terça-feira, 29 de março de 2016

Jovem aloucada


Link do filme para assistir online:


Existe uma realidade que os pastores, líderes e pais evangélicos tentam esconder. Muitos dos seus filhos adolescentes não queriam estar no âmbito de “santidade”, que as comunidades religiosas oferecem. Muitos desses jovens queriam estar vivendo essa época tão importante da vida, livres das amarras e ameaças que a igreja impõe. Filhos de pais evangélicos começam a ouvir desde a infância os terríveis sermões de seus pais, pastores e pessoas da igreja, de que um inferno de fogo horrível lhes espera, caso não consigam (melhor dizendo: não queiram) viver conforme as regras da igreja e da Bíblia.

Esses jovens vivem uma vida bipolar: na igreja e com os parentes evangélicos, o comportamento é norteado pelos princípios ditos bíblicos; fora desse ambiente, eles assumem uma atitude bem “mundana” e “pervertida”. Vão à igreja e comportam-se de acordo com as regras impostas, porque são submissos aos seus pais, de quem dependem para viver. Mas na verdade, almejam viver e fazer o que os outros jovens vivem e fazem.

Um dilema se impõe!

Jovem Aloucada vem trazer a história de uma jovem que vive esses conflitos. E pior ainda, a guerra se trava entre a religião e a sexualidade, um tabu no meio religioso evangélico. Todos os membros da igreja são ensinados a se guardarem até o casamento. Quem comete o “pecado” da fornicação, está cometendo um dos maiores crimes contra o todo-poderoso.

Daniela faz parte de uma família evangélica fundamentalista. Deve viver os valores religiosos que lhes foram passados, porque é assim que uma jovem de deus deve proceder. Porém, como uma adolescente que já experimentou os prazeres do sexo, ela não consegue “andar na linha”. Até expulsa do colégio ela foi, por ter transado com um colega de classe. O colégio sendo protestante não atura esse tipo de pecado em seus aposentos.

A partir daí, os conflitos se intensificam com a sua mãe, uma mulher fervorosamente religiosa, que ameaça mandar Daniela para o campo missionário, para que ela entre nos eixos. Uma exceção, seria sua tia, uma mulher menos religiosa e mais compreensiva.

Daniela tem um blog em que conta seus desejos, aventuras, taras sexuais e conflitos com a sua religião. A página faz muito sucesso na web, conseguindo muitos leitores jovens, que vão ao seu blog contar as suas experiências.  

Ela começa a trabalhar em um canal evangélico, onde se apaixona por um jovem. Consegue namorá-lo. Contudo, Tomás, seu namorado, devido as suas convicções morais-religiosas se nega a transar com ela. Daniela começa a ter um relacionamento amoroso com sua amiga de trabalho, Antônia. Nesse meio tempo, ela finalmente obtém sucesso em levar seu namorado para cama. Pronto, agora ela está no céu, pode transar com sua amiga e com seu namorado. Está apaixonada pelos dois. Quer os dois. E como não pode romper totalmente com a tradição evangélica ao qual foi criada, ainda continua frequentando as reuniões de sua igreja.

Quando Tomás descobre que ela transa com Antônia e, que ainda por cima, as suas transas com ela são tema das postagens de Daniela no blog, ele termina o namoro com ela. Sua mãe a expulsa de casa, quando fica sabendo que sua filha é bissexual, e o filme termina com ela buscando um novo caminho.

O filme é bom, traz um assunto pertinente e espinhoso para os protestantes. A realidade de muitos jovens da igreja é mais ou menos essa. Essa obra não vai agradar a maioria dos evangélicos. Têm linguagem inapropriada para o moralismo pregado pelos mais conservadores. As cenas, nem se fala. Os mais moralistas temem e tremem, quando vêem uma vagina, bunda ou pênis.

Jovem Aloucada pode ser classificado como drama e, também como um gênero erótico. O roteiro peca em alguns momentos. A história poderia ser melhor desenvolvida. Acho que se tivesse uns 15 ou 20 minutos a mais, o enredo poderia ter uma desenvoltura melhor.

Filme recomendado. 

domingo, 20 de março de 2016

Tricked


Prostituição, comumente conhecida como a profissão mais antiga desse mundo. As mulheres que estão nesse ramo, geralmente são conhecidas como “as mulheres de vida fácil”. O pensamento parece simples e lógico: a mulher abre as pernas para um desconhecido, por alguns minutos ou horas, e pronto, já ganha o seu dinheirinho. Fácil, não?!

Seria muito bom, se a realidade fosse essa. Pois assim, além delas acalmarem os milhões de pintos carentes e nervosos, ainda estariam levando uma “vida fácil, sossegada e feliz”.

Apesar de elas fazerem caridade todos os dias, mesmo que tal “altruísmo”, algumas vezes, possa ser bem caro, a maioria dessas garotas não estão felizes em fazer o que fazem.

