quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Drogas S/A: A Festa da Maconha em Boston


Boston, nos EUA, descriminalizou as pequenas posses de maconha, menos de 30 gramas. Ser pego com a droga não é mais crime, apenas uma contravenção. A polícia tá puta da vida com isso. Boa parte de suas abordagens não resultam em prisões. Mas o que ela quer? Se forem colocar na cadeia cada maconheiro que encontrar por lá, as prisões ficarão lotadas em poucos dias. Quanto aos traficantes, a lei continua dura. Muitos anos de prisão.  

Os maiores consumidores são os alunos universitários. O futuro do país. As repúblicas estão repletas da cannabis.Todo dia 20 de abril, os apreciadores da maconha reúnem-se em uma movimentada praça, para fumar a droga, como forma de protesto contra as leis que restringem o seu uso. Querem mais liberdade para consumi-lá. Layla, uma universitária, alega que a droga ajuda aos alunos a superarem a pressão dos estudos diários da Faculdade. Eles chegam a estudar 12 horas diariamente. Mas ao mesmo tempo o documentário informa que o mais tem nessas Universidades e albergues são festas e mais festas.  

Para o dia 20, os traficantes estão ansiosos, visto que é o dia do ano mais promissor na vendas dos entorpecentes. Entretanto, o dia está chuvoso, a presença e abordagens da polícia está intensa, e poucas pessoas comparecem a praça para contestar o sistema “opressor” de restrição da cannabis.

Segundo a NatGeo, o sistema imunológico fica bastante danificado, com o uso prolongado da maconha. O que pode ser um benefício hoje, anos à frente, poderá ser um problema de saúde. 

Fumar a cannabis é apenas uma das formas de se provar a droga. Existem bolos, confeitos, biscoitos e uma série de produtos derivados da maconha. 

Aos poucos o governo americano está cedendo e liberando o uso medicinal e recreativo da maconha. O debate é polêmico e fervoroso, sobre a viabilidade disso ser benéfico ou lascar a sociedade americana de vez. De uma coisa todos estão cônscios: a sociedade estadunidense é uma cultura chapada. A descriminalização parece ser o melhor caminho. Os Estados mais conservadores continuam irredutíveis. Nada de isentar os usuários.

Ano passado o Estado do Oregon liberou a posse da maconha.

“[...] qualquer pessoa maior de 21 anos pode possuir legalmente até oito onças (227 gramas) de maconha, fumá-la em sua casa ou em locais privados, compartilhá-la com outras pessoas e cultivar um total de quatro plantas para uso pessoal.[1]

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mesopotâmia: Retorno ao Éden


Mesopotâmia, terra entre rios. Palco das primeiras civilizações humanas. Abrigou grandes impérios da antiguidade. Sumérios, babilônios e assírios. Todos esses povos estão presentes nas narrativas bíblicas. Numa mistura de mito, histórias reais e interpretações divergentes de um mesmo evento, os acontecimentos do livro hebreu se entrelaçam com os escritos dos cronistas dessas culturas. 

Há pouco mais de 200 anos a Arqueologia vem desenterrando e esclarecendo muitos pontos obscuros das passagens bíblicas. Muitos dos artefatos encontrados e estudados revelaram uma consistência interessante e impressionante com o texto sagrado. Muitos eventos continuam um mistério. E podem confirmar ou desmentir a Bíblia. Alguns a contradizem. 

Pergunta: é confiável o texto do Antigo Testamento em sua integralidade? Onde a razão e a ciência podem ir? E quando a fé entra para completar a crença nos relatos hebraicos? Também podemos inverter a ordem das coisas, ou reformular melhor essas perguntas. 

Aos mais empolgados, a Arqueologia não comprovou totalmente o texto das escrituras. Ela lida com peças fragmentárias, que precisam ser interpretadas. A quem quer justificar a fé no bom e velho livro, não precisa se apegar a ferro e fogo ao que as ferramentas da Ciência diz ou deixa de dizer. 

