TYSON, Neil deGrasse. Astrofísica Para Apressados. 1. ed. -
São Paulo: Planeta, 2017. (PDF).
Neil deGrasse Tyson (Ph.D em Astrofísica na Universidade de
Columbia, EUA), um dos Cientistas mais conhecidos no mundo, substituto do
finado Carl Sagan, na famosíssima série Cosmos, traz neste livro, a nível
básico, "as
principais ideias e descobertas que conduzem nossa moderna compreensão do
universo."
O negão de bigode chamativo, nos leva até ao início do
Espaço-Tempo, com o Big Bang, 14 bilhões de anos, até a atual conjuntura do
universo, onde estamos no limiar de talvez descobrir que este não é o único
Universo existente, mas apenas um, dentre muitíssimos outros - o Multiverso, sugere o bigodudo.
Diante das grandes descobertas já feitas pela Astronomia,
Tyson conclama a todos a serem mais humildes diante da grandeza do cosmos.
Vamos ao livro.
Quem já não festa está pergunta?
"Em um momento ou outro, todos nós olhamos para o céu
noturno e imaginamos: o que tudo isso significa? Como tudo isso funciona? E
qual é o meu lugar no universo?" P.
08.
Queremos um sentido para tudo. Todavia...
"O universo não tem obrigação de fazer sentido para
você." P. 10.
A origem do Universo:
"No começo, há quase 14 bilhões de anos, todo o espaço,
toda a matéria e toda a energia do universo conhecido estavam contidos em um
volume menor que 1 trilionésimo do tamanho do ponto final que encerra esta
frase.
As condições eram muito quentes, as forças básicas da
natureza que coletivamente descrevem o universo eram unificadas. Embora ainda
não se saiba como ele passou a existir, esse cosmos que era menor que um ponto
só poderia se expandir. Rapidamente. Naquilo que hoje chamamos de Big
Bang." P. 11.
Nos primeiros momentos do Universo, surgem as partículas elementares:
fótons, bósons, léptons, quark-léptons, quarks, anti-quarks, elétrons, anti-elétrons,
neutrinos, anti-neutrinos, hádrons, prótrons, nêutrons...
A Terra está no lugar correto...
“Caso a Terra estivesse muito mais perto do Sol os oceanos teriam
evaporado. Caso a Terra estivesse muito mais distante, os oceanos teriam
congelado. Em qualquer um dos casos, a vida como a conhecemos não teria
evoluído.” P. 19-20.
Umas das perguntas mais enigmáticas da Ciência é o que havia
antes do Big Bang. Não obstante, agora sabemos que tempo, matéria e espaço
surgem nele, portanto, parece não fazer sentido perguntar o que havia antes.
Tyson reconhece que os Astrofísicos estão diante de um problema não resolvido,
e especula que talvez um Multiverso, o Nada, ou até mesmo uma simulação de
computador tenha dado origem ao que conhecemos hoje. Descarta a hipótese de um
deus ter desencadeado tudo isto.
“O que aconteceu antes de tudo isso? O que aconteceu antes do
começo?
Os astrofísicos não fazem ideia. Ou melhor, nossas ideias
mais criativas têm pouca ou nenhuma base na ciência empírica. Como reação,
alguns religiosos afirmam, com um tom de superioridade moral, que algo deve ter
dado início a tudo: uma força superior a todas as outras, uma fonte da qual
tudo brota. Um agente primordial. Na mente dessas pessoas, essa coisa é, claro,
Deus.
Mas e se o universo sempre tivesse existido ali, em um estado
ou condição que ainda não identificamos – um multiverso, por exemplo, que
continuamente dê à luz universos? Ou e se o universo simplesmente brotou do
nada? Ou e se tudo o que sabemos e amamos fosse apenas uma simulação de
computador criada para a diversão de uma espécie alienígena superinteligente?
Essas ideias filosoficamente divertidas em geral não
satisfazem ninguém. Ainda assim, elas nos lembram que a ignorância é o estado
mental natural para um cientista de pesquisa. Pessoas que acreditam não ignorar
nada não procuraram ou não se depararam com a fronteira entre o que é sabido e
o que não é no universo.
O que nós sabemos, e o que podemos afirmar sem hesitação, é
que o universo teve um começo. O universo continua a evoluir. E, sim, todos os
átomos em nosso corpo podem ser rastreados até o Big Bang e às fornalhas
termonucleares dentro de estrelas de grande massa que explodiram há mais de 5
bilhões de anos.
Somos apenas poeira de estrelas trazida à vida, depois dotada
pelo universo do poder de se compreender – e nós apenas começamos." P. 21-22.
