Assim começa o depoimento de Navid, um
cristão iraniano, sobre a perseguição aos seguidores de Jesus no Irã, país
muçulmano de linha xiita:
“Em todo país
islâmico, existem duas maneiras de oprimir os cristãos: uma delas é a perseguição
da sociedade e a outra é do Estado Islâmico, já que essa é a identidade deles. Cristãos
não são não bem vindos nesses países. Eles se perguntam como podem governar com
a presença dos cristãos. Por isso, não gostam deles. Graças a Deus, nós não
sofremos muita perseguição da sociedade, no Irã. A maioria das pessoas é
tolerante. Por mais que a sociedade não pressione, ainda existe a perseguição
das autoridades que desprezam os cristãos.”
Boa parcela da população iraniana está de
saco cheio do islamismo, por isso o seu abrandamento em relação aos cristãos. Também contribui para isso, o crescimento do ateísmo no mundo islâmico.
As mulheres começam a ter coragem e se revoltam contra a opressão. Para muitos no Irã, ser muçulmano passou a ser apenas da boca
para fora. E isto é muito bom. Mas ainda a falta de liberdade é implacável e
massacrante, sobretudo, para os cristãos.
“O Irã é uma região
onde os cristãos enfrentam perseguição extrema há anos. A situação é pior para
cristãos ex-muçulmanos que se convertem à fé cristã e frequentam igrejas
domésticas secretas. O país deseja ser complemente islâmico e se posiciona de
forma rigorosa contra as igrejas domésticas. Os cristãos enfrentam pressão e
tortura, e muitos precisam fugir.”
Navid, de muçulmano tornou-se cristão. Sua conversão
é dramática. Segundo conta, ele teve uma visão do próprio Cristo que lhe apareceu
e assim, não teve dúvidas de que tinha encontrado a verdade. Lógico que tal experiência
é alvo de questionamentos e objeções, mas ele assegura que sua experiência foi
real. De todo modo, tempos depois de se tornar cristão, teve que abandonar o
país, devido as costumeiras e violentas perseguições do estado a igreja. Num determinado
momento, as autoridades iranianas descobriram a sua igreja e todos foram
presos.
“Naquela época,
todos os membros da minha igreja foram presos. Somente os que não foram para lá
escaparam. Mas eles prenderam todos os meus amigos. Realmente todos. Não só
alguns. Não só os líderes. Mas todos. Nós tínhamos uma espiã entre nós. Pensávamos
que ela fosse uma irmã na fé. Mas ela pertencia ao serviço secreto e conhecia
cada um de nós.
Em uma manhã, às
cinco horas, durante uma grande ação, oficiais do governo invadiram a casa dos
membros da igreja e prenderam todos. Até as crianças de uns seis ou sete anos. Alguns
deles ainda estão na prisão. Outros pagaram muito dinheiro, prometeram ficar
quietos e sair do país.
Sabe, no Irã, nós
vivemos constantemente sob um clima de vigilância. E depois dessa onda de
prisões todos sabíamos que estávamos sendo controlados. Grampeavam telefones,
vigiavam as casas. Procuravam uma razão para nos prender. Depois de tudo isso,
faziam pressão psicológica com os cristãos. Eles ligavam para as casas e ameaçavam
por telefone: ‘Nós vamos te matar e te prender. Você nunca mais verá sua mulher
ou filhos. Se você desistir e continuar seguindo a sua religião, você arcará
com as consequências. Nós machucaremos você, sua mulher e seus filhos’.”