terça-feira, 13 de outubro de 2015

Filosofia do Cérebro


TEIXEIRA, João de Fernandes. Filosofia do Cérebro. São Paulo: Paulus, 2012.

Livro escrito pelo João Teixeira (Ph.D em Filosofia na Universidade de Essex, na Inglaterra, e Pós-Doutorado em Filosofia na Universidade Tufts, EUA), que expõe a relação entre Filosofia e Neurociência. Para o Teixeira, o problema entre mente-cérebro é intratável, muito provavelmente nunca será resolvido.

Em vários trechos do livro, ele elucida com clareza os motivos pelos quais é impossível tirar conclusões apressadas em afirmar que “o mental é apenas um produto do metabolismo cerebral”. (P. 82). Ele coloca um freio epistemológico nas afirmações dos Neurocientistas mais otimistas em estabelecer cabalmente essa relação entre o cerebral e o mental.

Ele escreve:

“Há muito entusiasmo ingênuo entre os neurocientistas, mesmo entre os mais brilhantes. [...] Talvez seja ainda muito cedo para afirmar que a neurociência pode tomar o lugar da filosofia. Parece que muitos neurocientistas de hoje são como os filósofos anteriores a Kant, que não viam limites à expansão do conhecimento. E falar de limites à expansão do conhecimento não significa fazer uma aposta contra a ciência, mas colocar os pés no chão e lembrar que da ciência talvez não seja possível esperar respostas para questões metafísicas.” P. 16.

“Já houve quem dissesse, entre os filósofos da mente, que o problema mente-cérebro é insolúvel. [...] A ideia básica é que não é possível para a mente compreender a si mesma. Para esses filósofos, o problema mente-cérebro é insolúvel porque o cérebro não é suficientemente poderoso para formular uma teoria que explique seu próprio funcionamento. É possível que nunca consigamos resolver um problema desse tipo. Há problemas insolúveis, e a questão da consciência seria um deles, pois supera as capacidades cognitivas humanas.” P. 48-49.

Acho que seria petição de princípio tentar justificar a legitimidade da compreensibilidade da CONSCIÊNCIA usando a consciência. Você assume a priori, a premissa de que a consciência é capaz de explicar a si mesma. Acaba-se caindo em circularidades. É um postulado. Sendo assim, é impossível resolver a questão mente-cérebro.

“Mas como poderíamos supor, por exemplo, que mente e cérebro são a mesma coisa, se mal conhecemos as propriedades do cérebro?” P. 47.

É isso mesmo, apenas suposições sem suporte empírico até o momento.

"[...] Estamos longe de explicar as bases moleculares das atividades mentais humanas, e as tentativas de sua compreensão através de intervenções no cérebro pelo uso de medicamentos ainda são muitos imprecisas. Não sabemos, tampouco, o quanto a intervenção química no cérebro pode nos ajudar no sentido de solucionar o problema mente-cérebro e consolidar uma teoria da mente inteiramente biológica.” P. 27.

Aposto que muito neguinho ficaria descontente com este enunciado. Assim como tem muito neguinho que se empolga com esse tipo de declaração (eu).

“Por que a consciência parece resistir tanto a uma possível redução a estados cerebrais? Se a ciência pode, em um futuro próximo, explicar a natureza do mental, ainda assim restaria o problema da consciência.” P. 20.

A ORIGEM DO UNIVERSO, a ORIGEM DA VIDA e a ORIGEM DA CONSCIÊNCIA, e como explicá-las, são os maiores mistérios a serem resolvidos (se é que vão) pela Ciência.

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