terça-feira, 24 de julho de 2018

Pablo Escobar: Anjo ou Demônio?



Chamá-lo de traficante, ou narcotraficante, é um eufemismo diante do que ele fez na Colômbia nos anos 1970-1990, deixando o seu rastro implacável de destruição e de admiração e devoção na cabeça de muitos pobres a quem ele ajudou dando moradias e um pouco de dignidade, em troca de sua fidelidade. Pablo Escobar foi um mega NARCOTERRORISTA, que o mundo já mais viu desde sua morte em 2 de dezembro de 1993. O cara é um ídolo para os habitantes do bairro que ele construiu. As pessoas rezam a ele. Na sua morte, muitos na Colômbia choraram a sua partida, porque lhes viam como um homem bom e generoso, preocupado com os mais necessitados, coisa que o estado não era. Escobar continua sendo um paradigma complexo e que deixa estupefato quem quer conhecer a sua história.

“Durante vários anos, principalmente na década de 1970, Pablo Escobar Gaviria passou despercebido no nariz das autoridades. Nunca levantou suspeitas sobre o império criminoso e multimilionário que crescia vertiginosamente. Durante esse período, não ostentava fortuna, nem deixava ver o verdadeiro alcance de sua atividade delituosa. Cercou-se de muito poucas pessoas que não conheciam a magnitude de suas atividades, nem a perversidade de seu gênio enigmático. Com sigilo e inteligência de sobra, foi tecendo toda sua estrutura do empório do narcotráfico mais sólido e temerário do século XX.”

Pablo Escobar: Anjo ou Demônio? é um documentário de 2007 que traz o depoimento de muitas pessoas que fizeram parte dos conturbados anos em que Escobar aterrorizou a Colômbia. Aqui vão algumas impressões de quem o conheceu.

Alfonso Valdivieso, ex Fiscal General:

“Bom, uma pessoa que teve uma habilidade especial para o mal, uma predisposição para a perversidade.”

José Joaquim Caicedo, Advogado:

“Era um homem muito frio, com uma inteligência incrível. Um homem que sempre estava dois ou três anos na frente dos outros. Em 1988 quando o conheci, ele já falava do que ia acontecer em 1991 ou em 1992. Ou seja, projeções políticas. Ele me falava muito sobre política. E, de fato, muitas das projeções de Pablo Escobar viraram realidade. Um homem que se projetava para frente, para o futuro. Um homem muito frio. Com certeza a maior mente criminosa do século XX.”

Cesar Gaviria, ex Presidente da Colômbia:

“Uma mente muito complexa. Um homem com uma capacidade enorme de manipular a opinião pública.”

Enrique Parejo, ex Ministro da Justiça:

“Eu diria que Pablo Escobar era um monstro.”

Pablo Escobar foi:

“O mais fiel dos amigos e o mais desapiedado dos inimigos. Nunca aceitou a traição e foi implacável e cruel com seus detratores. Seu único foi fumar maconha. Nunca cheirou a cocaína que traficava. E sua família era absolutamente intocável.”

Pablo Escobar redefiniu a estrutura político-social da Colômbia.

“Para alguns setores da impressa do país, Pablo transformou a linguagem, a cultura, a fisionomia, a economia e até a justiça. A Colômbia era o país do café e das esmeraldas, e se converteu num piscar de olhos, no país da cocaína. As forças armadas foram infiltradas, corroídas e dizimadas com seu poderio e brutalidade. Por sua conta, mudou-se o sistema judicial e foi modificada a política penitenciária e até os desenhos das prisões. O Capo havia conseguido tudo o que havia proposto. Não apenas havia desenhado o negócio da cocaína, como também havia redesenhado o país para que se adequasse ao seu negócio.”

E terminando, aqui vão as palavras de Alfonso Valdivieso, ex Fiscal General:

“O que aconteceu com nós colombianos é uma lição que a humanidade deve aprender. Não deve apenas ficar registrada na História, mas não deve se repetir.”  

Documentário riquíssimo em informações.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

O Sol Tornará a Brilhar


Quando penso no maior ator negro do cinema, não me vem à mente, Morgan Freeman, Denzel Washington, Cuba Gooding Jr., Will Smith, entre tantos outros. Eu penso em Sidney Poitier - este sim - creio ser o maior ator negro da história cinematográfica, com seus filmes que julgo impecáveis e bastante atuais, com temáticas que são caras ao povo negro, que ainda sofre discriminações por serem quem são, pessoas com mais melanina. Poitier estrelou grandes filmes de peso, verdadeiros clássicos, como: Adivinhe Quem Vem Para o Jantar; No Calor da Noite; Ao Mestre Com Carinho 1 e 2, com a música To Sir, with Love, cantada na estonteante voz da atriz e cantora Marie McDonald, sendo uma das canções mais belas e emocionantes já feitas; enfim, muitos outros filmes fantásticos. 

O Sol Tornará a Brilhar é mais um que entra nesse formidável time de filmes espetaculares do ator em questão, tratando mais uma vez, dos conflitos e problemas que envolvem o negro. Filme de 1961, que retrata a vida de uma típica família negra, na cidade de Chicago, na região norte dos EUA, que em tese, seria um lugar melhor e com a tensão racial mais reduzida que na parte sul da nação. 

O personagem de Poitier (Walter Lee) é um jovem sonhador, com esperanças de poder largar o seu emprego de motorista de um branco, e se tornar um empresário no ramo das bebidas com outros três colegas. Mas para isso, ele tem que convencer a sua mãe, a matriarca da família, a lhe dar parte da herança que o seu pai deixou. Ela, sendo uma mulher de princípios religiosos rigorosos, não admite que o dinheiro conquistado com tanto suor, seja investido em algo tão ilícito como a venda de bebidas inebriantes, gerando grande conflitos com o seu filho.  

Nesse ínterim, há conflitos entre ele e sua mulher, que está grávida novamente; conflitos entre a sua irmã e a sua mãe, quando aquela resolve revelar o seu ateísmo, causando grande decepção; o filho de Walter Lee, por falta de espaço no sobrado, dorme no sofá, e há todo o incentivo e pressão de seus amigos para que ele possa arranjar a parte dele na sociedade para que possam abrir essa loja de bebidas, e poderem serem donos de seus próprios umbigos, não tendo que dar mais satisfação a patrões brancos. 

99,9% da história passa-se no pequeno sobrado, onde são travados muitos diálogos interessantes que revelam para nós, do século XXI, quais eram os problemas sociais, financeiros e de identidade pelos quais passavam os negros norte-americanos, no início dos anos 1960. A trama está recheada de conversas sobre família, passado negro africano, futuro, profissão, emancipação... Os diálogos são pertinentes.

Dona Lena, a matriarca, é convencida a dar 3.500 dólares (na época essa quantia era uma pequena fortuna) da herança para que seu filho corra atrás de seus sonhos. Outra parte do dinheiro, ela tem a ousada ideia de dar entrada numa casa num bairro de pessoas brancas. Nesse bairro, não há gente de cor. Mas ela não quer saber disso. Compra a casa, e quando todos estão empolgados arrumando os móveis e utensílios para fazer a mudança para o novo lar, aparece em seu sobrado o presidente da associação de moradores do bairro em que irão morar, dizendo que os moradores não querem eles como vizinhos, por não compartilharem um “passado comum”. Mas ele garante, não é de forma alguma por questão racial. E para se verem livres dos negros inoportunos, tais moradores brancos e “gente de bem” oferecem uma quantia em dinheiro maior do que a aqueles investiram na casa, para que os deixem em paz no seu pacato bairro de brancos. 

