Década de 1960, todo um país fervendo com o barulhento e incômodo movimento
pelos direitos civis. Direitos civis reivindicados pelos negros, que até então,
nunca tinham sido tratados como gente na terra da “liberdade”. Eis que surge os
Panteras Negras, espécie de grupo paramilitar, que se possível, usaria de meios
violentos, para que o Estado ouvisse o clamor de todo um povo há bastante tempo
humilhado e oprimido. Aqui vai o que
alguns ex membros dos Panteras Negras têm a dizer sobre aquele período:
“As
pessoas sempre falam sobre liberdade e seu significado naquele momento. Ser negro
na América significa que você não caminharia na rua com o mesmo senso de
segurança e o mesmo senso de privilégio das pessoas brancas.”
“Não
havia diferença no modo em que a polícia do Mississipi e a da Califórnia nos
tratava. Eles poderiam não dizer ‘nigger’ mas os tratavam [os negros] do mesmo
modo que no Mississipi [o Estado mais racista do país].”
“A
polícia pulava em você, o batia, colocava uma arma na sua cabeça. Era pelo que
passávamos diariamente.”
“O The
Examiner fez uma reportagem no jornal do último domingo que erámos anti-branco,
que nós não ‘tínhamos papas na língua quanto a sermos anti-brancos.’ Isso é um
sensacionalismo mentiroso. Nós não odiamos ninguém por causa da cor. Nós odiamos
a opressão. Nós odiamos o assassinato de pessoas negras em nossas comunidades.”
Os Panteras Negras foram adquirindo fama e notoriedade, se espalhando
por todo os EUA. Da Califórnia, na cidade de Okland, para a televisão, jornais,
rádio, e ganhando cada vez mais a atenção do governo e da polícia, que estavam
bastante apreensivos com os rumos que esse grupo de auto-defesa poderia tomar.
Chegou um momento em que o governo os classificou como o inimigo interno número
1 da nação.
Negros e mais negros iam aderindo ao movimento, cansados de terem seus
direitos negados e jogados no lixo. O que chama a atenção é que os Panteras
surgiram na Califórnia, teoricamente um Estado mais moderado e mais aberto, ao
contrário do sul (Mississipi, Tennesse, Alabama) mais racista e intolerante. As tensões
raciais simplesmente abarcavam toda a nação, não importando a sua localização
geográfica.
Os Panteras Negras como qualquer movimento teve suas contradições
internas, erros estratégicos, ações erradas, equívocos e etc. Umas dessas
incoerências dentro do movimento era o machismo de muitos de seus membros. Uma
desses membros em carta a um de seus fundadores reclamou:
“Caro
Huey, quando me uni ao partido, eu estava empolgada por fazer parte de uma
organização que acredita na igualdade entre homens e mulheres. Incomoda-me que
existam irmãos que ainda vejam as mulheres como objetos sexuais. Não deveríamos
ter homens no Panteras Negras ou mulheres que pensem assim.”
O governo norte-americano já de saco cheio dos Panteras, criminosamente,
armou estratégias através do FBI, para que o movimento fosse desmantelado –
membros importantes do grupo foram assassinados, presos, outros tiveram que
fugir do país.
No início da década de 1970 os Panteras Negras já estava se
desintegrando. Brigas entre os líderes enfraqueceram bastante o movimento. Até hoje,
existem membros trancafiados nas prisões americanas.
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