terça-feira, 30 de maio de 2017

Eu Sou Sun Mu


Moroso, parado, lento, enfadonho. Talvez reflita o que é a vida monótona e sofrida da parte norte da Coreia. Sun Mu é um desertor da Coreia do norte. Uma alma abastarda que conseguiu fugir do país, por um rio, chegando a China, e por sorte, durante uma semana, passando por todo o território chinês, passando pela Tailândia, chegou finalmente a terra da liberdade, a Coreia do Sul. Caso ele fosse descoberto como um desertor na China, seria deportado para a Coreia do Norte, visto que os dois países são nações amigas, socialistas e parceiras nos crimes contra a humanidade.

Sun Mu é um artista, um pintor, que retrata em suas pinturas e quadros, a realidade do que é a vida em seu país natal. Vida nada fácil e nada agradável. Vida de escravidão e submissão completa aos três ditadores comunistas/socialistas daquele país.

É um artista talentoso, que ainda no período em que esteve na Coreia do norte, já fazia suas pinturas e quadros, tudo dentro das regras impostas pelo governo norte-coreano. Ele conta que era/é estritamente proibido fazer quadros, ou pinturas do chefe do governo, o ditador. Numa certa ocasião, ele fez um desenho de Kim II-Sung, o primeiro ditador morto em 1994, que ainda hoje, os habitantes coreanos são obrigados a prestar-lhes reverências, adorações e homenagens. Sun Mu teve medo de ser pego e punido severamente pela blasfêmia de desenhá-lo. Felizmente não chegou ao conhecimento de ninguém, o infame desenho.

Sun Mu, agora livre, expõe sua arte pelo mundo, nas várias galerias que o convidam para expor o seu talentoso trabalho. Sua arte pode ser mostrada sem muitos problemas, como já foi, em exposições na Coreia do Sul, seu novo país, e noutras galerias de arte na Europa, por exemplo. Apesar dele preservar o seu rosto, sendo bastante discreto e cuidadoso, visto que nunca se sabe o que governo da Coreia do Norte pode aprontar.

Sun Mu recebe um inusitado convite para apresentar seus quadros na China, país nada amigável da liberdade, e conhecido por restringir criminosamente a autonomia de seus cidadãos. Ele aceita o perigoso convite. Os preparativos vão sendo feitos pelo seu contratante, um artista chinês, preocupado em divulgar em seu país, o que um “rebelde” norte-coreano tem a dizer através da pintura o que é o dia a dia de seu antigo país “abandonado”.

Os materiais vão chegando, a galeria aos poucos vai sendo toda decorada com os quadros de Sun Mu, os detalhes vão sendo discutidos e ajeitados. Um clima de tensão se instala entre o dono da galeria que convidou Sun Mu, e este. Ambos devem ser extremamente cautelosos. Estão preocupados, mas mesmo assim, resolvem ir em frente. Sabem que em Pequin, existem vários agentes da Coreia do Norte.

O dia D chega. A galeria é aberta ao grande público. Sun Mu está em Pequin com a sua mulher e suas duas lindas filhas pequenas. Teme por ele e por sua família. Não demora muito para que a galeria comece a causar um grande incômodo ao governo chinês. A galeria é fechada. As autoridades não chegaram a ver Sun Mu. O dono da galeria é coagido a prestar depoimentos por vários dias, e seu telefone é vigiado pela polícia.

O documentário tem um final feliz, no sentido de que Sun Mu não é pego, embora esse fosse um perigo real. E tomara que o dono da galeria não seja mais importunado pelo governo chinês. Na China basta você soltar um pum que não agrade aos governantes, para que seja feito de cobaia pelo Estado.

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