quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Como o Sexo Mudou o Mundo

Sexo à venda


A igreja católica pousa de santa e representante fiel de Deus. Tem um discurso de castidade, castidade e castidade. Mas a história vem revelar que a própria instituição que se diz guardiã dos oráculos divinos e da pureza sexual, tem um discurso vazio e frívolo. Ela foi dona de muitíssimos bordéis no medievo.

Durante muito tempo na idade média, a igreja tinha os seus antros de sacanagem; putaria; e orgias. Ela dizia que a prostituição era errada, contudo, era compulsoriamente necessária. A igreja reconhecia que não podia frear os desejos sexuais de seus fiéis. Sendo essa a realidade, por que não ganhar uma graninha abrindo vários cabarés/bordéis em toda Europa? Pois foi isso que ela fez. É esperta, como sempre foi, proibia as rameiras da rua, que não estivessem sob sua custódia, pois o suado dinheirinho arrecadado por elas, não iria para o lugar "certo", a igreja.

Muito do crescimento e poder do catolicismo na idade medieval, se deve ao dinheiro arrecadado pela igreja, vendendo vaginas, peitos e bundas alheias. Sinceramente, não me surpreende muito. E não duvido nada que o Vaticano, ainda hoje, tenha várias casas de prostituição de luxo espalhadas, agora não só no velho continente, mas no mundo inteiro, ajudando a engordar os cofres da igreja.

Boa parte da clientela das prostitutas da igreja eram os próprios padres, que eram (e são) proibidos de casar. Muitas das imagens, afrescos e pinturas, da igreja na era medieval, foram produzidas tendo como modelos, essas mulheres da vida. Muitos rostos de anjinhos e anjinhos, foram cópias dos rostinhos meigos e puros dessas vendedoras de prazer.

Sexo Extremo


Nero foi, talvez, o mais pervertido imperador de Roma. Além de ter matado a própria mãe, embora ela não fosse peça boa, ainda castrou um jovem grego, por este se parecer com Pompéia, uma jovem já falecida, que Nero "amava" muito. Sporus era o nome da pobre alma que Nero mandou castrar, para servir aos seus apetites sexuais perversos. Ele perambulava por todo império, dizendo que Sporus era a sua esposa. Os bacanais promovidos por Nero, duravam cerca de uma semana. Ninguém podia sair.

Aleister Crowley antecipou a liberalização sexual 60 anos antes do movimento hippie. Fazia orgias no início do século XX, e até foi expulso da Sicília, na Itália, pelo ditador Benito Mussolini, que não queria um louco depravado em seu país, promovendo bacanais. Crowley criou algumas teorias malucas sobre sexo e magia. Seus ensinamentos misturavam safadeza e ocultismo, o que lhe rendeu décadas depois fama e prestígio na cultura pop.

Theodore Roosevelt antes de se tornar presidente dos Estados Unidos, foi prefeito de Nova Iorque, onde travou uma longa e árdua batalha contra a prostituição nessa cidade, nos primeiros anos do século XX. Não deu certo. A luxúria da cidade venceu.

A Alemanha do pós primeira guerra mundial, foi um antro da prostituição, o país estava na merda, endividado, moeda desvalorizada, faltava empregos, milhões de pessoas sem ter o que comer direito, então o jeito, era trilhar o caminho nada fácil da vida "fácil". A cidade de Berlim era o grande epicentro do sexo sem limites, na Europa. Existiam casas para todos os gostos.

E assim, caminha a humanidade. A sexualidade sempre onipresente moldando a história da nossa espécie. Uns sendo mais moralistas por razões religiosas; outros quebrando paradigmas e chocando a sociedade; outros mais moderados; e etc. 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Como o Sexo Mudou o Mundo: Rebeldes do Sexo


A History vem trazer cinco personagens da História que ficaram conhecidos pelas suas depravações sexuais. Vamos a cada um.

Valéria Messalina

Valéria Messalina, mulher do imperador Cláudio, em Roma. Quando ele estava viajando para aumentar os limites do império romano, ela saía pelas ruas da cidade, para se prostituir. Quantos mais homens conseguisse, mais feliz e satisfeita ela ficava. Chegou até a fazer uma aposta com uma prostituta para saber com quantos homens elas transavam mais em um dia. Ela ganhou! Transou com 25 homens.

Depois de ter transado com toda espécie de machos da aristocracia romana, ela viu que eles não eram suficientes para aplacar a sua necessidade constante de sexo e depravação. Fazia-se necessário em caráter de urgência, ela ter relações sexuais com os homens comuns, do povo, das ruas. Transou com quem podia. Ficava nos bordéis mais baixos, e sempre era a última a sair. Seu prazer não estava no dinheiro, porque isso ela já tinha.

O sentido de sua vida era cada vez mais se entregar aos prazeres da carne. E isso ela conseguiu. A cidade de Roma inteira sabia dos seus feitos e aventuras sexuais. O imperador Cláudio, seu marido, até tinha conhecimento de tudo isso, e de certa forma tolerava as investidas libidinosas de Valéria, porém, quando soube que ela estava tramando a sua morte com um senador, ela foi morta.

Marquês de Sade

Marquês de Sade, aristocrata francês, que ficou conhecido pelas suas dezenas de obras pornográficas. Muitas coisas e práticas sadomasoquistas escritas em seus livros, foram praticadas por ele, em suas centenas de aventuras com as prostitutas de Paris. Eles as obrigavam a fazer coisas que elas nunca tinham pensado em praticar em seus trabalhos sexuais, como por exemplo, em uma afronta direta ao catolicismo, enfiar hóstias sagradas em suas vaginas. Elas não aceitavam isso. Podiam ter perdido as suas dignidades por se prostituírem, mas perder a sua alma, era demais para elas.

