domingo, 26 de setembro de 2021

Ateus no Mundo Muçulmano

Para quem coloca o cérebro para funcionar o mínimo que seja, o islã não sobrevive ao menor dos escrutínios. O resultado nós vemos aí: muitos apóstatas. Estes acabam sofrendo as horrendas consequências da perseguição que se abate sobre eles, pois a própria doutrina islâmica tem ensinos concernentes a combater com a força bruta os renegados da religião. Os cristãos são um povo bem conhecido em ser vítimas dessas criminosas chacinas feitas, incentivadas por Maomé e seu livro sagrado. Saltam aos olhos todas as semanas, notícias de cristãos mortos, perseguidos e brutalizados, nos países de maioria muçulmana. Mas não é só eles que sofrem as agruras da apostasia. Os ateus são um grupo crescente nos países muçulmanos. Eles são considerados inimigos da religião e do estado. Agitaram um vespeiro. Portanto, devem ser combatidos também. A despeito da intolerância, eles estão crescendo. E isto é muito bom.

Daniel Pipes, especialista em Oriente Médio e Ph.D em História em Harvard, traz informações que mostram o quanto o ateísmo tem crescido entre os muçulmanos.

“[...] declarar-se abertamente ateu [num país muçulmano] convida a punições que vão do ostracismo ao espancamento, ao despedimento, à prisão e ao assassinato. As famílias veem os ateus como manchas em sua honra. Os empregadores os consideram indignos de confiança. As comunidades os veem como traidores. Os governos os veem como ameaças à segurança nacional. Para que isso não pareça absurdo, as autoridades percebem que o que começa com decisões individuais se transforma em pequenos grupos, ganha força e pode culminar na tomada do poder. Na reação mais extrema, o Reino da Arábia Saudita promulgou regulamentos antiterroristas em 7 de março de 2014, que proíbe ‘Chamar o pensamento ateísta de qualquer forma, ou questionar os fundamentos da religião islâmica em que este país se baseia.’ Em outras palavras, o livre-pensamento equivale a terrorismo.

De fato, muitos países de maioria muçulmana punem formalmente a apostasia com execução, incluindo Mauritânia, Líbia, Somália, Iêmen, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Irã, Afeganistão, Malásia e Brunei. As execuções formais tendem a ser raras, mas a ameaça paira sobre os apóstatas. [...] A violência vigilante também ocorre no Paquistão, pregadores convocaram turbas para incendiar as casas dos apóstatas.

[...]

Momen, um egípcio acrescenta: ‘Meu palpite é que toda família egípcia contém um ateu, ou pelo menos alguém com idéias críticas sobre o Islã.’ A professora Amna Nusayr, da Universidade al-Azhar, afirma que 4 milhões de egípcios deixaram o Islã. Todd Nettleton descobriu que, segundo algumas estimativas, ‘70 por cento do povo do Irã rejeitou o Islã’.”

Khaled Diab, jornalista ex-muçulmano e ateu, traz estas informações:

“Em países onde o ateísmo é proibido - é punível com a morte em países como o Irã e a Arábia Saudita - muitos devem manter seu ceticismo em segredo não apenas da família, mas também da sociedade. Na Arábia Saudita, uma das teocracias mais repressivas do mundo, os culpados de ateísmo ou ‘apostasia’ podem ser açoitados impiedosamente ou receber a pena de morte. Por exemplo, em 2017, um homem, nomeado na mídia como Ahmad Al-Shamri, que supostamente renunciou ao Islã e a Maomé nas redes sociais, foi condenado à morte."

"Embora o Egito seja mais aberto e tolerante do que a Arábia Saudita, também não é um paraíso para os ateus. [...] Por um lado, a constituição, pelo menos retoricamente, garante absoluta liberdade de crença e não há leis que proíbam explicitamente o ateísmo ou apostasia. Isso permite que alguns ateus expressem abertamente sua rejeição à religião, sem qualquer dano infligido à sua pessoa ou liberdade. Por outro lado, o Egito tem leis de blasfêmia draconianas que são exploradas por alguns elementos do estado e advogados islâmicos vigilantes em cruzada para reprimir e perseguir de forma seletiva e aleatória alguns céticos e ateus.”

