O universo está ajustado de maneira tão refinada
e precisa, para que a vida dele emergisse, que qualquer mudança mínima que houvesse, nós não estaríamos aqui. Na verdade, quaisquer alterações milimétricas seriam o
suficiente para que nenhuma forma de vida surgisse. Não podia haver erro algum,
tudo teria que ser perfeitamente sintonizado. Todos os elementos do universo foram interdependentes, para que vida se formasse. As constantes antrópicas foram/são extremamente
precisas. Nível de oxigênio, gravidade,
força nuclear forte, força nuclear fraca, força eletromagnética, pressão atmosférica
e mais de 100 constantes, provam a fineza com o que o universo foi formado,
permitindo o surgimento da vida humana. O universo está equilibrado na corda
bamba, em face da precisão dessas constantes cosmológicas. Lembre-se, basta
alterar de maneira extremamente sensível (a nível subatômico) qualquer uma delas, para que a vida vá
para o buraco.
A Sintonia Fina do Universo é um dos
argumentos mais corriqueiros dos apologistas cristãos, para mostrar a
razoabilidade da existência de Deus. Não há tolice aqui! Ninguém diz que a
sintonia prova que Deus existe. O que eles dizem é que a sintonia é totalmente
compatível com um universo teísta. Ela é uma evidência, indício, pista... Ela insinua... Ela
sugere... É um fio condutor. Ela se encaixa com a crença em Deus. Pode-se
inferir legitimamente que a sintonia traz implicações teístas. Ela sugestiona
um planejamento. Ela é consonante com a ideia de um Criador. Em conjunto com
outras evidências encontradas, ela torna-se um argumento que não pode ser
ignorado, dado que as probabilidades matemáticas envolvidas são uma forte
evidência de organização não aleatória.
Diante das inferências teológicas da
sintonia, não demorou para que alguns ateus a contestasse, apelando para a
teoria do Multiverso, Mundos Paralelos, Teoria das Cordas, Universos Paralelos,
Muitos Mundos. Isto é, se existem milhões e bilhões de universos além do nosso,
em pelo menos um deles, a vida inteligente surgirá, e calhou de ser em nosso
universo, e por isso estamos aqui falando sobre esse incrível tema.
"Hoje muitos físicos usam o conceito de 'multiverso' para explicar coincidências que de maneira diferente seriam inexplicáveis, como a razão pela qual as forças têm a intensidade que possuem, permitindo a existência de átomos e da vida." P. 183. - Joanne Baker, Ph.D em Física na Universidade de Sydney.
BAKER, Joanne.
50 Ideias de Física Quântica Que Você Precisa Conhecer. São Paulo: Editora Planeta
do Brasil, 2015.
“‘No
passado, muitas ideias pareceram tão loucas quanto essa ao serem propostas pela
primeira vez’, conta o físico teórico do momento, Brian Greene, autor de O
Universo elegante. ‘Einstein não acreditava em buracos negros, embora fossem
decorrentes de suas equações. Hoje, ninguém os questiona. Agora a matemática
indica que poderiam existir outros universos além do nosso.’” P.
338-339.
KUKSO, Federico. Tudo
o Que Você Precisa Saber Sobre Ciência. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,
2019. (PDF).
Dois Físicos proeminentes, Hawking
(Professor de Matemática na Universidade de Cambridge) e Mlodinow (Ph.D em
Física na Universidade da Califórnia), são dois ateus que defendem que o
Multiverso descarta por completo Deus como o Criador.
“Nosso universo e
suas leis parecem ter um design que é ao mesmo tempo feito sob medida para nos
apoiar e, se quisermos existir, deixa pouco espaço para alterações. [...]
Muitas pessoas gostariam que usássemos essas coincidências como prova do
trabalho de Deus. [...] Mas, assim como Darwin e Wallace explicaram como o
projeto aparentemente miraculoso de formas de vida podia aparecer sem
intervenção de um ser supremo, o conceito de multiverso pode explicar o ajuste
fino das leis físicas sem a necessidade de um criador benevolente que fez o
universo em nosso benefício”. P. 96, 97.