O documentário em questão é de 1995. Um pouco antigo. Pesquisas avançaram, e Arqueólogos atualmente não aceitam a historicidade da Bíblia em trechos chaves de suas páginas. Uma minoria (creio eu) continua alegando que ela é precisa. É difícil mensurar até onde esses mais crentes não estão sendo movidos pela emoção. Sobretudo quando vão ao campo de pesquisa com o pressuposto de que a Bíblia é 100% confiável. 

Se desvencilhar das pressuposições religiosas não é tarefa fácil. Isso também vale para os mais céticos, que às vezes fazem declarações, que vão além dos que as evidências permitem dizer. 

Em minha opinião, um trabalho mais saudável, sério e idôneo, deve pautar-se por uma atitude mais neutra em relação a Bíblia. É difícil livrar-se dos pressupostos que carregamos. Mas um pesquisador não pode ir a campo, batendo o pé e dizendo: "Nenhum achado, descoberta, artefato, pergaminho, papiro ou outra merda qualquer, irá entrar em choque com a Bíblia, visto que ela é a Palavra de Deus, e assim, não pode estar errada. A Ciência verdadeira, sempre a confirmará." Proceder assim é se fechar as várias possibilidades que o estudo arqueológico pode nos fornecer. 

O crente pode ir à labuta nos sítios arqueológicos, crendo que a Bíblia é confiável. O que acredito é que não pode proceder ad hoc quando as evidências forem contra as suas convicções ideológicas. Deve admitir que naquele ponto em específico o texto é (ou parecer ser) impreciso historicamente. E se for preciso, sob o peso das evidências abandonar alguns (ou todos) dos seus velhos pressupostos. 

Semelhante coisa deve fazer o cético. Se um achado reiterar uma passagem do texto bíblico, uma atitude sóbria é ele admitir: "Essa narrativa bíblica mostrou-se precisa. Pensava que ela era fantasiosa e fruto dos desvarios do cronista hebreu. Enganei-me." E assim, não subestimar a priori as outras histórias que a Bíblia contém. 

Tabu Brasil: Nudez


Nudez! 

Em nossa cultura é praticamente impossível não vincular o nu ao sexo, ao erotismo, a pornografia, a putaria e outras coisas mais. 

Estamos acostumados a erotizar o corpo despido. Associamos o estar sem roupas a libido, a sexualidade a ser exercida. 

Não é dessa maneira que umas poucas pessoas veem a nudez. 

Por exemplo, no Rio Grande do Sul, na comunidade Colina do Sol, todas as pessoas que ali moram, vivem nuas. Para eles, a nudez é algo tão natural quanto comer, tomar banho, conversar, praticar esportes e etc. Com rígidas regras de convivência, eles vivem numa mini cidade, onde a roupa tem pouca importância. Apenas quando está muito frio, ou noutras pequenas circunstâncias, é que eles se cobrem com um pedaço de tecido. Algumas pessoas que querem visitar e conhecer o local, pensam erroneamente, que ali é um antro de putaria. Mas talvez, excetuado a nudez inerente do local, eles vivem com sérias restrições de comportamento até mais severas que as do mundo "normal". Carinhos excessivos em público são duramente proibidos. Eles não falam claramente, mas ereção em público é pecado capital nessas localidades.

O Brasil vive uma ironia, ou podemos chamar de hipocrisia mesmo. No Carnaval é permitido que peitos e bundas sejam plenamente exibidos em público, seja na TV, seja nos bailes e nas ruas. Podem estar crianças, pessoas idosas, não importa, pois pelo menos nesses quatro dias de folia, a lei que pune a nudez em público, como atentado violento ao pudor é SUSPENSA. Que sistema legal é esse que arbitrariamente resolve tirar férias nos dias dessa festa? Não estou criticando a nudez carnavalesca, mas a flexibilidade injustificada do nosso sistema de leis. 

Quando a Sara Winter, ainda feminista na época em que esse documentário foi feito, foi fazer um protesto contra os vergonhosos gastos para a copa do mundo, mostrando seus lindos e apetitosos seios (acho que sejam, pois estão embaçados; e ok, sou mais um que não sabe desassociar a nudez do sexo), ela e suas companheiras de militância foram arrastadas pela policia. Num protesto pacífico e com uma acusação legítima, pessoas são presas e punidas, por estarem com os seios à mostra, sem fazer atos e gestos obscenos. No entanto, na futilidade do carnaval, pessoas podem fazer insinuações sexuais em rede televisiva nacional e ainda são aplaudidas e idolatradas. Vai entender uma coisa dessas. 

