segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A Impostura Científica em Dez Lições


PRACONTAL, Michel de. A Impostura Científica em Dez Lições. São Paulo: UNESP, 2001. (Versão em PDF).

“Encontramos até impostores sinceros que acreditam realmente no que dizem”. P. 13.

"Um bom cientista não é infalível, ele assume o risco do erro. Este último é inevitável, porque a ciência é feita por seres humanos. Não existe ciência pura, praticada por seres ideais num mundo sem paixões". P. 170.

Michel de Pracontal é um Jornalista francês conhecido da sociedade científica mundial de longa data, que vem há décadas trazendo para o grande público leigo, as notícias e descobertas concernentes ao que os Cientistas têm feito. Com longos anos de conhecimento acumulado sobre o que rola no mundo da Ciência, ele traz nas páginas deste livro, as imposturas (embustes, mentiras, farsas, quimeras) que muitos charlatães, incluindo Cientistas de verdade e pseudocientistas têm aprontado mundo a fora. O que é muito bem elucidado é que as fabulações fantasiosas estão aí para seduzir até mesmo quem deveria estar plenamente vacinado contra ela: os Cientistas. Na verdade, estes às vezes caem em suas garras, em busca de prestígio e notoriedade entre seus pares, mesmo quando já conquistaram o seu lugar ao sol. A concorrência do mercado “força-os” a fazerem pronunciamentos infundados e mentirosos. Muitas vezes, ele crêem piamente que as suas teorias sem fundamento são a mais nova e sublime verdade sobre o mundo natural.

“A maioria dos impostores, sinceros ou não, protegem-se por detrás de uma muralha de convicções contra a qual os melhores argumentos vão se despedaçar. Os ataques de seus adversários nada mais fazem do que reforçar suas certezas. Os cientistas não escapam dessas reações, a despeito do clichê obstinado segundo o qual eles seriam verdadeiros santos laicos, encarnações vivas do Rigor e da Imparcialidade. Não existe nenhuma razão para que os sábios pairem acima das paixões que animam o comum dos mortais, mesmo que muitas pessoas queiram que seja assim.” P. 15.

“Os homens de ciência não estão mais bem preparados que qualquer outro contra a tentação de tomar seus desejos pela realidade. A boa ciência é um exercício difícil, sobretudo para os cientistas! Não se trata absolutamente de concluir que os sábios são os únicos detentores da verdade: essa crença bastante difundida, às vezes alimentada pelos cientistas, é a primeira das imposturas.” P. 18.

“Houve um tempo, já superado, em que os pesquisadores davam prioridade às publicações científicas em vez da mídia de grande público”. P. 77.

A impostura tem em seu time, pessoas de variadas classes:

“O nível científico dos impostores varia do autodidata completo ao pesquisador de renome internacional. Mais de um Prêmio Nobel deixou-se encantar pela música da flauta mágica”. P. 15.

Ironicamente, segundo Pracontal, as pessoas que mostram grande e intenso interesse na Ciência, são as que mais dão crédito as imposturas criadas pela falsa ciência. O avanço do conhecimento sobre o mundo, não fez recuar a crença nas fantasias e fábulas.

“O ponto crucial reside na constatação de que a ciência e a técnica não fizeram recuar as crenças irracionais, e parecem até favorecê-las: ‘Se admitirmos que o desenvolvimento dos conhecimentos científicos e a difusão do saber provocariam o declínio das crenças no irracional, era de esperar que houvesse incompatibilidade entre ciência e crença nas paraciências’, prosseguem Daniel Boy e Guy Michelat. ‘Ora, constatamos que não é nada disso. Muito ao contrário, quanto mais alguém se interessa pela ciência, mais acredita no paranormal e na astrologia. Interessa-se tanto pela ciência quanto queriam ver seus limites rejeitados. Para esses ‘crentes’, as paraciências representam, portanto, aquilo que se situa para além da ‘ciência oficial’, e aquilo que é considerado atualmente como paraciência amanhã certamente se tornará ciência. Assim, quase a metade dos franceses julga que a ciência admitirá um dia a realidade da transmissão de pensamento, da influência dos astros sobre o temperamento e dos óvnis’.” P. 16.

Pracontal lamenta que hoje em dia, a impostura científica é prática corriqueira. Fazer Ciência de verdade é mais difícil; é mais trabalhoso; é menos glamoroso. O grande público dá grande audiência as paraciências e falsas ciências. E não pensemos que é um público não instruído. As fraudes científicas ajudam nesse quadro, sobretudo quando Cientistas na concorrência de estarem no alto da torre, acabam sucumbindo às tramóias e trapaças. A grande mídia sempre precoce e ávida por audiência, atrelada ao mercado, não está nenhum pouco preocupada em minimizar os efeitos das imposturas, visto que é muito mais proveitoso (porque dá ibope) para ela, divulgar as ditas ciências alternativas e as “descobertas extraordinárias, pois estas duas chamam mais a atenção da grande massa. A mídia abole as fronteiras entre a ficção e a realidade.

