Seria ele o diabo, o capeta, o tinhoso? Essa é a classificação que parte da tradição judaico-cristã lhe atribui. Isso deixa os seus adoradores bastante chateados com essa designação negativa. Dizem que os cristãos estão sendo injustos e não entendem o papel desse orixá em seus cultos. De forma similar muitos dos estudiosos “politicamente corretos”, dentre eles, sociólogos, antropólogos, historiadores e cientistas da religião, se doem quando os protestantes afirmam que as religiões afro são coisas do tinhoso.
Porque será que eles saem furiosamente em defesa dessas religiões, se muitos deles são ateus ou agnósticos? Seria um senso de “justiça” que pulsa em suas mentes, e assim, eles se veem incumbidos de defender essas religiões oprimidas pelo homem branco, mau, opressor e etnocêntrico?! Ou será porque essas manifestações afros rompem com a moral judaico-cristã tão odiada por eles?
A figura de exu, por exemplo, é de um ser amoral. Uma entidade que faz o que lhe solicitarem, se ele achar justo o que o seu pedinte tem a lhe oferecer. Isso entra radicalmente em choque com a moral cristã. A figura da pomba-gira (exu entidade, e não exu orixá), uma espécie de puta/rapariga/prostituta/rameira, é uma das entidades mais conhecidas e cultuadas em muitas dessas celebrações. Bom, não preciso nem dizer o que a moralidade cristã tem a dizer sobre isso.
O Mestre em Geografia, Marcelo Alonso Morais, Umbadista e Pesquisador, escreve:
Esse caráter mutante em suas atitudes levou o colonizador europeu a associar o orixá Exu à figura do demônio cristão. [1]
Se muitos cristãos tem a concepção de que a figura de exu é um demônio, que assim o faça, e pouco se importem com o que os adeptos do candomblé/Umbanda/Macumba/Catimbó ou esses estudiosos achem disso. Visto que a cosmovisão construída na mente daqueles lhes dá a legitimação necessária para adjetivar qualquer manifestação espiritual que saia dos parâmetros estabelecidos pelo seu credo religioso como vinda do chifrudo.
De modo semelhante, os seguidores de exu, também podem demonizar, se assim acharem necessário, a religião cristã. Podem expor as contradições internas do credo cristão, visto que sua religiosidade tem ensinamentos e práticas contrárias ao cristianismo tradicional. Ambas são mutuamente excludentes.
Guerra de visões religiosas, não são obrigatoriamente sinônimo de intolerância. Essa moda tão corrente hoje em dia do "politicamente correto", é muitas vezes a mais intolerante das ideias. Mas se os fieis de dada religião quer convencer e converter o adepto da religião oposta ao seu credo religioso, que tenha muito cuidado nas palavras e no seu comportamento perante a devoção alheia. Como não quero convencer ninguém a nada no âmbito da fé, não me preocupo muito em medir as palavras para me referir ao sentimento religioso de outrem.
Liberdade religiosa e democracia é isso.
Liberdade religiosa e democracia é isso.
REFERÊNCIAS
1 - MORAIS, Alonso Morais. Umbanda: Uma Religião Essencialmente Brasileira. Rio de Janeiro: Novo Ser, 2012. P. 43.
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