quarta-feira, 24 de maio de 2017

Refém do Diabo

Recentemente terminei um livro sobre os exorcismos do falecido padre Gabriele Amorth, a maior autoridade católica em expulsar o demônio das pessoas. Para não perder o costume, em complemento, temos neste documentário, a história do ex-jesuíta, o padre Malachi Martin, que descontente com os rumos do Concílio do Vaticano II, na década de 1960, vai para Nova Iorque, e nesta cidade, começa a escrever livros e fazer exorcismos. Ele já é morto, morreu em 1999. Mas deixou um legado para quem acredita que o diabo está mais vivo do que nunca e que está fazendo o seu trabalho de destruir vidas muito bem. Para conter o trabalho sórdido do inimigo de Deus e dos humanos é preciso estar preparado para expulsá-lo das pessoas que ele oprime e incorpora. Malachi Martin passou a sua vida ensinando que o diabo existe, o inferno existe, possessões existem. De acordo com ele, muitos, mas muitos padres mesmos, já não acreditam faz tempo, nessas coisas. Mas ele insiste: estão nas escrituras, Jesus falou delas.

Indo para o exorcismo propriamente dito: uma coisa facilmente percebida entre os exorcistas católicos é que eles dizem que suas sessões de exorcismos podem durar anos, meses, semanas, dias e horas com uma mesma pessoa. Dependendo do grau em que ela esteja envolvida com o mal, um exorcismo não adiantará muita coisa. Eles usam toda uma parafernália de objetos sagrados para auxiliá-los na hora de enfrentar o capeta. A água benta, crucifixos, livros com orações já prontas, estão entre os principais artefatos usados em seus rituais.

Em contraste, nas expulsões de espíritos malignos realizadas pelos pastores pentecostais, a coisa é bem mais simples, rápida e eficiente, caso o fiel cristão que irá expulsar o diabo, esteja em dia com Deus, mediante uma vida consagrada de oração, santificação e jejum. Se esses requisitos estiverem preenchidos, segundo eles, não há legião ou exército de demônios que resista, quando eles os expulsarem em nome Jesus. Dura minutos ou segundos, e a pessoa liberta, entregando a sua vida a Deus, não precisará de mais nenhuma sessão de exorcismo para obter sua cura total, pois já estará curada.

Percebe-se uma diferença gigante entre os dois grupos de soldados contra Lúcifer. O primeiro bem menos eficiente e moroso. O segundo, ágil e sem delongas em vencer o diabo. Em teoria, o grupo pentecostal parece estar numa maior sintonia com o que Jesus e os seus apóstolos realizaram no primeiro século. Não vemos nem Jesus e nem os seus discípulos demorando horas e até anos para libertarem as pessoas da possessão maligna, e pior, não há indicações de que os futuros exorcistas de eras posteriores teriam tantas dificuldades quanto os padres católicos têm para mandar os demônios para o quinto dos infernos.

Lendo o livro do Gabriele Amorth, vendo este e outros documentários produzidos sobre os exorcismos católicos, fica claro, que o demônio deita e rola com os padres e com as vítimas das quais estão possuindo, e que a coisa quase fica empatada, entre ele e Deus. Passa uma ideia de uma eterna luta entre o bem e o mal, em que nenhum no final das contas sairá vencedor. Sinceramente, é um deus fraco, o invocado pelos católicos.

Devo salientar que com isso, não estou legitimando e nem aplaudindo os supostos exorcismos praticados pelos pentecostais. Não lhes dou crédito. Apenas vejo uma discrepância enorme sobre o que Jesus e seus apóstolos fizeram e o que fazem hoje os padres com seus supostos enfrentamentos contra o mal.

Sou bastante cético em relação aos dois. Ambos os grupos já deram evidências de sobra do quanto representam muitas coisas tolas e imundas.

Com isso, não quero dizer que descarto a existência do mal. E nem descarto, que existam padres e pastores comprometidos que fazem trabalhos sérios de ajuda aos mais oprimidos. O demônio pode existir, mas não temos provas concretas dele e nem de sua atuação. Prefiro ficar mais alinhado com o ceticismo da comunidade médica e científica. Embora alguns, ou muitos desta comunidade já não sejam céticos quanto ao demônio, exatamente por passarem por sérias experiências que lhes deixaram sem outra alternativa. E há ainda a visão dos Parapsicólogos que dão uma visão alternativa aos fenômenos de possessão.

E pra não ficar só na crítica a igreja católica, ela é muitíssimo mais prudente que os evangélicos pentecostais, que adoram ver o demônio e sua atuação em quase tudo. O catolicismo tem muito mais cautela nessas questões, visto que dá muita importância ao que a Psiquiatria diz sobre doenças mentais. A igreja católica rejeita quase todos os casos de pessoas que lhes procuram dizendo que estão com o diabo no corpo, pois sabe que são pessoas que precisam apenas de tratamento psicológico e psiquiátrico. Pentecostais/neopentecostais, não, eles são apaixonados pelo chifrudo, adoram ter contato com ele. Eu também adoro: lendo e vendo documentários e filmes que falam dele.

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