“A capacidade da mídia para produzir mentiras que passam por verdades não é nova. Em 30 de outubro de 1938, Orson Welles semeia o pânico pelos Estados Unidos. Sua versão radiofônica da Guerra dos mundos é tão convincente que os ouvintes acreditam realmente na invasão dos marcianos. Desde essa demonstração, a principal mudança foi o aumento de potência da mídia mais rápida, atingindo um público mais numeroso, e dotada de um temível poder de reinvenção da realidade.” P. 99.

Uma das características que Pracontal apresenta dos impostores é está:

“Um bom impostor varre com as costas da mão as mesquinhas barreiras da ciência tradicional, abarca o universo inteiro com um olhar. Não hesita em apossar-se de problemas velhos como a própria humanidade como se fosse o primeiro a apresentá-los. Nada o detém, porque ele sabe, no fundo de si mesmo, que pode fazer melhor do que Newton, Einstein e Darwin juntos.” P. 31.

O sistema planetário de Ptolomeu é uma das mais persistentes imposturas na história da Ciência. O autor escreve:

“O sistema de Ptolomeu dava conta, grosso modo, do movimento aparente dos planetas. Infelizmente, Ptolomeu tinha trapaceado: como as observações não casavam muito bem com a teoria dos epiciclos, ele tinha falseado os números para fazê-los entrar à força no sistema. Ptolomeu era um dos mais perfeitos impostores da história das ciências”. P. 34.

Os impostores querem “que o mundo se dobre às suas fantasias e às suas vontades”. P. 39.

Há duas regras usadas pelos impostores, listadas por Pracontal, que achei particularmente bem a cara deles.

“Seja revolucionário. Apresente-se como inovador, um inventor, um criador. Seja um gênio solitário. Afirme em alto e bom som sua singularidade. Ignore aqueles que disseram a mesma coisa melhor que você e bem antes. Se o seu valor não for reconhecido, considere como responsáveis o conformismo da sociedade, a ortodoxia, a ‘ciência oficial’ e até mesmo – por que não? – um vasto complô internacional destinado a fazê-lo calar-se.

Percorra os atalhos batidos. Freqüente os lugares comuns. Só emita idéias banais, mesmo – e a fortiori – revestidas de um discurso esotérico. Siga a corrente dos conceitos mais comuns. Alimente as superstições. Os extraterrestres têm forçosamente uma mensagem, o Universo tem forçosamente um sentido, a inteligência é forçosamente hereditária, a atividade humana põe forçosamente o planeta em perigo”. P. 46-47.

A impostura propaga-se pelo menos devido a três mitos, que Pracontal magistralmente revela:

“1) O mito de que em ciência tudo é possível, mito credenciado pela apresentação simplista que a mídia faz da pesquisa: todo dia, são anunciados novos resultados espetaculares, novas descobertas sensacionais; então, por que as afirmações fantásticas dos impostores, elas também, não seriam exatas?

2) O mito da revolução científica, realizada sem nenhum esforço por um gênio que uma bela manhã se levanta dizendo: ‘Hoje vou revolucionar os fundamentos da física!’. Seria agradável se a ciência progredisse dessa maneira, mas a realidade é mais complexa. Só que a história das ciências é mal conhecida pelo público e, nesse ponto, mais uma vez, a mídia raramente retifica a mira do tiro.

3) O mito do gênio desconhecido: quando está privado de verdadeiros argumentos científicos, o que acontece muito logo, o impostor desloca a discussão pretendendo que querem reduzi-lo ao silêncio, que sua descoberta é inovadora demais para ser aceita, e assim por diante. Como existem efetivamente exemplos históricos em que não deram atenção aos verdadeiros inovadores, pelo menos num primeiro momento, e como muitas pessoas gostam muito da idéia do gênio desconhecido, o argumento é quase irrefutável.” P. 85.

A fragmentação do saber científico também tem contribuído decisivamente para a proliferação dos embustes científicos. Pracontal diz:

“A fragmentação do saber e da prática científica multiplica as áreas que são dominadas apenas por um número muito pequeno de especialistas. A isso se junta o fato de que até mesmo os especialistas nem sempre têm um bom conhecimento da história de sua especialidade [...] Os exemplos que balizam essa lição esboçam o retrato de uma ciência movida pela esperança irracional, os preconceitos, a busca da glória, a rivalidade, os lances ideológicos e os interesses econômicos, assim como pela busca da verdade”. P. 117.