O que Tricked vem denunciar e informar é a triste condição das garotas de programa, que estão presas, num regime de escravidão, nas mãos dos cafetões. A realidade é que muitas delas levavam uma vida normal e nem pensavam em se prostituir. No entanto, foram enganadas por essas almas imundas. A principal ex garota de programa entrevistada revela:

“Eu tinha 17 anos, mas a idade das garotas forçadas a se prostituírem é doze anos. Nem consigo imaginar. É como ser estuprada sem parar. ”

Uma ex escrava sexual nos conta:

“Comecei quando tinha onze anos. Costumava ganhar 1500 dólares por noite, porque era nova e tinha o corpo pequeno, tinha o corpo que molestadores de crianças gostam. O meu cafetão tirou minha virgindade e eu me apaixonei por ele. Foi meu primeiro amor, meu primeiro em tudo. O apelido para ele era ‘papai do jardim’, porque ele só tinha menores com ele. [...] Os cafetões sabem quando estamos vulneráveis e fracas. São essas que eles procuram.”

Um milionário e grande cafetão, sem nenhum constrangimento diz essas palavras:

“Podemos evitar a questão, mas todas as mulheres são prostitutas ou putas. A definição de prostituta é uma mulher que vende a boceta por dinheiro. A puta fode de graça. Podem perguntar a qualquer mulher. Você vende a sua boceta ou dá sua boceta de graça? Só pode haver duas respostas. Ou vende ou dá de graça.”

Não existe um relacionamento saudável e de iguais entre as garotas e os cafetões. Estes as escravizam e as tratam como meros objetos, para que eles possam obter seus lucros, à custa da prostituição delas. São verdadeiros criminosos; são os verdadeiros senhores de escravos do século XXI. O Jornalista Nicolas Kristof acentua bem a questão:

“Claro que sabia que tinha muita prostituição em cidades americanas, mas, como a maioria das pessoas, achava que a relação entre as mulheres e os cafetões era mais como uma sociedade. E quando comecei a entrevistá-las e as sobreviventes que trabalhavam com elas, ficou cada vez mais claro de que não é uma sociedade. Os cafetões exploram as garotas e as controlam e recorrem à violência em todas as cidades do país.”

Elas apanham, elas sofrem todo tipo de agressão verbal e física, para saberem que têm “dono”.

“Às vezes, se não fizesse dinheiro suficiente, era agredida com extensões elétricas, tacos, martelos. Ele costumava ameaçar minha família. Dizia que ia matar minha família.”

Uma policial que trabalha investigando e prendendo esses bandidos, dá o seu parecer sobre a índole e caráter dos cafetões:

“Sou Agente de Polícia e alguns destes caras me assustam. Uma das minhas garotas me contou que engravidou e que o cafetão a obrigou a fazer uma lavagem íntima com água sanitária. E foi muito doloroso e como não funcionou, ele deu uma surra até ela abortar. E a garota quase morreu, e teve de ir para o hospital por causa da infecção, teve de fazer uma histerectomia completa. Essa garota tem agora 19 anos.”

O principal ponto de prostituição nos Estados Unidos fica em Las Vegas, cidade das luzes, das noitadas, do luxo, do prazer, dos jogos... Nada surpreendente em o vídeo direcionar parte de sua denúncia a esta cidade tão conhecida das telas do cinema. E nela, não é diferente, muitas garotas estão nas mãos dos cafetões, que lhes exploram até sugar a sua última gota de sangue, se possível. Por trás de todo o luxo e glamour, esconde-se o mundo negro do tráfico e exploração de mulheres. Karen Hugues, vice-Tenente de Las Vegas, reconhece:

“O vício em Las Vegas está mais presente do que na maioria das cidades. Eu e minha equipe consideramos Las Vegas o foco para o tráfico sexual nos Estados Unidos. E dizemos isso porque é o principal destino para os traficantes trazerem garotas para explorar. Por quê? Porque tem muito dinheiro nesta cidade. Tem muitas oportunidades para se misturarem. O cenário de luxo de Las Vegas é o que consolida a venda com os possíveis clientes. E essas vítimas se encaixam perfeitamente nessa paisagem.”

A situação dessas garotas é muito complicada, visto que o governo federal não repassa os recursos financeiros necessários, para que as investigações, prisões e libertação dessas mulheres, tenham maior resultado e sucesso. Os policiais reclamam que dispõem de pouco dinheiro e agentes para um trabalho tão delicado. Enquanto isso, milhares de cafetões exploram e abusam de mulheres, e ficam mais ricos e poderosos, andando em carros de luxo, comprando imóveis, e o que é pior, se blindando contra a polícia.

O documentário termina, dizendo que atualmente há mais pessoas sendo escravizadas, do que em qualquer outra época. Não acho que seja exagero, basta olharmos para difícil situação dos dalits na Índia. Milhões de garotinhas nesse país são exploradas sexualmente. E o que dizer da Coréia do Norte e da China?