Francesca Paci, jornalista com trabalhos focados no Islã e Oriente Médio, em sua matéria, diz o seguinte:

“De acordo com uma recente pesquisa do Barômetro Árabe em 10 países diferentes no norte da África e no Oriente Médio, os árabes, um quinto do mais de um bilhão e meio de muçulmanos mundo, estão cada vez mais inclinados a questionar o próprio credo. [...] um jovem em cada cinco não reconhece a dimensão confessional como fulcro da própria identidade.

[...]

Riad [capital da Arábia Saudita] julga o ateísmo equivalente ao terrorismo, enquanto o Egito de Al Sisi, em parceria com a Universidade de Ahzar e a Igreja ortodoxa, jurou lutar contra ‘uma moda’ que um jornal local de alguns anos atrás estimava já ter infectado 3 milhões de jovens.”

A jornalista Natalia Román traz a seguinte notícia:

“A Tunísia, onde em 2011 teve início a ‘Primavera Árabe’, tornou-se, seis anos depois, o primeiro país do mundo árabe muçulmano a autorizar uma associação que defende um dos maiores tabus do islã: o ateísmo.

Formada por mais de 400 membros que se declaram ‘agnósticos e ateus’, a associação, chamada de ‘Livres Pensadores’, tem como objetivo principal ‘garantir os direitos daqueles que não se sentem religiosos’.

‘Promovemos nossa visão da sociedade, questionamos a hegemonia da religião e mostramos que, além de muçulmanos, judeus, cristãos e bahais, também há quem não é religioso’, disse à Agência Efe Munir Baatour, advogado e membro da associação.

[...]

Sob essas premissas, e diante de um Parlamento dominado pelo partido islamita moderado Ennahda, pilar da coalizão que governa o país, e um movimento jihadista estabelecido (a Tunísia é a quarta nação do mundo em número de combatentes radicais), a associação admite que sua tarefa é titânica e perigosa.”

Matéria da BBC:

“Ser ateu no Paquistão pode ser fatal. Mas, a portas fechadas, os descrentes estão se juntando para apoiar uns aos outros. Como eles sobrevivem em uma nação onde a blasfêmia carrega uma sentença de morte? [...] Em junho deste ano, [...] Taimoor Raza foi condenado à morte por uma publicação no Facebook. [...]Para Omar [ateu], o governo está em guerra com os blogueiros ateus. ‘Um amigo meu costuma escrever contra o fundamentalismo religioso. Nós administrávamos o grupo (online) juntos. Eu fiquei sabendo que ele foi brutalmente torturado. Uma vez que você é sequestrado, há uma grande chance de seu corpo voltar em uma mala’, diz.

[...]

‘Querido diário. Algumas pessoas chamaram de prisão, mas foi um sequestro. Fui mantido em cárcere durante 28 dias. Eles não se identificaram, mas tenho certeza que eram militares. Foram oito dias de tortura e 20 dias para me recuperar. O meu corpo inteiro ficou preto. Eles me fizeram assinar uma declaração dizendo que me arrependi do que eu fiz e que não me envolveria blogs políticos ou religiosos. E que minha família poderia se tornar um alvo, caso eu falasse com a imprensa’, escreve Hamza, blogueiro e fundador de um fórum online sobre ateísmo.

"A Justiça no Egito condenou o estudante Karim Ashraf Mohammed Al-Banna, de 21 anos, a três anos de prisão por 'insultar o Islã', depois que ele usou o Facebook para declarar que é ateu. O jovem já tinha sido criticado por suas visões ateístas. Durante o julgamento, seu próprio pai testemunhou contra ele."

Ativistas proeminentes que deixaram o Islã e hoje são ateus ou agnósticos, são a Ayaan Hirsi Ali, Wafa Sultan e Ibn Warraq.

Que apareçam mais.

Não sou ateu, mas qualquer cosmovisão é melhor que a religião islâmica, visto que esta promove a violência desde sempre. 