HAWKING, Stephen; MLODINOW, Leonard. O Grande Projeto. São Paulo: Nova Fronteira, 2011.
(PDF).
O Multiverso é real ou não? Pode ser. Não há unanimidade entre os pesquisadores. Mas acontece que por mais fascinante que seja
a existência de outros supostos universos, parece que até o momento não passa de
especulação, por mais que grandes Físicos estejam trabalhando nessa hipótese.
E mesmo admitindo que exista o Multiverso, ele passa longe de ser uma evidência
em favor do ateísmo. Alguns até dizem que ele seria mais uma pista que favorece
a crença em Deus, solapando o entusiasmo de Hawking e Mlodinow, que meteram os pés pelas mãos, em pensar que tais universos ratificam a sua cosmovisão naturalista, que não consegue se sustentar, a não ser apelando para suposições metafísicas, mesmo que eles contraditoriamente digam no início de seu livro, que "a filosofia está morta".
Para Deborah B. Haarsma, Ph.D em
Astrofísica no MIT, o Multiverso não é incompatível com a existência de Deus, e
carece de experimentos que o corroborem.
“A Teoria das
Cordas sugere que há um tipo de universo-mãe, a partir do qual muitos universos
poderiam se formar, em diversos Big Bangs. Trata-se de uma teoria matemática
que não foi testada experimentalmente.
No entanto, é
interessante pensar sobre como essas ideias de ponta podem interagir com a
minha fé. Se realmente houver um universo-mãe, ou ‘multiversos’, isso sugere a
existência de muitos universos além do nosso. Esses universos poderiam ter um
espectro diferente de leis físicas. Talvez o nosso seja apenas aquele no qual
todas as forças estão equilibradas exatamente do modo correto para colher a
vida, e, assim, existam muitos outros universos lá fora que sejam estéreis. Se
isso for verdade, poderia explicar algo da sintonia fina que vemos em nosso
universo.
Eu posso conciliar
a ideia de um multiverso com minha compreensão de Deus. Por um lado, estou
pronta para seguir o que quer que o universo nos mostre sobre a sua formação,
continuando a ver Deus como o Criador de tudo. De todo modo, ainda precisamos
de um universo-mãe para receber a sintonia fina, pois ele deve ser capaz de
produzir universos com um certo espectros de propriedades. O multiverso não
elimina inteiramente o argumento da sintonia fina.
Por outro lado,
também me sinto confortável com a ideia de que Deus fez apenas um universo,
mesmo que jamais possamos explicar o que Deus fez no primeiro instante. Há uns
poucos experimentos, aguardando serem postos em prática nos próximos anos, que
podem dar alguma substância a essas diferentes teorias. Estou esperando para
ver os resultados dessa investigação e, também, o que o próprio universo nos
diz sobre como Deus o fez.” P. 140-141.
BANCEWICZ. Ruth (Org.). O Teste da Fé. Viçosa, MG: Ultimato, 2013.
Jeff Zweerink, Ph.D em Astrofísica na
Universidade Estadual de Iowa, EUA, argumenta que o Multiverso é mais compatível
com a cosmovisão teísta.
“As ambiguidades
científicas atuais na avaliação de modelos de multiversos impactam argumentos
apologéticos para a existência de Deus. Em vez de focar na existência de um
multiverso, a questão chave torna-se: ‘Os modelos multiversos se encaixam mais confortavelmente
em uma cosmovisão cristã e teísta ou em uma cosmovisão ateísta do naturalismo
estrito?’ Três áreas principais em que essas duas cosmovisões diferem estão
relacionadas à origem do universo (argumento cosmológico), design no universo (argumento
teleológico) e consciência (argumento da razão). Inicialmente, os modelos de multiversos
pareciam a base da segunda premissa do argumento cosmológico, a saber, que o
universo começou a existir. Por exemplo, os multiversos inflacionários do big
bang, esse universo ainda tem um começo, mas o mecanismo da inflação produziu
novos universos para sempre no futuro. Os cosmológos achavam que esse processo
poderia se estender para sempre no passado também; se for verdade, nosso
universo começaria, mas o multiverso seria eterno. A pesquisa finalmente
demonstrou que qualquer modelo de multiverso inflacionário capaz de explicar o
universo também deve ter um começo, fortalecendo ainda mais o argumento
cosmológico para a existência de Deus. A maioria dos cosmólogos agora concorda
que o reino físico (não apenas o universo, mas todo o multiverso) começou a
existir.
