domingo, 27 de setembro de 2020

O Dinheiro Saudita e as Universidades

Já tive e (ainda tenho) muito estômago e paciência para ler dissertações de mestrado que tratam de temas ligados ao islã. Em sua maioria são verdadeiros trabalhos politicamente corretos, que partem da premissa de que o islã, enquanto religião NUNCA deve ser criticado. De certo modo é compreensível, visto que esses mestrandos devem obedecer as regras, critérios e gostos de seus orientadores, da universidade, dos paradigmas vigentes do multiculturalismo, relativismo, e etc., do contrário, terão muita dificuldade em adquirir seus suados diplomas e seguirem em suas carreiras acadêmicas.

Há uma generalização nos centros universitários em não negativar a religião islâmica. O máximo que se pode fazer é criticar os atos terroristas, de intolerância e de opressão as mulheres, como resultado de contingências políticas, sociais e econômicas, que em grande parte são o preço que o mundo muçulmano paga, por serem tão explorados pelo mundo ocidental capitalista de cultura judaico-cristã, não levando em conta nesse emaranhado multifatorial, a religião muçulmana, enquanto um dos fatores originadores dos comportamentos intolerantes que lá vigoram.

De certa forma, esses mestrandos seguem de perto as abordagens suaves e de apologia ao islã, da historiadora e ex-freira ressentida Karem Armstrong e do historiador John Esposito, só para mostrar dois exemplos. E é no segundo exemplo que quero me alongar.

Por que os professores universitários quase que numa única voz, são reticentes em fazer uma avaliação crítica aos fundamentos do islã? Por que eles vão contra as evidências históricas abundantes que mostram o caráter belicoso da jihad, afirmando que jihad é a luta interior do muçulmano para seguir a religião, tendo pouco, ou nada a ver, com o uso da força para espalhar o islamismo? Sendo mais claro, por que não dizem o que está escancarado na nossa cara, que o islã tem em seus fundamentos (vida de Maomé, Alcorão, Sunna) as sementes da violência?

John Esposito, Professor de História Islâmica na Universidade de Georgetown, EUA, é um belo exemplo, que pode nos ajudar a entender o porquê dos professores serem tão reticentes quando o assunto é o islã.

Esposito é o mais proeminente defensor do islã no mundo da academia, sendo ele um não-muçulmano. Por quê? Ele fundou o Centro Príncipe Alwaleed Bin Talal de Entendimento Muçulmano-Cristão, dentro da universidade, que é financiado pela própria Arábia Saudita, recebendo milhões de dólares para promover o islamismo. Que tipo de estudos científicos sérios e isentos esse instituto irá publicar? Sabe aquele tipo de resultado “científico” divulgado pelos cientistas CONTRATADOS da McDonald’s em 2003, dizendo que os lanches desse fast food não fazem mal a saúde, e que são até saudáveis? Bem, entenderam, né? Eu fico imaginando as boladas de dinheiro que Esposito e outros professores ganham dos cofres sauditas para defenderem o islã, mediante estudos históricos duvidosos e escrachadamente manipulados.

Olhem por si mesmos o que o site da universidade Georgetown noticiou:

“A Universidade de Georgetown anunciou hoje que recebeu um presente de US $ 20 milhões de Sua Alteza Real o Príncipe Alwaleed Bin Talal, um empresário de renome internacional e investidor global, para apoiar e expandir seu Centro para a Compreensão Cristã-Muçulmana.”

Estamos profundamente honrados com a generosidade do Príncipe Alwaleed, disse o presidente da Georgetown University, John J. DeGioia. [...] Este presente generoso reflete o compromisso do Príncipe Alwaleed com o entendimento inter-religioso no mundo muçulmano e no Ocidente”, [..] disse o Dr. John L. Esposito.”

Stephen Schwartz, Diretor Executivo do Center for Islamic Pluralism, revela alguns fatos embaraçosos sobre Esposito:

“Ele rapidamente acusa críticos do radicalismo islâmico da islamofobia. [...] ele defendeu Sami Al-Arian, que se declarou culpado em 2006 por uma acusação de prestar serviços à Jihad Islâmica Palestina, uma organização terrorista especialmente designada, de acordo com o governo dos EUA. [...] Esposito também trabalhou nos campos ideológicos da República Islâmica do Irã, que lhe concederam o Prêmio Mundial do Livro de 1996, embora seu currículo, que difere de sua biografia de Georgetown, não cite o livro. [...] Aqui, o método Esposito foi exposto: graças ao seu patrocínio, o dinheiro saudita subsidiou um produto acadêmico dos EUA com o objetivo de melhorar a imagem do wahabismo, a interpretação fundamentalista mais extrema do Islã nos tempos modernos.”

Até para o regime assassino do Irã, ele trabalhou, recebendo honrarias. Ele é tão apaixonado pelo islã, que trabalhou/trabalha em suas duas frentes inimigas. O Irã xiita, e a também assassina, Arábia Saudita sunita.

É bem verdade que Esposito já defendia o islã muito antes das doações para a universidade na qual trabalha, mas venhamos e convenhamos, que esses $$ são um grande incentivo para continuar a dizer que a jihad é a luta interior do coração, que o wahabismo é paz e amor, e que quem critica o islã tem ódio dos muçulmanos, fazendo calar quaisquer discussões.

Até outros professores que não abrem a boca para criticar o islã, sabem e acusam a Arábia Saudita de promover um islã intolerante e incentivador de atos terroristas. Não precisamos dizer que é no reino da Arábia que existem as maiores violações dos direitos humanos no mundo islâmico.

A Arábia Saudita não doou milhões de dólares apenas a Georgetown, mas a vários centros acadêmicos do mundo nas maiores universidades, como bem escreve Harry Richardson, pesquisador do islã:

“A influência do Islã nas universidades Os governos se ocupam da gestão da maior parte das universidades. Por esse motivo, o Islã pode influenciar nelas através de relativo controle que exerce sobre as decisões governamentais. As grandes fortunas muçulmanas doam consideráveis somas de dinheiro às universidades do mundo ocidental, o que lhes outorga o potencial para ter interferência nas decisões e políticas.” P. 83.

Richardson cita a Wikipédia, que diz:

“Em março de 2008, Alwaleed Bin Talal doou oito milhões de libras esterlinas para construir um centro de estudos islâmicos (que levava seu nome) na universidade de Cambridge. Poucos meses depois, no dia 8 de maio de 2008, entregou 16 milhões de libras a Universidade de Edimburgo para fundar o centro para o estudo do Islã no mundo contemporâneo. Em abril de 2009, Al Waleed fez uma doação de vinte milhões de dólares a universidade de Havard, que entrou para formar parte da lista de 25 maiores doações da instituição. Também entregou a mesma soma de dinheiro para a universidade de Georgetown. Suas doações e outras procedentes de fontes islâmicas nem sempre foram bem vindas devido aos efeitos que tem na objetividade acadêmica e em matéria de segurança.” P. 83-84.

Richardon então conclui:

“Os muçulmanos estão obrigados a dar uma porcentagem de seus ganhos a caridade, todavia, o dinheiro entregue aos kuffar não conta. Se levarmos em conta que seis de cada dez muçulmanos são analfabetos, é muito estranho que os muçulmanos ofereçam semelhantes somas de dinheiro às universidades ocidentais. Custa imaginar que esta generosidade não exija uma série de condições. Talvez seja por isso que as universidades se mostrem tão reticentes na hora de criticá-los. Em lugar de criticar, o que fazem é publicar artigos que apoiam sem rodeios o Islã e oferecem uma narração retocada e inofensiva da história e as proezas islâmicas que nada têm a ver com a verdade.

Pode ser também que esta seja a razão pela qual os estudos sobre o Oriente Médio nunca analizam a doutrina islâmica ou a jihad, apesar da inegável influência que o Islã tem nesta região. De fato, a doutrina islâmica não se estuda em nenhum semestre das universidades ocidentais.” P. 84.

