Terminado o livro que trata do primeiro livro. O livro das origens, dos começos, do início das eras e dos tempos. Como ler o primeiro livro da coletânea de livros mais polêmica da história? O escritor, Tremper Longman, Ph.D em Estudos do Oriente Próximo pela Universidade de Yale, EUA, com seu amplo conhecimento do mundo antigo, faz o leitor passear pelas lendas e mitos das primeiras civilizações humanas, com suas epopeias e estórias sobre a criação do mundo e dos seres humanos.
O autor, humildemente por todo o livro, reitera várias vezes que apesar do acúmulo de conhecimento e estudos sobre o contexto histórico-social das épocas que abrangem as histórias do Gênesis, somos ainda bastante ignorantes sobre muitas coisas relacionadas a ele. Página após página, eu me deparava com expressões “não sabemos”, “não temos certeza”, “isso é incerto”, ou algo parecido. Segundo ele, muitos trechos do livro são enigmáticos e carecem de uma explicação convincente até o momento.
Num determinado capítulo, ele mostra com detalhes as inúmeras similaridades entre a história de Noé e o dilúvio presente no texto bíblico, com a epopeia de Gilgamesh, um mito babilônico. As semelhanças são incríveis. Como olhar para essa intrigante e excitante questão (outros diriam problema)? Os hebreus copiaram dos babilônios? Se a reposta for afirmativa, como fica a questão da (suposta) inspiração divina do texto? Ou ambas as histórias/estórias são uma evidência de que um dilúvio realmente aconteceu, e ambos os povos relataram o evento dentro de suas respectivas tradições religiosas, sendo a registrada no Gênesis como a história “verdadeira”?
E quanto às brigas e picuinhas “científicas” que pairam como um encosto demoníaco sobre o Gênesis, o Longman que não é besta, não entra nos detalhes “científicos” que o envolve. Ele sabe que tocar nessa questão é entrar numa polêmica sem fim e infrutífera. Gênesis analisado/avaliado/escrutinado à luz da ciência moderna seria reprovado em vários quesitos. Normal, pois não é um livro de ciência.
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