[...]
Em suma mesmo que exista um
tipo de multiverso, as pesquisas mais recentes indicam que ele começou a
existir, o que demonstra evidências de design para a humanidade e parece exigir
uma mente (que existe além do multiverso) para explicar a consciência. Em vez
de apoiar o argumento para uma cosmovisão naturalista e ateísta, esses
resultados defendem fortemente uma cosmovisão teísta e sobrenatural semelhante
ao judeu-cristianismo.” P. 518-519.
COPAN, Paul; LONGMAN III, Tremper;
REESE, Christopher L.; STRAUSS, Michael (Orgs). Dicionário
de Cristianismo e Ciência. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2018.
Edward Harrison, Cosmólogo e membro da Associação
Americana para o Avanço da Ciência, usa a Navalha de Ockam:
“O ajuste fino do
universo fornece evidência, prima face de projeto deísta. Faça sua escolha:
acaso que requer uma multidão de universos ou projeto que requer apenas um
[...]. Muitos cientistas, ao admitirem os seus pontos de vista, se inclinam em
direção ao argumento teleológico ou projeto [...]. Aqui está a prova
cosmológica da existência de Deus — o argumento de projeto de Paley —
atualizado e remodelado.” P. 91.
BROOCKS, Rice. Deus
Não Está Morto. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2014.
John Lennox, Professor de Matemática e
Filosofia da Ciência na Universidade de Oxford, também apela para a Navalha:
“[...] muitos
cientistas têm a sensação de que uma explicação que envolve universos não
detectáveis, e, além disso, representa uma extrema violação do princípio da Navalha
de Ockham de buscar teorias que não envolvam a multiplicação de hipóteses
desnecessárias, vai muito além da ciência e acaba na metafísica. Há muita especulação
e poucas evidências.” P. 309.
Multiverso e Deus, não se excluem.
“[...] essas duas
opções não são mutuamente excludentes, embora sejam em geral apresentadas como
se fossem. No fim das contas, universos paralelos poderiam ser a obra de um
Criador. P. 94.
John Polkinghorne, ex Professor de Física
na Universidade de Cambridge.
“Vamos reconhecer
essas especulações pelo que elas são. Não são físicas, mas sim, no sentido mais
estrito, metafísicas. Não há uma razão puramente científica para crer num
conjunto de universos. Por sua construção, esses outros universos não podem ser
conhecidos por nós. Uma explicação possível com igual respeitabilidade
intelectual — e a meu ver com mais economia e elegância — seria a de que este
mundo é como é porque é a criação da vontade de um Criador que pretende que ele
assim seja.” P. 309.
Christian de Duve, Nobel de Medicina, mesmo
não sendo um pesquisador profissional do tema, mostra que o Multiverso não anula
a grande significância do nosso universo, de onde brotou a mente.
“Independentemente
de quantos universos alguém postule, o nosso nunca poderá ser reduzido à
insignificância pela magnitude desse número [...] o que para mim parece ter
suprema importância é que no fim das contas exista uma combinação capaz de fazer
surgir a vida e a mente.” P. 94-95.
Até Martin Rees, Astrônomo Real Britânico,
que é proponente do Multiverso, admite é uma teoria altamente especulativa.
“Se alguém não acredita
no design da providência, mas ainda acha que a sintonia fina precisa de uma explicação,
há uma outra perspectiva — uma perspectiva altamente especulativa, de modo que,
neste estágio, devo reiterar que estou bem de saúde. É uma perspectiva, porém,
que tem toda a minha preferência, embora, em nosso atual estado de
conhecimento, qualquer preferência desse gênero não passe de um palpite.” P.
95.