Devido a todos esses financiamentos vindos da Arábia Saudita, quem falar contra o islã, pode sofrer grandes sanções. Mervy Bendler, Professor Sênior de História e Comunicações na James Cook Universit, sofreu sérias perseguições acadêmicas, por colocar o islã num olhar mais crítico e objetivo. Eis o seu relato:

“Este editorial pede um debate aberto, sincero e contínuo em uma luta de ideias sobre o Islã contemporâneo. Por azar, este tipo de debate não é possível em nossas universidades, tal como descobri para meu pesar.

Minha negativa em adotar uma atitude a favor do terrorismo islâmico e contrário aos Estados Unidos depois dos ataques do 11 de setembro deram pé a uma campanha de difamação contra minha pessoa que durou anos e que só se acalmou quando ganhei o julgamento, interposto contra a empresa que me contratava de acordo com o estipulado no programa Work Cover.

No entanto, ao longo da última década, pediram em várias ocasiões minha demissão por publicar minha opinião sobre o extremismo islamista e também me ameaçaram com vários processos judiciais.

Uma das pessoas que lançou ditas ameaças e que também solicitou minha demissão é um acadêmico com anos de experiência no centro que trabalha como professor na principal academia militar da Austrália. Outra dessas pessoas ocupa um posto de liderança em um centro nacional para a excelência nos estudos islâmicos.

Infelizmente, esta prolongada série de ataques no debate público sobre o Islã e o extremismo islamista prejudicou gravemente minha saúde e me empurrou a uma aposentadoria precoce. Este é o preço que se paga neste país ao manter um debate acadêmico sobre o Islã.” P. 86.

RICHARDSON, Harry. A Vida de Maomé: O Islã Sem Segredos. Createspace Independent Publishing Platform, 2013. (PDF).

É vergonhoso essas históricas universidades serem compradas dessa forma. E existem muitas outras que estão sendo enlaçadas pelos islamistas da Arábia. É o mundo inteiro!

Citando o Bendler mais uma vez, ele relata a alto humilhação das universidades australianas:

“Em 2007, foi revelado que os sauditas estavam planejando um fundo de bolsas de US $ 2,7 bilhões para universidades australianas, projetado para facilitar a entrada de estudantes sauditas na Austrália para realizar o ensino superior em face das restrições à entrada nos EUA e no Reino Unido no período pós- 9/11 ambiente de segurança.

Mais tarde, surgiu no The Australian que a Universidade Griffith ‘praticamente implorou à embaixada da Arábia Saudita que bancasse seu campus islâmico por US $ 1,3 milhão’, assegurando aos sauditas que os acordos poderiam ser mantidos em segredo, se necessário. O vice-chanceler promoveu Griffith como a "universidade de escolha" para os sauditas e ‘ofereceu à embaixada a oportunidade de remodelar a Unidade Islâmica de Pesquisa Griffith (GIRU) durante sua campanha para adicionar 'nada extra' aos cheques sauditas’.

[...]

No geral, os sauditas gastaram aproximadamente US $ 95 bilhões desde meados da década de 1970 para exportar o wahhabismo em escala global, e não há evidências de diminuição da atividade em seu esforço missionário.”

O MIT (Massachusetts Institute of Technology) e outras grandes instituições de ensino estão nas mãos dos sauditas.  

“Cerca de US $ 650 milhões teriam sido direcionados às universidades americanas por Riad [capital da Arábia Saudita] de 2012 a 2018. Mais dinheiro vem na forma de pagamentos de mensalidades estimados em mais de US $ 1 bilhão por ano dos 44.000 estudantes sauditas matriculados nos Estados Unidos. Em troca de sua generosidade, o reino obtém ‘acesso ao grupo de cérebros das principais instituições acadêmicas da América’ e uma oportunidade de aumentar seu poder brando em todo o mundo.”

Sobre o financiamento saudita, chinês, entre outros, o importante Centro de Informação de Defesa (POGO), tem algo a dizer:

"Uma revisão do Projeto de Supervisão do Governo de registros federais revelou que universidades nos Estados Unidos relataram ter recebido mais de US $ 600 milhões de várias empresas sauditas, indivíduos e do próprio governo entre 2011 e 2017. Somente em 2017, indivíduos sauditas, empresas e o próprio Reino gastou mais de US $ 89 milhões em doações e contratos com instituições de ensino superior como a Columbia University, a Tufts University e a University of Southern California, com cada escola recebendo pelo menos US $ 1 milhão. A George Washington University informou ter recebido mais de US $ 12 milhões somente em 2017, por meio de dois contratos com o governo da Arábia Saudita." 

"A Arábia Saudita dificilmente é a única fonte de dinheiro estrangeiro no ensino superior. Muitas das melhores faculdades e universidades da América têm relacionamentos multimilionários com países de todo o mundo. Algumas das parcerias mais lucrativas são com regimes autocráticos ou países com históricos preocupantes de direitos humanos."

"Essas relações financeiras levantam questões sobre se as leis de influência estrangeira são fortes o suficiente. Embora tais presentes financeiros e contratos não devam ser ilegais, as leis de divulgação devem ser robustas o suficiente para garantir uma transparência significativa. É uma verdade milenar que o dinheiro pode comprar acesso e até mesmo influenciar, razão pela qual o relato preciso de tão altas doações em dólares é tão importante."

"Uma possível preocupação é que alguns governos estrangeiros ricos ou indivíduos podem estar usando suas conexões com essas universidades para acessar as tecnologias desenvolvidas para programas de segurança nacional dos Estados Unidos. Em 2014, o FBI emitiu um aviso para instalações de pesquisa, incluindo faculdades e universidades, alertando-os de que os capitalistas de risco russos em particular podem estar usando suas contribuições para tentar comprar acesso a tecnologias emergentes dos EUA." 

Então diante do que foi mostrado aqui, não é surpresa alguma que esses professores universitários nunca falem mal do islã, e por extensão passe esse proceder aos seus alunos de bacharelado, mestrado e doutorado, que obviamente vão segui-los, senão reprovam.

Eu mesmo quase fui engolido por um professor universitário de filosofia, amigo meu, por ter lhe passado alguns pesquisadores que fazem fortes críticas a religião islâmica. Ele que nem é da área de história, nem de estudos islâmicos, e muito menos financiado pelos petrodólares, ficou bastante chateado. O que dizer então dos docentes que fazem parte desses centros pagos pelos sauditas?

Há pouca objetividade acadêmica, e muita ideologia pró-islã. As universidades e os docentes são patrocinados pelos petrodólares para criarem uma cultura de aceitação ao islã na sociedade, como a “religião da paz”. Existem evidências mais do que suficientes para desconfiar dos estudos acadêmicos que passam uma visão positiva sobre o islã.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O Papel Subalterno das Mulheres no Islã (3° Parte)

Como vimos na primeira e segunda parte, as mulheres muçulmanas têm um papel subalterno dentro dos muros do islã e das nações onde essa religião vigora. É obvio que isso precisa ter uma origem que justifique o porquê delas serem tratadas com tanto desdém e desprezo. É um complexo de cultura e religião, que se imbricaram, como notou o nosso primeiro estudioso citado, Peter Demant. 

Os muçulmanos progressistas admitem que as sociedades islâmicas oprimem as mulheres, como já mostramos. Entretanto, dizem eles, que tais justificativas não se encontram no texto fundante do islã, o Alcorão. Houve um grande afastamento do caminho correto traçado por Maomé, pouco depois que ele morreu, e, assim, as mulheres que até então, eram tratadas com dignidade e respeito, dados pelo profeta, passaram a ser oprimidas, devido ao abandono dos ensinos corânicos e absorção das culturas machistas/patriarcais, conquistadas pelos exércitos islâmicos. Também colocam em dúvida muitos dos hadiths que configuram ao sexo feminino um senso de inferioridade.