Tal cena representa muito bem o discurso daqueles que são racistas, mas juram pela mãe, pai e Deus, que não são. Isso é algo tão comum em nossa sociedade, que mascara o racismo de tal forma, que quando o negro abre a boca e denuncia a discriminação, é acusado de querer dividir a sociedade, quando na verdade, ela sempre foi dividida e racista. 

No final das contas, eles não aceitam o suborno. Muitas outras coisas acontecem. Será que Walter Lee, personagem do Poitier, consegue o seu tão sonhado negócio? 

Aprovado e indicado. 

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Malala


"Se ficar em silêncio, então você perde o direito de existir. O direito de viver. Se meu direito é violado e me silencio, é preferível morrer a ficar vivo. [...] A educação dá a você o poder de questionar. O poder de desafiar. De ser independente." Ziauddin Yousafzai, pai de Malala.

Acadêmicos públicos como a Ayaan Hirsi Ali, ex muçulmana, tem alertado o mundo para o caráter intrinsecamente violento da religião islâmica, que tem em seu bojo as sementes para o uso da força beligerante contra aqueles que não estão dentro dos muros dos ensinamentos do seu profeta Maomé. Não adianta querer florear o Alcorão, tentando nos passar a ideia de que o islã é uma religião de paz, pois definitivamente não é. Ela possui o germe da coerção e da alienação. Infelizmente grupos como o talibã tem seguido à risca o militarismo maometano, assassinando quem não está em consonância com a sua agenda ideológica de violência e morte. 

Quanto a educação secular de meninas, acredito que o islã não tenha proibições específicas. Se for este o caso, o talibã vai além do que o Alcorão diz,  militando na total ignorância de meninas, para que estas não estudem, para que continuem ignorantes, sem poderem pensar minimamente por si mesmas, mantendo total poder sobre suas mentes.

Malala Yousafzai foi uma das vítimas do talibã, que com apenas 15 anos, juntamente com o seu destemido pai, ousaram desafiar as ordens arbitrárias e retrógradas desse grupo terrorista, insistindo na educação das crianças de uma pequena região no interior do Paquistão. Não deu outra! Malala sofreu um terrível ataque quando estava indo a escola, que quase lhe tirou a vida. Felizmente ela não sucumbiu, e voltou com mais força e determinação, pronta para o combate contra as trevas do anti-intelectualismo imposto a certas regiões do seu país. Se antes do atentado contra a sua vida, sua voz já estava sendo ouvida, agora mais do que nunca, ela voltaria com força total, para lutar em favor das milhões de meninas entregues a má sorte de terem nascido em regiões pobres e carentes de cultura. 

Este emocionante e lindo documentário biografa a vida dessa maravilhosa alma feminina, que ganhou a simpatia do mundo, trazendo para sua causa a atenção, apoio e patrocínio de políticos, grandes empresários, astros da música e da grande mídia, dando uma visibilidade tamanha para a sua obra, que culminou no ano de 2014 no Prêmio Nobel da Paz. 

Malala teve uma dolorosa recuperação depois de ter recebido uma bala na cabeça, onde os Médicos estavam receosos de que ela teria grandes limitações depois que saísse do hospital, não podendo ter a mesma saúde, intrepidez e postura de antes. Algumas imagens de sua recuperação são mostradas, e foram momentos difíceis, pois todo seu corpo estava muito debilitado, com movimentos prejudicados, e uma Malala que não prometia muita coisa depois daquilo. 

Algumas sequelas ficaram, sua boca não abre direito, um de seus olhos não pisca, entretanto, Malala teve uma ótima recuperação. Cenas do cotidiano de sua casa, com o seu pai, mãe e irmãos, dão um toque especial ao documentário, evidenciando o clima de amor e união entre todos eles. Malala juntamente com a sua família, agora moram na Inglaterra, estão exilados de seu país, pois se voltarem, o talibã promete que a matará. Os terroristas do Paquistão acenderam uma fagulha que está incendiando o mundo inteiro com o trabalho de Malala pela educação de meninas, seja no Oriente, seja na África... 

Malala continua sendo muçulmana, acreditando que a sua religião é inerentemente pacífica. Talvez lá na frente, tomará ciência de que não é esse o caso. 

terça-feira, 17 de julho de 2018

Zeitgeist: O Filme


Com 11 anos de “atraso” venho a assistir a esse barulhento documentário que descortina as “verdades” escondidas de nós, pobres humanos alienados, enganados pelas grandes corporações, governo (dos EUA, claro) e pela religião cristã (está não podia faltar). Fomos e somos constante, metódica e sistematicamente manipulados como marionetes a não vermos a verdadeira natureza dos acontecimentos mundiais, defende o Zeitgeist (Espírito do Tempo). Esta é mais uma produção que não tem nenhuma modéstia em dizer para o mundo, que agora sim, nós conheceremos a verdade através dela, que mediante pesquisa exaustiva, original e o mais importante, altruísta!, nos legou a verdade que tanto precisávamos para sair da Caverna do antigo Filósofo grego, nosso amigo Platão. Peter Joseph, o produtor e diretor deste filme, conseguiu bons fiéis seguidores, que agora acham que foram iluminados, fazendo coro as suas verdades reveladas.

Tudo o que vemos, ouvimos e aprendemos, é mentira, a começar pelo cristianismo que plagiou as suas histórias de outras religiões mais antigas, em especial a egípcia com o seu deus Hórus, que foi descadaramente plagiada para compor a história de Jesus. A Bíblia é um conglomerado de escritos com simbologia astrológica que visa manipular malignamente os seus seguidores. Não preciso dizer, mas já dizendo, que tal argumento é desprovido de provas documentais e carece do apoio dos estudos acadêmicos sobre Jesus e a religião do antigo Egito. Não é citada uma obra acadêmica sequer que pelo menos forneça algum indício de plausibilidade as alegações feitas. Mesmo que fosse anexada ao argumento, uma obra científica que desse peso as afirmações feitas, isso ainda não seria suficiente para provar nada. Seria preciso muita articulação histórica, teológica... Portanto, se quer refutar a história de Jesus e sua credibilidade, que faça uso de argumentações legítimas e não de falácias e informações nitidamente falsas.