Estando sua devassidão muito notória em Paris, ele resolveu ir para o campo, para continuar a pôr em ação seus desejos sexuais ultrajantes. Na aldeia de Lacoste, Sade contratou cinco ninfetas de 15 anos e um criado; durante meses, eles ficaram trancafiados em seu castelo, servindo de cobaias as suas experiências e curiosidades sexuais.

A sogra de Sade, cansada dele estar acabando com o nome da família e por ter seduzido a sua cunhada, conseguiu com a ajuda do rei da França, pô-lo na cadeia, na mais famosa e temida prisão do país, a Bastilha. No tempo em que esteve preso, escreveu suas obras pesadamente pornográficas e perversas. Foi solto, e não demorou muito para que fosse mais uma vez preso, onde morreu na prisão em 1814.

Catarina, a Grande

No século XVIII, na Rússia, Catarina, a Grande, foi uma ninfomaníaca tão notória, que até lendas surgiram de que ela transava com cavalos e que morreu após ter tido relações com um. Para ela, sexo teria que ser todos os dias. Aos 16 anos ela se casa com Czar da Rússia, mas na noite de núpcias, nada de fazer coisinhas. E foi assim ao longo de sete anos, visto que o seu marido tinha fimose das bravas, e não queria passar a faca no pinto.

Para saciar seus apetites sexuais, ela tinha alguns critérios básicos - qualquer homem da corte que lhe interessasse, passava primeiro por uma triagem completa, antes de ir pra cama com ela. Um médico o examinava, para ver se ele não tinha nenhuma doença, e uma condessa deitava-se com ele, para fazer o teste drive. Caso ele fosse bom de cama e tivesse o órgão procriativo avantajado, aí sim, ele podia ter momentos de safadeza com a imperatriz Catarina.

Famílias que estavam passando por crises financeiras, jogavam seus rapazes bem dotados aos pés dela, porque sabiam que caso ela os quisessem, eles obteriam muitos bens. Ela distribuiu em toda a sua vida política, mais de cem mil escravos aos seus amantes. O sexo com seus vários enamorados foi parte mui importante em sua carreira na vida pública. E ela não escondia a sua promiscuidade de ninguém. Deitou-se com cerca de 300 homens.

Heliogábalo

O imperador Heliogábalo foi o líder do império romano durante quatro anos (218-222 d.c), com a precoce idade de 14 anos. Foi tão ruim governante quanto Nero e Calígula, não dando a devida atenção que o seu cargo exigia, pois priorizava a putaria desmedida. Evidências sugerem que ele teve cinco esposas, mas ele preferia o seu condutor de bigas, chamando-o de seu marido, o que causava muito constrangimento entre romanos, na medida em que a relação sexual entre dois homens, por mais que não fosse um tabu, a passividade era vista como algo humilhante na relação entre iguais.

Frequentador de banhos públicos, Heliogábalo caçava os homens mais bem dotados para promovê-los a cargos públicos de extrema relevância, como senadores e prefeitos. Suas orgias parecem que as vezes acabavam em mortes, visto que quando todo mundo estava bêbado e dormia, ele mandava soltar leões e outros animais ferozes para "acordar" os seus convidados.

Enquanto o império romano estava aos poucos sendo esfacelado em suas fronteiras, ele só pensava naquilo. Não deu outra, foi assassinado e seu primo assumiu o trono.

Lindon Jonhson 

O outro rebelde do sexo é o presidente dos Estados Unidos, Lindon Jonhson. Mas a History só colocou ele para encher linguiça. Nem vale a pena.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

E a Umbanda?


DROOGERS, André. E a Umbanda? São Leopoldo - RS: Sinodal, 1985.

É lugar comum, pensarmos que Umbanda e Candomblé, são a mesma coisa. Na lógica leiga e popular, ambas possuem apenas nomenclaturas diferentes, mas possuem as mesmas práticas e crenças religiosas. Verdade seja dita, elas têm elementos em comum, como as incorporações, os transes, usos de ervas, lidam com os orixás e outras coisinhas mais. O senso comum vendo essas similaridades superficialmente, então conclui, é tudo a mesma merda!

Mas assim como existem diferenças importantes e gritantes, entre catolicismo e protestantismo, a despeito de suas muitas semelhanças, também ocorrem distinções com a Umbanda e Candomblé. Não são a mesma religião; não se pratica em seus cultos os mesmos fundamentos espirituais e mediúnicos. Existem distinções importantes entre elas. Assim como existem olhares e práticas diversas entre as várias manifestações de origem negra e ameríndia pelo Brasil a fora, como o Xangô, Jurema, Batuque, Tambor de Mina e etc. Cada uma com as suas peculiaridades.

Em vista dessa diversificação empírica da práxis religiosa africana/ameríndia, André Droogers, Ph.D em Antropologia pela Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda, vem trazer as características gerais que distingue a Umbanda dos outros credos religiosos. É uma edição antiga, de 1985. Escrita com a devida preocupação em fazer um levantamento objetivo da Umbanda. Apesar disso ele faz uma observação importante:

"Porém, é de se ressaltar que a objetividade perfeita não existe, nem a avaliação definitiva." P. 10.