Não só muçulmanos vão por essa via explicativa, mas também número grande de professores e alunos que produzem suas monografias, dissertações e teses, nas áreas de humanidades, que em uníssono, dizem que o islã é compatível com a emancipação feminina, sendo uma porta de entrada, para uma vida de libertação do autoritarismo que relega a mulher a um papel subalterno.  

Então porque essa disparidade tão gigante entre a suposta teoria maometana que dá dignidade a mulher, e a realidade que vemos nos países muçulmanos e nas mulheres de burcas, tanto nos países islâmicos como na Europa? Todas essas gerações de muçulmanos interpretaram grosseiramente a religião, ao ponto de colocarem as suas mulheres como pessoas com tão poucos direitos, contradizendo o seu profeta? Ou esse papel subalterno das mulheres no islã emerge das próprias escrituras sagradas da religião? É o que veremos.

Façamos aqui, uma distinção básica entre “literatura islâmica” e “literatura muçulmana”. Podemos perguntar: não seria redundância, não são a mesma coisa? Não. Literatura islâmica são as obras clássicas do islã, que são respeitadas e usadas por gerações, em inúmeros países e mesquitas, como textos de interpretação padrão. Essas obras trazem ensinamentos não envergonhados da religião, uma vez que não tentam tornar o islã adaptável as sensibilidades de quem o lê. São os manuais clássicos de jurisprudência islâmica. São as obras de referência. Enquanto que literatura muçulmana são os livros adocicados da religião, que encontramos em sites muçulmanos; são textos panfletários, com títulos assim “Meu Grande Amor Por jesus Me Conduziu ao Islã”, entre outros. São livros contemporâneos, produzidos com o objetivo de trazer pessoas para o islã. São livros e textos que tomam muito cuidado no que falam, omitindo muitas vezes os ensinos que fazem as mulheres inferiores na práxis muçulmana.

Neste primeiro momento, não vamos tratar de literatura muçulmana aqui. Estas muitas vezes, não traduzem o que o islã realmente ensina sobre as mulheres.  

Literatura islâmica, além do Alcorão, é claro, são a Sunna com os seus hadiths; a Sira de Maomé, que foi a sua primeira biografia; o Reliance of the Traveller (O Apoio do Viajante: Manual Clássico da Sagrada Lei Islâmica), etc.

Vamos começar com a biografia oficial de Maomé, Sirat Rasul Allah (A Vida do Profeta de Alá), de Ibn Ishaq, que a escreveu por volta de 150 anos depois de sua morte. 

Ishaq 969:

“Ele [Maomé] também disse-lhes que os homens têm direitos sobre as suas esposas e as mulheres têm direitos sobre seus maridos. As esposas nunca devem cometer adultério ou agir em um modo sexual para outros. Se elas assim fizerem, elas devem ser colocadas em quartos separados e espancadas levemente. Se elas se contiverem daquilo que lhes é proibido, elas têm o direito a comida e roupa. Os homens são para estabelecer injunções leves para as mulheres pois elas são prisioneiras dos homens e não têm controle sobre as suas pessoas.” P. 651.

Ishaq 957:

“Maomé enviou Muadh para converter o Iêmen. Enquanto ele estava lá lhe foi perguntado sobre os direitos que um marido tem sobre a sua esposa. Ele respondeu para a mulher que o perguntou: ‘Se você fosse para casa e encontrasse o nariz do seu marido escorrendo com pus e sangue e você o chupasse até que ele estivesse limpo, ainda assim você não teria cumprido com os direitos do seu marido’.” P. 644.

ISHAQ, Ibn. The Life Muhammad: A Translation of Ishaq´s Sirat Rasul Allah. Traduzido por A. Guillaume. Karachi, Paquistão, Oxford University Press, 1998.

Abu Dawud faz parte de uma das seis principais coleções de hadith (ditos e feitos do profeta), as fontes autorizadas de ensino no Islã.

O homem não pode ser questionado porque bateu em sua mulher. Abu Dawud 2147:

“Maomé disse: ‘Um homem nunca será perguntado sobre o motivo que o levou a bater na sua esposa’.” P. 552-553.

É permitido transar com mulheres escravas. Abu Dawud 2155:

“Abu Sa'id Al Khudri disse ‘O Apóstolo de Allah () enviou uma expedição militar a Awtas por ocasião da batalha de Hunain. Eles encontraram seu inimigo e lutaram com eles. Eles os derrotaram e os levaram cativos. Alguns dos Companheiros do Apóstolo de Allah () relutavam em ter relações com as mulheres cativas por causa de seus maridos pagãos. Então, Allah, o exaltado, enviou o versículo do Alcorão ‘E todas as mulheres casadas (são proibidas) a você, exceto aquelas (cativas) que sua mão direita possui.’ Isso quer dizer que eles são legais quando completam seu período de espera’.” P. 555-556.

Que mulher iria querer ter relações sexuais com o soldado que matou seu pai, mãe, familiares e etc.? É evidente que temos aí, a justificava para o estupro.

English Translation of Sunan Abu Dawud. Volume 2. Compiled by: lmâm Hâfiz Abu Dawud Sulaiman bin Ash'ath.  AhâdIth edited & referenced by: Hâfiz Abu Tâhir Zubair 'All Za'I. Translated by: Yaser Qadhi (USA). 2008.

https://www.pdfdrive.com/sunan-abu-dawud-volume-2-future-islam-the-future-for-islam-e14285775.html

O mal na mulher. Abu Dawud Livro 11, Número 2155:

“Maomé disse: Se algum de vocês se casa com uma mulher ou compra um escravo, ele deve dizer: ‘O Alá, Eu peço a Você para o bem nela, e pela disposição que Você deu a ela; Eu tomo refúgio em Você do mal que existe nela, e pela disposição que Você a deu.’ Quando ele compra um camelo, ele deve segurar o topo da sua corcunda e dizer o mesmo tipo de coisa.” P. 215.

Muslim é considerada a segunda coleção de hadith mais autêntica pelos muçulmanos. Ela também traz relatos que legitimam o estupro de cativas. Sahih Muslim, Livro 008, Número 3371:

“Abu Sirma disse a Abu Sa'id al Khadri (Allah ele gostou dele): 0 Abu Sa'id, você ouviu o Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) mencionando al-'azl? [coito interrompido] Ele disse: Sim, e acrescentou: Saímos com o Mensageiro de Alá (que a paz esteja com ele) na expedição ao Bi'l-Mustaliq e levamos cativas algumas mulheres árabes excelentes; e nós os desejamos, pois estávamos sofrendo com a ausência de nossas esposas, (mas ao mesmo tempo) também desejávamos resgate por eles. Portanto, decidimos ter relações sexuais com eles, mas observando 'azl (Retirada do órgão sexual masculino antes da emissão do sêmen para evitar a concepção). Mas dissemos: Estamos fazendo um ato, enquanto o Mensageiro de Allah está entre nós; porque não perguntar a ele? Então, pedimos ao Mensageiro de Alá (que a paz esteja com ele), e ele disse: ‘Não importa se você não fizer isso, porque toda alma que está para nascer até o Dia da Ressurreição nascerá’.” P. 835.

