quarta-feira, 14 de junho de 2017

Cores do paraíso


Regime do Apartheid na África do Sul. Ano 1976! Estudantes se organizam para fazer um grande protesto contra a segregação que sofrem há décadas das autoridades brancas. Muntu Ndebele vive um pouco melhor que seus irmãos negros, pois possui carro, uma futura bolsa de estudos para entrar na Universidade e trabalha como ator de filmes. Mesmo com o seu modesto prestígio, ele ainda vive em sua comunidade e estuda num colégio humilde, destinado a negros. Inconformados com o racismo e discriminação, os estudantes protestam em Soweto e são recebidos com balas pelo exército sul africano. Esse grande marco contra o preconceito ficou conhecido como o Levante de Soweto, ocorrido em 16 de junho de 1976.

Muntu e sua paquera, Sabela, estavam participando do protesto, quando Sabela é atingida por uma bala. A partir daí, tudo começa a desandar, visto que Muntu agride um chefe da polícia, tendo que fugir, e sendo cooptado para o exército da guerrilha do CNA, partido fundado por Nelson Mandela, para extirpar por meio da violência as autoridades opressoras do povo negro sul africano. Ele consegue fugir do acampamento, volta para Soweto em busca de sua amada, mas ela já está casada a contragosto com um chefe tribal, que pagou uma ótima bolada para o pai de Sabela.

Muntu numa reviravolta em sua vida, se envolve no crime, com muitos roubos e associações com a gangue de Bomba, um bandido que também quer derrubar o sistema do Apartheid. Ele luta para conseguir a sua adorável Sabela, sem sucesso. Muntu se envolve com a namorada de Bomba, engravidando-a. A feiticeira que dá conselhos espirituais ao criminoso Bomba, revela que o filho não é dele, e que essa criança precisa ser sacrificada para que ele tenha muito sucesso em seus negócios. A criança não é morta, mas Busy, sua mãe é queimada por traição e delação, na frente de Muntu, que tenta impedir.

Muntu sem rumo na vida, cai no universo das drogas, quando finalmente é visitado por um grande amigo branco da infância, que tenta-o tirar do buraco de onde se encontra. Ele se nega a sair, mas no final do filme, numa cronologia de cerca de trinta anos após o massacre dos estudantes em 1976, em uma homenagem aos estudantes mortos, Muntu já está em fase de recuperação e depois de três décadas consegue ficar junto com o amor de sua vida, Sabela.

A princípio pensei que Cores do Paraíso fosse apenas uma ficção contada dentro contexto cruel e devastador do regime racista na África do Sul. Entretanto é uma história real, que nos passa o quanto o apartheid desestruturou aquele país. Mesmo com Mandela solto e eleito Presidente em 1994, a coisa ainda estava feia por lá. Com grupos rebeldes que não o aceitavam no poder, por ele ter desistido de algumas de suas convicções.

Cores do Paraíso nos ambienta nesse clima de tensão e de ideias opostas entre os vários negros oprimidos pelo governo. Havia vilões e bandidos negros querendo se aproveitar da situação desesperadora em que se encontrava o país naquele momento. Havia pessoas honestas e íntegras, mas que por vários motivos e contingências do destino entraram por um caminho equivocado, como foi o caso de Muntu.

Filme muito bom. Filme realista.

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