“Só a
educação importa, especialmente quando se é negro.” – Seyolo Zantoko.
Racismo e discriminação em relação aos negros é algo disseminado por
quase todo o planeta. Na França dos anos 1970, não foi diferente. Um Médico
africano, nascido no Zaire, por nome Seyolo Zantoko, formado em Medicina na
França, depois de rejeitar por honestidade e consciência limpa, a função de ser
Médico do Presidente corrupto de seu país, resolve exercer seus conhecimentos
medicinais, na pequena e pacata cidade rural francesa de Marly-Gomont.
Detalhe: nunca nenhum negro tinha pisado nessa cidade. Um lugar
provinciano e com moradores cheios de preconceitos.
Doutor Zantoko chega a cidade cheio de vontade de trabalhar e ajudar na
saúde de seus habitantes. A cidade estava sem Médico, sendo a clínica mais
próxima a 15 quilômetros de distância com o Doutor Vinquier. De cara os
moradores não acreditam que quatro negros (Zantoko, sua mulher, uma menina e um
menino) estão pondo os pés em sua cidade, e pior: irão morar nela.
Não demora muito para que as crianças sejam alvo de piadas racistas e
humilhantes na escola. Zantoko não consegue um paciente sequer para atender. Eles
preferem ir na cidade mais próxima, a serem atendidos por um Médico negro africano.
Até numa epidemia de gripe na cidade, ninguém foi ao seu consultório. Não acreditam
que ele possa exercer a Medicina com competência e seriedade. Negros não estão
aptos para um trabalho tão nobre e difícil, pensam eles.
As contas vão chegando, o dinheiro vai escasseando, e Zantoko não tem
ainda nenhum paciente. Quando consegue dois pacientes, estes não lhe pagam,
pois dizem que ele não é Médico de verdade, se comparado com o Médico da cidade
vizinha.
Ele precisa trabalhar, ganhar dinheiro para sustentar sua família. Sem opções,
ele vai trabalhar como agricultor, escondido de sua mulher, que está bastante chateada
em ir morar num lugar que não os aceita, visto que também, ela jurava que iria
morar em Paris.
Um dos moradores e futuro candidato a prefeito diz a Zantoko:
“Não me
entenda mal, mas essa é a França provinciana. As pessoas estão acostumadas com
o que elas conhecem.”
Elas não conheciam uma pessoa de “cor”. Não estavam prontas para serem
examinadas por uma pessoa vinda da África.
O Médico africano tem a chance de mostrar seu valor quando é chamado às
pressas, depois da missa de Natal, a casa de uma mulher que estava no trabalho
de parto. Quando ela o vê, se nega, mesmo morrendo de dores, a fazer o parto
com ele, xingando-o, com todos os nomes que possamos imaginar. Mas não tinha
jeito – ou ela teria o seu bebê pelas mãos dele, ou morreria ali mesmo. O parto
acontece, e ela e seu marido ficam muito gratos por ele ter lhes ajudado.
A partir daí sua carreira como Médico da cidade começa a deslanchar. Os
moradores guardam seus preconceitos bobos e vão se consultar com ele. Apesar de
tudo está finalmente indo bem, Lavigne, candidato a prefeito arma uma cilada
contra ele, impedindo Zantoko de trabalhar até que sua situação fosse
devidamente averiguada pelo governo francês. Nas eleições o atual prefeito se
reelege e Zantoko volta a trabalhar tranquilamente em seu consultório, com a
aprovação de toda a pequena cidade de Marly-Gomont.
É uma linda história real. Apesar de abordar o tema espinhoso do
racismo, é uma história leve e muito gostosa de se ver. Mais um filme aprovado.
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