Maomé bateu em Aisha, a sua esposa preferida, por ela ter seguido ele a noite. Sahih Muslim, Livro 004, Número 2127:

“Muhammad b. Qais disse (para o povo): Eu não deveria narrar para vocês (um hadith do Sagrado Profeta) por minha autoridade e pela autoridade de minha mãe? Nós pensamos que ele se referia à mãe que tinha deu à luz a ele. Ele (Muhammad b. Qais) então relatou que foi 'A'isha quem narrou isso: Eu não deveria narrar para você sobre mim e sobre o Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele)? Dissemos: sim. Ela disse: Quando foi minha vez do Mensageiro de Alá (que a paz esteja com ele) para passar a noite comigo, ele se virou de lado, colocou o manto e tirou os sapatos e colocou-los perto de seus pés, estendeu a ponta de seu xale em sua cama e depois deitou-se até pensar que eu tinha ido dormir. Ele segurou seu manto lentamente e calçou os sapatos lentamente, e abriu a porta e saiu e fechou-a ligeiramente. Cobri minha cabeça, coloquei meu véu e apertei meu envoltório da cintura, e depois saiu seguindo seus passos até chegar a Baqi'. Ele ficou lá e ele ficou por muito tempo. Ele então levantou as mãos três vezes, e depois voltou e eu também voltei. Ele apressou seus passos e eu também apressei meus passos. Ele correu e eu também corri. Ele veio (na casa) e eu também veio (para a casa). Eu, no entanto, o antecipei e entrei (na casa), e quando me deitei em cama, ele (o Santo Profeta) entrou na (casa) e disse: Por que é que, ó 'A'isha, você está fora respiração? Eu disse: não há nada. Ele disse: Diga-me ou o Sutil e o Ciente me informarão. Eu disse: Mensageiro de Allah, que meu pai e minha mãe sejam o resgate por você, e então eu disse a ele (toda a história). Ele disse: Foi a escuridão (de sua sombra) que eu vi na minha frente? Eu disse sim. ELE ATINGIU-ME NO PEITO O QUE ME CAUSOU DOR, e então disse: Você achou que Alá e Seu apóstolo trataria injustamente com você? Ela disse: O que quer que o povo esconda, Allah saberá.” P. 536-537. (Ênfase acrescentada).

O muçulmano Sherif Abdel Azim, escreveu o seguinte, em seu livro A Mulher no Islam: Mito e Realidade:

“O Alcorão orienta o muçulmano a ser gentil com as suas esposas, mesmo em caso de emoções fortes ou sentimentos de desagrado.” P. 36.

Pelo visto, na história narrada em Muslim, as “emoções fortes ou sentimentos de desagrado” em Maomé, o impeliram a agredir a sua querida Aisha, não “sendo gentil com a sua esposa”, como preconiza Sherif Abdel Azim. Se o profeta teve este arroubo de fúria contra a sua esposa preferida, imagine os arroubos de fúria que os pobres muçulmanos “normais” não têm contra as suas mulheres?

Diversão entre os companheiros mais íntimos de Maomé, em bater nos pescoços de suas mulheres. Abu Bakr bate no pescoço de Aisha. Sahih Muslim, Livro 009, Número 3506:

“Jabir b. 'Abdullah (Allah esteja satisfeito com eles) relatou: Abu Bakr (Allah esteja satisfeito com ele) veio e pediu permissão para ver o Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele). Ele encontrou pessoas sentadas em sua porta e nenhum entre eles tinha recebido permissão, mas foi concedida a Abu Bakr [primeiro Califa] e eles entraram. Então veio 'Umar [segundo califa] e ele pediu permissão e foi concedida a ele, e ele encontrou o Apóstolo de Allah (que a paz esteja com ele) sentado triste e silencioso com suas esposas ao seu redor. Ele (Hadrat 'Umar) disse: Eu diria algo que faria o Sagrado Profeta (que a paz seja sobre ele) rir, então ele disse: Mensageiro de Allah, gostaria que você tivesse visto (o tratamento dispensado a) a filha de Khadija quando você me pediu algum dinheiro, eu me levantei e dei um tapa em seu pescoço. O Mensageiro de Alá (que a paz esteja com ele) riu e disse: Elas estão ao meu redor, como você vê, perguntando por dinheiro extra. Abu Bakr (Allah esteja satisfeito com ele), em seguida, levantou-se foi para 'A'isha (Allah seja satisfeito com ela) e deu um tapa no pescoço dela, e 'Umar se levantou diante de Hafsa e deu um tapa nela dizendo: Você pergunta ao Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) que ele não possui. Elas disseram: Por Allah, não pedimos ao Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) nada que ele não possua.” P. 868.

A circuncisão feminina não foi criada pelo islã. Mas veja Muslim Livro 003, Número 0684:

“Abu Musa perguntou: O que torna o banho obrigatório para uma pessoa? Ela [Aisha] respondeu: Você encontrou um bem informado! O Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) disse: Quando alguém se senta entre quatro partes (da mulher) e as partes circuncidadas se tocam um banho torna-se obrigatório.” P. 235.

Sahih Muslim. Translator: Abd-al-Hamid Siddiqui. 1st edition. Edited by: Mika'il al-Almany. Created: 2009-10-02 17:41:54. Last modified: 2009-11-05 22:38:59. Version: 0911052238593859-30.

https://d1.islamhouse.com/data/en/ih_books/single/en_Sahih_Muslim.pdf

Al-Bukhari é a coleção de hadith mais importante para os muçulmanos. É narrado nela a mesma história de Muslim, já citada.

Não há nada de errado no estupro de cativas. Al-Bukhari - Volume 3, Livro 49, Número 2542:

“Narrou Ibn Muhairiz: Eu vi a Abu Said Al-Khudri e perguntei sobre Al-Azl (ou seja, coito interrompido). Abu Said disse: ‘Saímos com o Apóstolo de Allah para o Ghazwa [batalha na qual Muhammad estava presente] de Banu Al-Mustaliq e recebemos cativos árabes e desejamos mulheres e o celibato tornou-se difícil para nós e queríamos fazer coito interrompido. Então, quando pretendíamos fazer coito interrompido. Perguntamos ao mensageiro de Alá sobre isso e ele disse: 'É melhor para você não fazer isso, pois se alguma alma (até o Dia da Ressurreição) estiver predestinada a existir, ela existirá’." P. 413-414.

Esse mesmo relato também pode ser encontrado no Volume 5, Livro 64, Número 4138, Página 278-279. E no Volume 7, Livro 67, Número 5210, Página 97.

Para o “profeta”, as mulheres têm a mente deficiente. Al-Bukhari - Volume 3, Livro 52, Número 2658:

“Narrado Abu Said Al-Khudri: O Profeta disse: ‘A testemunha de uma mulher não é igual à metade da de um homem?’ As mulheres disseram: ‘Sim’. Ele disse: ‘Isso é devido à deficiência da mente de uma mulher’.” P. 477.

Maomé ordena que a mulher só viaje com um guardião masculino. Al-Bukhari - Volume 4, Livro 56, Número 3006:

“Narrou Ibn Abbas: Que ele ouviu o Profeta dizendo: ‘Não é permitido que um homem fique sozinho com uma mulher, e nenhuma senhora deve viajar, exceto com um Mahram [guardião legal] (ou seja, seu marido ou uma pessoa com quem ela não pode se casar) para todo o sempre; por exemplo, pai, irmão, etc.)’. Então, um homem se levantou e disse: ‘Ó apóstolo de Deus! Eu me alistei no exército para tal e tal Ghazwa [ataque ou batalha] e minha esposa está procedendo ao Hajj [peregrinação]’. O Apóstolo de Allah disse: ‘Vá e faça o Hajj com sua esposa”." P. 153.

A maioria dos habitantes do inferno são mulheres. Al-Bukhari - Volume 07, Livro 67, Número 5204:

“Narrado Imrãn: O Profeta disse: "Eu olhei para o (Inferno) Fogo e vi que a maioria de seus residentes eram mulheres." P. 93.

Existem mais oito lugares em Al-Bukhari que narram essas mesmas palavras de Maomé.

Maomé disse que mulheres não podem governar uma nação. Al-Bukhari - Volume 9, Livro 92, Número 7099:

“Narrado Abu Bakra: Durante a batalha de Al-Jamal, Allah me beneficiou com uma Palavra (ouvi do Profeta). Quando o Profeta ouviu a notícia de que o povo da Pérsia havia tornado a filha de Khosrau sua rainha (governante), ele disse: ‘Nunca sucederá a uma nação que faça da mulher sua governante’.” P. 145.