Dentro dessa perspectiva, parece-me que ele comete um equívoco básico, ao afirmar, por exemplo, que os orixás incorporam em alguns terreiros de Umbanda. Na Umbanda original, pura, se é que podemos usar esses termos, os orixás não possuem os seus "cavalos". Isso só acontece no Candomblé. E muito menos os orixás falam alguma coisa quando descem nos seus filhos de santo, como ele afirma. No Candomblé, religião onde eles incorporam, cada orixá fará a sua dança particular. Eles não fazem careta, não fumam, não dão conselhos...

Dando um desconto ao autor, há de convirmos que quem detém a verdade do que pode ou não pode ser praticado nesses centros mediúnicos? Muitos pais de santo misturam elementos de várias matrizes religiosas, e formam o seu culto. Cada terreiro tem muita autonomia para ditar suas rezas, passes, procedimentos... E se foi algum espírito que determinou para que se fizesse dessa maneira e não daquela?

De qualquer forma, de modo geral, na Umbanda, orixás não incorporam.

Quando Drogeers escreve sobre a polêmica figura de Exu, sua fala pode não soar nada agradável a muitos umbandistas, visto que ele o identifica como um espírito das trevas, que só é incorporado na maioria das vezes nos trabalhos de Quimbanda, lado da "esquerda" da Umbanda. No entanto, ele não falou isso por mero preconceito, mas porque existem umbandistas que vêem a entidade Exu dessa forma.

Se no Cristianismo, religião que tem um livro básico (Bíblia), os cristãos não têm concordância em milhares de pontos sobre o que ela diz ou deixa de dizer, imagine essas tradições religiosas baseadas unicamente em tradições orais, ou testemunhos de supostos espíritos evoluídos que vem do outro mundo dar conselhos, passes e direcionar os seus consulentes e cavalos ao caminho da luz. Não há objetividade alguma.

O tópico mais significativo do livro é quando são discutidas as possíveis explicações para os transes. O autor deixa claro que explicações psicológicas e sociológicas, podem desvendar o mistério das incorporações, lançando várias explanações plausíveis que realmente satisfazem as mentes mais racionais e não entregues a credulidades inverossímeis.

“A mediunidade é um fenômeno universal. De modo algum é exclusividade brasileira. Cada cultura na qual ela existe a interpreta e a transforma à sua maneira.” P. 36.

O ambiente sócio-cultural dos pretensos médiuns tem uma significativa e crucial relevância na personalidade dos espíritos que tomam conta de seus corpos.

“A influência da sociedade e da cultura [...] está presente também na forma como a mediunidade é desenvolvida. Parece que não são os espíritos que dão uma determinada forma à sua manifestação, mas sim a sociedade e a cultura dependendo da cidade, do tipo de culto (umbanda ou um dos mais antigos), do terreiro (mais africano ou mais embraquecido), da classe social da pessoa e do seu bairro (disso depende qual o terreiro que frequenta) e assim por diante. Com isso o fenômeno da mediunidade é bastante relativizado”. P. 36.

Perante essa relativização e contingência do transe, Droogers interpela:

“Será que são realmente espíritos que se manifestam? Ou pode ser outra coisa, explicada de maneira bem diferente?” P. 36.

Eis aqui uma das possibilidades:

“[...] podemos, talvez, pensar na mediunidade como uma maneira de readmitir, através do espírito, um impulso ou desejo que antes foi descartado. [...] Se isso for verdade, fica explicado por que os espíritos, nas suas várias categorias, representam todo um leque de possibilidades da personalidade humana: caboclos dinâmicos, preto-velhos humildes, crianças ingênuas, exus maliciosos e pomba-giras eróticas. Sem falar de cada tipo que os espíritos individuais representam e nas diferenças entre espíritos femininos e masculinos”. P. 38.

“O espírito que procura o seu cavalo se chama, então na verdade, de ‘desejo reprimido’. E a cura não vem do espírito, mas da readmissão do desejo reprimido através da aprendizagem da mediunidade, nos moldes do comportamento da categoria de espíritos que corresponde com ele. O espírito é, portanto, a projeção do lado oculto da personalidade do médium. Assim, médiuns têm a oportunidade de serem o que normalmente não poderiam ser: arrogantes e orgulhosos, humildes e carinhosos, ingênuos e infantis, maldosos e grosseiros. Esta explicação psicológica aponta para um outro mecanismo do que o citado pelos umbandistas, quando explicam a origem da mediunidade, mas é igualmente lógica em si.” P. 39.

É lógica essa explanação do que pode ser as mugangas, trejeitos, gritos e danças, que ocorrem nos terreiros? Claro que sim! Muito mais inteligente e racional, ver dessa forma, a ter que acreditar nos relatos fantasiosos dos umbandistas de que existem aos milhares, ou milhões de falanges de espíritos vagando por aí, em tudo que é esquina, encruzilhadas, cemitérios, e que elas interferem diretamente em nossas vidas.

Quem pensa igual ou semelhante, não foi nada mais, nada menos, que o Pierre Verger (morto em 1996), grande estudioso e sacerdote do Candomblé no Brasil. Pense numa grande ironia. Em documentário já postado aqui, sobre a sua vida e contribuição para a religião africana no Brasil, ele revela a sua posição, quando perguntando por Gilberto Gil, se acredita no transe dos orixás:

Gilberto Gil:

"E o transe, a incorporação do orixá?"

Pierre Verger:

"Para mim não é incorporação. Para mim é uma manifestação da verdadeira natureza da gente. Uma possibilidade de esquecer todas as coisas, que não tem nada que ver com você. [...] sou um idiota de francês racionalista. A mim não me contam histórias, eu não sou um idiota que acredita nessas coisas [nesse momento, risadas do Gil]. É uma coisa ‘despoetizante’ horrível. Eu sofri muito, gostaria muito de me deixar ir."