Ficarmos nus é, e continuará sendo um TABU. Nossa formação ético-religiosa-cultural não nos permite ir além. Pra falar a verdade, a roupa protege-nos não apenas fisicamente, mas psicologicamente. Nossa história de vida está de certa forma refletida em nosso corpo. Sejam defeitos, cicatrizes, marcas... Por que deveríamos expô-las aos outros? Quem diabo se importa em ver nossas pelancas, estrias, celulites, bunda murcha, manchas?! Não obstante, se tem pessoas que não ligam, que assim vivam em seus lugares e paraísos do naturismo, como a localidade Colina do Sol. 

Que todos sejam felizes. Ou com roupa ou sem.

Tabu: Medicina Alternativa


Quando os tratamentos convencionais, não trazem os resultados esperados, é hora de buscar ajuda na medicina milenar, nos procedimentos heterodoxos, na sabedoria dos monges, na ciência popular. Esse pelo menos é o pensamento de muitos, que vão atrás da resolução de seus problemas de saúde, quando os remédios alopáticos deixam a desejar. 

Tabu: Medicina Alternativa vem trazer as histórias de várias pessoas que foram em busca de tratamentos não validados pela medicina acadêmico-científica. Mas apesar de sua falta de comprovação pelos rígidos métodos dos laboratórios de ciências, os métodos alternativos, ainda são muito populares e vistos como possibilidades viáveis, na cura das doenças e vícios que acometem as pessoas que os buscam. 

Dois ingleses, um homem e uma mulher, viciados em heroína, resolvem acabar, depois de muitos anos de vícios e vidas destruídas pela droga, com a dependência do entorpecente. Vão até a Tailândia, num mosteiro budista, especializado em arrancar em poucos dias o vício das drogas, através de um severo tratamentos com nove ervas misturadas. Eles esperam se livrar de uma vez por todas do inferno em que se encontram.
Surpreendentemente, nesse lugar sagrado, a taxa de sucesso das pessoas que largam de uma vez por todas o vício das drogas é de 70%. Uma porcentagem alta e que valida a maneira radical com que os monges combatem as drogas. E ainda com o adicional de que o tratamento é gratuito. 

Na cidade se Hyderabad, na Índia, 500 mil pessoas estão em busca da cura da asma. O medicamento deve ser ingerido com um pequeno peixe vivo, que deve ser engolido ainda com vida. Há mais de 150 anos, milhões de pessoas são tratadas assim, nesse país. A mãe de uma criança com asma leva o seu filho, para engolir o tal remédio com o peixe. A criança, dias depois, tem uma melhora significativa. O efeito placebo explica a "cura" do garoto? Para os acadêmicos, sim. 

No Peru, um curandeiro sob a influência de tradições incas e cristãs, trabalha na cura daqueles que vem procurar os seus poderes, mediante ervas e sacrifícios de porquinhos da índia. Um jovem que durante muitos anos de sua vida, carregou muito peso, agora se encontra com discos lombares que lhes causam dores terríveis. Ele vai tentar se curar com esse xamã. Se submeterá ao ritual, onde o porquinho será dilacerado e os órgãos deste serão uma espécie de tomografia do que se passa em seu corpo. 

Ainda no Peru, numa barraca se vende suco de rã triturada no liquidificador. Quem o faz, garante que essa bebida cura qualquer doença. A rã é morta e sua pele é retirada, logo em seguida é fervida. Assim estará pronta para ser esfacelada no liquidificador, com uma erva dos andes. Muitos peruanos tomam, e juram que a bebida faz efeito. Até tornar as mulheres férteis, esse suco exótico consegue, segundo eles.