É muito bom viver em uma sociedade, onde podemos expressar as nossas convicções religiosas, ateísticas, filosóficas, sem ter medo de ser preso, ou até ser morto por isso. Lutemos pela liberdade de expressão. E é sempre bom atentar, que essa liberdade é você ter o direito de ofender as opiniões alheias e ser ofendido também. Se a liberdade de expressão não abarcar isso, ela não passa de conversinha furada.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

O Multiverso é Real e Elimina a Existência de Deus?

O universo está ajustado de maneira tão refinada e precisa, para que a vida dele emergisse, que qualquer mudança mínima que houvesse, nós não estaríamos aqui. Na verdade, quaisquer alterações milimétricas seriam o suficiente para que nenhuma forma de vida surgisse. Não podia haver erro algum, tudo teria que ser perfeitamente sintonizado. Todos os elementos do universo foram interdependentes, para que vida se formasse. As constantes antrópicas foram/são extremamente precisas. Nível de oxigênio, gravidade, força nuclear forte, força nuclear fraca, força eletromagnética, pressão atmosférica e mais de 100 constantes, provam a fineza com o que o universo foi formado, permitindo o surgimento da vida humana. O universo está equilibrado na corda bamba, em face da precisão dessas constantes cosmológicas. Lembre-se, basta alterar de maneira extremamente sensível (a nível subatômico) qualquer uma delas, para que a vida vá para o buraco.  

A Sintonia Fina do Universo é um dos argumentos mais corriqueiros dos apologistas cristãos, para mostrar a razoabilidade da existência de Deus. Não há tolice aqui! Ninguém diz que a sintonia prova que Deus existe. O que eles dizem é que a sintonia é totalmente compatível com um universo teísta. Ela é uma evidência, indício, pista... Ela insinua... Ela sugere... É um fio condutor. Ela se encaixa com a crença em Deus. Pode-se inferir legitimamente que a sintonia traz implicações teístas. Ela sugestiona um planejamento. Ela é consonante com a ideia de um Criador. Em conjunto com outras evidências encontradas, ela torna-se um argumento que não pode ser ignorado, dado que as probabilidades matemáticas envolvidas são uma forte evidência de organização não aleatória.

Diante das inferências teológicas da sintonia, não demorou para que alguns ateus a contestasse, apelando para a teoria do Multiverso, Mundos Paralelos, Teoria das Cordas, Universos Paralelos, Muitos Mundos. Isto é, se existem milhões e bilhões de universos além do nosso, em pelo menos um deles, a vida inteligente surgirá, e calhou de ser em nosso universo, e por isso estamos aqui falando sobre esse incrível tema.

"Hoje muitos físicos usam o conceito de 'multiverso' para explicar coincidências que de maneira diferente seriam inexplicáveis, como a razão pela qual as forças têm a intensidade que possuem, permitindo a existência de átomos e da vida." P. 183. - Joanne Baker, Ph.D em Física na Universidade de Sydney.

BAKER, Joanne. 50 Ideias de Física Quântica Que Você Precisa Conhecer. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2015.

“‘No passado, muitas ideias pareceram tão loucas quanto essa ao serem propostas pela primeira vez’, conta o físico teórico do momento, Brian Greene, autor de O Universo elegante. ‘Einstein não acreditava em buracos negros, embora fossem decorrentes de suas equações. Hoje, ninguém os questiona. Agora a matemática indica que poderiam existir outros universos além do nosso.’” P. 338-339.

KUKSO, Federico. Tudo o Que Você Precisa Saber Sobre Ciência. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2019. (PDF).

Dois Físicos proeminentes, Hawking (Professor de Matemática na Universidade de Cambridge) e Mlodinow (Ph.D em Física na Universidade da Califórnia), são dois ateus que defendem que o Multiverso descarta por completo Deus como o Criador.

“Nosso universo e suas leis parecem ter um design que é ao mesmo tempo feito sob medida para nos apoiar e, se quisermos existir, deixa pouco espaço para alterações. [...] Muitas pessoas gostariam que usássemos essas coincidências como prova do trabalho de Deus. [...] Mas, assim como Darwin e Wallace explicaram como o projeto aparentemente miraculoso de formas de vida podia aparecer sem intervenção de um ser supremo, o conceito de multiverso pode explicar o ajuste fino das leis físicas sem a necessidade de um criador benevolente que fez o universo em nosso benefício”. P. 96, 97.

HAWKING, Stephen; MLODINOW, Leonard. O Grande Projeto. São Paulo: Nova Fronteira, 2011. (PDF).

O Multiverso é real ou não? Pode ser. Não há unanimidade entre os pesquisadores. Mas acontece que por mais fascinante que seja a existência de outros supostos universos, parece que até o momento não passa de especulação, por mais que grandes Físicos estejam trabalhando nessa hipótese. E mesmo admitindo que exista o Multiverso, ele passa longe de ser uma evidência em favor do ateísmo. Alguns até dizem que ele seria mais uma pista que favorece a crença em Deus, solapando o entusiasmo de Hawking e Mlodinow, que meteram os pés pelas mãos, em pensar que tais universos ratificam a sua cosmovisão naturalista, que não consegue se sustentar, a não ser apelando para suposições metafísicas, mesmo que eles contraditoriamente digam no início de seu livro, que "a filosofia está morta".  

Para Deborah B. Haarsma, Ph.D em Astrofísica no MIT, o Multiverso não é incompatível com a existência de Deus, e carece de experimentos que o corroborem.

“A Teoria das Cordas sugere que há um tipo de universo-mãe, a partir do qual muitos universos poderiam se formar, em diversos Big Bangs. Trata-se de uma teoria matemática que não foi testada experimentalmente.

No entanto, é interessante pensar sobre como essas ideias de ponta podem interagir com a minha fé. Se realmente houver um universo-mãe, ou ‘multiversos’, isso sugere a existência de muitos universos além do nosso. Esses universos poderiam ter um espectro diferente de leis físicas. Talvez o nosso seja apenas aquele no qual todas as forças estão equilibradas exatamente do modo correto para colher a vida, e, assim, existam muitos outros universos lá fora que sejam estéreis. Se isso for verdade, poderia explicar algo da sintonia fina que vemos em nosso universo.

Eu posso conciliar a ideia de um multiverso com minha compreensão de Deus. Por um lado, estou pronta para seguir o que quer que o universo nos mostre sobre a sua formação, continuando a ver Deus como o Criador de tudo. De todo modo, ainda precisamos de um universo-mãe para receber a sintonia fina, pois ele deve ser capaz de produzir universos com um certo espectros de propriedades. O multiverso não elimina inteiramente o argumento da sintonia fina.

Por outro lado, também me sinto confortável com a ideia de que Deus fez apenas um universo, mesmo que jamais possamos explicar o que Deus fez no primeiro instante. Há uns poucos experimentos, aguardando serem postos em prática nos próximos anos, que podem dar alguma substância a essas diferentes teorias. Estou esperando para ver os resultados dessa investigação e, também, o que o próprio universo nos diz sobre como Deus o fez.” P. 140-141.

BANCEWICZ. Ruth (Org.). O Teste da Fé. Viçosa, MG: Ultimato, 2013.

Jeff Zweerink, Ph.D em Astrofísica na Universidade Estadual de Iowa, EUA, argumenta que o Multiverso é mais compatível com a cosmovisão teísta.

“As ambiguidades científicas atuais na avaliação de modelos de multiversos impactam argumentos apologéticos para a existência de Deus. Em vez de focar na existência de um multiverso, a questão chave torna-se: ‘Os modelos multiversos se encaixam mais confortavelmente em uma cosmovisão cristã e teísta ou em uma cosmovisão ateísta do naturalismo estrito?’ Três áreas principais em que essas duas cosmovisões diferem estão relacionadas à origem do universo (argumento cosmológico), design no universo (argumento teleológico) e consciência (argumento da razão). Inicialmente, os modelos de multiversos pareciam a base da segunda premissa do argumento cosmológico, a saber, que o universo começou a existir. Por exemplo, os multiversos inflacionários do big bang, esse universo ainda tem um começo, mas o mecanismo da inflação produziu novos universos para sempre no futuro. Os cosmológos achavam que esse processo poderia se estender para sempre no passado também; se for verdade, nosso universo começaria, mas o multiverso seria eterno. A pesquisa finalmente demonstrou que qualquer modelo de multiverso inflacionário capaz de explicar o universo também deve ter um começo, fortalecendo ainda mais o argumento cosmológico para a existência de Deus. A maioria dos cosmólogos agora concorda que o reino físico (não apenas o universo, mas todo o multiverso) começou a existir.

[...]

Em suma mesmo que exista um tipo de multiverso, as pesquisas mais recentes indicam que ele começou a existir, o que demonstra evidências de design para a humanidade e parece exigir uma mente (que existe além do multiverso) para explicar a consciência. Em vez de apoiar o argumento para uma cosmovisão naturalista e ateísta, esses resultados defendem fortemente uma cosmovisão teísta e sobrenatural semelhante ao judeu-cristianismo.” P. 518-519.

COPAN, Paul; LONGMAN III, Tremper; REESE, Christopher L.; STRAUSS, Michael (Orgs). Dicionário de Cristianismo e Ciência. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2018. 

Edward Harrison, Cosmólogo e membro da Associação Americana para o Avanço da Ciência, usa a Navalha de Ockam:

“O ajuste fino do universo fornece evidência, prima face de projeto deísta. Faça sua escolha: acaso que requer uma multidão de universos ou projeto que requer apenas um [...]. Muitos cientistas, ao admitirem os seus pontos de vista, se inclinam em direção ao argumento teleológico ou projeto [...]. Aqui está a prova cosmológica da existência de Deus — o argumento de projeto de Paley — atualizado e remodelado.” P. 91.

BROOCKS, Rice. Deus Não Está Morto. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2014.

John Lennox, Professor de Matemática e Filosofia da Ciência na Universidade de Oxford, também apela para a Navalha:

“[...] muitos cientistas têm a sensação de que uma explicação que envolve universos não detectáveis, e, além disso, representa uma extrema violação do princípio da Navalha de Ockham de buscar teorias que não envolvam a multiplicação de hipóteses desnecessárias, vai muito além da ciência e acaba na metafísica. Há muita especulação e poucas evidências.” P. 309.

Multiverso e Deus, não se excluem.

“[...] essas duas opções não são mutuamente excludentes, embora sejam em geral apresentadas como se fossem. No fim das contas, universos paralelos poderiam ser a obra de um Criador. P. 94.

John Polkinghorne, ex Professor de Física na Universidade de Cambridge.

“Vamos reconhecer essas especulações pelo que elas são. Não são físicas, mas sim, no sentido mais estrito, metafísicas. Não há uma razão puramente científica para crer num conjunto de universos. Por sua construção, esses outros universos não podem ser conhecidos por nós. Uma explicação possível com igual respeitabilidade intelectual — e a meu ver com mais economia e elegância — seria a de que este mundo é como é porque é a criação da vontade de um Criador que pretende que ele assim seja.” P. 309.

Christian de Duve, Nobel de Medicina, mesmo não sendo um pesquisador profissional do tema, mostra que o Multiverso não anula a grande significância do nosso universo, de onde brotou a mente.

“Independentemente de quantos universos alguém postule, o nosso nunca poderá ser reduzido à insignificância pela magnitude desse número [...] o que para mim parece ter suprema importância é que no fim das contas exista uma combinação capaz de fazer surgir a vida e a mente.” P. 94-95.

Até Martin Rees, Astrônomo Real Britânico, que é proponente do Multiverso, admite é uma teoria altamente especulativa.

“Se alguém não acredita no design da providência, mas ainda acha que a sintonia fina precisa de uma explicação, há uma outra perspectiva — uma perspectiva altamente especulativa, de modo que, neste estágio, devo reiterar que estou bem de saúde. É uma perspectiva, porém, que tem toda a minha preferência, embora, em nosso atual estado de conhecimento, qualquer preferência desse gênero não passe de um palpite.” P. 95.

