NOGUEIRA, Salvador. Extraterrestres:
onde eles estão e como a ciência vai encontrá-los. São Paulo: Abril, 2014. (Versão em PDF).
Comecei a ler sobre Ufologia em 2003, quando em
contato com um amigo, que era assinante da revista UFO, maior e melhor veículo
de divulgação do fenômeno sobre os OVNIs no Brasil. O interesse de meu amigo
arrefeceu e, ele acabou me presenteando tempos depois, com todas as suas
revistas e um livro sobre esse assunto, que me fascinava e me fascina.
Salvador Nogueira, colunista da revista
Scientific American Brasil e assessor de comunicação da Sociedade Brasileira de
Física, não é um entusiasta das pesquisas sobre discos voadores e homenzinhos
verdes ou cinzas. O seu interesse está focado nas pesquisas empreendidas pela
comunidade científica, que tem se esforçado nas últimas décadas em busca de
vida além do nosso planeta – seja ela a nível microscópio ou macroscópico. Ele
acha bem improvável que relatos de naves interestelares já tenham travado
contato com algum ser humano, como dizem os Ufólogos. Tenta explicar as
fantasiosas alegações de pessoas que juram terem sido abduzidas ou terem visto
discos voadores, apelando para os conceitos do famoso Psicanalista Carl Jung e
para a cultura pop que propiciou a nossa sociedade a partir das
primeiras décadas do século passado, um “movimento cultural
voltado para os alienígenas”. P. 232.
Sendo assim:
“Uma mistura poderosa de ciência, permeada de novidades e maravilhas
tecnológicas, e ficção, que especulava com base no progresso acelerado, criou a
sensação de que era perfeitamente possível que estivéssemos sendo visitados por
extraterrestres, ou mesmo que eles estivessem tentando estabelecer contato.” P. 232.
Mas autor defende que existem boas razões para
pensarmos que não estamos a sós no Universo. Apenas ainda não temos provas que
estejam aptas a passarem pelo rígido crivo da Ciência. Um dia, quem sabe, as
teremos. Ele pergunta:
"[...] é impossível olhar para o céu e não se
sentir oprimido por uma dúvida: há outros seres vivos além da Terra? Nosso
planeta é um lugar especial, singular, ou apenas mais um dentre bilhões e
bilhões de mundos pululando de vida, muitos dos quais abrigando espécies
inteligentes? Quando olhamos para o céu, será que há lá em cima alguém também
trocando olhares conosco, visualizando nossa pequena estrela anã amarela
[sol] e se perguntando se há alguém por aqui?" P. 24.
Se tivermos de algum dia, sabe-se lá quando, de
encontrar algum tipo de ser vivente na Via Láctea, é mais provável, que ele
será uma espécie de vida simples.
"[...] a descoberta de vida extraterrestre no
Sistema Solar é prioridade dos programas espaciais mais avançados. Embora muito
provavelmente esses alienígenas não passem da escala microbiana e, mesmo na
melhor das hipóteses, não incluam criaturas inteligentes, saber que eles estão
por aí confirmaria a hipótese de que os fenômenos químicos que levam à biologia
se repetem com frequência no Universo. Só de saber que a Terra não é o único
abrigo para a vida – com a possibilidade de estudar uma segunda história de
origem ou, caso a panspermia esteja correta, compreender como cada ambiente
conduz a evolução por caminhos diferentes –, já estaríamos dando um passo
fundamental para aplacar nossa solidão cósmica." P. 117.
Num certo momento, Nogueira flerta com a
panspermia dirigida, mas
ciente de que até o momento ela sofre com a falta de qualquer evidência palpável.
"E se a vida na Terra começou por intervenção
direta de uma civilização alienígena? Não é tão difícil imaginar uma sociedade
avançada avaliando planetas pela galáxia em termos de sua habitabilidade. Ao
decidir que um mundo é passível de ocupação biológica, esses extraterrestres
decidem semear esse planeta com um conjunto de criaturas primitivas, nem que
seja só para ver o que a evolução fará delas em bilhões de anos". P. 174.
Convencionou-se na Academia acreditar, que se os
extraterrestres inteligentes existam, eles serão bonzinhos, mas pode ser
exatamente o contrário.
"Embora Carl Sagan e os entusiastas da SETI
[Busca por Inteligência Extraterrestre] tenham desde sempre vendido a ideia de
que civilizações extraterrestres necessariamente serão benignas e socialmente
avançadas, gente como o físico britânico Stephen Hawking acredita que anunciar
nossa existência ao cosmos pode ser perigoso. Nada sabemos sobre ética e moral
alienígenas, e até podemos estar contando a eles onde procurar seu próximo almoço". P. 201.