Em complemento, deixo o link da resenha do livro ANTES QUE SEJA TARDE, postado aqui no blog, que trata da escravidão dos dalits na Índia:


E o link do filme ANTES QUE SEJA TARDE, também resenhado aqui no blog:

quarta-feira, 16 de março de 2016

Guerra Sem Cortes


Historicamente, o Atlântico Norte sempre se colocou como o ápice da evolução social. Sempre se consideraram os povos mais civilizados e mais aptos a conduzirem a história do mundo. O eurocentrimo – a Europa como o centro do mundo. E depois, colonizadores e imigrantes europeus, se instalam no norte do Novo Mundo e fundam as treze colônias inglesas. Passam-se os anos, e essas colônias se emancipam. Os Estados Unidos começam a sua jornada de sucesso econômico e militar. A exemplo do Velho Mundo, se acham os mais sábios e racionais na condução das políticas internacionais. Não querendo mais a intromissão dos europeus na América, os norte-americanos formulam a doutrina Monroe, a “América para os americanos”. Não para todos americanos, o que incluiria os latinos. Mas a América para os norte-americanos.

A Europa e os Estados Unidos, nunca olharam para a história dos outros povos como relevante e significativa em si mesma. Africanos e asiáticos eram, e ainda são vistos com estranhamento. Ainda nos dias atuais, não poucos norte-americanos vêem os países mais pobres e necessitados, como países atrasados culturalmente e necessitados de uma “ajudinha” para entrar no eixo do processo verdadeiramente civilizatório. O Oriente Médio tem sido o foco do seu olhar de “amor” e “compaixão”.

Depois de toda essa enrolação, que todo mundo ta cansado de saber, vamos ao filme.

Um grupo de soldados dos EUA estão entediados em Samarra, no Iraque, ao norte de Bagdá. Os eventos se passam em 2006. Ficam o dia inteiro revistando pessoas que entram e saem num determinado ponto da cidade. Estão de saco cheio de estarem no meio do que eles chamam de “negros do deserto”, “ratos”, uma forma pejorativa e desrespeitosa de se referirem aos habitantes da cidade.

Muitos não aguentam mais estar longe de casa. Alguns reclamam de estar a meses sem transar. E é nesse ponto que o filme vai focar.  

Nesse grupo de soldados, têm dois soldados de índole duvidosa (não que os outros também não tenham), eles têm em mente uma jovem de 15 anos, que idealizam estuprar. Numa noite, juntamente com outros soldados, eles resolvem ir a casa dessa garota para abusarem dela. Um soldado tenta impedir o estupro, porém é ameaçado de morte por um dos estupradores. Ele então vai para fora da casa, pois não teve coragem suficiente para defender a honra da menina.

O estupro acontece. A menina é violada como se fosse um bicho. Sem piedade ou misericórdia ela é abusada e morta. Sua família é assassinada. Os soldados saciam a sua animalidade e brutalidade. Um soldado que sempre está com uma câmera, filma as atrocidades feitas. É cúmplice.  Na verdade, o filme é uma espécie de diário desse soldado que a tudo registra. Temos acesso ao dia a dia dos militares, através da câmera pessoal dele.

O soldado que reprovou esses atos, com a consciência bastante perturbada, resolve denunciar os estupradores. Irá enfrentar uma série de perguntas, que questionarão a integridade e honestidade de sua acusação. A alta cúpula dos militares presume que os soldados acusados, são inocentes. Ele pode se lascar, tentado delatar seus companheiros.

O filme termina, mas ficamos sem saber, se a denúncia surtiu o efeito desejado. Não sabemos se foram punidos ou não. Provavelmente não foram.

Guerra Sem Cortes é baseado nas inúmeras histórias, vídeos e notícias referentes aos acontecimentos da guerra do Iraque. As cenas do estupro causam náuseas e indignação a qualquer pessoa normal. Uma garota inocente, que não fez mal algum a sociedade e a ninguém, é tratada pior que um animal, para aplacar a luxúria de dois lixos humanos. O que mais indigna é saber, que esses estupros foram ignorados pelas altas instâncias militares no mundo real.

Se até as militares norte-americanas são muitas vezes estupradas pelos soldados e estes não são punidos, como mostra o documentário GUERRA INVÍSÍVEL, imagine as pobres mulheres que foram violentadas no Iraque, onde na visão de muitos militares, seriam menos que humanos (ratos, negros do deserto)?

Link de GUERRA INVISÍVEL:

segunda-feira, 14 de março de 2016

Oh Meu Deus


O Cineasta Peter Rodger viaja pelo mundo, para apresentar as mais variadas religiões e crenças. Ele pretende responder sua própria indagação: Quem é Deus? Que ser é esse, que comumente chamamos de “Deus”? Quais os conceitos, idéias e visões que as pessoas comuns têm sobre ele? Jesus, Buda, Krishna, Alá... Alguns desses pode ser Deus? Todos? Nenhum? São apenas criações humanas? O homem criou deus, e não o contrário? Perguntas que vêem a mente de qualquer pessoa que tem interesse no universo religioso tão multifacetado.