O 11 de setembro de 2001 mostra-se como a maior mentira já contada pelo governo americano neste século, para poder ganhar legitimidade em suas guerras posteriores contra o Iraque e o Afeganistão, controlando aquelas áreas e garantindo os seus inesgotáveis poços de petróleo, produto tão precioso para os EUA, que não pode prescindir desse combustível fóssil. O ataque aéreo contra as torres não foi colocado em ação pelos terroristas de Osama Bin Laden, mas tudo foi minuciosamente orquestrado pelo próprio país atacado. Como o Zeitgeist prova assertiva tão polêmica? Apelando para vários vídeos recortados de políticos, especialistas, jornalistas, frases soltas e mostradas freneticamente, esperando convencer quem assiste, que a sua teoria da conspiração é rica em fontes diversificadas, como entrevistas, documentos, vídeos... Não obstante, de cara percebe-se as falácias pulando na tela como pipocas, incorrendo em erros de correlação, falsas causações, falsos dilemas, apelos irrelevantes e etc. A mesma coisa vale aqui: se quer apresentar uma explicação alternativa sobre os atentados do 11 de setembro, que tenha o mínimo de respeito, usando argumentos decentes, e não associações confusas e disparatadas, como as que estão no vídeo. O atentando ocorrido na Espanha também é mencionado como pura manipulação para fins escusos.

O dedo de Zeitgeist é apontado para os grandes bancos, corporações financeiras, para as guerras mundiais e do Vietnã, que pasmem!, estão na mesma esfera de manipulação e mentira que o atentando em Nova Iorque e ao Pentágono. A mesma estratégia é feita, vídeos recortados e rápidos, com muitas frases e ditos, que certamente, muitas das ditas falas podem estar descontextualizadas, dando a entender e significar coisas que não foram intencionadas por quem as disse. Nessa trilha o autor vai criando um suposto e poderoso argumento ao seu favor.

Agora verdade seja dita, é claro que há manipulações e inverdades ditas pelo governo, pelas corporações e pela mídia. Mas não precisamos recorrer a espantalhos para sabermos disso. É muito claro que dificilmente ou nunca saberemos de informações comprometedoras sobre o fatídico 11 de setembro. Tem muito caroço nesse angu. Muitos fios soltos. O governo americano não é nenhum anjinho inocente na história do mundo. E não querendo entrar na mesma vibe conspiracionista do idealizador deste filme, não há garantias de que não haja um dedinho dos EUA na destruição do World Trade Center e de outros episódios dramáticos.

Eita, parece que comprei a ideia do filme.

domingo, 15 de julho de 2018

Testemunhas de Jeová e o Problema de Abuso Infantil



Elas batem à sua porta com sorrisos largos e simpáticos, estão bem vestidas, mulheres com vestidos floridos e sombrinhas por causa do sol, homens com roupas sociais e maletas executivas. Eles falam com prazer sobre Deus, sobre Jesus, sobre a Bíblia, entregam-lhe folhetos, livros, fazem convites para estudos bíblicos, e passam a imagem de que são o povo mais feliz e correto do planeta. São oito milhões deles em todo mundo, cerca de 860 mil aqui em nosso país. É um número pequeno, é verdade, em vista dos mais de sete bilhões de pessoas que ocupam o globo. Contudo, é uma seita perigosa, que protege estupradores e pedófilos em suas fileiras.

Não é só o Vaticano e a sua política nojenta, que faz vistas grossas e dá mingau na boquinha de molestadores de pequenos e adolescentes. Mas a organização que vê a si mesma como a única representante de Deus, também é mais uma religião que não mede esforços para manter-se num falso padrão de alta moralidade, colocando a instituição acima de crianças inocentes que foram sexualmente abusadas.

Este documentário feito por um “apóstata”, aquele tipo de pessoa que foi expulsa da religião por “má” conduta, clareia direitinho os mecanismos pelos quais as lideranças das testemunhas de Jeová escondem, minimizam, atenuam e desmentem, os milhares de casos de abusos infantis que ocorrem há muitas décadas entre os seus membros. Não são casos isolados. Não são abusos aqui e ali. Há procedimentos sistemáticos para calarem as vítimas, para que estas não entrem em contato com as autoridades policiais.

Os líderes mundiais dessa seita são chamados por eles de Corpo Governante. É vergonhoso os vídeos desses crápulas mentindo sobre os milhares de estupros em sua religião, como se não bastasse os estupros mentais que os fiéis já sofrem por aprenderem um monte de baboseiras sem fundamento que lhes são passadas todas as semanas, minando progressivamente as suas capacidades de pensar e criticar ideias contraproducentes.

Lastimável que mesmo as testemunhas de Jeová assistindo a esse documentário, ainda abram a boca para defenderem essa organização. Há um componente espiritual, psicológico e social muito forte nisto. A alienação dos membros dessa instituição é assustadora. Enquanto isso, pedófilos continuarão a estuprar os seus filhos. E ainda ficam chateadas quando dizemos que são uma SEITA! A Torre de Vigia é igual ou até pior que o Vaticano em proteger estupradores, visto que o catolicismo até onde tenho conhecimento, fornece esconderijo aos seus padres, cardeais e bispos (o que já é inadmissível), enquanto que a Torre de Vigia além de dar abrigo aos seus líderes, igualmente concede guarida aos membros comuns que venham a molestar crianças.

Este documentário apresenta algumas histórias de ex testemunhas de Jeová que corajosamente depois de anos de abusos sexuais, resolveram ir à justiça comum denunciar os seus molestadores e dizer a verdade  de que os seus pastores nada fizeram para que eles fossem devidamente punidos com os rigores da lei. Processos foram ganhos, e a Torre de Vigia teve que desembolsar milhões de dólares para indenizar as vítimas. E de onde veio o dinheiro para pagá-las? Dos fieis otários e ingênuos, porém sinceros, que dão o seu sangue para que a organização cresça cada vez mais.

O problema não é ter em suas fileiras pedófilos e outros tipos de criminosos, porque é uma triste realidade que toda instituição tem as suas maçãs podres, mas sim, em não entregá-los a justiça do país para que sejam julgados e presos. As testemunhas de Jeová consideram as práticas de pedofilia acontecendo nos bastidores de sua religião apenas como um pecado, desvio, infração, ou erro, que não são passíveis do castigo externo do estado. A pedofilia praticada por seus membros, para eles não é crime, mas no máximo, um pecado, que somente cabe a eles julgarem quais procedimentos tomarem para disciplinar o infrator. A essa altura, podemos vislumbrar o caráter ignominioso dessa seita.

Documentário esclarecedor.    

sábado, 14 de julho de 2018

Vida Depois da Vida


MOODY, Raymond. Vida Depois da Vida. 16º Edição. Editora Nórdica. (PDF).

Raymond Moody Jr. (Ph.D em Filosofia na Universidade da Virgínia, Ph.D em Psicologia e Medicina na Universidade da Geórgia Ocidental) foi a pessoa que cunhou o termo Experiência de Quase Morte (EQM), na década de 1970, palavra tão usada hoje em dia, para caracterizar os testemunhos de pessoas que ficaram a beira da morte, e voltaram pra contar suas experiências de terem vivenciado um novo mundo além deste nosso mundinho material e concreto. As experiências são surpreendentes, e os pacientes reiteram que foram muito REAIS. Estão CONVICTOS daquilo que VIRAM e OUVIRAM. Moody nos traz essas histórias em seu livro pioneiro sobre o assunto.

“Seja-me permitido dizer desde o começo que, com base no que explicarei bem mais tarde, não estou tentando provar que existe vida depois da morte. Nem creio que ‘prova’ disso seja possível no presente.” P. 07.