Nas mais de quatrocentas páginas, vão sendo citadas várias imposturas científicas, que vão desde Cientistas renomados a charlatães, como Uri Geller. A lista é grande e, infelizmente, parcial, pois o número de imposturas é muito maior. Eis algumas:

Cyril Burt com a sua tese de que a inteligência é hereditária...

Dean Hamer e a “descoberta” do “gene gay”...

Antoine Priore e sua máquina de curar o câncer...

Jacques Benveniste e sua afirmação de que a água possui memória...

O caso Roswell...

Charles Dawson e o Homem de Piltdown...

Mendell e suas ervilhas (mas ironicamente essa impostura serviu a Ciência)...

Paul Kammerer e o Sapo Parteiro...

Várias histórias de Cientistas e suas teimosias são contadas. Uns acreditando firmemente que estavam certos; outros, descaradamente falseando os dados. Até mesmo as prestigiadas revistas Science e Nature têm o seu quinhão na divulgação de imposturas, sendo apressadas em publicar resultados que precisavam passar por um crivo mais rigoroso, antes que tais imposturas fossem parar em suas páginas. Os charlatães caras de pau, que não têm nenhuma vergonha em enganar as pessoas, também são listados. Há muitos exemplos dados pelo autor, que deixei de mencionar aqui.

É um ótimo livro.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

O Povo Brasileiro


Darcy Ribeiro foi Antropólogo, escritor e político. Desenvolveu importantíssimos trabalhos nas áreas da Sociologia, Antropologia e Educação. Foi uns dos fundadores da Universidade de Brasília e seu primeiro reitor. Tem 36 obras publicadas, e entre elas está O Povo Brasileiro, lançada em 1995, uma obra que conta a história dos povos que originaram a nossa nação e dos povos que atualmente fazem parte dela. Nesta obra, o Darcy mostra toda a sua dedicação e amor pelos índios e pelo nosso país. Este filme é baseado nessa obra e conta com a participação mais que especial dos cantores e compositores Chico Buarque e Gilberto Gil - também fazem parte, o Cientista, Filósofo e Professor universitário Aziz Nacib Ab'Sáber, o conceituado Jornalista Washington Luís Rodrigues Novaes, o Historiador Carlos Serrano, o Antropólogo francês François Neyt e o ator Matheus Nachtergaele, que na época em que o filme esse documentário foi produzido, nem era o ator consagrado que é hoje.  O filme é dividido em duas partes, só a primeira tem pouco mais de três horas de duração e mostra a origem de nosso país em três matrizes. A Matriz Tupi, Lusa e Afro. O filme mostra que somos uma cultura sincrética. O Chico Buarque lê um trecho do livro, que diz:

Surgimos da confluência do entrechoque, do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e com negros africanos”.

Aí está a nossa origem! E um pouco mais adiante o filme começa a falar da Matriz Tupi.

MATRIZ TUPI

O  Matheus Nachtergaele nos conta que em 1500, o número de índios no Brasil podia totalizar entre 1 a 8 milhões, distribuindo–se da Foz do Oiapoque ao sistema fluvial do Paraná, Paraguai e Uruguai. Aziz Ab` Saber, nos diz que os índios Tupinambás eram o mais aguerridos e os mais diversificados em sua cultura. Nas palavras de Darcy:

[...] chegaram a conhecer a natureza em detalhe, sabia o nome de cada bichinho, de cada planta e sabia pra quê servia ou não servia”.

Eis os fatos que o filme nos apresenta sobre os índios:

Eles eram auto–suficientes, sabiam tudo que precisavam fazer. Sabiam fazer a sua casa, sua roça, seus intrumentos, seu arco, sua flecha, sua canoa e etc.

Os Tupinambás foram os índios que tiveram mais contato com os europeus, se dedicaram a caça e as festas

Viviam em malocas, cada maloca podia caber até 600 pessoas.

Havia liberdade sexual, exceto o adultério feminino, que podia acabar em espancamento.

O divórcio era simples e fácil de se concretizar.

A homossexualidade era comum, não era segredo pra ninguém.

As divisão de tarefas entre homens e mulheres era bem acentuada.

Para os indígenas não havia uma delimitação clara entre trabalho e arte. Cada coisa tinha que ser perfeita.

Os Tupinambás tinham um macabro, sinistro e complexo ritual de sacrifício quando pegavam um prisioneiro de outra tribo.

