas como Miami (16,8) e Chicago (15,9)." P. 74.
Caramba,
a cidade brasileira é a menos violenta! Eu sabia que Miami, pelo menos na
década de 1980, talvez fosse à cidade mais perigosa do mundo. Mas a violência
ainda é muito alta por lá.
“A bomba de Hiroshima salvou milhões de japoneses.” P. 83.
Qual
a justificativa que o Narloch fornece para essa afirmação?
“É razoável acreditar que, houvesse uma operação anfíbia
rumo a Tóquio, morreriam muito mais japoneses que as cerca de 200 mil vítimas
das bombas atômicas. Só na invasão ao arquipélago de Okinawa, pelo menos 100
mil civis morreram (um quarto da população local), além de 70 mil soldados”. P. 85
Ele
diz que se não fosse a bomba atômica, cerca de 7 milhões de japoneses
provavelmente morreriam nos ataques convencionais perpetrados pelos EUA e União
Soviética. E como no lançamento da bomba morreram "apenas" milhares
de japas... Há uma lógica na explicação. Mas tenho dificuldades com o termo "salvar".
Narloch parece dizer que a bomba atômica foi algo benéfico! Como se um grande
erro pudesse justificar algo.
Suponhamos
que uma mulher é brutalmente estuprada e a criança fruto desse ato, no futuro
se torne um Cientista que descubra a cura da diabetes. Podemos afirmar que o
estuprador salvou milhões de pessoas, porque ele resolveu violar sexualmente
uma mulher, gerando um ser humano prodígio, que encontrou a cura de uma doença
que acomete parcela considerável da população mundial? Claro que não, né?!
O
livro é bom, mas é inegável o seu caráter sensacionalista em muitos pontos.
Narloch é muito sonso e cínico.
"Nas aulas de matemática, os alunos
[da Alemanha nazista] calculavam quanto o governo gastava ao manter um doente
mental no asilo, sugerindo a justificativa para o programa de eutanásia dos
doentes mentais". P. 125.
“Na destruição física, é difícil dizer
quem foi pior. Os comunistas mataram mais (por volta de 80 milhões de pessoas,
218 contra 10 milhões dos nazistas), mas num período mais longo e em mais países.
Deportações em massa, chacinas a céu aberto ou com gases asfixiantes ocorreram
na União Soviética desde a década de 1920. A NKVD, a polícia secreta soviética,
criou em 1936 uma câmara móvel de gás, instalada num caminhão que levava as
vítimas para a vala comum enquanto elas morriam. Hitler copiou e aperfeiçoou
esses métodos.” P. 128. - Alain Besançon,
ex-Professor de História nas Universidades de Stanford, Princeton, e Oxford.
"De 150 chefes de Estado que governaram a África
entre 1957 e 1991, apenas seis deixaram o poder voluntariamente." P. 187-188.
Se
a neocolonialismo espoliou o continente africano, os líderes que o governaram
depois de sua emancipação do homem branco, terminaram de espoliar e explorar,
causando tantos males quanto os europeus. Talvez tenham sido até piores, visto
que assassinaram, torturaram, exilaram e deixaram morrer de fome, a sua própria
gente.
"'Pergunte a esses líderes sobre as
causas dos problemas da África', sugere o economista ganense George Ayittey. 'E
eles vão tagarelar sobre o colonialismo, o imperialismo americano, os efeitos
perniciosos da escravidão, a injustiça do sistema econômico internacional, a
exploração das multinacionais. É claro que nunca mencionarão sua própria
incompetência e a adoção de políticas equivocadas'.”
P. 188.
“[...] Nikolai Yezhov, o homem mais poderoso do regime
depois de Stálin. [...] Nas horas de lazer, o inquisidor soviético [...]
participava de orgias com mulheres e amigos e organizava campeonatos de
flatulência. É, campeonatos de flatulência. 'Ele comandava competições entre
comissários sem calças para ver quem jogava mais longe as cinzas de um cigarro
com um peido', conta um dos principais biógrafos de Stálin, o historiador Simon
Montefiore."
P. 193.
Tá
explicado! Por isso que o comunismo/socialismo foi uma verdadeira cagada.
“A mais grave consequência da quebra do sistema produtivo
é a fome. Sem possibilidade de lucro na produção de alimentos, os países
comunistas e suas fazendas coletivas abrigaram as maiores crises de fome do
século 20. Foram entre 10 milhões e 30 milhões de mortos em apenas três anos na
China (entre 1958 e 1961), 5 milhões de mortos na União Soviética de Lênin
entre 1921 e 1922, cerca de 3 milhões na Coreia do Norte entre 1995 e 1999, 2
milhões no Camboja entre 1975 e 1979, 400 mil da
Etiópia governada sob influência da KGB. Na Ucrânia, entre 1932 e 1933, a fome
foi planejada e aprovada por Stálin, que pretendia punir os rebeldes camponeses
ucranianos. Sete milhões de pessoas morreram – mais que os judeus sob Hitler e
num período menor”. P. 196.
Eita,
socialismo bom da gota.
“Ao arranjar culpados para as crises de
fome, nenhum líder comunista foi tão criativo quanto o chinês Mao Tsé-tung. Em
1958, ele concluiu que o motivo da falta de comida eram quatro pestes que
infestavam as plantações: ratos, mosquitos, moscas e pardais. Estes últimos
eram os grandes inimigos de Mao, pois não só atacavam plantações como armazéns
e árvores frutíferas. A solução: implantar uma força-tarefa, a Grande Matança
de Pardais. Os chineses foram obrigados a destruir ninhos e ovos de pardais e a bater panelas, sacudir
vassouras e pedaços de madeira 24 horas por dia para evitar que os pássaros
pousassem, e assim eles foram levados à morte por cansaço. Parece insano, mas
deu certo – ou melhor, deu tudo errado. Os pardais foram eliminados da China.
Só que, como eles ajudavam a comer insetos que atacavam as plantações, a
matança acabou gerando um desequilíbrio ainda pior. O jeito foi chamar os
pássaros de volta. Anos depois, numa ação secreta, os chineses importaram 200 mil pardais da União Soviética.” P. 196.
"Diante da falta de papel higiênico, o governo [de
Hugo Chávez] arranjou uma desculpa genial: o produto faltava porque os
venezuelanos estariam comendo mais – e indo ao banheiro com mais
frequência."
P. 197.
As
cagadas do socialismo.