LENNOX, John C. Por Que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.

Richard Swiburne, Professor na Universidade de Oxford, usa a Navalha:

“[...] seria o cúmulo da irracionalidade postular inúmeros universos apenas para explicar as características particulares de nosso universo quando podemos fazê-lo postulando apenas uma entidade adicional — Deus. A ciência nos requer que postulemos a explicação mais simples dos dados e uma entidade é mais simples que um trilhão.” P. 400.

SWIBURNE, Richard. A Existência de Deus. Brasília, DF: Academia Monergista, 2015. (PDF).

Alister McGrath, Ph.D em Biofísica Molecular em Oxford, que escreveu um livro inteiro sobre a Sintonia, escreve:

“Uma forma de evitar as implicações teístas óbvias da sintonia fina consiste em postular a existência de um ‘multiverso’. De acordo com essa teoria, nosso universo é apenas um entre muitos outros. O universo observável deve, portanto, ser contextualizado no âmbito de um multiverso invisível, infinitamente grande e eterno. Pode ser que nosso universo esteja mesmo sob um regime de sintonia fina, mas não há necessidade de que os outros estejam. Demos sorte. Alguém tinha de acertar na loteria. Não é de admirar que Richard Dawkins, seja favorável a essa teoria!

Contudo, a hipótese do multiverso padece de problemas óbvios [...]. Em primeiro lugar, a distinção entre universo e multiverso é em grande medida semântica. Continua a existir apenas um universo verdadeiro nessa hipótese, se é que o termo ‘universo’ significa o domínio por completo da realidade física interconectada. Se o multiverso hipotético não estiver conectado de modo algum ao universo em particular que observamos de fato, é difícil ver como qualquer lei da física derivada do nosso domínio possa ser aplicada ao multiverso de modo geral. Isso significa que não podemos recorrer a observações do nosso mundo para tirar quaisquer conclusões sobre o multiverso.” P. 100.

MCGRATH, Alister. Apologética Pura e Simples. São Paulo: Vida Nova, 2013.

Em outro livro McGrath revela:

“Hoje a hipótese do multiverso continua pouco mais que um exercício matemático fascinante, mas altamente especulativo. Essa hipótese, talvez de forma não sensata, foi adotada por ateístas ansiosos por solapar a potencial relevância teológica da sintonia fina do universo. Assim, parte da atração da hipótese do multiverso para os físicos ateístas, [...] está no fato de que ela parece evitar qualquer inferência de projeto ou divindade. No entanto, é possível usar em grande medida os mesmos argumentos para sustentar a existência de Deus no caso de um multiverso quanto no caso de um universo, com a hipótese do multiverso sendo consistente com o entendimento de Deus, e não o elemento intelectual destruidor desse entendimento.” P. 113-114.

MCGRATH, Alister. Surpreendido pelo Sentido. São Paulo: Hagnos, 2015.

Ariel Roth, Ph.D em Biologia pela Universidade de Michigan, EUA, dá o seu parecer:

“Seria possível haver outros universos que não conhecemos? Seria possível haver diferentes tipos de universo e em grande quantidade? Tudo isso é possível. Com base na pura força dos números, poderíamos sugerir que existe um número infinito de universos, sendo o nosso o único que por mero acaso veio a ter as características exatas para a existência da vida. Essa ideia tem sido alvo de muitas considerações como resposta para o Universo com finos ajustes no qual vivemos. Simplesmente aconteceu de estarmos no universo correto dentre muitos outros. Tal raciocínio não possui nenhuma força argumentativa e carece de validação. É possível explicar praticamente qualquer coisa com esse tipo de argumento, sendo, portanto, desprezível. Seja lá o que você encontrar, basta dizer que simplesmente surgiu por acaso em um dos infinitos universos. O cerne da questão é onde estariam esses outros universos. Onde estariam as evidências científicas para a existência deles? Parece não haver uma sequer.

[...] O conceito de muitos universos se tornou um campo fértil para muitas cogitações sobre nossa existência, a vida e o cosmos. Não é difícil se perder nessas lucubrações, especialmente quando se pode misturar nelas uma pitada de realidade para fazê-las parecer mais plausíveis.

[...]

Pode-se argumentar que há sempre a possibilidade de existir muitos outros tipos de universos, fornecendo todos os tipos de ideias mirabolantes, mas isso não é ciência; é pura imaginação. [...] É necessário postular um número gigantesco de universos na tentativa de reduzir as inúmeras improbabilidades observadas no Universo com finos ajustes no qual vivemos. Essa sugestão representa uma grave ofensa ao princípio científico conhecido como a navalha de Ockham (também conhecido como princípio da parcimônia). Esse princípio requer que as explicações não se multipliquem além do necessário. A proposta da existência de muitos universos não passa de especulação desenfreada, não é raciocínio cuidadoso baseado em fatos conhecidos.” P. 64-65.

Hugh Ross, Ph.D em Astronomia pela Universidade de Toronto, diz que:

“Esta proposta [do multiverso] é um abuso gritante da teoria da probabilidade. Ela pressupõe os benefícios de uma amostra com dimensões infinitas sem possuir, contudo, qualquer evidência de que exista mais de uma amostra.” P. 65.

ROTH, Ariel. A Ciência Descobre Deus. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010. (PDF).

William Lane Craig, Ph.D em Filosofia na Universidade de Birmingham, que já escreveu amplamente sobre o argumento cosmológico, também aponta algumas arbitrariedades na hipótese dos Muitos Mundos. Para ele, é apenas uma desculpa sem fundamento para negar que o Ajuste Fino do Universo é poderosamente uma evidência para a existência de Deus.

“O problema é o seguinte: esses outros universos teóricos são inacessíveis a nós e, portanto, não há nenhum meio ´possível de oferecer qualquer evidência de que isso poderia ser verdade. É simplesmente um conceito, uma idéia, sem prova científica. O proeminente cientista e teólogo inglês John Polkighorne a denominou ‘pseudociência’ e ‘adivinhação metafísica’.

E pense no seguinte: se isso fosse verdade, tornaria impossível a conduta racional da vida, porque se poderia justificar qualquer coisa – não importa quão improvável – ao postular um número infinito de outros universos.

[...]

Por exemplo, se você estivesse dando as cartas em jogo de pôquer, toda vez que distribuísse a si mesmo quatro ás você não poderia ser acusado de trapacear, não importa quão improvável fosse a situação. Você poderia simplesmente argumentar que em um conjunto infinito de universos existirá um universo, em que, toda vez que uma pessoa dá as cartas – ela dá quatro a´s para si mesma e, portanto – sorte minha! – acontece de eu estar nesse universo. Veja – isso é pura metafísica. Não há nenhuma pessoa de verdade que acredite na existência desses universos paralelos. O próprio fato de que os céticos têm de inventar uma teoria tão fantasiosa é porque o ajuste preciso do universo aponta poderosamente para um Planejador Inteligente -  e algumas pessoas vão apresentar qualquer hipótese para não chegar a essa conclusão.” P 105-106.

Craig só está errado em dizer que nenhuma pessoa acredita nesses universos fantasmas. Para citar apenas um, o grande Físico Michio Kaku já trabalhava nessa hipótese, quando Craig deu essa entrevista.

STROBEL, Lee. Em Defesa da Fé. São Paulo: Vida, 2002.

Em seu livro, Craig argumenta magistralmente:

“O atual debate sobre o ajuste preciso tornou-se agora um debate sobre a hipótese dos muitos mundos. A fim de explicar o ajuste preciso estão nos pedindo para acreditar não somente que existem outros universos não observáveis, mas que existem um número infinito deles e que eles variam aleatoriamente em suas constantes e quantidades fundamentais. Tudo isso é necessário para garantir que um universo como o nosso, que permita a existência de vida, venha a surgir aleatoriamente nesse conjunto de mundos. A hipótese dos muitos mundos é na verdade um elogio às avessas ao design. Se assim não fosse, cientistas sérios não estariam se reunindo para adotar uma hipótese tão especulativa e extravagante quanto essa dos muitos mundos, a não ser que eles se sentissem absolutamente obrigados a fazê-lo. Assim, se alguém lhe disser: ‘0 ajuste preciso poderia ter acontecido por acaso’ ou ‘O improvável acontece’ ou “É apenas pura sorte”, pergunte a essa pessoa: ‘Se é assim, então porque os opositores do design se sentem obrigados a acatar uma teoria tão extravagante quanto essa da hipótese dos muitos mundos, somente com o intuito de evitar o design.” P. 129.

Craig faz um bombardeio de argumentos de que o Multiverso e o ateísmo são excludentes, e conclui:

“Ironicamente, a melhor das esperanças para os partidários do multiverso é manter que Deus criou o multiverso e ordenou seus mundos, de modo que eles não são aleatoriamente ordenados. Deus poderia dar preferência a mundos observáveis que são precisamente ajustados cosmicamente. Ou seja, para ser racionalmente aceitável, a hipótese dos muitos mundos precisa de Deus.” P. 131.

CRAIG, Willian Lane. Em Guarda. São Paulo: Vida Nova, 2011.

Marcelo Gleiser, ateu e Ph.D em Física na Universidade de Londres, quando perguntado sobre se é razoável a existência de múltiplos universos, respondeu que:

“A ideia do multiverso é a de que o nosso universo não seja o único e de que, além dele, existam múltiplos universos, paralelos ao nosso, nos quais as leis da física seriam, em princípio, diferentes deste nosso universo. A gente não consegue visualizar isso, mas, de forma simplificada, seria imaginar coleções de bolhas de sabão numa sala, e cada uma delas ocupando um espaço diferente, e dentro das quais haveria uma física diferente. Em princípio, não tem nada de errado com essa hipótese: existem outros planetas, existem estrelas diferentes, existem outras galáxias e, se as leis da física podem realmente mudar, e há várias teorias que preveem que elas possam mudar, por que não imaginar que existam outros universos além do nosso, com propriedades diferentes? Essa é uma hipótese super ousada, que traz uma série de problemas complicados para comprová-la ou refutá-la: podemos ou não observar esses universos?. A resposta é não. Não podemos observar esses universos por um motivo simples: toda a informação que recebemos do mundo, da natureza, viaja na velocidade da luz. Então, demora um tempo para a informação chegar até nós. Se olhamos para a lua, estamos vendo-a há alguns segundos no passado. Se olhamos para o sol, estamos vendo-o há oito minutos no passado. Então, toda a informação que recebemos depende da viagem da luz até nós. Isso significa, que como o universo tem uma idade finita de 14 bilhões de anos, só podemos receber informação que tenha viajado na velocidade da luz durante esses 14 bilhões de anos. Tudo o que está além desta bolha de informação – como se fosse o nosso aquário cósmico – não é acessível a nós. E esses universos estão além desses aquários cósmicos. Então, não podemos receber informações deles. E, se não podemos receber informações deles, não podemos comprovar se realmente existem. Então, passam a ser uma hipótese científica que não pode ser comprovada e que representa um problema filosófico supercomplicado.”

O Multiverso pode até existir! Físicos apontam que a matéria escura que permeia praticamente tudo no universo é uma evidência dele. Equações matemáticas realizadas, dizem, também entram na conta das evidências encontradas. Os Universos Paralelos, afirmam alguns, resolveria os paradoxos da escala subatômica, como a dualidade onda-partícula. A matéria escura, cálculos matemáticos, a onda-partícula, seriam evidências substanciais a favor dos Múltiplos Mundos ou ainda estamos no terreno de meras conjecturas metafísicas? Pesquisadores profissionais estão divididos. Admito que é até fascinante e muito louca essa teoria. E não vejo nela, um bom argumento de escape para explicar a sintonia fina do nosso universo para escantear Deus. Os ateus devem apelar para outros argumentos.