“O gueto é a prisão mais cruel. É um castigo peculiar. Nós nascemos
nele. Igual aos coitados da Coreia do Norte, que cumprem pena por algo que o
avô fez. Não precisa de muros para manter as pessoas dentro. E, quando nascemos,
não sabemos o que fazer com a liberdade. Por mais bonita que pareça.”
A criminalidade não tem fim nos guetos afros. Negros
matando negros. Consumo e tráfico de drogas, que geram mais mortes e inimigos.
Irmãos de cor vendo-se como adversários mortais. As gerações vão se sucedendo,
e a história vai se repetindo. Há muitas décadas, a comunidade negra continua
no fundo do poço, devido a vários fatores, como a pobreza, desemprego, falta de
oportunidade, descaso do governo, racismo dos brancos (sim, isso mesmo)...
Junte-se a tudo isso, a índole ruim de muitos pretos, e está formada uma sociedade
doente e sem esperanças. Filmes e mais filmes vêm retratando essa realidade dura
e cruel que acomete milhões de afro-americanos. Muitos têm caráter e bom
coração, mas infelizmente, as circunstâncias os forçam a fazer besteiras.
Sonhos Imperiais traz a história de um típico jovem negro de
um bairro tomado pela criminalidade, recém saído da prisão por assalto a mão
armada. Sua mulher está presa, sua mãe é uma alcoólatra e drogada, que vive a
maior parte do tempo chapada, seu tio é um traficante, e de quebra, ele ainda
tem um filho pequeno para criar.
Como reconstruir sua vida na honestidade, se não há nenhuma oportunidade
em vista? Como não voltar para a vida do crime? Tentando viver de modo íntegro
e ser exemplo para a sua pequena cria, ele recusa a oferta de seu tio Shrimp de
deixar uma carga de drogas na cidade de Portland. Inconformado com a negativa
de seu sobrinho, o seu tio o expulsa de casa, junto com o seu filho. Bambi e
Dayton, sem terem para onde ir, vão morar dentro de seu carro velho e sem
gasolina, sem nenhuma estrutura mínima de conforto.
Shrimp: - Quando quer ir a
Portland? Preciso de alguém de confiança.
Bambi: - Eu não posso.
Shrimp: - Eu entendo esse lance de escrever. Você se sente mais
civilizado. Mas de que adianta se você não ajuda a sua família? Entendeu?
Bambi: - Eu posso limpar a
casa. Estou procurando um emprego para alugar um canto.
Shrimp: - Não é isso. Eu preciso
de ajuda de verdade. Não negão. Volte aqui. Você é grandinho. Quer morar aqui? Siga
a porra das regras.
Bambi: - É arriscado
demais.
Shrimp: - Eu estou cagando
para isso, sobrinho. Ou você vai a Portland, ou dá o fora. Minha casa não é um
orfanato.
Bambi: - Qual é? Nós não
temos lugar para ir.
Shrimp: - Estou avisando,
quando eu acordar se você não colaborar, não quero ver você, nem aquela porra
de moleque e nem aquela merda de carro que você estacionou na minha casa. Você
tem que merecer morar aqui. Escreva isso.
Bambi tem um sonho: ser escritor. Antes mesmo de ser expulso
da casa de seu tio, ainda quando estava na prisão, começou a escrever sobre a
sua história para não enlouquecer naquele lugar desumano. No carro, continua
escrevendo num caderno e lendo em voz alta, alguns trechos, para que seu filho
escute.
Dias depois, perde a guarda do filho, que fica sob a
custódia do Estado, mas um raio de esperança desponta no horizonte, quando
surge interesse de uma editora em publicar os seus escritos e memórias.
Filme muito bom.
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