Para Rodger definir “deus”, é uma tarefa impossível. Existem muitas definições, muitas ditas escrituras sagradas, muitas opiniões. Ele não diz se acredita em deus, se é ateu, agnóstico, deísta, ou qualquer outra coisa. Mas entrevista pessoas de todas essas cosmovisões. Desde religiosos extremistas e fundamentalistas, para quem a sua visão religiosa estrita e estreita é a única forma de se chegar e agradar a divindade, aos mais moderados e politicamente corretos, com o discurso paz e amor, de que todas as manifestações religiosas adoram ao mesmo deus verdadeiro.

Fica implícito em todo o filme, um posicionamento conciliatório, em prol da pluralidade religiosa. Todas as religiões são legítimas, na medida em que lutam pela paz e amor ao próximo. As religiões causaram e causam muito sofrimento em suas guerras, cabe, portanto, serem empáticas umas com as outras.

Numa tentativa de amenizar a tensão sobre o que o Alcorão ensina sobre o destino pós-morte dos adeptos de outras crenças, são confrontadas a leitura e interpretação de uma determinada sura (capítulo) do livro muçulmano, que parece dizer claramente que judeus e cristãos irão para o inferno. Um fundamentalista lê essa sura, e pelo que ela diz na tradução que ele tem em mãos, realmente o destino dos judeus e cristãos é a condenação eterna.


“Não há dúvidas, as pessoas do livro [Bíblia], os cristãos e os judeus, as pessoas que lutam e se envolvem contra Alá, queimarão eternamente no fogo do inferno. Para ficar por lá eternamente. Eles são o pior das pessoas.” (Surata 98.6)

No entanto, Jihad Turk, acadêmico muçulmano, nos EUA, lê esse mesmo trecho em árabe, língua original do Alcorão, e o sentido da passagem muda completamente. Não há nada de condenação, mas é uma sura até mesmo elogiosa aos judeus e cristãos, que se apegam a verdade. Segundo Turk, a tradução e interpretação feita acima por esse muçulmano esta equivocada e descontextualizada.


“Verdadeiramente, aqueles que se apeguem a negar a verdade das pessoas do livro [Bíblia], judeus e cristãos, ou os politeístas, estão destinados a permanecer no fogo da ‘Gehenna’. Realmente são as piores criaturas.” (Surata 98.6)

E agora, para comparar, peguei uma tradução online, do Centro Islâmico Brasileiro, que pode ser encontrada neste link:


“Em verdade, os incrédulos, entre os adeptos do Livro [Bíblia], bem como os idólatras, entrarão no fogo infernal, onde permanecerão eternamente. Estas são as piores das criaturas!” (Surata 98.6)

Parece-me, que a tradução online está mais em consonância com a versão do Jihad Turk.

Mesmo conhecendo pouco as doutrinas islâmicas, não acredito que o Islamismo seja uma religião pacífica. Bom seria, se ela fosse. Mas por que será que não são permitidas outras religiões nos países muçulmanos? Como uma comunidade de pessoas, que se dizem da paz e do amor ao próximo, não conseguem tolerar o contraditório? Por que os cristãos, ateus, homossexuais e etc., são perseguidos nesses países? Cadê o sistema democrático na política dessas nações? Só um cego, para não ver esses fatos tão evidentes.

O documentário é disperso, desorganizado e bagunçado. Mas pensando bem, faz sentido ele ser assim, visto que traz uma miscelânea de religiões e filosofias, que ora concordam, ora discordam em alguns ou muitos pontos. É essa dispersão, desorganização e bagunça que faz a humanidade ser o que é.  

domingo, 13 de março de 2016

South Central: O Bairro Proibido


South Central é o nome de uma enorme região na periferia da rica cidade de Los Angeles. Um lugar muito pobre, marcado por um alto índice de criminalidade, tráfico de drogas e de todos os males que mancham a reputação de um grande centro urbano. E o que não é novidade, é um bairro majoritariamente composto por pessoas negras.

Um ciclo interminável de jovens negros entrando para o crime, ainda quando crianças. Muitos deles, os pais e avôs seguiram pelo mesmo caminho errado e, acabaram sendo presos ou mortos. É um mal que se arrasta por décadas e décadas, e não seria exagero dizer, que isso, se deve em maior parte, ao histórico de racismo e segregação, que atrasou a ascensão social dos afros americanos. Não quero dizer, que os negros envolvidos na marginalidade estão isentos de suas responsabilidades, perante a justiça. Mas por que será que existe um índice tão alarmante de negros no mundo do crime? Não será pelo fato de lhes ser negada frequentemente a chance de poder evoluir socialmente? Ou alguém, ainda hoje teria a audácia de afirmar que eles são mais propensos a fazer coisas erradas, devido a sua condição fenotípica?!