O filme mostra impressionantes imagens dos índios em suas aldeias, fazendo as mais inúmeras tarefas. Isso se deve ao fato de o Darcy ter passado vários meses vivendo com eles. E nessa estadia com os índios, ele conheceu a figura carismática, o Anancanpucum, um índio informante, que Darcy considera o homem mais sábio que encontrou na vida. Pois ele lhe ditou toda a sua genealogia de mil e cem nomes! Então Darcy faz a pergunta:

Qual é o nobre que é capaz de ditar espontaneamente mil e cem parentes?”

Tem toda razão. No final da Matriz Tupi é dito que herdamos vários  hábitos dos indígenas, tais como: o banho diário, centenas de frutas e ervas. Mas a maior herança que eles nos deixaram é o testemunho de que um povo pode viver magnificamente integrado a natureza, respeitando–a. Nas palavras de Washington Novais:

“O índio desde que nasce, ele aprende a se relacionar com tudo de forma bonita, tudo tem rituais, o índio festeja o plantio, o índio festeja a colheita, festeja o nascimento, e não festeja mas ele cultua a morte. O índio se enfeita muito, o índio canta muito, o índio dança muito, o índio brinca muito, o índio rir muito. Eu acho que é muito difícil pra nossa nossa cultura suportar tanta beleza.”

Dizer que "nossa cultura não suporta tanta beleza", é balela. O brasileiro "comum" rir muito, festeja muito, brinca muito, a sua maneira. Essa idealização da cultura indígena em detrimento da cultura tecnológica e liberal, não passa de pura hipocrisia, visto que o Novais prefere viver na última. 

MATRIZ LUSA

Nessa segunda Matriz, o filme nos mostra a precocidade de Portugal e o surgimento com nação, a primeira do mundo. A Judith Cortesão que é portuguesa nos diz que Portugal tem as fronteiras mais antigas da Europa. Uma faixa estreita com apenas um milhão ou um milhão e meio de habitantes. Portugal era um país de pescadores e de navegadores, haja vista o seu território praticamente todo voltado para o mar. É por isso que o filme nos mostra através do depoimento do Roberto Pinho que nos conta que a tecnologia naval de Portugal foi desenvolvida de maneira diferente dos países europeus por uma questão de sobrevivência. E a consequência disso foi a sua chegada ao Brasil.

O filme vai traçando a história de Portugal dessa maneira:

Portugal sempre foi ponto de encontro de vários povos de culturas diferentes e foi palco de várias invasões, que de certa forma trouxeram vários costumes a cultura portuguesa. No século VIII a.c, os fenícios invadiram a península trazendo a metalurgia do ferro e a primeira escrita, juntamente com o conselho da cidade; logo após, vieram os gregos e os cartagineses marcados pela navegação e o comércio. Em 218 chegam os romanos que trazem consigo um latino impuro que dá origem a língua portuguesa e espanhola. Após isso, apropriaram–se da península os bárbaros, visigodos e alanos; até a invasão dos árabes que introduzem os algarismos arábicos.

Graças a estes fatores os portugueses conseguiram ter um bom desenvolvimento em sua tecnologia naval, como em seu comércio de especiarias que respectivamente chegaram na península com os gregos e cartagineses, sem falar no uso do astrolábio e da bússola que foram invenção dos árabes e chineses.

Pode–se concluir que o povo português e consequentemente o povo brasileiro, são uma miscigenação cultural de árabes, romanos, gregos e outros povos que participaram deste processo de formação cultural portuguesa.

MATRIZ AFRO

Nessa matriz o filme nos conta que a espécie humana surgiu na África há milênios. Isso é verdade. É quase unaminidade entre os estudiosos concordarem com isso. A África é um continente que vem abrigando ao longo do tempo povos e nações das mais variadas. O Darcy nos diz que o negro era massa substancial da força de se fazer trabalho no Brasil. Afinal de contas, eles trabalharam arduamente na construção desse país.  O Matheus Nachtergaele revela que os primeiros africanos que chegaram aqui vieram da costa ocidental africana ao norte do Equador. E nos relata algumas características dos povos bantus:

Possuíam objetos de cerâmica

Praticavam a agricultura e criavam gado

Haviam domesticado várias plantas

Dominavam as técnicas de metalurgia

E antes dos europeus chegarem a África, se ordenavam em Estados

Conheciam o comércio, a moeda e a escravidão

Conferiam um valor sagrado ao ferro

O sagrado estava presente de maneira intensa em todas as áreas da vida

Acreditavam na existência de dois mundos, o visível e o invisível

E reverenciavam os seus antepassados

O filme passa agora a relatar as características do reino do Congo, a lista é a seguinte:

Existia três ordens, a aristocracia, os homens livres e os escravos

O rei não era confundido com os comuns mortais

O rei cometia incesto com a irmã e assim tornava–se o sem–família.  Podendo agora ter domínios sobre as todas as pessoas do reino