O ceticismo do Nogueira em relação aos OVINs é um
reflexo da própria incredulidade da grande maioria dos Cientistas. Isso não
quer dizer que tais naves não existam. Ele escreve:
"[...] é aí que está o problema dos OVNIs – e mais ainda dos
casos de abdução,em que pessoas alegam ter sido sequestradas, contatadas e
estudadas por alienígenas. Há testemunhos aos montes (de pessoas com e sem
diagnóstico de problemas psiquiátricos), mas faltam provas materiais
conclusivas. Ninguém até hoje conseguiu levar um pedaço de espaçonave para
análise em laboratório, o que facilmente demonstraria sua origem
extraterrestre, e vídeos e fotos se tornam cada vez menos relevantes. Se antes
eles eram fáceis de falsificar, agora você pode até baixar softwares em seu
celular que fazem isso de forma automática. Sem evidências palpáveis, o fenômeno
escapa do alcance da ciência. Não há como teorizar a respeito, nem prever novas
ocorrências. Talvez por isso, a maioria dos cientistas prefira manter uma
distância saudável do tema, embora poucos corajosos, como o astrobiólogo David
Grinspoon e o físico Michio Kaku, admitam que há um percentual de casos
inexplicados que dá margem à especulação de que se trata de visitantes
alienígenas." P. 221.
Entretanto, muitos governos têm se dedicado a estudar e a levar a
sério a “invasão” dos alienígenas – a França é um exemplo.
"Aos que preferem acreditar que tudo não passa
de imaginação [UFOs], um fato notável é que muitos países tenham dedicado
tantos esforços a investigar o fenômeno. Convenhamos que é no mínimo estranho
gastar dinheiro para estudar uma coisa que supostamente não existe. Os
franceses, por exemplo, deixaram o assunto sob encargo da CNES, a agência
espacial francesa. Uma investigação em andamento, iniciada em 1977, já
registrou cerca de 6 mil casos, dos quais 14% seguem sem explicação. Embora
oficialmente os relatórios não defendam que os OVNIs são alienígenas, os
líderes do estudo já vieram a público dizer que essas aparições eram máquinas
voadoras físicas além do nosso conhecimento, e que a melhor explicação para os
casos mais enigmáticos era a hipótese extraterrestre. " P. 221.
Cautela, cautela e cautela, quando o assunto são
os avistamentos e contatos com UFOS.
"Tomadas como um todo, as características dos
testemunhos de OVNIs e de seus ocupantes lembram muito mais produtos da mente
humana do que visitantes de outros mundos. É possível que uma parcela
corresponda a reais visitas alienígenas? Até é. Mas não provável, nem
comprovável. Interpretar fenômenos desconhecidos como evidência de vida
extraterrestre é, por definição, uma questão de fé." P. 226.
Quanto aos círculos que aparecem nas plantações,
Nogueira não tem dúvidas – não tem nada a ver com seres de outros mundos.
“Outro elemento das histórias de disco
voador que não cola é o dos círculos nas plantações. O primeiro caso veio da
Inglaterra, em 1976. Todos ficaram pasmos com a precisão dos desenhos e
disseram que não havia como humanos conseguirem fazer uma obra daquelas. Novos
padrões continuaram a aparecer, da noite para o dia, para o espanto de todos.
Até que em 1991, dois velhinhos, Doug Bower e Dave Chorley, admitiram que
estavam fazendo os desenhos e mostraram como eram produzidos, para a tristeza
dos ufólogos. [...] Não há nada de misterioso ou alienígena a respeito deles. P. 239.
Como os testemunhos de avistamentos são muitos, e as vezes
bastante convincentes e difíceis de descartar, até mesmo o Nogueira precisa
admitir:
"Por outro lado, pessoas que dizem ter visto artefatos voadores
me parecem críveis, pelo menos em alguns casos bem documentados. Se eles têm
origem alienígena, ninguém sabe. Mas, como não se pode descartar a existência
de outras civilizações no Universo, bem como a viabilidade de voos
interestelares, é uma hipótese que não pode ser afastada por completo.” P. 239.
O livro é muito bom.
Nogueira conta que desde Copérnico, passando por Galileu, Kepler,
Newton, entre vários Cientistas - o pavimento foi sendo construído para que
começássemos a ver que não estamos sozinhos.
Caso venha alguma confirmação disto, as implicações serão
avassaladoras nos vários campos do conhecimento.
Talvez ela nunca venha.