LENNOX, John C. Por
Que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
Richard Swiburne, Professor na Universidade
de Oxford, usa a Navalha:
“[...] seria o
cúmulo da irracionalidade postular inúmeros universos apenas para explicar as
características particulares de nosso universo quando podemos fazê-lo
postulando apenas uma entidade adicional — Deus. A ciência nos requer que
postulemos a explicação mais simples dos dados e uma entidade é mais simples que
um trilhão.” P. 400.
SWIBURNE, Richard. A
Existência de Deus. Brasília, DF: Academia Monergista, 2015. (PDF).
Alister McGrath, Ph.D em Biofísica
Molecular em Oxford, que escreveu um livro inteiro sobre a Sintonia, escreve:
“Uma forma de
evitar as implicações teístas óbvias da sintonia fina consiste em postular a
existência de um ‘multiverso’. De acordo com essa teoria, nosso universo é
apenas um entre muitos outros. O universo observável deve, portanto, ser
contextualizado no âmbito de um multiverso invisível, infinitamente grande e
eterno. Pode ser que nosso universo esteja mesmo sob um regime de sintonia
fina, mas não há necessidade de que os outros estejam. Demos sorte. Alguém
tinha de acertar na loteria. Não é de admirar que Richard Dawkins, seja
favorável a essa teoria!
Contudo, a hipótese
do multiverso padece de problemas óbvios [...]. Em primeiro lugar, a distinção
entre universo e multiverso é em grande medida semântica. Continua a existir
apenas um universo verdadeiro nessa hipótese, se é que o termo ‘universo’
significa o domínio por completo da realidade física interconectada. Se o
multiverso hipotético não estiver conectado de modo algum ao universo em
particular que observamos de fato, é difícil ver como qualquer lei da física
derivada do nosso domínio possa ser aplicada ao multiverso de modo geral. Isso
significa que não podemos recorrer a observações do nosso mundo para tirar
quaisquer conclusões sobre o multiverso.” P. 100.
MCGRATH, Alister. Apologética
Pura e Simples. São Paulo: Vida Nova, 2013.
Em outro livro McGrath revela:
“Hoje a hipótese do
multiverso continua pouco mais que um exercício matemático fascinante, mas
altamente especulativo. Essa hipótese, talvez de forma não sensata, foi adotada
por ateístas ansiosos por solapar a potencial relevância teológica da sintonia
fina do universo. Assim, parte da atração da hipótese do multiverso para os
físicos ateístas, [...] está no fato de que ela parece evitar qualquer
inferência de projeto ou divindade. No entanto, é possível usar em grande medida
os mesmos argumentos para sustentar a existência de Deus no caso de um
multiverso quanto no caso de um universo, com a hipótese do multiverso sendo
consistente com o entendimento de Deus, e não o elemento intelectual destruidor
desse entendimento.” P. 113-114.
MCGRATH, Alister. Surpreendido
pelo Sentido. São Paulo: Hagnos, 2015.
Ariel Roth, Ph.D em Biologia pela
Universidade de Michigan, EUA, dá o seu parecer:
“Seria possível
haver outros universos que não conhecemos? Seria possível haver diferentes
tipos de universo e em grande quantidade? Tudo isso é possível. Com base na
pura força dos números, poderíamos sugerir que existe um número infinito de
universos, sendo o nosso o único que por mero acaso veio a ter as
características exatas para a existência da vida. Essa ideia tem sido alvo de
muitas considerações como resposta para o Universo com finos ajustes no qual
vivemos. Simplesmente aconteceu de estarmos no universo correto dentre muitos
outros. Tal raciocínio não possui nenhuma força argumentativa e carece de
validação. É possível explicar praticamente qualquer coisa com esse tipo de
argumento, sendo, portanto, desprezível. Seja lá o que você encontrar, basta
dizer que simplesmente surgiu por acaso em um dos infinitos universos. O cerne
da questão é onde estariam esses outros universos. Onde estariam as evidências
científicas para a existência deles? Parece não haver uma sequer.
