quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Gaiaku Luiza: Força e Magia dos Voduns


Culto aos orixás, voduns, inquices... A contemporaneidade não conseguiu extinguir esse modo de religião tão pitoresco. Na verdade, apesar de haver em algum grau uma descaracterização da religiosidade afro, em alguns lugares, noutros, como na cidade de Cachoeira, Bahia, o Candomblé consegue manter suas raízes. Pelo menos é o que dizem os seus adeptos.

A mãe de santo Gayaku Luiza é a protagonista desse documentário. Possuindo a avançada idade de 95 anos, ela ainda traz nesses longos anos de vida, uma lucidez incomum, e uma memória de dá inveja aos mais jovens. Uma verdadeira enciclopédia e fonte de conhecimento sobre os antigos mistérios do mundo da magia, trazidos pelos seus antepassados. E o mais curioso é que Luiza serviu de inspiração na década de 1930, quando tinha 28 anos de vida, para a canção "O que é que a baiana tem", de Dorival Caymmi.

Como já tinha falado no documentário sobre o Candomblé em Maragogipe, essa religião traz um senso fortíssimo de identidade, ancestralidade, de se pertencer a um grupo, de se sentir gente, de ser acolhido, de saber que seus predecessores tem um abrangente legado cultural, religioso e espiritual. Quem vai negar-lhes isto?

Assim como noutras cidades e regiões da Bahia, Cachoeira é um centro irradiador da cultura religiosa afro-brasileira. Pelas imagens nota-se, como alguns entrevistados dizem, que existe um ambiente propício e receptivo a dar continuidade aos cultos africanos que ali se estabeleceram, e que estão sendo tão bem preservados pela mãe Luiza. O tombamento torna-se urgente.

Podemos não acreditar na veracidade metafísica da espiritualidade afro, mas devemos acreditar que é de inestimável importância cultural preservar os seus lugares de culto.

A história de ser do nosso país está calcada na herança sócio-cultural-religiosa dos povos negros.

Isso não quer dizer que o Candomblé e similares não podem ser criticados e contestados, porém, sua importância histórica é palpável.

O documentário foi gravado em 2004, e a mãe Luiza faleceu em 2006.

E já que é costume eu sempre alfinetar as religiões de matriz africana, lá vai: os filhos de santo, ogãs, pais e mães de santo, babalaôs e muitos simpatizantes, alegam em uníssono, que o panteão das divindades vindas da África são poderosos, fazem isso, e fazem aquilo. Mas caramba, as regiões que ainda prestam cultos a esses orixás e voduns, como por exemplo, a Nigéria, estão imersas na pobreza e miséria. É razoável pensar que todo esse panteão de deuses poderosos, pudessem fazer algo a mais pelos seus discípulos nesse mundo tão cruel. No entanto, o que vemos é que os povos que os cultuam estão há séculos na merda.

Cadê Xangô, Oxossi, Ogum, esses orixás só servem para incorporar e fazer os seus "cavalos" fazerem caretas, dá cambalhotas e mugangas? Essas forças da natureza não poderiam mexer os pauzinhos e reverter o quadro político desses países e, assim, construírem um país mais humano e justo para os seus dedicados “cavalos”?

Apesar do sarcasmo, essa é uma pergunta séria! A vantagem que esse panteão grego atualizado fornece aos seus fiéis seguidores é apenas terapêutica, deixando-os na miséria? A política e sujeira das autoridades são mais fortes que o poder dos orixás, criadores dos elementos naturais?

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