domingo, 4 de outubro de 2015

Deus Existe? Christopher Hitchens X Willian Lane Craig


Debate sobre a Existência de Deus realizado em 2009, na Universidade Biola, EUA.  Do lado teísta, Willian Lane Craig (Ph.D em Filosofia pela Universidade de Birminghan, na Inglaterra, membro de nove Sociedades Acadêmicas, dentre as quais estão a Associação Filosófica Americana, Sociedade Americana de Religião e o Instituto de Filosofia da Universidade de Louvain, na Bélgica) e do lado oposto, Christopher Hitchens (premiado Jornalista, Escritor e Crítico Literário; considerado pelas revista americana Foreign Policy e revista  britânica Prospect como um dos 100 maiores intelectuais populares).

O primeiro debatedor, como de costume apresentou os seus repetidos argumentos a favor da Existência de Deus e do Cristianismo. Basicamente 5 argumentos foram listados, que na opinião do Craig, dão um suporte robusto em favor de sua posição. Os argumentos propostos foram:

1 - O Argumento Cosmológico;
2 – O Argumento Teleológico;
3 – O Argumento Moral;
4 – O Argumento da Ressurreição;
5 – O Argumento da Experiência Imediata de Deus.

O segundo debatedor, de maneira despretensiosa, enfatizou a vontade do crente em querer acreditar num ditador celestial; listou os vários episódios em que a crença religiosa desempenhou um papel sombrio e vergonhoso ao longo da história; disse que a Evolução das Espécies destronou a ideia de um Deus pessoal; discordou do Craig contrapondo a ideia de sintonia fina no Universo; e que a Biologia e Astronomia ainda estão no berço do conhecimento e, que, portanto, é muito cedo para tirarmos conclusões apressadas em favor de uma divindade que criou o cosmos.

Quem se saiu melhor no debate? O Craig com certeza foi o melhor debatedor nesse dia. Ele parecia uma metralhadora disparando brilhantemente seus argumentos a favor do teísmo. Sua ampla formação filosófica e teológica lhes colocaram bem à frente nesse diálogo. Até mesmo o blogueiro ateu, Luke Muehlhauser, na sua pequena resenha sobre esse debate, reconhece o brilhantismo do Craig:

Ele é a perfeição absoluta desempenhada num debate. É uma coisa boa, nós termos os seus vídeos, porque os debatedores sobre qualquer assunto devem estudá-lo como os atores estudam [Marlon] Brando. [...] é um grande filósofo analítico. [1]

Num determinado ponto do debate o Craig diz:

“[...] Eu acho que é bastante evidente, que no debate hoje à noite, não ouvimos boas razões para acreditar que o que é normalmente chamado de ateísmo é verdadeiro, isto é, a crença de que Deus não existe. O Sr. Hitchens suspende a crença em Deus, mas ele é incapaz de nos dar qualquer argumento para pensar que Deus não existe, que é o que é chamado de ateísmo positivo.

Mostrar o lado ruim de certas crenças e atitudes perpetradas pelos religiosos não diz nada contra a existência ou não de um Deus pessoal. Escancarar a tolice das várias crendices existentes nesse mundão, não é argumento para bater o martelo e dizer: Deus não existe. É um salto epistemológico injustificado fazer tal coisa. Embora o Hitchens entre em contradição quando concorda com o Craig, quando este diz que não se pode avaliar a veracidade de uma visão de mundo argumentando sobre o seu impacto cultural e social. Mas é exatamente isso que o Hitchens faz em seus debates, e nesse não foi diferente.

Vale salientar, que não concordo com o Craig em alguns pontos. Mas é óbvio que ele nesse debate, como em tantos outros, se saiu bem melhor. Mas positivando pelo menos uma vez o Hitchens nessa postagem, ele cita uma história chocante de uma mulher e seus filhos:

No nosso debate [com Douglas Wilson] em Dallas, outro dia eu mencionei o caso de Fraulein Fritzl, a austríaca que ficou presa em um calabouço por seu por seu pai, por um quarto de século e estuprada incestuosamente e torturada e mantida no escuro com seus filhos por 25 anos, e eu pensei, eu pedia as pessoas para imaginar como ela deve ter suplicado a Deus, como ela deve ter implorado a ele, e como as crianças devem ter feito o mesmo, e como devem ter orado, e como eles devem ter orado e essas orações não foram respondidas.

Certamente o problema do mal e do sofrimento não é incompatível com a existência de Deus do ponto de vista lógico, como o Craig disserta no debate. É um problema emocional, mas em minha opinião, também é um problema teológico, e bem difícil de conciliarmos com o Deus bíblico, que diz ser misericordioso e que escuta as orações dos seus filhos. Vai ver que só escuta mesmo, e nada mais. É muita, muita, muita e muita fé, acreditar que houve um significado, propósito e sentido durante esses 25 anos.

O Craig um pouco antes dessa fala do Hitchens, diz:

[...] eu acho que a Confissão de Fé de Westminster acerta quando diz que o propósito da existência humana é glorificar a Deus e desfrutar Dele para sempre. Deus é a realização da existência humana.

Como isso se aplicaria a essa mulher e seus filhos? Como isso se aplica aos bilhões de pessoas que só tiveram uma vida desgraçada em sua breve jornada nesse mundo?  Os exemplos de vidas infelizes se avolumam, diante do silêncio dos céus. Quando ouviu essa história dita pelo Hitchens, Douglas Wilson respondeu:

Deus vai cancelar tudo isso e todas essas lágrimas secarão.

Será que o melhor caminho é nos resignarmos, e repetirmos o que ele disse? 

Aqui está o link de uma resenha muito mais destrinchada do debate. Um ateu tecendo suas considerações sobre os argumentos propostos.


REFERÊNCIAS:

1 - http://commonsenseatheism.com/?p=1230 – Acesso em: 04/10/15.

Nenhum comentário:

Postar um comentário