Nesse filme, Bobby (Glenn Plummer) recém-saído da prisão, se encontra com seus “amigos”, e eles resolvem banir todo qualquer traficante de seu bairro. Não porque são contra o tráfico de drogas e , portanto, querem a vizinhança longe delas, mas porque almejam ser os únicos a vendê-las no “bairro proibido”. Os “Deuce”, sua gangue deve ser soberana na distribuição dos entorpecentes.

No entanto, um traficante poderoso está atrapalhando a hegemonia dos “Deuce”. Para que eles comecem a ganhar muito dinheiro, precisam eliminá-lo. Numa emboscada a noite, cabe a Bobby fazer o serviço de matá-lo. E ele o faz. Meses depois ele é preso e passa dez anos na prisão. Passa todo esse período sem ver o seu filho Jimmy (Christian Coleman), um bebê, quando ele foi preso.

Enquanto Bobby está ausente, a sua esposa Carole (Larita Shelby), uma viciada, não dá conta de criar decentemente o seu filho. Mais um ciclo se inicia de uma criança negra do bairro entrando para o mundo do crime. Jimmy, já imerso na bandidagem, leva um tiro quando tenta roubar o toca fitas de um carro.

Quando Bobby, ainda preso, tem ciência de que seu filho foi recrutado para o mundo do crime, pela sua gangue e, que quase veio a óbito por isso, ele resolve não fazer mais parte dela. Não se conforma que seu filho trilhe o mesmo caminho do pai e avô. Ele acaba conhecendo um homem na cadeia, que lhe ajuda a repensar a sua vida e a mudar sua visão. Ocorre-lhe uma verdadeira transformação, através da leitura, reflexão e entendimento advindos dos livros e diálogos travados com Ali, homem muito sábio, que lhe direciona para um novo caminho. Essas palavras do Ali é o começo da redenção de Bobby:

“Esse é o problema da nossa comunidade. O negro está na prisão ou fugindo da prisão e seus filhos sofrem. É a raiva no ciclo de ódio do negro. Você está nesse ciclo. [...] [Você] precisa quebrar esse ciclo. Ódio é quebrado com doação. Eu doo para você e quebro meu próprio ciclo de ódio. Por que eu me importo? Eu e você somos irmãos, e temos que estar do lado dos nossos filhos.”

Bobby, depois de várias tentativas, consegue a condicional. Agora seu objetivo é resgatar seu filho da marginalidade e lhe ensinar a ser uma pessoa honesta, íntegra e do bem. Num momento de muita tensão, em que Jimmy, incentivado por Ray Ray (Byron Minns), chefe dos "Deuce", está prestes a matar o homem que lhe deu o tiro, Bobby lhe dirige estas palavras no intuito de lhe salvar do buraco em que se encontra:

“Jimmy, filho, se atirar em um homem, com o tempo, suas feridas vão sarar. E depois, poderá se desculpar para esse homem. Se você roubar seus pertences, depois poderá devolver seus pertences ou recompensá-lo no mesmo valor. Mas se você matar, não tem depois. Não tem como se redimir com esse homem. Não poderá fazer a coisa certa com ele e sua família. Ele perde a vida para sempre. Você nunca poderá voltar atrás.”

Felizmente, Jimmy se deixa convencer pelas palavras de seu pai. Se livra de fazer a merda de matar um inocente.


Agora seu pai terá a chance de ensinar a seu descendente a quebrar esse ciclo nefasto, em que milhares de negros estão.

Filme aprovado! Filme recomendado! 

sexta-feira, 4 de março de 2016

Adivinhe quem vem para jantar

Link para baixar o filme:

https://mega.nz/#!rphhCLhS!tyrQ52YHSv_SZU3NA_SeJnTrU8R01ZWwKrY_Wt2rqGQ

Não seria exagero dizer que esse filme ESPETACULAR, seja, talvez, o melhor filme que já vi! É uma obra prima do cinema. Sensacional, formidável, impecável, inteligente... Todos os elogios possíveis a essa pérola do cinema mundial. É lindo. É maravilhoso. Fiquei atônito. Empolgo-me para falar desse longa.

As interpretações de todos os personagens beiram a perfeição. Os diálogos, nem se fala. E o tema? Explosivo na época em que foi lançado. E lá vou eu, mencionar mais uma vez a tão falada década de 1960. Década das árduas lutas pelos direitos civis. Os “de cor” reivindicando da sociedade e do governo norte-americano, plenos direitos de cidadania, que sempre lhes foram negados.


Joanna Drayton (Katharine Houghton ) é uma linda mulher de 23 anos, filha de pais ricos, que conhece no Havaí, o proeminente Médico John Prentice Jr (Sydney Poitier). Ambos se apaixonam logo de cara. E durante a curta estadia nessa ilha, resolvem se casar.