Mesmo Verger não sendo da Umbanda, seu relato cético é de uma importância sem precedentes, visto que o Candomblé também é um culto de incorporações.

Drogeers vai desenvolvendo essa interpretação psicológica da mediunidade, e depois entra na questão do porquê da Umbanda ter alcançado números significativos de pessoas que a ela recorrem para obter ajuda para solucionar os seus problemas. Em seguida, tenta aproximar a sua confissão de fé (protestantismo luterano) num diálogo ecumênico e respeitoso com a religiosidade umbandista, sem vincular a Umbanda ao satanismo, como a igreja evangélica de modo geral faz.

Ele enfatiza os pontos negativos da Umbanda, sem eximir a sua própria comunidade de fé, em se calar diante das estruturas político-sociais que oprimem a população. Onde está a igreja luterana, quando a sociedade aflita, necessita urgentemente de ajuda espiritual? Onde estão os luteranos, na luta contra as mazelas que acometem o povo brasileiro tão sofrido? Droggers reconhece que muitas vezes a sua própria igreja deixa a desejar nesses quesitos.

Os pontos positivos da Umbanda também são lembrados, visto que muitos de seus centros e terreiros, sempre estão dispostos a ajudar as pessoas. 

Na Sombra do Pecado


Das seitas mais conhecidas, certamente as Testemunhas de Jeová é a pior. Elas enganam a si mesmas, e enganam outros, num proselitismo e descarte doentio do senso crítico. São carrascos e vítimas, ao mesmo tempo.

Suas presas estão em todo canto. No caso mencionado aqui, são as testemunhas de Portugal. Um canal desse país fez uma significativa matéria, onde desvela o lado obscuro dessa seita de merda.

Vários ex membros da seita dão os seus testemunhos de como eram as suas vidas, quando viviam em obediência as diretrizes das autoridades dessa religião. Alguns ex anciãos, espécie de pastor da seita, felizmente saídos de suas garras, revelam como eles agiam cegamente em total submissão aos mandos e desmandos das lideranças mundiais das testemunhas.

Mais quais os ensinamentos que fazem dessa seita ser tão perigosa e prejudicial?

Além das proibições ridículas de que os seus fiéis não podem comemorar a Páscoa, Natal e nem o seu próprio dia natalício, três práticas criminosas recebem uma atenção especial: destruição das famílias, abuso sexuais acobertados pela organização e a proibição da transfusão de sangue.

Destruição de famílias 

Se você e sua família fazem parte da "organização de Jeová", expressão muito usada entre eles, e resolva questionar os fundamentos da seita, ao ponto de ser "desassociado", outra palavra muito usada por eles, para dizer que você está expulso/excomungado, sua mãe, pai, irmãos ou qualquer outro parente que também seja testemunha de Jeová, não poderão em hipótese alguma ter qualquer tipo de comunhão com você.

Por exemplo: se você mora na mesma casa que seus pais, eles não poderão nem comer na mesma mesa que você. Só falarão o extremamente necessário contigo. Ostracismo, isolamento e solidão, serão a tríade satânica que lhe acompanhará, por ter abandonado o caminho de Jeová, traçado pela seita.

O que pensar de uma religião que promove a desunião de pais e filhos, fazendo com que laços familiares tão sagrados, importantes e necessários, sejam rompidos por causa de picuinhas teológicas medíocres?

Abusos Sexuais Acobertados

Nessa seita é regra: se um membro abusa sexualmente de uma mulher, ou até mesmo de uma criança, ele não será entregue a justiça comum. Mas será apenas advertido e convidado a se arrepender de seu erro, e ter autodomínio, para que não cometa mais atos assim. E a vítima? Esta, coitada, deve ficar calada, e aprender a "esperar" em Jeová, o justo juiz. Ela é obrigada pelos anciãos, pastores da seita, a não contar a polícia o estupro que sofreu. Assuntos internos, se resolvem internamente. Nada da justiça mundana e pecadora se meter nos assuntos do reino de Deus.

Na Austrália, a justiça detectou mais de 1000 casos de pedofilia escondidos pela seita nas últimas seis décadas. É um ocultamento intencional e premeditado. Perante a justiça da Austrália, um representante oficial das testemunhas, foi interpelado sobre o que ele faria se ocorresse um caso hoje de abuso sexual de menores. Sua resposta foi que ele ocultaria o abuso da justiça comum.

Que palavras podem ser ditas sobre uma religião permitida pelo Estado que protege estupradores e pedófilos?

Transfusão de Sangue

O fiel da seita pode está batendo as botas, precisando em caráter de urgência de sangue para uma transfusão, mas de acordo com ensinamentos oficiais da religião, é PREFERÍVEL que essa pessoa venha a óbito, a ter que desobedecer o mandamento de Jeová de não tomar sangue em nenhuma circunstância, mesmo que isso acarrete em sua morte.

Numa das edições da revista Despertai, um dos veículos oficiais da seita, crianças que faziam parte dela, que morreram porque os seus pais tiveram a firme posição para que elas não recebessem transfusão de sangue, foram exibidas na capa da revista.



Que tipo de religião é essa que exibe crianças que foram absurdamente mortas, porque não receberam sangue, pelo fato da seita criminosamente lhes vedar esse direito?

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Um Vento Sagrado


Agenor Miranda Rocha, o sacerdote supremo do Candomblé, no Brasil.

Desconhecia esse mito da religião africana. Mas aos poucos vou assistindo aos bons documentários sobre essa religião e vou descobrindo quem são as suas lendas.