[...] O conceito de
muitos universos se tornou um campo fértil para muitas cogitações sobre nossa
existência, a vida e o cosmos. Não é difícil se perder nessas lucubrações,
especialmente quando se pode misturar nelas uma pitada de realidade para
fazê-las parecer mais plausíveis.
[...]
Pode-se argumentar
que há sempre a possibilidade de existir muitos outros tipos de universos,
fornecendo todos os tipos de ideias mirabolantes, mas isso não é ciência; é
pura imaginação. [...] É necessário postular um número gigantesco de universos
na tentativa de reduzir as inúmeras improbabilidades observadas no Universo com
finos ajustes no qual vivemos. Essa sugestão representa uma grave ofensa ao
princípio científico conhecido como a navalha de Ockham (também conhecido como
princípio da parcimônia). Esse princípio requer que as explicações não se
multipliquem além do necessário. A proposta da existência de muitos universos
não passa de especulação desenfreada, não é raciocínio cuidadoso baseado em
fatos conhecidos.” P. 64-65.
Hugh Ross, Ph.D em Astronomia pela
Universidade de Toronto, diz que:
“Esta proposta [do
multiverso] é um abuso gritante da teoria da probabilidade. Ela pressupõe os
benefícios de uma amostra com dimensões infinitas sem possuir, contudo,
qualquer evidência de que exista mais de uma amostra.” P. 65.
ROTH, Ariel. A
Ciência Descobre Deus. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010.
(PDF).
William Lane Craig, Ph.D em Filosofia na
Universidade de Birmingham, que já escreveu amplamente sobre o argumento
cosmológico, também aponta algumas arbitrariedades na hipótese dos Muitos
Mundos. Para ele, é apenas uma desculpa sem fundamento para negar que o Ajuste Fino do Universo é poderosamente uma evidência para a existência de Deus.
“O problema é o
seguinte: esses outros universos teóricos são inacessíveis a nós e, portanto,
não há nenhum meio ´possível de oferecer qualquer evidência de que isso poderia
ser verdade. É simplesmente um conceito, uma idéia, sem prova científica. O
proeminente cientista e teólogo inglês John Polkighorne a denominou ‘pseudociência’
e ‘adivinhação metafísica’.
E pense no
seguinte: se isso fosse verdade, tornaria impossível a conduta racional da
vida, porque se poderia justificar qualquer coisa – não importa quão improvável
– ao postular um número infinito de outros universos.
[...]
Por exemplo, se você
estivesse dando as cartas em jogo de pôquer, toda vez que distribuísse a si
mesmo quatro ás você não poderia ser acusado de trapacear, não importa quão improvável
fosse a situação. Você poderia simplesmente argumentar que em um conjunto infinito
de universos existirá um universo, em que, toda vez que uma pessoa dá as cartas
– ela dá quatro a´s para si mesma e, portanto – sorte minha! – acontece de eu
estar nesse universo. Veja – isso é pura metafísica. Não há nenhuma pessoa de verdade
que acredite na existência desses universos paralelos. O próprio fato de que os
céticos têm de inventar uma teoria tão fantasiosa é porque o ajuste preciso do
universo aponta poderosamente para um Planejador Inteligente - e algumas pessoas vão apresentar qualquer
hipótese para não chegar a essa conclusão.” P 105-106.
Craig só está errado em dizer que nenhuma
pessoa acredita nesses universos fantasmas. Para citar apenas um, o grande
Físico Michio Kaku já trabalhava nessa hipótese, quando Craig deu essa
entrevista.
STROBEL, Lee. Em
Defesa da Fé. São Paulo: Vida, 2002.