Até aí, tudo bem, afinal de contas, são duas pessoas solteiras e jovens, que optam por oficializar, perante a sociedade e Estado, mediante o matrimônio, o amor que sentem um pelo outro. Nada fora do padrão; do comum; do corriqueiro; do saudável; do bom senso; da decência; dos bons e aceitáveis costumes. É exatamente esse tipo de procedimento, que a então sociedade em que vivem, espera de pessoas verdadeiramente comprometidas e que levam a sério a vida a dois.


O problema, e bote problema nisso, é que um dos pombinhos enamorados é negro.  O Dr. Prentice é torradinho/pretinho/escurinho. Se hoje em dia, mais de meia década depois, muitas vezes, ainda vemos com uma certa estranheza, um negro e uma branca namorando > noivando > casando, principalmente, se ela for loira e linda, como é o caso da noiva do Prentice, imagine o quanto não era algo de outro mundo e totalmente inaceitável, para a maioria das pessoas dos EUA, se deparar com tal situação, naquele contexto racista e discriminatório?! Mesmo a história se passando em San Francisco, cidade mais aberta, liberal e menos preconceituosa, se comparada aos Estados sulistas do Mississipi, Alabama e Tennessee.

O casal apaixonado chega a San Francisco, para dar a notícia aos pais de Joanna, de que em breve irão se casar. Joanna ou Joey, bastante entusiasmada, não vê a hora de falar aos pais a grande novidade, visto que ela teve uma educação diferenciada. Recebeu de seus pais uma educação moderna e não baseada no racismo vigente em derredor. Dessa forma, por que temer a reação de seus pais? Eles mesmos lhe disseram na mais tenra idade, que todos são iguais e devem gozar de plenos direitos como cidadãos.

Enquanto Prentice está no escritório da casa, telefonando para os seus pais, Joanna estava contando para Christina Drayton (Katharine Hepburn), sua mãe, sobre o maravilhoso, inteligente e homem perfeito, que conheceu.  Ele, então, aparece na sala, a cara de assustada da Senhora Christina, quando o vê, é emblemática. Quase que ela tem um infarto fulminante. Apesar dela não ser racista (ou pensa que não é), não está acreditando que sua única filhinha linda e tão amada, está noiva de um afrodescendente. Sua mãe está engasgada com o que está acontecendo. A própria Joanna diz a ela:

“Ele acha que você vai desmaiar, porque ele é negro.”


O engraçado é que a própria Tillie (Isabel Sanford ), empregada da casa, uma negra, não aceita de forma alguma, que a sua querida menina, que viu crescer e ajudou a criar, pretende se casar com um preto. Para ela é uma tolice e disparate sem tamanho tudo isso. Cada um deve ficar na sua. Prentice é um negro aproveitador, segundo ela. É aí que se encontra mais um dos vários pontos positivos do vídeo. Mostrando a realidade de que muitos negros, também, tinham sérias reservas, em relação aos casamentos exogâmicos.


Pouco tempo depois, enquanto Joey, Prentice e Christina estão no jardim da casa, fazendo um lanchinho, o pai de Joey, Matt Drayton (Spencer Tracy), chega. Ele é surpreendido pela bombástica notícia. Durante todo o desenrolar da história, ele sente uma dificuldade muito maior que a sua mulher em aceitar tal situação. Apesar dele ser dono de um jornal liberal e antirracista de San Francisco, agora ele está de fato, sendo provado quanto as convicções que tanto defendeu ao longo do anos. Todo o seu discurso moderno e avesso ao preconceito só se aplica aos negros que não estejam, porventura, cortejando a sua filha?! Se a resposta for sim, ele não estaria comprometendo seriamente a sua coerência e integridade ideológica?!

Ele e sua esposa vão para o escritório e ela dispara:

“[...] E se ela (Joanna) é assim, foi porque nós a criamos assim mesmo. Respondemos as suas perguntas; ela escutou as nossas respostas. Dissemos a ela que era errado acreditar que gente branca era sempre superior à gente negra, ou mulatos, vermelhos ou amarelos, pouco importa. Gente que pensa assim, era errado em pensar assim. Por vezes, por ódio, sempre por estupidez. Mas sempre, sempre errados. Era o que dizíamos. E quando dissemos, nada acrescentamos, como: ‘Nunca se apaixone por um homem de cor’.”

Logo após ela dizer tudo isso, eles recebem uma ligação informando quem verdadeiramente é o recém-noivo de sua filha. Informação essa, solicitada por seu pai. Realmente Prentice é Médico, mas não é qualquer Médico. Todas as credenciais possíveis ele já conseguiu, apesar de sua juventude. A lista de seus feitos na Medicina é gigantesca. Uma boa sacada do roteirista, em “exagerar” nas qualificações acadêmicas do Prentice. Pois dessa forma, caso os pais da Joey não aceitem o casamento, não será porque ele é um vagabundo, ou um zé ninguém, mas sim, porque é uma pessoa de “cor”.