Pois bem, ele foi considerado pelos grandes líderes espirituais do Candomblé, tanto da Bahia, Rio de Janeiro e outras partes do Brasil, como a grande autoridade sobre os orixás e sua magia.

Os grandes e prestigiados terreiros da Bahia recorriam a ele, para que os orixás, através do jogo de Búzios jogados por Agenor, revelassem quem iria substituir quem, nesses centros espirituais.

Num dos terreiros mais famosos e respeitados de Salvador, o Ilê Axé Opó Afonjá, ele foi convocado do Rio de Janeiro, cidade de sua habitação, para jogar os búzios e mediante a orientação de Xangô, revelar quem seria a liderança do axé naquele lugar. Em 1976 a determinação do orixá do fogo, recaiu sobre quem desde essa época é conhecida no Brasil todo como Mãe Stella de Oxóssi, ainda viva hoje, e talvez a maior ialorixá viva.

Agenor é um velho educado, simpático, bondoso, preocupado com o próximo, simples, humilde, despretensioso, que causa admiração a qualquer um, mesmo que não seja do Candomblé, ou não acredite nessa religião, como é o meu caso.

Seu jeito amoroso lhe rendeu em vida muitos admiradores. Quando criança, com somente cinco anos de idade, foi apresentado ao mundo mágico do orixás, no longínquo ano de 1912. Por aí, vemos o quanto ele acumulou conhecimento sobre a religiosidade africana, através de inúmeras vivências e diálogos travados com os vultos dessa religião, que estavam vivos há quarenta, sessenta, oitenta anos.

Vindo de Angola, na África, lugar de seu nascimento, se estabeleceu no Rio de Janeiro, e durante muitas décadas foi a grande enciclopédia do Candomblé no Brasil, servindo como fonte confiável sobre a mitologia dos deuses africanos.

O Candomblé como religião de tradição oral, pode carecer de boas fontes, para manter sua fidelidade aos cultos trazidos pelos negros que aqui chegaram. Daí a importância de figuras como o Agenor.

O documentário Um Vento Sagrado foi lançado em 2001, depois de três anos de gravações. Ele traz várias conversas com Agenor, dentre elas, a sua rejeição ao sacrifício de animais. Para ele, as folhas bastam para que o axé aconteça. Olha que coisa, a maior referência do Candomblé, uma religião conhecida pela matança de animais, tem na verdade, uma grande repulsa por essa prática. Chega a ser irônico isso, visto que ele é reconhecido como o baluarte do conhecimento nesse meio, o que os sacrificadores de bodes, galinhas e ovelhas, têm a dizer?

Outra ironia, é que Agenor, que já é morto desde 2004, era um católico "praticante". Observe as aspas, pois toda a lógica vai a esmo com essa flexibilidade religiosa. Mas Agenor considera-se um católico devoto, e como prova vai a missa regularmente, é devoto de Francisco de Assis, e não vê problema algum nessa aventura espiritual entre catolicismo e magia africana. Noutros lugares já vi a mãe Stella de Oxóssi repudiar esse tipo de fé em duas religiões.

Um Vento Sagrado é um documentário legal, que mostra uma lenda viva (pelo menos até 2001) da religião africana no Brasil, que nada se parece com as grandes lideranças religiosas atuais, que só pensam em ganhar dinheiro à custa da fé alheia.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Diálogo entre um Padre e um Moribundo


SADE, Marquês de. Diálogo entre um Padre e um Moribundo e outras Diatribes e Blasfêmias. São Paulo: Iluminuras, 2001. (Versão em PDF).

“[...] aceita que após tua morte teus olhos não mais verão, tuas orelhas não mais escutarão. Do fundo de teu caixão, não serás mais testemunha dessas cenas que tua imaginação te representa hoje em negras cores”. P. 28.

Marquês de Sade, uma das personagens mais polêmicas da história! Seus escritos chocam até hoje! São histórias fortes, que levam o ser humano ao limite do que é considerado permitido e normal! Nasceu em 1740, na França. Foi preso diversas vezes, inclusive na famosa prisão da Bastilha. Vivenciou todo o burburinho da Revolução Francesa (1789-1799), chegando a falecer em 1814.

O presente livro é uma reunião de várias obras de Sade. Todas despejando ódio e repulsa viscerais contra a igreja católica. O cristianismo com seus mandamentos ridículos deve ser banido da França. Argumentos são desferidos contra a existência de Deus, contra a imortalidade da alma, contra o inferno. Jesus é um charlatão, um vil leproso, um vulgar impostor; seus ditos são tolices; são quimeras. O crime para Sade, não consiste em quebrar os preceitos divinos, mas em tentar obedecê-los. Nada mais antinatural e pecaminoso do que ir contra a vontade da natureza que nos é imposta. Sobretudo, na questão da libido. O maior crime que cometemos contra nós mesmos é quando reprimimos nossas paixões sexuais, sejam elas quais forem.

Temos em Diálogo entre um Padre e um Moribundo..., sete obras de Sade. Vamos a cada uma delas.

Fantasmas

Ele começa bradando contra Deus, quer dizer, contra a incongruente ideia de sua existência.

“Ser quimérico e vão cujo nome apenas derramou mais sangue na face da terra do que jamais fará qualquer guerra política, por que não retornas ao nada de onde a louca esperança dos homens e seu ridículo temor infelizmente ousaram te arrancar?! Tu que só surgiste para o suplício do gênero humano, quantos crimes seriam poupados na terra se houvessem degolado o primeiro imbecil que ousou falar em ti! Vamos, aparece se existes e não admitas que uma frágil criatura ouse te insultar, afrontar, ultrajar como faço, renegando tuas maravilhas e rindo de tua existência, feitor de pretensos milagres! Faz um só para provar que existes!” P. 13.