Sobre o sol:
"[...] por mais diferente que o Sol seja da Terra em
tamanho, massa, temperatura, localização e aparência, ambos contêm as mesmas
coisas: hidrogênio, carbono, oxigênio, nitrogênio, cálcio, ferro e assim por
diante." P. 24.
As leis da física que conhecemos são válidas para todo o
Universo.
“Certo, as leis da física operam no sistema solar, mas operam
por toda a galáxia? Por todo o universo? Pelo próprio tempo? Passo a passo, as
leis foram testadas. Estrelas próximas também revelaram substâncias químicas familiares.
Estrelas binárias distantes, unidas em uma órbita mútua, pareciam saber tudo
sobre as leis da gravidade de Newton. Pela mesma razão, também galáxias
binárias.” P. 24.
"[A] universalidade das leis da física nos diz que se
pousarmos em outro planeta com uma civilização alienígena vibrante, eles
estarão seguindo as mesmas leis que nós descobrimos e testamos aqui na Terra –
mesmo que os alienígenas tenham diferentes crenças sociais e políticas." P. 25-26.
“Para o cientista, a universalidade das leis da física torna
o cosmos um lugar maravilhosamente simples. Em comparação, a natureza humana –
domínio do psicólogo – é infinitamente mais intimidante.” P. 30.
“O poder e a beleza das leis da física são que elas se
aplicam a todos os lugares, quer você acredite nelas ou não.” P. 30.
Sobre a velocidade da luz:
"Entre todas as constantes, a velocidade da luz é a mais
famosa. Não importa quão rápido você vá, nunca conseguirá ultrapassar um raio
de luz. Por que não? Nenhuma experiência já realizada revelou um objeto de
qualquer forma atingindo a velocidade da luz. Leis da física bem testadas
preveem e afirmam isso. Eu sei que declarações assim soam intolerantes. Algumas
das declarações mais obtusas do passado baseadas em ciência subestimaram a
engenhosidade de inventores e engenheiros. 'Nunca iremos voar.' 'Voar nunca
será comercialmente factível.' 'Nunca iremos dividir o átomo.' 'Nunca
quebraremos a barreira do som.' 'Nunca chegaremos à Lua.' O que elas têm em
comum é que nenhuma lei estabelecida da física era uma barreira." P. 27.
Um Tyson nada modesto:
"Os cosmólogos têm egos muito grandes. Como não ter
quando seu trabalho é deduzir o que fez o universo existir?" P. 39-40.
Os chineses serão os primeiros a “saberem” dos alienígenas.
"O maior radiotelescópio do mundo, concluído em 2016, é
chamado de Radiotelescópio Esférico de 500 Metros de Abertura, ou fast, na
sigla em inglês, para facilitar. Foi construído pela China, na província de
Guizhou, e ocupa uma área maior que 30 campos de futebol. Se um dia alienígenas
ligarem para nós, os chineses serão os primeiros a saber." P.
104.
Júpiter é o nosso protetor.
“As leis de Newton determinam especificamente que, embora a
gravidade de um planeta fique cada vez mais fraca quando mais você viaja para
longe dele, não há distância em que a força da gravidade chegue a zero. O
planeta Júpiter, com seu poderoso campo gravitacional, tira do caminho muitos cometas
que do contrário causariam o caos no interior do sistema solar. Júpiter age
como um escudo gravitacional para a Terra, um irmão mais velho corpulento,
permitindo longos (100 milhões de anos) períodos de relativa paz e calma na
Terra. Sem a proteção de Júpiter a vida complexa teria dificuldade em se tornar
interessantemente complexa, sempre correndo o risco de extinção por um impacto
devastador.” P. 115.
Quantos planetas semelhantes a Terra existem?
“As últimas estimativas, tendo como base o catálogo atual,
sugerem até 40 bilhões de planetas como a Terra apenas na Via Láctea.” P. 126.
Pondo em cheque a singularidade daquilo que conhecemos:
“Repetidamente ao longo dos séculos, descobertas cósmicas
rebaixaram a imagem que temos de nós mesmos. Um dia supunha-se que a Terra era astronomicamente
única, até os astrônomos aprenderem que a Terra é apenas outro planeta
orbitando o Sol. Depois supusemos que o Sol era único, até aprendermos que as
estrelas no céu noturno são elas mesmas sóis. Depois supusemos que nossa
galáxia, a Via Láctea, era todo o universo conhecido, até ser estabelecido que
as inúmeras coisas indistintas no céu são outras galáxias, salpicando a paisagem
do nosso universo conhecido. Hoje é fácil supor que esse universo é tudo o que
há. Mas novas teorias da cosmologia moderna, bem como a improbabilidade
constantemente reafirmada de que algo seja único, exigem que permaneçamos
abertos ao último ataque à nossa alegação de singularidade: o multiverso.” P. 134.
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