E assim o filme vai nos revelando mais uma faceta da nossa origem. Fala da chegada dos nagôs, iorubás e gegês. Esses povos trouxeram os voduns e orixás e orikis. A mãe de santo Estela de Oxóssi faz uma observação importante sobre o porque da cultura e religiosidade negra está tão enraizada no nosso cotidiano:

“Quando você consegue uma coisa, você tem uma coisa e pra isso você se sacrificou, você chorou, você passou horas com isso, você valoriza muito mais aquilo. Se você sofreu por causa daquilo é evidente que você valoriza muito mais. Daí que a religião africana chegou ao brasil através de muito sofrimento, de muitas perdas, e isso fortaleceu o descendente de africano. Porque ele sabe ‘que se eu tenho meu orixá, eu sofri por causa dele, eu apanhei por causa dele, por causa da minha linguagem, por causa do meu nome, da minha forma de ser. Se as pessoas quiseram cortar essa característisca minha, é porque ela é de muito valor e ameaçava’. Você vê que foi plantado uma vida no negro pra um novo mundo e ele cultivou ao moldo dele e conseguiu florescer muita coisa e está sendo preservada.”

Eis um exemplo de perseverança e fé.

E para concluir o Darcy diz:

“A cultura brasileira, tem por sua base a negra, por sua base índia. Já incorporou essas bases. Tem um vigor que vai permitir que ela floresça formidavelmente. E floresça não por peculiaridade, mas por criatividade.”

E o Chico Buarque concorda:

“O negro vem a ser o componente mais criativo na cultura brasileira.”

Haja vista sua culinária, suas festas, a Capoeira e etc...

O Povo Brasileiro é um documentário extenso, composto por dois DVDs. Resumi (por preguiça) apenas as três primeiras partes do primeiro DVD, ainda temos nele: Encontros e Desencontros, Brasil Crioulo, Brasil Sertanejo e Brasil Caipira. No segundo DVD, temos Brasil Sulino, Brasil Caboclo e Invenção do Brasil.

Há críticas sérias que podem ser feitas as conclusões do Darcy e dos outros que participam, no entanto, é um documentário magnífico.

O documentário completo está no YouTube, dividido em 30 partes. 


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Documentários Vistos (25)

O Cristal: A Droga Mais Perigosa do Mundo


E assim a sociedade vai afundando e se deteriorando ainda mais. As pessoas sabem e conhecem o que as drogas fazem, mas, mesmo assim, acabam tendo a infeliz ideia de que poderão experimentar e não se viciar. Aí, já sabemos as consequências trágicas de uma atitude burra e irracional dessas aonde vai dar.

Infiltrados: A Nova Droga, Bath Salts


É Triste. Mas a sociedade já perdeu a guerra contra as drogas faz tempo. Nem os fuzileiros navais dos EUA conseguem deixar de usá-las. E pior, nem tratamento podem buscar, porque se for descoberto que usam narcóticos serão automaticamente expulsos das forças armadas.

Se o Estado COIBI/REPRIMI/IMPEDI/DESAPROVA/DESAUTORIZA o uso da maconha, LSD, cocaína, heroína e etc, os traficantes conseguem ultrapassar toda essa proibição criando novas drogas sintéticas que entram no mercado e supri a demanda de usuários, que não é nenhum pouco pequena. Como os próprios policiais dizem: “Eles sempre estão há um passo a nossa frente”.

Agência Antidrogas dos Estados Unidos 


Agências Internacionais antidrogas depois de mais 30 anos tentando reunir provas concretas e irrefutáveis contra Monzer Al-Kassar (terrorista e contrabandista de armas e drogas) acabam finalmente encontrando-as. Mas enquanto esse criminoso foi preso, a vida já está dando conta de forjar outros bandidos do mesmo naipe. 

Drogas S/A: Mardi Gras


O Mardi Gras é uma festa de carnaval que acontece todo ano em Nova Orleans, EUA, que atrai turistas de todo mundo. E onde tem festas, tem drogas. -_- Nesse vídeo o pessoal da NatGeo acompanha o passo a passo dos traficantes de drogas durante duas semanas. Uns vendem drogas verdadeiras, e outros vendem drogas batizadas (falsas). O cara compra aspirina, farinha, talco de bebê e vende como se fosse droga. Putz, que traficante desonesto. O pilantrão acaba prejudicando o traficante que está lá, trabalhando “honestamente”.