Diálogo entre um Padre e um Moribundo

Uma conversa entre um padre e um “pecador” perto de ir para o saco é travada, com o primeiro querendo que o moribundo volte-se para Deus e a igreja, afim de se arrepender de seus pecados. Acontece que o iminente defunto, numa enxurrada de argumentos filosóficos dá uma tremenda surra intelectual no padreco, fazendo esse ficar sem argumento algum para persuadi-lo a deixar a vida de libertinagem.

O moribundo diz:

“Sendo possível que a natureza tenha feito sozinha tudo o que atribuis a teu Deus, por que pretendes arrumar-lhe um senhor? A causa do que não compreendes talvez seja a coisa mais simples do mundo. Aperfeiçoa tua física e entenderás melhor a natureza; purifica tua razão, elimina teus preconceitos e não necessitarás mais desse deus.” P. 18.

O moribundo é um empirista e materialista nato. Os sentidos e somente eles, podem nos prover conhecimento do mundo real.

“Prova-me que a natureza não se basta a si mesma, e te permito conceber-lhe um senhor. Até então não esperes nada de mim. Só me rendo à evidência que recebo dos sentidos; onde eles cessam, minha fé desfalece. Creio no sol porque o vejo, concebo-o como o centro de reunião de toda a matéria inflamável da natureza, aceito sua marcha periódica sem espantar-me. É uma operação física, talvez tão simples quanto a da eletricidade, mas que não nos é permitido compreender.” P. 19.

No fim do papo, o blasfemador revela o que realmente vale a pena na vida:

“Meu fim se aproxima. Seis mulheres mais belas que a luz encontram-se no gabinete vizinho; reservei-as para este momento. Pega a tua parte e, a meu exemplo, procura esquecer em seus seios os sofismas inúteis da superstição e os erros imbecis da hipocrisia.” P. 24.

Da Imortalidade da Alma – Primeiro Discurso

As palavras dele bastam:

“Se podemos adquirir idéias apenas por meio de substâncias materiais, como poderíamos supor que a causa de nossas idéias é imaterial? Ousar sustentar que podemos ter idéias sem os sentidos seria tão absurdo como dizer que um cego de nascença pode ter uma idéia das cores.” P. 26.

“Mas desejar uma quimera, será, por si só, prova incontestável da realidade dessa quimera? Do mesmo modo, desejamos a vida eterna dos corpos; no entanto, esse desejo é frustrado: por que o da vida eterna de nossa alma não o seria igualmente? As mais simples reflexões sobre a natureza dessa alma deveriam nos convencer de que a idéia de sua imortalidade é apenas ilusão. De fato, o que vem a ser essa alma, senão princípio de sensibilidade? O que vem a ser pensar, gozar, sofrer, senão sentir? O que vem a ser a vida senão o conjunto desses diferentes movimentos próprios a serem organizados? Desse modo, assim que o corpo deixa de viver, a sensibilidade não mais pode atuar; não pode mais haver idéias, nem, por conseguinte, pensamentos. Logo, as idéias não podem senão provir dos sentidos: como querem que, uma vez privados desses sentidos, ainda tenhamos idéias?” P. 27.

“O sentimento e o pensamento são partes desses movimentos: desse modo, no homem morto, esses movimentos cessarão assim como os outros. De fato, por meio de que raciocínio pretendem nos mostrar que essa alma, que não pode sentir, querer, pensar e agir senão por meio de seus órgãos, consegue sentir dor ou prazer, ou até mesmo ter consciência de sua existência quando os órgãos que a informavam estarão decompostos?P. 28.

Da Imortalidade da Alma – Segundo Discurso

“Qualquer que seja o modo como o fazemos, só vemos matéria em todos os  seres que existem — O quê!, direis, o homem e a tartaruga são a mesma coisa? — Não, claro, diferem na forma; mas a causa do movimento que constitui ambos é certamente a mesma.” P. 30.

Sade argumenta que se somos criaturas feitas pelo Deus cristão, como ele poderia nos condenar ao inferno, visto que seríamos alguma substância vinda dele.

“Em suma: nessa hipótese, não me venham falar em inferno ou paraíso, pois seria insensatez Deus punir ou recompensar uma substância que dele emanou.” P. 32.

Do Inferno

Um dos argumentos até hoje propostos pelos defensores do inferno, é que ele tem que ser eterno, porque os pecados são cometidos contra um Deus infinito, logo, eles merecem punição infinita. Em resposta Sade dispara:

“Segundo essa doutrina, o mais leve erro seria punido assim como o mais grave: ora, pergunto se é possível, admitindo um Deus justo, supor uma iniqüidade dessa espécie? Quem, por sinal, criou o homem? Quem lhe deu as paixões que os tormentos do inferno devem punir? Não foi vosso Deus? Assim, portanto, cristãos imbecis, admitis que por um lado esse Deus ridículo confere aos homens inclinações que é obrigado a punir por outro? Será que ignorava que essas inclinações haviam de ultrajá-lo? Se sabia disso, por que então conceder-lhes esse tipo de pendores? E se não sabia, por que puni-los por um erro que compete apenas a ele?” P. 37.

Acredito que nenhum apologista cristão responda adequadamente a essas perguntas.

Franceses, mais um esforço se quereis ser republicanos

O Marques presenciou todo o processo da Revolução Francesa, que depões o rei Luiz XVI. Republicano apaixonado escreveu essa obra, com o intuito de conclamar a França a abandonar de uma vez por todas, a crença religiosa. O cristianismo é uma quimera e, portanto, não ter lugar na sociedade que estava emergindo.

“O vós que tendes a foice nas mãos, desferi o derradeiro golpe na árvore da superstição; não vos contenteis com podar os ramos: desenraizai de uma vez uma planta cujos efeitos são tão contagiosos; convencei-vos perfeitamente de que vosso sistema de liberdade e de igualdade contraria demasiado abertamente os ministros dos altares de Cristo para que um só deles o adote de boa-fé ou não procure abalá-lo, se chegar a ter de novo qualquer império sobre as consciências”. [...] Vós vistes aonde chegaram. Quem, no entanto, os conduziu até lá? Não foram os meios que a religião lhes forneceu? Ora, se não proibirdes absolutamente esta religião, os que a pregam, tendo sempre os mesmos meios, logo atingirão os mesmos fins”. P. 55-56.

“Conservemos hoje o mesmo desprezo, tanto pelo deus vão que os impostores pregam como por todas as sutilezas religiosas decorrentes de sua ridícula adoção. Os homens livres não se deixam mais iludir por um chocalho como esse. Que a extinção total dos cultos faça parte dos princípios que propagamos por toda Europa. Não nos contentemos em quebrar os cetros; pulverizemos para sempre os ídolos”. P. 58.

Sade vê a religião cristã e a liberdade como dois caminhos antagônicos.

“Sim, cidadãos, a religião é incoerente com o sistema da liberdade; já o sentistes. O homem livre jamais se curvará aos deuses do cristianismo; jamais seus dogmas, seus ritos, seus mistérios ou sua moral convirão a um republicano”. P. 58.

Sobre os costumes que devem ser adotados pela nova republica francesa, encontram-se a descriminalização do roubo, do estupro. Mas para tal, não pensemos que ele não traga justificativa alguma. Tudo o que defende é “legitimado” por uma avalanche de recursos tirados da história, da política, da filosofia e etc.

“Deus me livre de querer aqui atacar ou destruir o juramento do respeito às propriedades que a nação acaba de pronunciar; mas que me seja permitido ao menos expor algumas idéias sobre a injustiça desse juramento. Qual o espírito de um juramento pronunciado por todos os indivíduos de uma nação? Não é o de manter uma perfeita igualdade entre os cidadãos, de submetê-los igualmente à lei protetora das propriedades de todos? Pergunto-vos agora se é justa a lei que ordena a quem nada possui respeitar quem tem tudo. Quais são os elementos do pacto social? Ele não consiste em ceder um pouco de sua liberdade e de suas propriedades para assegurar e manter o que se conserva de uma e de outra?” P. 67.

Sade propunha uma sociedade que pudesse saciar incessantemente os desejos sexuais mais variados possíveis. Todos deviam participar. Mulheres, crianças, jovens... Ninguém deve ser de ninguém. Nada de casamento. Se um homem tem vontade de transar com uma criança, ele está livre para tal; quer ter relações com outro homem, que o faça; quanto as mulheres, elas devem estar sempre dispostas a satisfazer os impulsos sexuais de qualquer homem que reivindicar o seu corpo. Uma mulher TEM que proporcionar prazer a vários homens que solicitarem os seus serviços luxuriantes. Quanto a isso, as palavras de Sade chocam qualquer pessoa com um mínimo de humanidade.

“Um homem que queira gozar de uma mulher ou de uma garota qualquer poderá, se as leis que promulgais são justas, intimá-la a comparecer a uma dessas casas de que falei; e lá, sob a salvaguarda das matronas desse templo de Vênus, ela lhe será entregue para satisfazer, com igual humildade e submissão, todos os caprichos que lhe agradar, por mais estranhos e irregulares que possam parecer; pois não há nenhum que não esteja na natureza, nenhum em favor do qual ela não se confesse. Só teria que se fixar a idade. Ora, creio não poder fazê-lo sem perturbar a liberdade de quem deseja gozar de uma mulher desta ou daquela idade. Quem tem o direito de comer o fruto de uma árvore certamente poderá colhê-lo verde ou maduro, conforme as inspirações de seu gosto.

Mas, dirão, há uma idade em que a saúde da jovem decididamente pode ser prejudicada pelos procedimentos do homem. Essa consideração não tem nenhum valor; desde que me concedeis o direito de propriedade sobre o gozo, esse direito é independente dos efeitos que ele produz; a partir de então, tanto faz esse gozo ser vantajoso ou prejudicial ao objeto que a ele deve se submeter.

Não provei a legalidade em contrariar a vontade de uma mulher nesse assunto e que, tão logo ela inspire o desejo do gozo, deve submeter-se a ele, abstraindo todo sentimento egoísta? O mesmo acontece com a sua saúde. Desde que as considerações que se façam a esse respeito possam destruir ou enfraquecer o gozo daquele que a deseja, e que tem o direito de se apropriar dela, esse cuidado com a idade torna-se inútil porque de modo algum se trata aqui de saber o que sente o objeto condenado pela natureza e pela lei à satisfação momentânea dos desejos de outro. Não se trata nesse exame senão daquilo que convém a quem deseja”. P. 72.

Sociedade dos Amigos do Crime

Nesse derradeiro texto, Sade fala do regimento, pelo que eu entendi, de uma espécie de clube fechado para as pessoas residentes em Paris ou arredores, para que elas se entreguem aos prazeres sexuais que lhes der na telha. Uma espécie de maçonaria. Aqui vão algumas dessas leis norteadoras da Sociedade dos Amigos do Crime:

“2 - O indivíduo que queira ser admitido na sociedade deve renunciar a toda espécie de religião, submetendo-se a provas que constatarão seu desprezo por
esses cultos humanos e seu quimérico objeto. O mais leve retorno de sua parte a tais asneiras implicará sua exclusão imediata.