Um novo personagem é incorporado a toda essa confusão.  O monsenhor Mike Ryan (Cecil Kellaway), que a exemplo dos demais, tem uma desenvoltura marcante no desenvolvimento do enredo. É um padre simpático, carismático e que dá total apoio ao casamento de Prentice e Joanna. Vários diálogos são travados entre ele, e seu melhor amigo, o pai de Joey. O religioso sempre dando alfinetadas e jogando argumentos para que seu amigo deixe de birra e abençoe o casamento de sua filha. Um velhinho muito agradável, esse padre. Uma figura.


E para fechar, caminhando para o final, os pais de Prentice, viajam de Los Angeles, para conhecer a noiva de seu filho. Eles se assustam, quando descobrem que a amada de seu filho, é branca. O pai, John Prentice (Roy E. Glenn), vira uma estátua, e a semelhança do pai de Joey, é muito mais enfático que a Senhora Mary Prentice (Beah Richards), em aprovar esse casamento. Ele é ignorante e marrento, tentando persuadir o seu filho a desistir dessa “loucura”.


Nos minutos finais do filme, depois de ouvir umas verdades bem ditas da mãe do Prentice, e refletir muito sozinho no jardim, o pai de Joanna, reúne todos na sala, e diz:

“[...] Existem 100 milhões de pessoas, bem aqui, neste país, que ficarão chocados e ofendidos e desgostosos quanto a vocês dois. E vocês terão que superar tudo isso. Talvez cada dia, pelo resto de suas vidas. Vocês poderão tentar ignorar essas pessoas, ou sentir pena delas, por seus preconceitos e intransigência. Seus cegos e odiosos temores. Mas quando for necessário, vocês vão ter que se unir um ao outro, e dá as costas a toda essa gente.”


O seu discurso é mais extenso, ele resume todos os acontecimentos, pensamentos, dúvidas e temores do dia, e chega a mais razoável conclusão: de que os dois devem e têm o direito de se casarem e serem felizes.

Filme nota 1000!

quarta-feira, 2 de março de 2016

No Calor da Noite


Sidney Poitier em mais uma maravilhosa performance, num maravilhoso filme. 

Tenho um certo interesse em obras do cinema, que tragam a temática do racismo.  E essa é mais uma das inúmeras películas, que trazem para o centro de seus roteiros, a vergonha da discriminação e preconceito em solo norte-americano.

Na cidade pacata de Sparta, interior do Mississipi (tinha que ser nesse Estado mesmo), acontece um assassinato misterioso de um empresário (Sr. Colbert), que iria investir pesado na região, na construção de uma fábrica, gerando desenvolvimento e empregos para a população local, o que incluía centenas de afrodescendentes. Um policial fazendo sua ronda noturna se depara com o Sr. Colbert, morto na calada da noite, em uma rua.



Como bode expiatório, esse mesmo policial, devido a sua incompetência, prende Virgil, um negro que estava de passagem pela cidade. Virgil então é levado para delegacia. Apenas baseado no puro preconceito, racismo e incapacidade, o delegado o acusa de assassinato, para logo ser surpreendido, com a notícia dada pelo próprio Virgil, de que este é policial, e ainda é especialista em homicídios.

Ele então fica na cidade, para ajudar a encontrar quem de fato assassinou o empresário. É de vital importância que o caso seja solucionado, pois o Sr. Colbert levaria a cidade a se desenvolver economicamente. Seguindo várias pistas e evidências, aos poucos Virgil vai montando o quebra-cabeça, para chegar ao verdadeiro assassino.

Por causa da intolerância, truculência e racismo reinante do delegado, policiais e moradores, Virgil, num certo momento resolve ir embora desse antro de caipiras burros e atrasados (olha o meu “preconceito”). Mas é convencido a ficar e resolver o caso. A partir daí, ele não desanima e não esmorece, até resolver de vez o caso. Mesmo sendo vítima de agressões físicas e tentativas mal sucedidas dos moradores em querer matá-lo.

Torna-se uma missão de extrema importância jogar na cara da cidade de Sparta, que um negro pode sim, prestar um grande serviço a sociedade, tanto quanto qualquer pessoa que tenha menos melanina na pele. As investigações só evoluem graças aos conhecimentos de Virgil, o negro tão odiado.

O final, de certa forma, é previsível. Virgil consegue desatar os nós, que envolve a morte do Sr. Colbert e, finalmente, chegar à pessoa que o matou. Logicamente que todo o mistério da trama, estava em quem tinha praticado o ato.


Outros filmes do Poitier (Adivinhe quem vem para jantar, Ao mestre com carinho I e II), me chamaram bem mais atenção, ao ponto de me emocionar, porém, No calor da noite, não deixa a desejar. Até ganhou vários Oscars, em 1968. Não sei com que outros filmes, ele concorreu, mas mesmo assim, digo que foi bem merecido e justo ter ganho as estatuetas. Rsrs.

Um filme provocativo, produzido nos turbulentos anos 60, quando pipocava a luta pelos direitos civis, com muita efervescência e tumultos no sul dos EUA.