Drogas S/A: Corrida Contra o Tempo


O Estado do Colorado está na dianteira no comércio de maconha medicinal nos EUA. Lá a maconha é liberada para os pacientes que não obtém resultados para as suas dores ou doenças com os remédios convencionais; eles podem fumar um baseado, comer um biscoito, bolo ou qualquer outra coisa feita de maconha, para se tratarem. O documentário mostra que na medida em que o uso da maconha ajuda muitas pessoas que realmente estão precisando, outras se aproveitam da liberação da cannabis, para uso e comércio ilícito. Aí, meu amigo, sobra pra polícia coibir e prender esses espertinhos. 

A maconha ou alguns de seus componentes começaram a ser liberados para uso medicinal em muitos Estados norte-americanos há quase duas décadas (Califórnia foi o primeiro). Os anos dirão qual o resultado dessa liberalização. Até o momento, apesar dos exageros e má fé de alguns ou talvez de muitos, foi a melhor decisão a ser tomada, segundo meus parcos conhecimentos, baseados nos vários documentários assistidos sobre o tema.

Documentários Vistos (24)

Assassinos em Série: Andrei Chikatilo, o Carniceiro de Rostov


Andrei Chikatilo teve uma infância terrível na antiga URSS. Vivia na Ucrânia, uma região completamente devastada pelas tropas impiedosas do sanguinário Stalin. Sua irmã mais nova foi vítima de canibalismo. Some-se a isso, o fato de Chikatilo sempre ser alvo de chacotas como aluno na época escolar, e como professor, quando exercia a docência numa instituição respeitável na URSS. Não havia respeito algum por sua pessoa.

E para piorar, era um impotente sexual, que não conseguia exercer sua libido devido a essa incapacidade que o acompanhou durante toda a sua vida. Numa mistura de frustração e PERVERSIDADE, matou e mutilou num período de 12 anos (1978-1990), cerca de 52 pessoas, nas faixas etárias de 9 a 45 anos. 

A história desse serial killer é um prato cheio para Psicólogos, Psiquiatras, Antropólogos e Psicanalistas analisarem os sombrios caminhos que a mente humana pode percorrer. As variáveis e fatores que o levaram a cometer todas essas atrocidades são bem complexas e instigantes do ponto de vista científico.

Instinto Assassino: O Maníaco do Trianon


O cara foi estuprado por um caminhoneiro quando tinha 12 anos, ai, resolveu se vingar quando adulto. Virou garoto de programa, e matou com requintes de muita crueldade 5 homossexuais. A justiça brasileira o condenou a 8 anos de cadeia. Pois foi constatado, que ele tinha transtornos mentais. Brasil e sua "justiça". Pelo menos o infeliz morreu antes de sair da prisão.

Conspirações Contra Jesus: Maria Madalena, a Mãe do Cristianismo?


Tradicionalmente Madalena foi considerada uma vendedora de prazer, devido a um sermão pregado pelo papa Gregório, em 591. Mas não existem evidências nos evangelhos de que ela fosse uma puta/rapariga/rameira/piriguete ou algo semelhante. Nesse documentário, a Discovery entrevista vários estudiosos dos primórdios do cristianismo, que acreditam que ela teve um papel mais importante e proeminente nas eras iniciais da igreja cristã. 

Baseado em um dos evangelhos gnósticos encontrados no Egito parece até que Madalena e Jesus andavam se pegando de vez em quando. O Evangelho de Filipe nos dá evidências de que Jesus costumava dar uns beijos na boca de Maria vez por outra. Acho que eles poderiam colocar pelo menos uma voz dissidente que pudesse contra argumentar as considerações dos pesquisadores que aparecem no vídeo. Não senti força argumentativa na fala de muitos deles.

Os Incrédulos



Richard Dawkins (Ph.D em Biologia e ex-Professor de Zoologia na Universidade de Oxford; foi Professor de Zoologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley; membro da Royal Society, na Inglaterra) e Lawrence Kraus (Ph.D em Física no Instituto de Tecnologia de Massachusetts; foi Professor da Universidade de Yale e Harvard; é Professor da Universidade Estadual do Arizona), são os protagonistas desse documentário produzido para convencer o público da SUFICIÊNCIA da CIÊNCIA em EXPLICAR as coisas, em DETRIMENTO da religião, que NÃO explica bosta NENHUMA.

Vários trechos de palestras, discursos, diálogos (entre os dois) e debates com oponentes vão sendo intercalados, com o intuito de provar que a CIÊNCIA atrelada ao ATEÍSMO é o CAMINHO mais CONFIÁVEL e RACIONAL na busca da VERDADE. Acredito que em alguns pontos eles estão certos. Tenho vários amigos verdadeiramente cultos que são religiosos, mas não me vejo fazendo as coisas que eles fazem e pensam. Penso que são malucas demais! 