Em seu livro, Craig argumenta magistralmente:
“O atual debate sobre o ajuste preciso tornou-se agora um debate sobre a hipótese dos muitos mundos. A fim de explicar o ajuste preciso estão nos pedindo para acreditar não somente que existem outros universos não observáveis, mas que existem um número infinito deles e que eles variam aleatoriamente em suas constantes e quantidades fundamentais. Tudo isso é necessário para garantir que um universo como o nosso, que permita a existência de vida, venha a surgir aleatoriamente nesse conjunto de mundos. A hipótese dos muitos mundos é na verdade um elogio às avessas ao design. Se assim não fosse, cientistas sérios não estariam se reunindo para adotar uma hipótese tão especulativa e extravagante quanto essa dos muitos mundos, a não ser que eles se sentissem absolutamente obrigados a fazê-lo. Assim, se alguém lhe disser: ‘0 ajuste preciso poderia ter acontecido por acaso’ ou ‘O improvável acontece’ ou “É apenas pura sorte”, pergunte a essa pessoa: ‘Se é assim, então porque os opositores do design se sentem obrigados a acatar uma teoria tão extravagante quanto essa da hipótese dos muitos mundos, somente com o intuito de evitar o design.” P. 129.
Craig faz um bombardeio de argumentos de que o Multiverso e o ateísmo são excludentes, e conclui:
“Ironicamente, a melhor das esperanças para os partidários do multiverso é manter que Deus criou o multiverso e ordenou seus mundos, de modo que eles não são aleatoriamente ordenados. Deus poderia dar preferência a mundos observáveis que são precisamente ajustados cosmicamente. Ou seja, para ser racionalmente aceitável, a hipótese dos muitos mundos precisa de Deus.” P. 131.
CRAIG, Willian
Lane. Em Guarda. São Paulo: Vida Nova, 2011.
Marcelo Gleiser, ateu e Ph.D em Física na
Universidade de Londres, quando perguntado sobre se é razoável a existência de
múltiplos universos, respondeu que:
“A ideia do multiverso é a de que o nosso universo não seja o único
e de que, além dele, existam múltiplos universos, paralelos ao nosso, nos quais
as leis da física seriam, em princípio, diferentes deste nosso universo. A
gente não consegue visualizar isso, mas, de forma simplificada, seria imaginar
coleções de bolhas de sabão numa sala, e cada uma delas ocupando um espaço
diferente, e dentro das quais haveria uma física diferente. Em princípio, não
tem nada de errado com essa hipótese: existem outros planetas, existem estrelas
diferentes, existem outras galáxias e, se as leis da física podem realmente
mudar, e há várias teorias que preveem que elas possam mudar, por que não
imaginar que existam outros universos além do nosso, com propriedades
diferentes? Essa é uma hipótese super ousada, que traz uma série de problemas
complicados para comprová-la ou refutá-la: podemos ou não observar esses
universos?. A resposta é não. Não podemos observar esses universos por um
motivo simples: toda a informação que recebemos do mundo, da natureza, viaja na
velocidade da luz. Então, demora um tempo para a informação chegar até nós. Se
olhamos para a lua, estamos vendo-a há alguns segundos no passado. Se olhamos
para o sol, estamos vendo-o há oito minutos no passado. Então, toda a
informação que recebemos depende da viagem da luz até nós. Isso significa, que
como o universo tem uma idade finita de 14 bilhões de anos, só podemos receber
informação que tenha viajado na velocidade da luz durante esses 14 bilhões de
anos. Tudo o que está além desta bolha de informação – como se fosse o nosso
aquário cósmico – não é acessível a nós. E esses universos estão além desses
aquários cósmicos. Então, não podemos receber informações deles. E, se não
podemos receber informações deles, não podemos comprovar se realmente existem.
Então, passam a ser uma hipótese científica que não pode ser comprovada e que
representa um problema filosófico supercomplicado.”
O Multiverso pode até existir! Físicos apontam
que a matéria escura que permeia praticamente tudo no universo é uma evidência
dele. Equações matemáticas realizadas, dizem, também entram na conta das
evidências encontradas. Os Universos Paralelos, afirmam alguns, resolveria os paradoxos da escala subatômica, como a dualidade onda-partícula. A matéria escura, cálculos matemáticos, a onda-partícula, seriam evidências
substanciais a favor dos Múltiplos Mundos ou ainda estamos no terreno de meras conjecturas
metafísicas? Pesquisadores profissionais estão divididos. Admito que é até fascinante e muito louca essa teoria. E não vejo nela, um bom
argumento de escape para explicar a sintonia fina do nosso universo para
escantear Deus. Os ateus devem apelar para outros argumentos.