Moddy como aluno de Medicina ficava intrigado e reflexivo com a certeza da morte física, de que um dia ele e todos nós iremos encarar. Na aula de anatomia diante de um corpo sem vida, ele contemplava a sua própria mortalidade futura.

Como um perito em Filosofia, ele está ciente de que a linguagem para lidar com a morte é extremamente limitada, visto que obviamente não passamos por ela. De um modo geral, falamos daquilo que experenciamos.

“A compreensão geral que temos da linguagem depende da existência de uma grande comunidade de experiências comuns da qual quase todos participamos. Esse fato cria uma grande dificuldade, que complica todas as discussões que se seguem. Os eventos vi vendados por aqueles que estiveram próximos da morte estão fora da nossa comunidade de experiências, por isso bem se poderia esperar que eles tivessem certas dificuldades lingüísticas ao expressar o que lhes sucedeu. Com efeito, é isso precisamente o que acontece. As pessoas em questão unanimemente caracterizam suas experiências como inefáveis, isto é, ‘inexprimíveis’.” P. 19.

Diante da morte, basicamente temos duas visões inconciliáveis: (1) Morrer é estar privado para sempre da consciência. (2) Morrer é uma passagem para outra esfera da existência. O nosso autor não quer de modo algum contrariar nenhuma das duas. 

Quando no início de sua pesquisa, Moody percebeu que independente da postura religiosa, social e cultural do depoente, as suas histórias convergiam. Para escrever o presente livro foram estudados 150 relatos. A EQM geralmente é composta por 15 elementos que aparecem com muita freqüência nos testemunhos contados - aqui vão eles:

(1)               Ruído desagradável;

(2)               Túnel grande e escuro;

(3)               Percepção de que está fora do corpo, vendo seu corpo físico ao longe;

(4)               Perturbação emocional ao ver a equipe médica tentando lhe ressuscitar;

(5)               Resignação a sua nova e esquisita condição;

(6)               Nota que tem um novo e diferente corpo, com novas capacidades;

(7)               Parentes, amigos e um espírito de luz vêm ao seu encontro. Há um reexame de sua vida;

(8)               Depara-se com a fronteira entre a vida na terra e a vida nesse novo universo. Mas percebe que a sua partida ainda chegou.

(9)               Relutância em querer voltar, visto que foi invadido por sentimentos de felicidade, amor e paz.

(10)             Volta ao seu corpo físico.

(11) Tentam contar pelo que passaram as pessoas, (12) mas há uma dificuldade muito grande em dizê-lo, pois as palavras são inadequadas para descrever suas aventuras extracorpóreas. (13) Acrescente a isso, a zombaria de quem os ouve, (14) o que resulta em não falarem mais sobre o assunto. (15) De todo modo, suas vidas são completamente mudadas.

“Conversei com algumas pessoas que foram declaradas mortas, ressuscitadas, e que ao voltar não relataram nenhum desses elementos comuns. De fato, disseram que não se lembravam de absolutamente nada a respeito de suas ‘mortes’.”
P. 18.

A sensação é muito agradável para muitos que experimentaram a EQM.

“Uma jovem que quase morreu de hemorragia interna associada com uma desordem de coagulação diz que no momento do colapso ‘comecei a ouvir uma espécie de música, majestosa, uma espécie de música realmente linda’.” P. 23.

Outra pessoa relata:

"Tinha a sensação de estar me movendo através de um vale muito fundo e escuro. A escuridão era tão profunda e impenetrável que eu não podia ver absolutamente nada, mas foi a experiência mais maravilhosa e libertadora que se possa imaginar". P. 25.

Algumas reações:

“A maioria relata, a princípio, um desejo desesperado de voltar a seus corpos, mas não tem a menor idéia de como proceder. Outras pessoas relembram que tiveram muito medo, quase entraram em pânico. Algumas, entretanto, relatam reações mais positivas à sua condição” P. 29.

Moody diz:

“Ninguém, em todos os meus casos, relatou qualquer sensação de cheiro ou de paladar fora dos seus corpos físicos.” P. 40-41.

A pessoa fora do corpo:

“Neste estado fora do corpo, pois, a pessoa fica separada dos outros. Pode ver as outras pessoas e compreender seus pensamentos completamente, mas não pode ser vista nem ouvida por elas. A comunicação com os outros seres humanos fica efetivamente interrompida, mesmo ao sentido do tato, uma vez que o corpo espiritual carece de solidez. Por isso, não é de surpreender que, depois de certo tempo nesse estado, apareçam profundos sentimentos de isolamento e solidão.” P. 42.

Seres espirituais vieram ao encontro daqueles que estavam quase partindo para o lado de lá.

“Muitos me contaram que em certo ponto, enquanto estavam morrendo — algumas vezes bem cedo na experiência, outras só depois da ocorrência de outros eventos —, tornaram-se cônscios da presença de outros geres espirituais na sua vizinhança, seres que aparentemente lá estavam para ajudá-los na transição para a morte, ou, em dois casos, para dizer que sua hora ainda não tinha chegado e que deviam voltar a seus corpos físicos.” P. 44.

O encontro com o Ser de Luz:

“O que é talvez o mais incrível elemento comum dos relatos que estudei, e é certamente o elemento que tem o mais profundo efeito sobre o indivíduo, é o encontro com uma luz muito brilhante. Tipicamente, em sua primeira aparição, a luz é tênue, mas rapidamente fica cada vez mais brilhante, até que alcança um brilho extraterreno. Contudo, ainda que essa luz (dita branca ou ‘clara’) seja de um brilho indescritível, muitos fizeram questão de acrescentar que de modo algum dói nos olhos ou ofusca, nem impede de ver outras coisas ao redor (talvez porque a essa altura não tenham ‘olhos’ físicos para ser ofuscados).

Apesar da manifestação inusitada da luz, ninguém expressou qualquer dúvida de que se tratasse de um ser, um ser de luz. Não apenas isso, é um ser pessoal. Tem uma personalidade bem estabelecida. O amor e calor que emanam desse ser para as pessoas que estão morrendo estão completamente além das palavras, e elas se sentem completamente rodeadas por eles, completamente à vontade e aceitas na presença desse ser. Sentem uma atração magnética irresistível para essa luz. Uma atração inelutável.

É interessante que, enquanto a descrição acima, do ser de luz, é totalmente invariável, a identificação do ser varia de indivíduo a indivíduo e parece estar muito em função dos antecedentes religiosos, da educação ou das crenças da pessoa em questão.” P. 47.

Uma pessoa que esteve diante desse ser de luz, disse o seguinte:

“[...] eu definitivamente sentia a presença de um ser muito poderoso, completamente amoroso, ali comigo durante toda aquela experiência.” P. 57.

Outra pessoa testemunha:

"Eu estava hospitalizado com um grave problema de rins, e fiquei em estado de coma por quase uma semana. Os médicos não tinham nenhuma certeza de que eu fosse viver. Durante o período em que estive inconsciente senti-me como se tivesse passado para um plano superior, exatamente como se não tivesse mais um corpo físico. Uma luz brilhante me apareceu. Era uma luz tão brilhante que eu não podia ver através dela, mas estar na sua presença tinha um efeito calmante e maravilhoso. Não há mesmo nenhuma experiência igual na Terra. Na presença da luz, estes pensamentos ou palavras me vieram à mente: 'Você quer morrer?' E eu respondi que não sabia, pois não sabia de nada sobre a morte. Então a luz branca disse: 'Passe para o lado de cá desta linha e você saberá'. Achei que eu sabia onde a linha estava, diante de mim, embora não a estivesse vendo realmente. Quando cruzei a linha, vieram-me as sensações mais maravilhosas — sensações de paz, tranqüilidade e o desaparecimento de todas as preocupações." P. 61-62.

É comum as pessoas lamentarem por voltar a este mundo depois de terem avançado muito no novo mundo, e terem um encontro com o ser de luz. Muitas não queriam voltar mais, e sim, dá o derradeiro passo e adentrar o novo universo de paz e felicidade. A experiência é marcante demais, recheada de alegria para quererem voltar.

"Essas sensações eram indescritíveis mesmo. Ficaram comigo de certo modo. Nunca as esquecerei. Ainda penso em tudo aquilo com muita freqüência." P. 69.

Não há dúvidas quanto à veracidade dessas experiências, para essas pessoas. Moody enquanto colhia os relatos, percebeu que elas sabiam perfeitamente distinguir sonho e fantasia da realidade. As pessoas eram mentalmente sadias e sabiam do que estavam falando. Garantem: não eram sonhos. Eram fatos. E infelizmente, os seus ouvintes são incrédulos e zombeteiros em relação as suas histórias. Não existem, de um modo geral, simpatia e compreensão em ouvir testemunhos tão extraordinários. O que faz elas se calarem e guardarem somente para si o que passaram. Uma dela lamenta:

"Durante muito tempo não contei nada a ninguém. Não disse mesmo nada a respeito. Não me sentia à vontade porque tinha medo de que ninguém acreditasse que eu estava contando a verdade, e temia que dissessem: 'Ora, você está inventando essas coisas!” P. 70.

As pessoas que contam as suas experiências de quase-morte não querem palanques e fama.

“[...] ninguém do meu conhecimento construiu para si um púlpito portátil e saiu pregando em tempo integral na base da sua própria experiência. Ninguém achou apropriado fazer proselitismo, tentar convencer os outros das realidades que experimentou. Com efeito, descobri que a dificuldade é bem o reverso: as pessoas são naturalmente muito reticentes em dizer aos outros o que aconteceu com elas.” P. 73.

Essas pessoas agora buscam mais do que nunca evoluírem espiritualmente.

“Ninguém que eu tenha entrevistado relatou ter saído da experiência moralmente ‘purificado’ ou aperfeiçoado. Ninguém com quem conversei deu qualquer sinal de uma atitude ‘mais santa que a de vocês". [...] Sua visão deixou-os com novos propósitos, novos princípios morais, e renovou sua determinação de viver de acordo com eles, mas nenhum sentimento de salvação instantânea ou de infalibilidade moral.” P. 77.

Nas histórias pesquisadas por Moody, há menção a demônios, inferno de fogo, ruas de ouro, portões majestosos? Nenhum.

“Durante a minha pesquisa, entretanto, não ouvi uma só referência ao céu ou ao inferno, nem a nada que se assemelhe ao quadro costumeiro com que somos postos em contato em nossa sociedade. Na verdade, muitas pessoas acentuaram o quanto suas experiências foram dessemelhantes ao que tinham sido levadas a esperar no decurso de sua instrução religiosa. Uma mulher que "morreu" relata: ‘Sempre ouvi dizer que quando se morre a gente vê o céu e o inferno, mas não vi nenhum dos dois’. 

[...]

Além disso, em alguns casos os relatos vieram de pessoas sem qualquer crença ou educação religiosa anterior, e as descrições que fazem não diferem em conteúdo das de outras pessoas que tinham fortes convicções religiosas.” P. 109-110.

Número grande de Médicos ficaram impressionados quando souberam pela boca dos que “morreram”, de como eles viram as tentativas de suas ressurreições, quando estavam em coma, em uma situação completamente impossível de ver e ouvir qualquer coisa. As descrições dos detalhes são estarrecedoras demais para serem preconceituosamente descartadas.

Há uma similaridade curiosa entre alguns estágios da EQM e o milenar Livro Tibetano dos Mortos. 

“A correspondência entre os primeiros estágios da morte que o livro retrata e aqueles que me foram relatados pelos que chegaram perto da morte só pode ser designada como fantástica.” P. 96.

“Em resumo, ainda que o Livro tibetano dos mortos inclua muitos estágios posteriores da morte que nenhum dos meus pacientes foi tão longe para experimentar, é mesmo óbvio que há uma similaridade extraordinária entre o relato desse velho manuscrito e os eventos que me foram narrados por americanos do século XX.” P. 98.

Em nossa época de ciência e tecnologia avançadas, falar em vida depois da morte, almas que saem de corpos, mundo espiritual, soa como algo esquisito, retrógrado e atrasado, como crenças moribundas de um passado afundado em infantilidades metafísicas. Por isso não é incomum que as histórias expostas no presente livro sejam vistas como contos irreais.

“Sabendo dessas atitudes, as pessoas que têm experiências transcendentais são naturalmente relutantes, em geral, em narrá-las de maneira muito aberta. Com efeito, estou convencido de que há uma enorme massa de material escondido nas mentes das pessoas que têm tais experiências, mas que, de medo de serem consideradas "malucas" ou "demasiado imaginativas", nunca as contaram a mais do que um ou dois amigos ou parentes chegados.” P. 104.

As EQM estudadas por Moody têm algo a dizer sobre a possibilidade da reencarnação?

“Nenhum dos casos que examinei é de alguma forma indicativo de que ocorra reencarnação. Entretanto, é importante ter em mente que nenhum deles elimina a possibilidade de reencarnação. Se a reencarnação ocorre, parece provável que exista um interlúdio em algum outro reino entre o tempo de separação do velho corpo e o de entrada no novo.” P. 110.

Se hoje temos vários relatos de EQM hoje, é porque a ciência médica tornou-se capaz de ressuscitar aqueles que estavam há um passo da morte.

“Muitas das pessoas que têm sido trazidas de volta na nossa era não teriam sobrevivido anos antes. As injeções de adrenalina no coração, o coração artificial e o pulmão artificial são exemplos desses progressos médicos.” P. 112.

Várias explicações de naturezas distintas são propostas para elucidar o que são as EQM. Explicações céticas, diga-se de passagem.

“Nas numerosas conferências sobre minha coleção de narrativas sobre acontecimentos de quase morte, encontrei proponentes de muitos tipos de explicação. Pessoas que pensam fisiológica, farmacológica ou neurologicamente encaram as suas próprias orientações como fontes de explicação que são intuitivamente óbvias, mesmo que os casos trazidos à baila pareçam contrariar aquela particular explicação. Aqueles que esposam as teorias de Freud agradam-se por ver no ser de luz uma projeção do pai do paciente, enquanto os adeptos de Jung vêem arquétipos do inconsciente coletivo, e assim por diante.” P. 135.

Admirável é a postura equilibrada de Moody em ter total consciência de que seu objetivo não é provar que existe vida após a morte. Como Filósofo e Médico treinado sabe das limitações de tudo que escreveu.

“Ao escrever este livro tinha plena consciência de que meu propósito e minhas perspectivas poderiam ser facilmente mal entendidos. Em particular, gostaria de dizer aos leitores que pensam cientificamente que estou ciente, de maneira cabal, que o que fiz não constitui um estudo científico. E, aos meus colegas filósofos, gostaria de insistir que não estou tendo a ilusão de ter provado que existe vida depois da morte.” P. 136.

Há implicações em tudo isso:

“[...] o que aprendemos sobre a morte pode fazer uma diferença importante em como vivemos nossas vidas. Se experiências do tipo que venho discutindo são reais, elas têm implicações muito profundas para o que cada um de nós está fazendo com sua vida.” P. 139.

Nos posfácio, Moody traz o que descobriu sobre o suicídio nas histórias que ouviu.

“De particular importância foram os relatos de fenômenos de quase morte que ocorreram associados com tentativas de suicídio. Creio que são suficientemente significativos para serem incluídos no presente volume. Essas experiências foram uniformemente caracterizadas como desagradáveis. Como disse uma mulher: ‘Se você deixa aqui um espírito atormentado, também lá você será um espírito atormentado’.

Em resumo, essas pessoas relatam que os conflitos dos quais quiseram escapar tentando o suicídio ainda estavam presentes depois que elas morreram, mas com complicações adicionais. No seu estado fora do corpo não eram capazes de fazer nada com relação aos seus problemas, e ainda tinham que ver as conseqüências infelizes que resultaram de seus atos.

Um homem, desalentado com a morte de sua esposa, deu um tiro em si mesmo, 'morreu' em conseqüência disso e foi ressuscitado. Ele conta: ‘Não fui para onde estava minha esposa. Fui para um lugar terrível. . . Imediatamente, vi o engano que tinha cometido. . . Pensei: 'Gostaria de não ter feito isso'.

Outros que experimentaram esse desagradável estágio no ‘limbo’ contam que tiveram a sensação de que permaneceriam lá por muito tempo. Seria esse o seu castigo por terem ‘quebrado as regras’, tentando libertar-se prematuramente daquilo que era, com efeito, uma ‘atribuição’ para cumprir um certo propósito na vida. Tais observações coincidem com o que tem sido dito por diversas pessoas que morreram de outras causas; disseram que, enquanto estavam nesse estado, foi-lhes dado a entender que o suicídio era um ato muito infeliz, punido com uma severa penalidade.” P. 139-140.

Quanto a mim, não tenho porque duvidar de que as EQM tragam de fato uma parcela da realidade de um mundo existente que se abre a nós, depois que partimos deste. As EQM são uma evidência poderosa de que este mundo não é tudo o que há. Os incrédulos e ateus propõem e proporão todas as explicações possíveis para desacreditar esse fenômeno que enfraquece e muito o mundo materialista concebido por eles. O que lhes resta é criarem teorias e mais teorias ad hoc. 

As EQM também vão na contramão de certas visões religiosas, como a da igreja adventista do sétimo e as testemunhas de Jeová, que não admitem, baseados em suas interpretações da Bíblia, que o homem possui uma parte imaterial distinta de seu corpo físico. Cabe a eles, se juntarem ao time de céticos e ateus, e rechaçarem por completo o que as pessoas que voltaram da "morte" testificam sobre o que viram.      

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Uma Prova do Céu


ALEXANDER, Eben. Uma Prova do Céu. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. (PDF).

Eben Alexander III foi Professor de Medicina na Universidade de Harvard, precisamente um Neurocirurgião, que depois de tantos anos de práticas médicas na área do cérebro, foi acometido por uma meningite bacteriana que o deixou em coma por sete longos dias, deixando todos aflitos e esperando pela derradeira notícia de sua morte. Mas ele sobreviveu, e o que experienciou nessa semana enquanto estava apagado, é surpreendente.

“Em 10 de novembro de 2008, entretanto, aos 54 anos, a sorte pareceu me abandonar. Fui surpreendido por uma doença rara e fiquei em coma durante sete dias. Nesse período, todo o meu neocórtex – a superfície externa do cérebro, a parte que nos torna humanos – ficou paralisado. Inoperante. Completamente ausente.

[...]

Como neurocirurgião, ouvi muitos relatos de pessoas que tiveram experiências estranhas, geralmente depois de sofrerem ataques cardíacos: histórias de viagem para lugares misteriosos e maravilhosos, de conversas com parentes mortos – e até de encontros com Deus.

Fascinante, sem dúvida. Mas tudo isso, em minha opinião, era pura fantasia. Afinal, o que provocava as experiências sobrenaturais que as pessoas relatavam com tanta frequência? Na verdade, a resposta não me interessava, mas eu acreditava que essas experiências tinham uma base cerebral. Toda consciência tem. Se não houver atividade cerebral, não há consciência.” P. 21.

Não obstante:

“Durante o coma, não é que meu cérebro trabalhasse de forma inadequada – ele simplesmente não trabalhava.” P. 22.

Ele conta que:

“[...] meu caso o neocórtex estava fora de área. Eu estava conhecendo uma dimensão da consciência que existia completamente à parte das limitações de meu cérebro físico.

De certa forma, vivi uma avalanche de experiências de quase morte. Como neurocirurgião com décadas de pesquisa e prática, eu estava em melhor posição para avaliar não apenas a realidade, mas as implicações do que acontecera.

E essas implicações são extraordinárias. Minha experiência me mostrou que a morte do corpo e do cérebro não é o fim da consciência, e que a existência humana continua no além túmulo. E, mais importante ainda, ela se perpetua sob o olhar de um Deus que nos ama e que se importa com cada um de nós, com o destino do Universo e de todos os seres contidos nele.

O lugar onde estive era real. Tão real a ponto de fazer a vida no aqui e agora parecer uma ilusão. Isso não significa, entretanto, que eu não valorize a vida que levo agora. Pelo contrário, prezo-a até mais do que antes. E o faço porque consigo enxergá-la em seu verdadeiro contexto.” P. 22-23.

A doença que o pegou era tão rara que “menos de um em cada 10 milhões de adultos é afetado pela doença por ano.” P.39.

“Os médicos simplesmente não sabiam como eu poderia ter contraído a doença, ou quando eu voltaria do coma. Eles só tinham certeza de uma coisa: não conheciam ninguém que tivesse se recuperado completamente de uma meningite bacteriana após ter passado alguns dias em coma.” P. 127.

“[...] o meu caso era o primeiro desse tipo na história médica.” P. 131.

Ainda sobre o seu estado clínico:

“As estruturas mais primitivas do meu cérebro continuaram a funcionar o tempo todo durante o coma. Mas a região do meu cérebro que os neurologistas dizem ser responsável pela minha parte humana havia sumido. Eu podia ver isso nas imagens, nos números do laboratório, nos exames neurológicos – em todos os dados recolhidos aquela semana no hospital. Então eu logo comecei a perceber que a minha experiência de quase morte era tecnicamente quase impecável, e talvez um dos casos mais convincentes na história moderna do fenômeno.” P. 184-185.

Eben milagrosamente voltou, e além de sua recuperação, diz ter passado por momentos totalmente conscientes num outro mundo. Eben escreve que em seu estado de coma de repente ele se encontrou noutra dimensão.

“Eu não era humano naquele lugar. Eu não era sequer animal. Eu era alguma coisa anterior, e inferior, a tudo isso. Era apenas um ponto solitário de consciência em um mar vermelho-escuro.” P. 52.

Nos primeiros momentos de sua viagem a esse mundo, ele esteve numa espécie de inferno.

“Caras grotescas de animais borbulhavam na lama, grunhiam, guinchavam e desapareciam de novo. Escutei urros medonhos. Algumas vezes, esses urros e grunhidos davam lugar a cânticos rítmicos e obscuros que eram, ao mesmo tempo, assustadores e curiosamente conhecidos – como se em algum momento eu mesmo os tivesse cantado.” P. 53.

Um lugar assustador.

“Quanto mais me sentia como um eu – como alguma coisa separada do ambiente frio, úmido e escuro à minha volta –, mais os rostos que borbulhavam na massa pegajosa se tornavam feios e ameaçadores. As batidas ritmadas do ferreiro também ficaram mais intensas: pareciam britadeiras de trabalhadores subterrâneos, tipo ogros, executando uma tarefa interminável e massacrantemente monótona. O movimento à minha volta se tornou menos visual e mais palpável, como se criaturas parecidas com vermes e répteis estivessem passando em bandos e de vez em quando esfregassem suas peles macias ou espinhosas em mim.

Foi então que tomei consciência de um odor: era uma mistura de cheiro de fezes, sangue e vômito. Em outras palavras, um cheiro biológico, porém de morte, não de vida. À medida que minha consciência se aguçava, eu me aproximava mais do pânico. Eu não pertencia àquele lugar. Precisava escapar. Mas para onde?” P. 53-54.

Aí, as coisas começaram a mudar.

“Quando me fiz essa pergunta, algo novo emergiu da escuridão: alguma coisa que não era fria, nem morta, tampouco sombria, mas o exato oposto disso tudo. Mesmo que eu passasse o resto da vida tentando, não conseguiria fazer justiça à entidade que se aproximava de mim. Nem sequer chegaria perto de descrever como era bela.” P. 53-54.

Um paraíso se abria diante de seus olhos.

“Eu estava voando. Passei por árvores e campos, rios e cachoeiras, e avistei pessoas aqui e ali. Também havia crianças rindo e brincando. Todos cantavam e dançavam em círculos, e vi até cachorros correndo e saltando entre elas, igualmente tomados de alegria. As pessoas vestiam roupas simples, mas bonitas, e tive a impressão de que as cores dessas vestimentas tinham o mesmo tom vívido das árvores e das flores que desabrochavam e encantavam todo o campo ao redor.

Um mundo de sonhos belo e incrível...

Só que não era um sonho. Embora não soubesse onde me encontrava e nem mesmo o que era aquilo tudo, eu estava convicto de uma coisa: esse lugar em que de repente me vi era completamente real.” P. 62-63.

Uma menina desse mundo espiritual lhe falou:

“Você é amado e valorizado imensamente, para sempre.”

“Não há nada a temer.”

“Não há nada que você possa fazer de errado.”

[...]

‘Nós lhe mostraremos muitas coisas aqui’, a menina me disse, de novo sem usar palavras, apenas projetando a essência do significado delas em mim. ‘Mas, no fim, você irá voltar.’” P. 65.

Mais sobre o “Céu”:

“[...] seres deslumbrantes se deslocavam em arco por todo o céu, deixando grandes rastros atrás de si.

Pássaros? Anjos? Estas palavras me ocorreram quando eu escrevia minhas recordações, mas nenhuma delas faz jus àqueles seres, que eram muito diferentes de qualquer coisa que eu tivesse conhecido neste planeta. Eles eram mais evoluídos. Superiores.

Um som forte e majestoso, como uma música sacra, veio de cima, e me perguntei se aqueles seres superiores estariam produzindo esse uníssono. Novamente, refletindo sobre isso mais tarde, me ocorreu que a alegria dessas criaturas era tão imensa que elas tinham que manifestar esse som – como se fosse uma emoção impossível de conter. Era algo palpável e quase material, assim como uma chuva que se sente na pele, mas que não nos deixa molhados.

Ver e ouvir não eram coisas separadas naquele lugar. Eu podia ouvir a beleza dos corpos daqueles seres cintilantes e, ao mesmo tempo, ver a perfeição do que eles cantavam. Parecia que não era possível ver ou escutar qualquer coisa ali sem se tornar parte dela – sem se fundir com aquilo de alguma forma misteriosa. Lá tudo era diferente e, no entanto, fazia parte de algo maior, como os belos desenhos entrelaçados nos tapetes persas... ou como nas asas de borboleta.” P. 71-72.

A Eben é revelado que existem outros universos além do nosso, e que o mal também existe neles.

“O mal também estava presente em todos os outros universos, porém em quantidades muito pequenas. O mal era necessário porque sem ele o livre-arbítrio era impossível, e sem livre-arbítrio não poderia haver crescimento – nenhum avanço, nenhuma chance de nos tornarmos o que Deus desejou que fôssemos. Por mais horrível e poderoso que o mal pareça, o amor é avassaladoramente maior, e triunfará no final.

Vi a abundância da vida nos incontáveis universos, incluindo alguns cuja inteligência estava muito além da nossa. Vi que existem incontáveis dimensões superiores, mas que a única maneira de conhecê-las é experimentando-as diretamente. Elas não podem ser conhecidas ou entendidas de um espaço dimensional inferior.

Causa e efeito existem nesses reinos mais elevados, mas de maneira diferente da nossa concepção terrena. O nosso tempo e espaço estão unidos, de maneira íntima e complexa, com esses universos mais avançados. Em outras palavras, esses mundos não estão totalmente separados do nosso, porque todos os mundos fazem parte da mesma e abrangente Realidade divina. Daqueles universos mais avançados se pode acessar qualquer tempo ou lugar do nosso mundo.” P. 75-76.

Eben tem certeza de que sua experiência foi verdadeira.

“[...] sei a diferença entre a fantasia e a realidade, e posso assegurar que a experiência que estou tentando transmitir aqui, ainda que de forma vaga e insatisfatória, foi de longe a experiência mais real da minha vida.” P. 66.

“Um pouco longe do padrão científico? Não acho. Voltei daquele lugar, e nada poderá me convencer de que esta não é somente a verdade emocional mais importante no Universo, como também a verdade científica mais fundamental de todas.” P. 105.

Como a maioria dos Neurocientistas, ele tinha muito ceticismo em relação ao sobrenatural.

“Nunca escondi minhas dúvidas sobre a vida espiritual. Por mais que eu quisesse acreditar em Deus, no céu e na vida após a morte, meus anos no rigoroso mundo científico me faziam questionar como tais coisas poderiam existir. A neurociência moderna postula que o cérebro comanda a consciência – ou a mente, a alma, o espírito, ou como quer que se chame essa parte invisível e intangível de nosso ser que nos faz ser quem somos – e eu não tinha dúvida de que a neurociência estava certa.

Assim como a maioria dos profissionais de saúde que lida diretamente com pacientes moribundos e seus familiares, eu tinha ouvido relatos – e até visto acontecimentos – inexplicáveis. Eu classificava essas ocorrências como ‘desconhecidas’ e as deixava para lá. Não que eu me opusesse a crenças no sobrenatural. Como um médico que via grandes sofrimentos físicos e emocionais todos os dias, a última coisa que eu queria era negar a alguém o consolo e a esperança que a fé proporcionava. Para falar a verdade, eu mesmo queria ter desfrutado de algum tipo de fé.

Mas quanto mais velho eu ficava, menos provável isso se tornava. Como o mar avançando pouco a pouco sobre a praia, ao longo do tempo minha visão científica do mundo minava lentamente minha capacidade de crer em algo maior. A ciência parecia fornecer uma imensa quantidade de evidências que tornavam quase nula a importância do ser humano no Universo. A crença pode ser uma coisa boa, mas a ciência não está preocupada com o que poderia ser bom. Ela está preocupada com o que é.” P. 57-58.

Para Eben, antes de sua experiência extracorpórea, a consciência não era nada além de uma mera extensão de cérebro. 

“E eu sabia muito bem que o cérebro é apenas isto: uma máquina que produz o fenômeno da consciência. É claro que os cientistas não haviam descoberto exatamente como os neurônios do cérebro conseguem fazer isso, mas era apenas uma questão de tempo. Afinal, isso era provado todos os dias na sala de cirurgia. Um paciente chega com uma tremenda dor de cabeça e com a consciência reduzida. O médico faz uma ressonância magnética no cérebro e descobre um tumor. O paciente toma anestesia geral, o tumor é extirpado, e algumas horas depois ele está pronto para encarar o mundo de novo. Nada de dor de cabeça. Nada de consciência turva. Tudo muito simples.

Eu adorava essa objetividade – a absoluta honestidade e isenção da ciência. Não havia espaço para fantasias nem para negligência. Se um fato pudesse ser visto como concreto e confiável, ele era aceito. Do contrário, era rejeitado.

Essa abordagem deixava muito pouco espaço para a alma e o espírito, para a continuação da existência depois que o cérebro para de funcionar. E deixava menos espaço ainda para aquelas palavras que eu sempre ouvia na igreja: vida eterna.” P. 59.

Depois do que passou, ele crê que a Ciência e o sobrenatural são compatíveis.

“A ciência, a que me dediquei durante tanto tempo, não contradiz o que aprendi lá em cima. Mas muita gente acredita que sim, pois alguns membros da comunidade científica, presos à visão materialista do mundo, têm insistido cada vez mais que ciência e espiritualidade não podem coexistir. Eles estão equivocados. Para tornar esse conhecimento acessível ao grande público é que escrevi este livro.” P. 107.

“Dizer que ainda existe um abismo entre a visão científica do Universo e a realidade que vivi não é correto. Eu ainda gosto da física e da cosmologia, ainda adoro estudar o nosso Universo imenso e maravilhoso. Apenas tenho agora uma concepção bem mais ampliada do que ‘imenso’ e ‘maravilhoso’ de fato significam. A parte física do Universo é um grão de areia comparada à parte espiritual e invisível. Antigamente, eu jamais usaria a palavra espiritual no meio de uma conversa científica. Hoje acho que não podemos deixá-la de fora.” P. 118-119.

A crença em Deus e no seu amor agora é parte essencial de sua vida.

“Compreendi que sou parte do Divino e que nada, absolutamente nada, pode tirar isso de mim. A suspeita (falsa) de que estamos separados de Deus é a raiz de todas as formas de ansiedade no Universo; e a cura para isso – que eu comecei a receber no Portal e depois no Núcleo – é a certeza de que nada é capaz de nos separar do amor de Deus.” P. 111-112.

“Cada um de nós é profundamente conhecido e cuidado por um Criador que nos trata com um carinho muito além da nossa capacidade de compreensão. Esse conhecimento não pode mais ser mantido em segredo.” P. 136.

“[...] nosso ser espiritual eterno é mais verdadeiro do que qualquer coisa que possamos perceber no domínio físico e tem uma conexão direta com o infinito amor do Criador.” P. 199.

Mesmo com as suas credencias de Neurocirurgião impecáveis, poucas pessoas estavam solicitas em dar crédito a sua história.

“Afinal de contas, o que vivi alterou minhas crenças a respeito do cérebro, da consciência e do sentido da vida. Quem não estaria interessado em ouvir sobre essas descobertas? Muito pouca gente, como logo percebi. Sobretudo pessoas com credenciais médicas.” P. 171.

Eben reconhece que muito do que acreditava como Médico, desmoronou.

“Quanto mais meu raciocínio lógico retornava, mais eu via com clareza que o que aprendi durante décadas de estudo e prática médica conflitava radicalmente com o que vivi naqueles sete dias, e mais eu tinha certeza de que a mente e a personalidade (ou alma, espírito, como queira chamar) continuam a existir depois da morte do corpo. Eu precisava contar essa história para o mundo.” P. 175.

Admite que sua incredulidade era ancorada em puro preconceito.

“Eu era um exemplo típico do médico bom caráter, porém cético e incrédulo. E, como tal, posso garantir que mesmo os mais céticos não são céticos de verdade. Para ser realmente cético é preciso examinar o assunto e levá-lo a sério. E eu, como muitos cientistas, nunca gastei meu tempo com as EQMs [Experiência de Quase-Morte]. Eu simplesmente ‘sabia’ que elas eram impossíveis.” P. 181.

“Enquanto lia as explicações ‘científicas’ a respeito da EQM, eu ficava chocado com a superficialidade das análises. Descobri também, com tristeza, que elas eram exatamente as mesmas explicações que meu antigo eu daria se alguém perguntasse o que eu achava dessa experiência fora do corpo.” P. 196.

O autor de Uma Prova do Céu insiste em dizer que sua experiência de quase-morte tem valor científico.

“[...] eu sabia que estava contando uma coisa que tinha valor científico genuíno, algo que abria as portas da percepção para um novo mundo de compreensão científica. Uma reflexão que elevava a consciência à condição de maior entidade de toda a existência.” P. 216-217.

Mas até onde sei, ele não provou a existência do céu ou de uma dimensão espiritual. Claro que o seu depoimento tem um certo peso, por ele ser quem ele é - um homem educado na mais prestigiada Universidade do mundo, uma mente científica e rigorosa. Ao contrário de outras histórias extraordinárias publicadas, que contam experiências semelhantes, não duvido de que a sua história seja totalmente verdadeira.

Muitos cristãos (principalmente evangélicos) torcerão o nariz para o seu livro, visto que em nenhum momento a sua experiência legitima o cristianismo, apesar de alguns paralelos. Ele até diz que falou com pessoas que já morreram, o que contraria a crença de muitos cristãos. Isso basta para que eles rechacem o que ele diz ter vivenciado. Até arrisco em dizer: dirão que o diabo o enganou.

De todo modo, ele é enfático:

“[...] o que experimentei fora do corpo é verdadeiro, real e transformador. Não apenas para mim, mas para todos nós.” P. 226-227.