Rifa'a veio reclamar de seu marido a Aisha, e mostrou a ela sua pele verde, causada por espancamento. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 77, Número 5825:

“Aisha disse: “Nunca vi mulher nenhuma sofrer tanto quanto as mulheres crentes’.” P. 392.

The Translation of the Meanings of Sahih Al-Bukhâri, Arabic-English. Translated by: Dr. Muhammad Muhsin Khan Formerly Director, University Hospital, Islamic University, Al-Madina Al-Munawwara (Kingdom of Saudi Arabia). Maktaba Dar-us-Salam, 1997.

Por que a maioria dos habitantes do inferno são mulheres? Al-Bukhari - Volume 1, livro 2, Número 28:

“Narrado por Ibn 'Abbas: O Profeta disse: ‘Foi-me mostrado o fogo do Inferno e que a maioria de seus habitantes eram mulheres que eram ingratas. ‘Foi perguntado: ‘Será que elas não acreditam em Allah? (ou são ingratas a Allah?) Ele [Maomé] respondeu: ‘As mulheres são mal agradecidas aos seus maridos pelos favores e o bem (atos de caridade) feitos a elas. Se você sempre tiver sido bom (benevolente) a alguma delas e então ela vir alguma coisa em você (que não seja do agrado dela), ela vai dizer: ‘Nunca recebi nenhum bem de você’.” P. 17.

A história de que as mulheres são a maioria no inferno e têm a mente deficiente, podem desviar o homem do caminho correto, o seu testemunho vale metade do testemunho do homem, e têm a religiosidade defeituosa por menstruar, está tudo neste hadith Al-Bukhari – Volume 1, Livro 6, Número 301:

“Narrou Abu Said Al-Khudri: Certa vez, o Apóstolo de Alá foi ao Musalla (para oferecer a oração) o 'Id-al-Adha ou oração Al-Fitr. Então ele passou pelas mulheres e disse: ‘Ó mulheres! Dêem esmolas, pois eu vi que a maioria das vocês (mulheres) eram habitantes do fogo do Inferno. ‘Elas perguntaram: ‘Por que é assim, ó Apóstolo de Alá?’ Ele respondeu: ‘Você amaldiçoa com frequência e é ingrata a seus maridos. Não vi ninguém mais deficiente em inteligência e religião do que você. Um homem cauteloso e sensato pode ser desencaminhado por alguns de vocês.’ As mulheres perguntaram: ‘Ó Apóstolo de Allah! O que é deficiente em nossa inteligência e religião?’ Ele disse: ‘Não é o depoimento de duas mulheres igual ao testemunho de um homem?’ Eles responderam afirmativamente. Disse: ‘Esta é a deficiência em sua inteligência. Não é verdade que uma mulher não pode orar nem jejuar durante a menstruação?’ As mulheres responderam afirmativamente. Ele disse: ‘Esta é a deficiência da religião dela’.” P. 82

Não há conserto para as mulheres. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 62, Número 113:

“Narrava Abu Huraira: O Apóstolo de Alá disse: ‘A mulher é como uma costela; se você tentar endireitá-la, ela quebrará. Então, se você quer tirar proveito dela, faça-o enquanto ela ainda tem alguma perversidade’.” P. 1159.

Maomé tinha uma “incrível” potência sexual. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 62, Número 145:

“O Profeta costumava passar por (ter relação sexual com) todas as suas esposas em uma noite, e naquele tempo ele tinha nove esposas.” P. 1168.

Açoitar a esposa. Al-Bukhari – Volume 7, Livro 62, Número 132:

“Narrado 'Abdullah bin Zam'a: O Profeta disse: ‘Nenhum de vocês deve açoitar sua esposa como ele açoita uma escrava e depois ter relações sexuais com ela na última parte do dia’.” P. 1166.

O islã não inventou a circuncisão feminina. Mas olha o que Bukhari Volume 7, Livro 72, Número 132 diz:

“Narrava Abu Huraira: Eu ouvi o Profeta dizendo. “Cinco práticas são características da Fitra [estado de pureza, inocência]: circuncisão, barbear os pelos púbicos, cortando os bigodes curtos, aparando as unhas e depilando os pelos das axilas." P. 1314.

Sahih Bukhari - Translator: M. Muhsin Khan - 1st edition. Edited by: Mika'il al-Almany. Created: 2009-10-02 17:41:54. Last modified: 2009-10-11 23:46:24 Version: 0910112346244624-21.

https://d1.islamhouse.com/data/en/ih_books/single/en_Sahih_Al-Bukhari.pdf

Reliance of the Traveller é um clássico de jurisprudência islâmica do século XIV, que goza de grande prestígio e autoridade no islã, atestado e recomendado por grandes lideranças islâmicas.

Sobre bater na esposa.

m10.12: “Quando um marido nota sinais de rebeldia em sua esposa, quer em palavras como quando ela responde a ele de modo frio, quando o seu costume é de fazê-lo de modo educado; ou ele a chama para a cama mas ela recusa, contrário do seu hábito usual; ou se em atos, como quando ele a acha adversa para ele quando anteriormente ela era gentil e agradável, ele chama a sua atenção em palavras sem deixar de ficar longe dela ou de bater nela, pois pode ser que ela tenha uma desculpa. O aviso poderia ser dizer para ela, ‘Tema Alá com relação aos direitos que você me deve’, ou poderia ser para explicar que rebelião nulifica a sua obrigação para sustentá-la e dar a sua vez dentre as suas outras esposas, ou poderia ser em informa-la ‘A sua obediência para mim é um dever religioso’. Se ela for rebelde, ele pode deixar de dormir com ela (ter sexo) e recusar a falar com ela, e pode bater nela, mas não de modo que a magoe, significando que ele não pode deixar marcas, quebrar ossos, feri-la ou causar derramamento de sangue. É ilegal bater no rosto dela. Ele pode bater nela se ela estiver rebelde apenas uma vez ou mais que uma vez, embora exista uma vertente de opinião mais fraca que diz que ele não pode bater nela a não ser que exista rebeldia repetidamente.” P. 540-541.

O livro prossegue e conclui que bater na esposa é o último recurso para salvar a família:

“[...] é permitido para ele bater nela se ele acredita que bater ela vai trazê-la de volta ao caminho certo, embora se ele não pensa assim, não é permitido. A batida dele ela pode não ser de uma forma que a machuque, e é seu último recurso para salvar a família.” P. 542.

A mulher vale metade de um homem em indenizações:

m04.9: “A indenização pela morte ou lesão de um a mulher é metade da indenização paga por um homem.” P. 590. PS: Judeus e cristãos também.

Reliance of the Traveller: The Classic Manual of Islamic Sacred Law 'Umdat al-Salik. By Ahmad ibn Naqib al-Misri (d. 769/1368) in Arabic with Facing English Text, Commentary, and Appendices. Edited and Translated by Nuh Ha Mim Keller. Amana publications Beltsville, Maryland U.S.A.

Salim Almahdy, Pesquisador do Islamismo e autor da série Uma Olhada Por Trás do Véu, cita algumas obras autoritativas islâmicas, que deixa claro o papel subalterno das mulheres no islã.

“[...] a mulher sofre uma série de enfrentamentos com o ato matrimonial. Em seu livro, As mulheres no islamismo, Rafiqul Haqq resumiu a importância do contrato de casamento de acordo por meio de três diferentes escolas islâmicas. Citando o livro Al-Fiqh ala al-Mazahib al-Arba'a, de Abd Ar Rahman Al Gaziri, ele diz: ‘O entendimento aceito nas diferentes escolas de jurisprudência islâmica é que aquilo que foi contratado no casamento é para o benefício que o homem possa ter da mulher e não o contrário’. A mesma obra mostra que os seguidores de Imã Malik, autoridade religiosa islâmica, declararam que o contrato de casamento é um contrato de propriedade do benefício do órgão sexual da mulher e do resto do seu corpo. O mesmo livro ainda declara que os seguidores de outro Imã, Shaffi, disseram: ‘A visão mais aceita é que o que foi contratado é a mulher, isto é, o benefício derivado do seu órgão sexual’. Outros afirmam: ‘O que foi contratado é tanto o homem quanto a mulher’.”