Para mim, o recado do filme foi claro: Negros podem ser tão ou mais competentes que os brancos. Pois competência, perspicácia e inteligência, não dependem da cor da pele.

Ainda é um tipo de mensagem muito válida, para o contexto do Estado do Mississipi. Visto que o racismo continua muito forte nessa região. Principalmente no interior. Um bando de idiotas, que não aceitam nem com um tiro na cabeça, ou faca no pescoço, que eles não são superiores a quem tem a pele mais torradinha, pretinha, marronzinha...

terça-feira, 1 de março de 2016

Beasts of no Nation


Primeira película produzida pela Netflix!

É boa?

É não. É ótima! É triste! É terrivelmente chocante!

Entra século e sai século; entra década e sai década; entra ano e sai ano; e sempre, teimosamente, algum país africano está afundado na lama podre e nojenta de uma guerra civil. Sempre os civis são os que sofrem os efeitos colaterais da guerra. São assassinados pelos seus próprios patrícios, que juram lutar pela soberania da nação e restabelecer a cidadania da população oprimida.


Agu é um garotinho, que vive em uma zona de proteção militar com sua mãe, pai, irmão mais velho e irmão mais novo. Apesar dos poucos recursos disponíveis, eles vivem relativamente em paz, enquanto o país está em guerra. Ele pode brincar com os amigos, pode conversar e pedir comida aos soldados, ir a igreja rezar e o seu irmão pode paquerar as meninas da vizinhança. Comparado a outras regiões da Nigéria, mesmo com várias limitações, Agu e sua família, ainda conseguem ter uma vida “normal”.

Tudo começa a desabar, quando eles têm que fugir, por causa das forças inimigas estarem prestes a invadir a sua região. O seu pai consegue pagar um homem que leva pessoas para a capital. Ele insiste para que o maluco que faz a lotação, deixe o seu filho Agu ir também. Pedido negado. Só podem ir, a mãe e o bebê. Agu, juntamente com seu pai e irmão mais velho ficam. Agora eles têm que se virar e sobreviver, para quem sabe, consigam chegar à capital.

As forças inimigas conseguem capturá-los. Seu pai e irmão são fuzilados, mas ele consegue escapar, correndo para a mata. Vários soldados vão atrás dele, muitos tiros são disparados, no entanto, ele não é atingido. Infelizmente, uma milícia de rebeldes, denominada Força de Defesa Local (FDL), e liderada por um perverso comandante, pega o pequeno e inocente Agu na floresta.

Agu passa a ser treinado pelo exército da FDL. Come o pão que o diabo amassou. Passa por rituais religiosos de purificação, para ter o corpo protegido pelos espíritos. E não tem outra escolha, senão matar aqueles que o seu comandante tirano, julga como inimigos. Sua inocência aos poucos vai para o espaço. De criança pura e inocente, Agu agora é um adulto em miniatura, que mata, que usa heroína e comete crimes de guerra, assassinando crianças e mulheres inocentes. Impressionantemente, ele ainda guarda um sentimento, de que suas atitudes não estão certas. Ele sempre fala com Deus, posto que sua consciência o acusa, dizendo que ele está fazendo coisas moralmente erradas.

As ambições de seu líder, não se concretizam. O exército do qual Agu faz parte, mesmo obtendo vitórias importantes em suas guerrilhas, não atingiu seu objetivo maior, ganhar a guerra, e tomar o poder. As manipulações psicológicas e coerções físicas de seu líder, não deram em nada. Redundou em fracasso.

Agu e os outros soldados se rendem. Jogam as armas. Não querem mais guerrear. Reconhecem a derrota. Estão cansados de tanto sangue, carnificina, violência e banalidade da vida, que eles próprios ajudaram a criar. Foram caça e tornaram-se caçadores.

Agu, agora passa a viver num lugar tranqüilo, perto da praia, com outras crianças, onde tem um teto, comida, água e educação. Parece que os horrores da guerra estão se dissipando. Provavelmente, não em sua mente. Mas pelo menos, não precisará mais matar e cometer atos horrendos.


Beasts of no Nation é um filme de primeira linha. Sabia de antemão, que iria me chamar à atenção e fazer refletir.


Como julgar as atitudes do protagonista Agu? Uma criança que perdeu a sua família, e devido às circunstâncias em que se encontrava, não tinha como dizer não as ordens do maldoso Idris Elba, comandante da FDL, pois seria torturado e morto. Difícil julgar. Agu comete muitos crimes de guerra. O filme deixa claro, que ele mesmo tinha consciência desse fato. No entanto, fica evidente, que tanto ele, como os outros soldados, sendo adultos ou crianças, foram vítimas de um sistema cruel criado pela guerra. Numa visão fatalista, parece que parte de seus destinos era matar.

Tomando emprestadas as palavras do Jornalista Eduardo Galeano, quando ele se refere à América Latina, os países africanos ainda estão com as suas veias abertas. Rios de sangue jorram nesse continente. Estancá-los é muito difícil.  


Link do filme: