“Evangélicos norte-americanos são muito poderosos em Uganda. E
esse poder é usado para oprimir aqueles que tentam questioná-los.”
Esse documentário analisa o papel missionário que as igrejas
evangélicas conservadoras têm feito em Uganda, no continente africano.
Para os documentaristas, o papel desempenhado por essas igrejas,
tem prejudicado o país. Os missionários e pastores têm influenciado a política
para criarem leis que estão de acordo com a sua visão religiosa. Querem transformar
Uganda numa teocracia evangélica. Claro que eles dirão que não querem isso, mas
que apenas almejam uma nação firmada nos valores do seu deus. E para isso, eles
usarão o parlamento, para que leis favoráveis a sua visão de mundo sejam
aprovadas.
Uma dessas leis foi o Projeto
de lei Anti-Homossexualidade de 2009, que punia as pessoas que fossem pegas
em atos homossexuais. Pastores evangélicos estavam por trás dessa lei,
influenciando o parlamento. O que essa
lei, caso aprovada, previa? Um bispo contrário a ela, revela:
“O membro do parlamento David Bahati propôs um projeto de lei
para punir as pessoas comprometidas em relações entre o mesmo sexo na Uganda. As
pessoas que tentarem cometer a ofensa da homossexualidade podem receber a pena
perpétua, se forem condenadas. Se a pessoa for reincidente, o projeto declara
que a pena de morte seja obrigatória.”
A questão do uso do preservativo, também é analisada. Os
evangélicos têm usado a sua força político-religiosa para que os ugandenses
boicotem a camisinha, e optem pela abstinência sexual, até o casamento. Acontece
que o vídeo dá a entender timidamente que esse tipo de discurso tem prejudicado
o combate a doença.
Quanto a minha opinião sobre o que foi mostrado, eu não me
surpreendo com esse tipo de lei (anti-homossexualidade) sendo incentivada por
ativistas evangélicos. Esses pastores e missionários norte-americanos, caso
tivessem o mesmo poder de influência em seu país, com certeza, iriam querer que
leis semelhantes vigorassem nos EUA. Mas como esse poder, eles não possuem por
lá, vão aos países africanos, para “consertarem” o continente. Já que não conseguem
“consertar” o seu próprio país.
E aqui no Brasil, milhões de evangélicos, se possível,
teriam a mesma postura. Livros (de autores dos EUA) que incentivam a crentaida
a tomar conta de todas as esferas da sociedade estão aos montes nas prateleiras.
Obras que incentivam a leis que proíbam o divórcio, que obrigue o criacionismo
nas escolas, são apenas alguns exemplos.
Essa ideia (anti-homossexualidade) retrograda que foi
aprovada em 2014 (parece, que sem a pena de morte), em Uganda, tem gerado
muitas perseguições aos homossexuais. Um dos líderes do movimento LGBT
ugandense foi assassinado, exatamente pela onda de violência que varre o país
contra as pessoas que não se encaixam no padrão heterossexual. E os evangélicos
tem muita culpa nisso.
Quanto à questão da abstinência, o vídeo deveria mostrar
números que provassem que esse discurso é fantasioso e idealista. Senti falta
de argumentação nesse sentido. Até onde tenho conhecimento, o discurso de se
abster do sexo gerou resultados satisfatórios na diminuição da AIDS e DSTs, em
Uganda. Só não se deve combater o vírus da AIDs, promovendo um método (abstinência)
e boicotando outro (camisinha). Que é exatamente o que esses fanáticos
evangélicos estão fazendo. Não tenho nada contra esses dois métodos, eles até se
complementam. Até acho benéfico que uma população seja ensinada a ser diligente
no sexo. Mas não da maneira paranoica que os evangélicos doutrinam aqueles que
caem em suas garras.
O documentário é muito bom, e serve para denunciar o que
essas igrejas conservadoras e pentecostais andam fazendo na África. Mas não
acho que as igrejas evangélicas não tenham feito coisas boas por lá. Parece que
o objetivo do vídeo é passar a imagem de que os evangélicos conservadores só têm
feito merda em Uganda. O que não concordo.
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