Os apologistas muçulmanos têm um trabalho ingrato, para convencerem as pessoas, de que o islã dá dignidade as mulheres. Relativizar todas essas fontes e textos, não é fácil. Rejeitar essas literaturas autoritativas de sua religião, é se colocar numa posição minoritária, que rompe drasticamente com todo um corpo de conhecimento e teologia forjados ao longo de séculos. É estar a margem da tradição islâmica. Em termos comparativos, eles são como os cristãos progressistas que insistem em dizer que a Bíblia não desaprova as relações homossexuais, recorrendo a todos os subterfúgios possíveis para encontrar alguma dignidade as relações homoafetivas nas escrituras, ignorando toda a hermenêutica responsável na análise do texto. De modo muito semelhante, assim são os muçulmanos progressistas.    

Abdullahi Ahmed An-Na'im, Charles Howard Candler, Professor de Direito na Emory University, escreve:

“Alguns muçulmanos modernos, como a organização Irmãs no Islã na Malásia, estão exercendo a ijtihad [interpretação] hoje para promover os direitos humanos das mulheres de uma perspectiva islâmica. Para aqueles, então, que aceitam a interpretação das Irmãs, as mulheres têm direitos iguais de acordo com a Sharia.

Mas as irmãs e outras como elas estão em minoria.”

Boa sorte pra elas.  

Primeira parte do texto:

http://sheol-livros.blogspot.com/2020/08/o-papel-subalterno-das-mulheres-no-isla.html

Segunda parte do texto:

http://sheol-livros.blogspot.com/2020/08/o-papel-subalterno-das-mulheres-no-isla_26.html

Continua na quarta parte.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

O Estado Islâmico (ISIS) Tem Algo a Ver Com o Islã?

O ISIS possui base na religião islâmica para fazer o que faz? Mais uma vez a mídia caramelizada e intelectuais ditos equilibrados, dirão que ele não tem nada a ver com o islã. Eminências muçulmanas (não todas) também farão coro, para salvaguardar a sua fé de algo tão grotesco. Muçulmanos comuns também não gostam e rejeitam a associação do ISIS com a sua fé. 

Por outro lado, há pesquisadores e analistas que veem de maneira distinta, e alegam que o ISIS tem, sim, muito a ver com o islã. E é nestes que irei focar.

Colin Chapman, ex-Professor de Estudos Islâmicos na Escola de Teologia do Oriente Próximo em Beirute, Líbano, adota um meio-termo, visto que não nega que o ISIS tenha algo a ver com islã, porém, rejeita que ele seja totalmente islâmico, achando ambas as visões inúteis. No entanto:

“Mas quando os ideólogos do ISIS explicam detalhadamente onde, em suas escrituras, tradição e história, eles encontram a justificativa islâmica para o que estão fazendo, é simplesmente absurdo continuar afirmando que o ISIS não tem nada a ver com o Islã. Seria mais correto dizer que o ISIS tem muito a ver com o Islã, mas é uma expressão extrema de um tipo particular de islamismo.

Portanto, em vez de dizer que os guerreiros do ISIS não são muçulmanos reais ou fiéis, outros muçulmanos precisam explicar por que acreditam que o ISIS está completamente errado em sua interpretação e aplicação das fontes islâmicas.”

Raymond Ibrahim, Ph.D em História Islâmica na Universidade Católica, EUA.

“Considere, por exemplo, a questão de saber se o comportamento de grupos islâmicos como o Estado Islâmico (EI) é islâmico ou não. Aqueles que insistem no último terão dificuldade em explicar por que mais de um milênio de líderes muçulmanos - califas, sultões, emires, ulemás e juristas da mais alta ordem - disseram e fizeram na Europa exatamente as mesmas coisas que IS diz e faz ‘Infiéis’ hoje. Este é um ponto literal: quando o IS proclama que ‘o sangue americano é o melhor e o provaremos em breve’, ou ‘Amamos a morte como você ama a vida’ ou ‘Vamos quebrar suas cruzes e escravizar suas mulheres’, virtualmente ninguém no Ocidente entende que eles estão citando literalmente - e, portanto, se colocando nas pegadas dos - os conquistadores islâmicos originais da Síria, especialmente Khalid bin al-Walid (falecido em 642), a ‘Espada de Allah’.”

Daniel Pipes, Ph.D em História na Universidade de Harvard.

“No final, porém, nem presidentes dos EUA nem apologistas islâmicos enganam as pessoas. Qualquer pessoa com olhos e ouvidos percebe que o ISIS, como o Taliban e a Al-Qaeda antes dele, é 100% islâmico.”

“[...] as escrituras do Islã a história dos muçulmanos [estão] imersas na suposição de superioridade em relação aos não-muçulmanos e na justa violência da jihad.”

Abdul Saleeb é um proeminente ex muçulmano, e pesquisador do islã. Embora não fale diretamente sobre o ISIS, sua fala sobre os grupos terroristas deixam claro, que ele pensa da relação deles com o islã.

“Mas quando os muçulmanos praticam a violência, em forma de crimes e outros atos de terrorismo, eles podem legitimamente reivindicar que estão seguindo os mandamentos de Alá, conforme ensina o Alcorão e o profeta Maomé. Essa é a grande diferença entre o cristianismo e islamismo.” P. 72.

“‘Lutai pela causa de Alá com aqueles que lutam contra vós [...] e matai-os onde quer que os encontrardes [...] e lutai contra eles até que não haja mais tumulto e opressão; que prevaleça a justiça e a fé em Alá’ (Sura 2.190-193). A ordem é para continuar lutando, continuar assassinando, onde quer que os muçulmanos encontrem supostos inimigos de Alá.” P. 74.

“[...] a violência no islamismo se expressa de várias formas, através de perseguição as minorias, a matança de oponentes políticos e religiosos e os atos de terrorismo. E todas essas práticas encontram justificativas no Alcorão e nos ditos de Maomé.” P. 83.

SALEEB, Abdul; SPROUL, R. C. O Outro Lado do Islã. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

Irmão Rachid, ex-muçulmano, mandou este recado ao Barack Obama, quando ele era presidente.

“Senhor Presidente , preciso lhe dizer que o senhor está errado com relação ao EI. O senhor disse que o EI não fala por nenhuma religião. Eu sou ex-muçulmano. Meu pai é um imame. Passei mais de vinte anos estudando o islã. […] Posso dizer com confiança que o EI fala pelo islã. […] Os 10 mil membros do EI são todos muçulmanos. […] Eles vêm de diversos países e têm um denominador comum: o islã. Seguem o profeta Maomé do islã minuciosamente. […] Eles pedem um califado, o que é uma doutrina central no islã sunita. Peço-lhe, sr. Presidente, que deixe de ser politicamente correto — que chame as coisas pelos seus nomes. EI, Al-Qaeda, Boko Haram, Al-Shabaab na Somália, os talibãs e os nomes de seus coirmãos são todos criados no islã. Se o mundo muçulmano não lidar com o islã e separar a religião do Estado, este ciclo nunca terá fim. […] Se o problema não é o islã, então por que será que existem milhões de cristãos no Oriente Médio e, não obstante, nenhum deles se explodiu para se tornar mártir, embora vivam nas mesmas circunstâncias econômicas e políticas, e até piores? […] Sr. Presidente, caso queira realmente lutar contra o terrorismo, então ataque as raízes. Quantos xeques sauditas estão pregando o ódio? Quantos canais islâmicos estão doutrinando as pessoas e ensinando-lhes a violência do Alcorão e do hadith? […] Quantas escolas islâmicas estão produzindo gerações de professores e alunos que acreditam na jihad, no martírio e na luta contra os infiéis?” P. 185.

ALI, Ayaan Hirsi. Herege: Por Que o Islã Precisa de Uma Reforma Imediata. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

James Brandon, membro associado do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência Política (ICSR).

“Uma abordagem melhor é aceitar que os extremistas islâmicos, por mais desagradáveis que sejam sua visão sobre o Islã, permaneçam muçulmanos, por mais que muitos outros muçulmanos e não muçulmanos possam não gostar de sua versão do Islã.

Tradicionalmente, desde que um muçulmano aceite a existência de um único Deus e que Maomé seja seu profeta final, ele é muçulmano.

[...]

Essa abordagem de avestruz de que as ‘ações extremistas’ não têm nada a ver com o Islã não apenas não reconhece o quão profundas são algumas interpretações jihadistas radicais, mas também cede efetivamente esses campos de batalha teológicos essenciais aos extremistas.

[...]

Aceitar que extremistas islâmicos também sejam muçulmanos e que aspectos de sua ideologia estejam profundamente arraigados na tradição islâmica é um primeiro passo essencial.”

Mark Durie, Ph.D em Linguística na Australian National University e membro da Academia Australiana de Humanidades.

“É chegada a hora de os líderes políticos ocidentais pararem de responder ao terrorismo chamando o Islã de ‘a religião da paz’. É hora de ter uma conversa difícil sobre o Islã.

O Ocidente está passando por uma aguda dissonância cognitiva sobre o Islã, cujas marcas estão em guerra umas com as outras. Por um lado, somos informados de que o Islã é a religião da paz. Por outro lado, somos confrontados com uma sequência interminável de atos de terror cometidos em nome da fé.

Há uma conexão deprimente entre as duas marcas: quanto mais alto uma marca se torna, mais o volume é aumentado na outra.”

José Atento, Pesquisador do Islã.

“O Estado Islâmico é islâmico? Os muçulmanos do Estado Islâmico são muçulmanos? Com certeza eles não são metodistas nem budistas!

É claro que eles são muçulmanos seguindo o islamismo no seu modo mais puro, exatamente como Maomé e seus companheiros fizeram. E exatamente igual aquilo que vários países islâmicos reconhecidos internacionalmente e com assento na ONU fazem.”

Graeme Wood, Professor de Ciências Políticas na Universidade de Yale, e autor do livro A Guerra do Fim dos Tempos: O Estado Islâmico e o Mundo Que Ele Quer.

“Somos enganados de uma segunda maneira, por uma campanha bem-intencionada, mas desonesta, de negar a natureza religiosa medieval do Estado Islâmico.”

“De fato, muito do que o grupo faz parecer absurdo, exceto à luz de um compromisso sincero e cuidadosamente considerado de devolver a civilização a um ambiente jurídico do século VII e, finalmente, de provocar o apocalipse.”

“Na conversa, eles [membros do ISIS] insistem que não vão - não podem - renunciar aos preceitos de governo que foram incorporados no Islã pelo Profeta Muhammad e seus primeiros seguidores. Eles costumam falar em códigos e alusões que parecem estranhas ou antiquadas para não-muçulmanos, mas se referem a tradições e textos específicos do início do Islã.”

“A realidade é que o Estado islâmico é islâmico. Muito islâmico. Sim, atraiu psicopatas e aventureiros, atraídos em grande parte pelas populações descontentes do Oriente Médio e da Europa. Mas a religião pregada por seus seguidores mais ardentes deriva de interpretações coerentes e até aprendidas do Islã.”

“Praticamente todas as principais decisões e leis promulgadas pelo Estado Islâmico aderem ao que chama, na imprensa e nos pronunciamentos, e em seus outdoors, placas, artigos de papelaria e moedas, ‘a metodologia Profética’, que significa seguir a profecia e exemplo de Muhammad, em detalhes minuciosos.”

“Muitas organizações muçulmanas tradicionais chegaram ao ponto de dizer que o Estado islâmico é, de fato, anti-islâmico. É claro que é reconfortante saber que a grande maioria dos muçulmanos não tem interesse em substituir os filmes de Hollywood por execuções públicas como entretenimento noturno. Mas os muçulmanos que chamam o Estado Islâmico de não islâmico são tipicamente, como me disse o estudioso de Princeton Bernard Haykel, o especialista em teologia do grupo, ‘embaraçado e politicamente correto, com uma visão de algodão doce de sua própria religião’ que negligencia ‘O que a religião deles exige histórica e legalmente’.”

“O Alcorão especifica a crucificação como uma das únicas punições permitidas para os inimigos do Islã. O imposto sobre os cristãos encontra um claro apoio no capítulo Surah Al-Tawba, no nono capítulo do Alcorão, que instrui os muçulmanos a lutar contra cristãos e judeus "até que paguem à jizya com submissão voluntária e se sintam subjugados". O Profeta, a quem todos os muçulmanos consideram exemplar, impôs essas regras e possuía escravos.”

“Os muçulmanos podem dizer que a escravidão não é legítima agora e que a crucificação está errada neste momento histórico. Muitos dizem precisamente isso. Mas eles não podem condenar a escravidão ou a crucificação sem contradizer o Alcorão e o exemplo do Profeta.”

Bernard Haykel, Ph.D em Estudos Islâmicos e do Oriente Médio pela Universidade de Oxford.

"O que chama a atenção neles não é apenas o literalismo, mas também a seriedade com que lêem esses textos [do Alcorão]. [...] Existe uma seriedade assídua e obsessiva que os muçulmanos normalmente não têm".

"O único fundamento de princípios que os oponentes do Estado Islâmico poderiam adotar é dizer que certos textos centrais e ensinamentos tradicionais do Islã não são mais válidos".

Shmuel Bar, Ph.D. em História do Oriente Médio pela Universidade de Tel-Aviv.

"[...] no que diz respeito aos estabelecimentos religiosos na maior parte da península Arábica, no Irã e em grande parte do Egito e do Norte da África, a ideologia radical não representa uma perversão marginal e extremista do Islã, mas sim uma interpretação genuína e cada vez mais convencional. Mesmo depois de 11 de setembro , os sermões transmitidos de Meca não podem ser facilmente distinguidos dos da Al Qaeda."

Paul Martindale, Professor de Estudos Islâmicos no Seminário Teológico Gordon-Conwell, EUA.

"A interpretação do ISIS do Islã não é de forma alguma uma interpretação majoritária do Islã pelos muçulmanos hoje. Quase todos os muçulmanos rejeitam a afirmação do Estado Islâmico de ser uma interpretação autêntica do Islã. Também não é totalmente consistente com as maneiras como o islã sunita clássico foi praticado na história. No entanto, com base nos textos fundadores do Islã e em certos períodos anteriores da história islâmica, a interpretação do ISIS do Islã é consistente com a forma como o Islã foi interpretado e praticado no passado distante. Dada a ampla diversidade de expressão dentro do Islã, a interpretação do ISIS do Islã é autenticamente islâmica e os membros do ISIS são muçulmanos. A interpretação e aplicação do Islã pelo ISIS é uma das muitas manifestações possíveis ou teologicamente 'legítimas' do Islã."

James Brandon, Mestrado em Estudos do Oriente Médio pela Escola de Estudos Orientais e Africanos na Universidade de Londres, e membro do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização e Violência Política no Kings 'College.

"Uma abordagem melhor é aceitar que os extremistas islâmicos, por mais desagradáveis que sejam sua visão sobre o Islã, permaneçam muçulmanos, por mais que muitos outros muçulmanos e não muçulmanos possam não gostar de sua versão do Islã.

Tradicionalmente, desde que um muçulmano aceite a existência de um único Deus e que Maomé seja seu profeta final, ele é muçulmano. 

[...]

Aceitar que extremistas islâmicos também sejam muçulmanos e que aspectos de sua ideologia estejam profundamente arraigados na tradição islâmica é um primeiro passo essencial."

Richard L. Rubenstein, Ph.D em Teologia Sagrada em Harvard, e autor do livro Jihad e Genocídio.

"Na realidade, a inimizade islâmica para com o Ocidente infiel, como foi manifestada em 11 de setembro, não é consequência de um pequeno grupo não representativo 'sequestrando' uma religião cujos 'ensinamentos são bons e pacíficos'. Pelo contrário, o tipo de hostilidade islâmica que levou os terroristas islâmicos a agirem em 11 de setembro e em muitas outras ocasiões está profundamente enraizado em séculos de tradição islâmica."

Existem estudiosos muçulmanos que também reconhecem que o ISIS é islâmico. Vamos a alguns deles.

Ayad Jamal al-Din, clérigo muçulmano no Iraque.

“Eu digo que, ou seguimos o fiqh (direito religioso islâmico), caso em que o Isis está mais ou menos certo, ou então seguimos o direito civil humano esclarecido, segundo o qual os yazidis são tão cidadãos quanto os muçulmanos xiitas e sunitas. Temos de nos decidir entre seguir o direito civil humano, legislado pelo parlamento iraquiano, e seguir as fatwas emitidas pela jurisprudência islâmica. Não devemos dourar a pílula e dizer que o islã é uma religião de compaixão, paz e água de rosas, e que está tudo bem.” P. 201.

ALI, Ayaan Hirsi. Herege: Por Que o Islã Precisa de Uma Reforma Imediata. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Arwa Al-Khattabi, muçulmano e Especialista iemenita em História da Europa e da Alemanha.

"O ISIS chegou a implementar o Islã como está, pelo livro - não criou nada por si mesmo. Evocou os textos religiosos exatamente como são. Não distorceu, mudou ou substituiu nada. Ele veio com o texto e o implementou exatamente como está. Temos um problema e devemos assumir a responsabilidade por ele antes de culpar os outros pelo que está acontecendo no mundo. "Eles vieram para [implementar] o Islã adequado, completo com escravas, o estupro [...] É muito lamentável que queremos negar... Temos um grande problema e devemos reconhecê-lo antes de fazer qualquer outra coisa. Temos um problema e devemos assumir a responsabilidade por isso antes de culpar os outros pelo que é no mundo. Não podemos fechar os olhos e negar isso. Está acontecendo por nossa causa. Quando negamos as coisas e colocamos a culpa nos outros, como se fôssemos forçados a fazer tudo isso e não fossem a razão do que está acontecendo... Todos devemos reconhecer o que está acontecendo."

Abdullahi Ahmed An-Na'im, muçulmano e Professor de Direito na Emory University, EUA.

“As interpretações tradicionais da Sharia, ou lei islâmica, aprovaram a jihad agressiva para propagar o Islã. Eles permitiram a morte de homens inimigos cativos. Eles permitiram que os jihadistas escravizassem mulheres e crianças inimigas, como o ISIS fez com as mulheres yazidis na Síria.

Eu sou um estudioso muçulmano da Sharia. É minha opinião que a reivindicação do ISIS de legitimidade islâmica pode ser contestada apenas por uma interpretação alternativa viável da lei islâmica.

[...]

A interpretação dura e regressiva do ISIS da Sharia baseia-se no Alcorão de Medina, que repetidamente instruía os muçulmanos a apoiarem uns aos outros e a se separarem dos não-muçulmanos.

[...]

Todo o Capítulo 9 - que está entre as últimas revelações - categoricamente sanciona e autoriza a jihad agressiva contra todos os não-muçulmanos, incluindo o Povo do Livro ou cristãos e judeus (versículo 9:29 ).”

[...]

Afinal, apenas um punhado de Estados de maioria muçulmana - e apenas sob liderança ocidental - mostraram disposição para resistir à expansão militar do ISIS.

Enquanto isso, as massas de muçulmanos e seus líderes comunitários não estão - de maneira reveladora - recorrendo à Sharia para justificar sua oposição às reivindicações do ISIS. Muitos muçulmanos condenaram o ISIS por razões morais ou políticas, mas isso, provavelmente, é desacreditado entre os apoiadores do ISIS como raciocínio ‘ocidental’.”

Shadi Hamid, muçulmano, membro sênior da Brookings Institution, é autor de Excepcionalismo islâmico: Como a luta contra o Islã está remodelando o mundo e co-editor de Rethinking Political Islam.

“Uma esmagadora maioria de muçulmanos se opõe ao ISIS e sua ideologia. Mas isso não é exatamente o mesmo que dizer que o ISIS não tem nada a ver com o Islã, quando muito claramente tem algo a ver com isso.

Se você realmente olhar para a abordagem do ISIS para governança, seria difícil - impossível, na verdade - concluir que ele está apenas inventando as coisas à medida que avança e então dando a ele um brilho islâmico somente após o fato.

[...]

A apologética islâmica nos leva a um caminho de diminuição do papel da religião na política. Se os últimos anos de turbulência no Oriente Médio deixaram algo claro, é que, para os islâmicos de vários matizes - convencionais ou extremistas - a religião é importante.

[...]

No final das contas, porém, não é meu trabalho fazer o Islã parecer bom ou argumentar que o Islã ‘é uma religião de paz’, quando a realidade é mais complicada. Temos que ser fiéis às nossas descobertas e conclusões, mesmo que - ou talvez especialmente quando - elas nos deixem mais desconfortáveis.”

Yahya Cholil Staquf, um dos mais importantes líderes muçulmanos da Indonésia. 

"Os políticos ocidentais deveriam parar de fingir que o extremismo e o terrorismo não têm nada a ver com o Islã. Há uma relação clara entre fundamentalismo, terrorismo e os pressupostos básicos da ortodoxia islâmica. Enquanto não tivermos consenso sobre este assunto, não podemos ganhar a vitória sobre a violência fundamentalista dentro do Islã.

[...]

O objetivo [do ISIS] de estabelecer um califado global está totalmente dentro da tradição islâmica ortodoxa. Mas vivemos em um mundo de estados-nação. Qualquer tentativa de criar um estado islâmico unificado no século 21 só pode levar ao caos e à violência ... Muitos muçulmanos presumem que existe um conjunto estabelecido e imutável de leis islâmicas, que costumam ser descritas como shariah . Essa suposição está de acordo com a tradição islâmica, mas é claro que leva a um sério conflito com o sistema legal que existe nos estados-nação seculares."

O ISIS é islâmico! Se os membros do ISIS deixam de cumprir certas regras e requisitos do islã, isso não faz deles não muçulmanos. Até porque os ditos muçulmanos moderados também não cumprem todos os requisitos de sua religião, e nem por isso, são descartados como anti-islâmicos e falsos muçulmanos. Ninguém consegue cumprir todas as obrigações que suas religiões, ou ideologias prescrevem. Isto vale para tudo. Até um cientista pode num artigo acadêmico escrever coisas que não passam pelo escrutínio da ciência, mas disso não se segue que o seu artigo será totalmente não científico, ou anticientífico.

A essência dos ensinos do islã está totalmente presente nas atitudes do ISIS. E isto faz deles, um grupo autenticamente islâmico. Eles têm plena fé em Alá, no Alcorão e em Maomé como o último mensageiro de Deus. Suas posturas violentas estão em harmonia com o que Maomé e seus discípulos fizeram. Seus ensinos estão em consonância com o crescimento violento do islã, durante a vida e morte de Maomé. A sua violência coercitiva se coaduna, por exemplo, com a lei da apostasia, que preconiza a morte de quem abandona o islã. As humilhações que perpetram aos subjugados encontram eco na história islâmica.

Deixo aqui dois textos que argumentam que o ISIS é totalmente islâmico.

O Estado Islâmico e o Islã

https://myislam.dk/articles/en/ibrahim%20the-islamic-state-and-islam.php

O Estado Islâmico é islâmico e representa o verdadeiro rosto do islão