No final do vídeo é mostrado um evento, chamado Comício da Razão, realizados por eles (ateus), e em vários momentos eles falam na Razão como sendo o caminho trilhado por eles. Mas aí vai minha pergunta, aliás, pergunta essa que já faço a alguns anos, emprestada do Norman Geisler, Ph.D em Filosofia pela Universidade Loyola, membro da Associação Científica Americana, Sociedade Filosófica Americana e da Sociedade Americana de Religião:

“A maioria dos ateus se orgulha de ser racional. Mas para que ser racional se o universo é o resultado do acaso irracional? Não há razão para ser racional num universo aleatório. Logo, o maior orgulho dos ateus não é possível sem Deus.” P. 86. (Enciclopédia de apologética: respostas aos críticos da fé cristã. Tradução Lailah de Noronha — São Paulo: Vida, 2002).

NENHUM, eu digo, NENHUM ateu, até hoje, respondeu SATISFATORIAMENTE esse questionamento! 

A Ira de um Anjo



História assustadora dessa menina de apenas 6 anos de idade. Foi abusada pelo pai biológico quando ainda era um bebê, e como trauma, desenvolveu um sentimento de crueldade assustador. Queria matar os pais e o irmão; se masturbava todos os dias, até quando estava em lugares públicos; vivia maltratando e molestando o seu irmão mais novo; torturava e matava passarinhos. 

Uma criança fria, calculista, sem amor, sem compaixão ou empatia. Já é chocante ver esse tipo de personalidade e conduta em um adulto, quanto mais em uma linda menininha de 6 anos. Mas parece que depois de um tratamento intensivo, ela melhorou bastante e conseguiu se reintegrar a sociedade.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Documentários Vistos (23)


Foram para o Iraque e Afeganistão matar, e muitos voltaram com estresse pós-traumático. Uma doença incurável. A química do cérebro se alterou. Ficaram dependentes de vários remédios; com tendências suicidas, que antes da guerra eram inexistentes; depressão; e até órgãos mutilados e sentidos prejudicados pelas bombas e combates. O esporte, mais precisamente o surf, está salvando a vida desses veteranos. Uma verdadeira terapia da alma. 


A Netflix já gosta de colocar documentários sobre o mundo pornô. E eu já gosto de assistir. Esse aqui é nada mais nada menos sobre Rocco Sifreddi, um dos caras mais sortudos desse mundão. Depois de 20 anos de gravações com milhares, isso mesmo (e não centenas), milhares de mulheres, ele resolve parar. 

PS: Achei o material do vídeo, explícito demais para estar na Netflix.


Melancólico, triste e monótono. Assim como é a vida na Coreia do Norte. Um país onde o adestramento de pessoas é a regra do governo. De forma compulsória/coercitiva, ninguém escapa a “purificação” mental enfiada goela abaixo pelo regime comunista coreano. Crianças na mais tenra idade vão sendo metodicamente castradas em todas suas faculdades mentais, para servirem aos interesses do Estado. De vítimas, enquanto pequeninas inocentes, quando adultas, muitas passarão a ser vilãs, assim como o gordinho Kim Jong-un, atual ditador dessa merda, que nasceu inocente, mas foi sendo moldado nas doutrinas satânicas do seu pai e avô, e agora é um FDP, dando prosseguimento aos impropérios de seus predecessores. 

Under The Sun (Debaixo do Sol) foca o seu roteiro em uma típica família norte-coreana: marido, esposa e filha. Zin-mi, filha do casal está para entrar no coral das crianças no dia do aniversário do atual ditador. A princípio o documentário foi roteirizado e permitido pelo próprio governo, mas os produtores, na surdina, captaram imagens que não eram para serem exibidas, escancarando o que a Coreia do Norte realmente é. Uma farsa. Era para ser, com a permissão das autoridades daquele país, um vídeo que mostrasse a beleza, serenidade e alegria que comumente vive os núcleos familiares de lá, tendo como protagonista a apaixonante filha Zin-mi. O tiro saiu pela culatra. Os produtores tinham intenções mais realistas. A linda menina dos olhos puxadinhos, Zin-mi, como todas as crianças daquele país, terá um futuro totalmente limitado nos níveis mais básicos do intelecto, inteligência, livre pensar...


O que a Internet causou, causa e causará. O que ela causa: dar voz aos idiotas. Um aqui falando. 


A partir de 2007 uma guerra cultural entre fundamentalistas islâmicos e secularistas se intensificou no Paquistão, visto que os fanáticos seguidores de Maomé querem porque querem impor as leis islâmicas a todos os paquistaneses, sob a pena de serem mortos, todos aqueles que não obedecerem as rígidas normas de conduta ensinadas pelo Corão, livro sagrado dos muçulmanos. As crianças são as principais vítimas, pois são mergulhadas no mais profundo obscurantismo, tendo que decorar mecanicamente todo o Corão, que nem robôs. É uma situação lastimável. Quando um garoto é perguntado sobre o significado das palavras decoradas do livro sagrado, responde que apenas as decorou e que não sabe o que elas significam. Pessoas mais bem informadas estão tentando barrar esse fanatismo louco. Mas não é fácil, sobretudo, quando o Estado não dás as mínimas condições para que as crianças tenham uma boa educação escolar. As mesquitas, neste caso, a Mesquita Vermelha, pega essas crianças, as ensinam a ler, lhes dão um teto e lhes dão comida. Fora que ajuda os seus pais, quando eles precisam de algum remédio e outras coicinhas básicas. Não tem como competir com elas.

domingo, 1 de outubro de 2017

Documentários Vistos (22)

Pablo Escobar: O Rei da Cocaína


Esse FDP aterrorizou todo um país nas décadas de 1970/1980/1990. Não foram poucas às vezes em que o frágil, incompetente e por que não dizer corrupto governo colombiano teve que se render as ameaças e estripulias que esse traficante perpetrava naquela nação.

A própria população mais humilde estava ao lado de Escobar. Porque ironicamente este, muitas vezes “fez” mais por eles, que o próprio Estado. É difícil julgar negativamente um povo oprimido pela desigualdade social, pelo fato deste, ter em várias ocasiões ajudado o Escobar a escapar da polícia. Mas é complicado demais também, em certos momentos não se indignar com o apoio que a população deu a uma figura que assassinou tanta gente.

De qualquer forma, esse FDP já está morto desde 1993. Mas infelizmente, o seu legado continua. O tráfico de cocaína aumentou astronomicamente depois de sua ida para o além. E muitas pessoas pobres que foram “ajudadas” por ele, compuseram até pequenas cantingas que o homenageiam. O cara é uma LENDA, um MITO, na Colômbia. 

Trágico!

Vem de Cuba


Quando em 2013, a então presidente Dilma sancionou o projeto Mais Médicos, como é de praxe, aconteceu o maior bafafá nas redes sociais, com uns a favor que os Médicos cubanos viessem, e outros contra a vinda dos pretinhos de Cuba. Esse documentário fresquinho, lançado essa semana, traz um estudo de caso, sobre o Mais Médicos na cidade praieira de São Miguel do Gostoso, no interior aqui do Estado. A população da cidade aprova o projeto, alegando que os Médicos cubanos são mais dedicados que os Médicos brasileiros. Dois Médicos de Cuba são entrevistados, e o vídeo de de quarenta e um minutos, revela um pouco do que tem sido o trabalho deles realizado nessa cidade. Um bom documentário. Não sei informar, como está sendo o trabalho do Mais Médicos em outras cidades e regiões do Brasil, mas em São Miguel do Gostoso, o trabalho tem sido promissor, na medida do possível, é claro, visto que a situação dos postos de saúde são sempre bem precárias, como estamos carecas de saber.

Por Dentro de Alcatraz


Até hoje o FBI procura o trio que conseguiu fugir da primeira prisão de segurança máxima do mundo, em 1962. Conseguiram o impossível. A History trás a história da prisão na baía de São Francisco e a engenhosidade dos prisioneiros que burlaram a segurança de Alcatraz, fazendo com que ela fechasse um ano depois, posto que mostraram ao mundo que ela não era invencível, envergonhando o diretor e guardas que nela trabalhavam, que orgulhosamente pensavam que ela era a prova de qualquer fuga.

Segredos de Estado: Cientologia


L. Ron Hubbard, fundador da Cientologia, religião com sede em Hollywood, disse que se você quer ganhar dinheiro, crie uma religião. Pois bem, ele criou uma, e ganhou muito dindin com ela. A Cientologia continua próspera e angariando muito dinheiro de pessoas carentes e psicologicamente frágeis. Controle da mente e da vida, alienação, estupro do pensamento crítico, eis algumas características dessa religião. Qualquer semelhança com outras igrejas e crenças religiosas, não é coincidência. 

Tabu: Devoção Suprema


Auto-flagelações, sacrifícios de animais e incorporações de espíritos, três práticas de devoção que têm perdurado, e não dão sinais de que irão sucumbir, diante do avanço da Ciência e da Tecnologia. A sede por algo além dos cinco sentidos é intrínseca a condição humana, mesmo que para satisfazer a busca por esse algo transcendente, o fiel tenha que fazer coisas estranhas e fora do comum.