3 - A sociedade não admite deus algum; há que se ostentar ateísmo para ingressar nela. O único deus que conhece é o prazer; por este ela sacrifica tudo.
Admite todas as volúpias imagináveis e aprecia todos os deleites; todos os gozos são autorizados em seu seio, não há nenhum que não incense, recomende ou proteja.

4 - A sociedade rompe todos os laços do casamento e confunde todos os do sangue. Em sua sede deve-se, indistintamente, gozar tanto da mulher do próximo quanto da própria, tanto de seu irmão e irmã, de seus filhos e sobrinhos, quanto os dos outros. A menor repugnância a essas regras é um poderoso motivo de exclusão.” P. 87-88.

É quase impossível ter empatia por Sade. Principalmente quando ele legitima o estupro de mulheres e crianças. O Marquês nutria um ódio visceral pela religião. Essa completa rejeição da religião é ate compreensível, visto que o catolicismo francês vivia mancomunado com o Estado, enquanto o povo e muitos do baixo clero (padres) viviam numa miséria desgraçada. Como ver algo bom na igreja diante de seus disparates, calcados numa sede doentia pelo poder?

A História do Sexo no Século XX


Sexo no século XX!

Quanta mudanças ocorreram nesses 100 anos!

Para se ter uma ideia, nos primeiros cinquenta anos, a masturbação era de todas as formas desaconselhada. Era imoral! Era prejudicial a saúde! Se desse vontade de usar a mão, alguns manuais aconselhavam os jovens punheteiros a lerem o sermão da montanha, quem sabe assim, a vontade libidinosa cessaria. Médicos diziam aos nervosos masturbadores que na hora que esses pensamentos perversos povoassem as suas cabecas de vento, pensassem no amor de suas mães, qual pessoa em sã consciência, ousaria tocar em seus órgãos procriativos, com a sua sagrada progenitora em mente? Outra forma adotada era colocar os testículos (us zovus) na água gelada!

Os anos 1920 são bem turbulentos. Lei Seca, ninguem podia mais tomar álcool, sem ser punido pelo governo. Surgem os bares, restaurantes e casas de shows clandestinos, vendendo não apenas bebidas alcoólicas, mas recebendo toda uma classe de pessoas consideradas perversas: gays e lésbicas. Estava aberta a ruptura com a moralidade vitoriana.

Controle de natalidade! Começam a surgir os modernos métodos para evitar um bucho antes do tempo. O diafragma e os preservativos de látex, que dão lugar a antiga camisinha de intestino de ovelhas. Espermicidas entram no mercado para desacelerar os espermatozoides mais empolgados.

A censura no cinema não demora a aparecer. O Código Reis cerceavavárias práticas consideradas obcenas para os filmes. Tudo devia passar por uma triagem moralista, respeitadora dos bons costumes. Cenas de beijos eram muito restritas e vigiadas. Cenas com pessoas dormindo na mesma cama, nem pensar.

Após a Grande Depressão de 1929, a censura torna-se mais severa, na década de 1930. Antes os beijos poderiam durar quatro segundos em uma cena, agora as películas não deveriam exibir beijos com mais de um segundo e meio. Isso mesmo 1/2! Até cenas de vacas ordenhadas não poderiam ser filmadas! Podemos imaginar o porquê, né? Cerca de 28 mil regras foram criadas para conter os "excessos eróticos" dos filmes veiculados nas telonas do cinema.

Havia censura também sobre o número de stripteases que podiam acontecer durante as noitadas nas casas de shows de Nova Iorque!

A censura na literatura era o Index dos livros vistos como imorais, portanto, impróprios! Alguns livros era desencaminhantes. Então, nada de serem lidos.

Mas a impulsividade sexual era maior que as leis que a castravam. Com a popularização dos carros, os jovens tinham um escape para as suas aventuras, longe das abas de seus pais.

Logo após a Segunda Guerra Mundial, os homossexuais, coitados, passaram a ser vistos como comunistas, na paranóia da Guerra Fria. Já não eram bem vistos antes, e agora, vinculados as ideias vermelhas, estavam lascados duas vezes mais. Estavam até indeferidos para os cargos federais. Eram personas non gratas!

Surge o polêmico Relatório Kinsey, os resultados abalaram a sociedade puritana e moralista. Porcentagens significativas da população estavam praticando sexo antes do casório, homens estavam se masturbando cada vez mais, tendo relações homossexuais, e etc.

Com a revolução sexual do anos 1960 a porta estava aberta para a putaria invadir de vez o dia a dia da sociedade. Junte-se a issso, o aparecimento das pílulas anticoncepcionais, que davam autonomia as mulheres, que não precisavam mais da ajuda dos homens, para não ganharem um bucho.

O sexo passou a ser mais livre, porém, um grande inconveniente passa a assustar e a ceifar a vida de milhares a partir dos anos 1980. A AIDS. Era vista em suas primeiras vítimas como um novo tipo de câncer, que levava para o saco o seu portador muito rapidamente. O termo "sexo seguro" agora era presente em todas as conversas sobre sexo.

E finalmente, no final do século XX, a impotência sexual podia ser vencida com o azuzinho milagreiro, o Viagra. Pintos murchos não precisavam ficar assim sempre.

Com um pouquinho de paciência, esperemos chegar 2111 para outro passeio histórico sobre a sexualidade humana.