Quando os caminhos normais não nos servem, vamos por outros incomuns, por mais que sejam estranhos e irracionais. As vezes o desespero é tão presente e intenso, que pensamos: por que não tentar? Mesmo tendo ciência de que inexiste comprovação científica nessas abordagens terapêuticas extravagantes, para muitas pessoas desesperançosas, a aflição que uma doença/deficiência, vontade ou desejo acarreta, fala mais alto. E assim, qualquer ajuda é válida. 

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Tabu Brasil: Soro Positivo


Desde que apareceu os primeiros casos, a AIDS matou até hoje, cerca de 36 milhões de pessoas. É uma doença infecto-contagiosa transmitida pelo vírus HIV. Atualmente, 35 milhões de pessoas estão infectadas. 718 mil brasileiros são HIV positivo. A contaminação cresceu fora do que se esperava na última década entre os jovens. E impressionantemente, entre as pessoas de mais de 60 anos, houve um alarmante aumento de 157% entre 2001-2012! 

Os primeiros casos de HIV no Brasil foram no início da década de 1980. Era prevalecente entre os homossexuais. Logo em seguida, o vírus se espalhou entre os usuários de drogas, através das seringas. O primeiro caso de uma mulher infectada foi 1983. 

A doença para se manifestar pode durar 5, 7, 9 anos, ou menos que isso. Tem pessoas que podem ter o HIV e nunca desenvolverem a AIDS. Vai de cada sistema imunológico. 

Como avanço dos medicamentos retrovirais, ter HIV não é mais um atestado de óbito. Mas engana-se quem pensa, que os portadores do vírus têm uma vida fácil. São muitos comprimidos para tomar todos os dias. Os efeitos colaterais são inevitáveis. Exames de rotina, para ver a carga viral no sangue, também fazem parte da vida de um soro positivo. 

Três histórias distintas, porém, tendo em comum o vírus HIV, são contadas.

Um jovem homossexual, que teve a infelicidade de pegar o vírus ainda com 19 anos de idade. Começou seus relacionamentos sexuais com o preservativo, mas os deixou de lado, e não demorou muito para ser infectado. Há 11 anos, ele toma os remédios para o controle da carga viral. Nunca teve nada sério até então. Está para casar com um parceiro “limpo”. Está feliz. De vez em quando sente os efeitos colaterais dos remédios que toma diariamente.

Uma senhora de 60 anos conta a sua história de infecção. Depois de uma vida inteira, chega a terceira idade carregando o HIV em seu corpo. Pegou de seu antigo parceiro. Nunca imaginou que ele poderia lhe contaminar. Nesse caso, as mulheres continuam sendo um grupo de risco, visto que seus maridos e namorados podem ser infiéis, acabar se contaminando e passar o vírus para suas mulheres. Isso acontece com uma freqüência alarmante.

O terceiro caso é de uma jovem de trinta e poucos anos, considerada o primeiro bebê portador do vírus, em 1983. Sofre desde a infância com os problemas que o vírus pode acarretar. Oscilou entre fazer o tratamento com os antivirais, e parar de tomá-los. Passou por prolongadas internações. Mas hoje, apesar das seqüelas e saúde limitada, está bem na medida do possível, e está para ser mamãe. É casada com um soro positivo.

Enfim... Documentário pesado. A cura ainda não está disponível. E não há esperanças concretas de que ela virá nos próximos anos. O tratamento avançou bastante desde os primeiros casos no começo dos anos 1980. Ouvimos aqui e ali, que a cura já foi encontrada, mas a indústria farmacêutica não está interessada em fornecer os comprimidos que tenham o poder de extirpar por completo o HIV do organismo. Ela perderia muito dinheiro. O mundo dos remédios não é filantrópico, benevolente, altruísta...

Não duvido dos boatos de que a solução para o problema do HIV/AIDS tenha sido encontrado.   

Asé


Culto trazido pelos negros, no período da escravidão. Sobreviveu, evoluiu, resistiu aos ataques do Estado, da igreja, e hoje possui muitos adeptos nas grandes cidades brasileiras.

O Candomblé é a religião que une os vários cultos aos orixás trazidos do continente africano. Seja Exu, Xangô, Oxóssi... É uma celebração da natureza. Seja das plantas, dos rios, mares... Faz parte de seus elementos de adoração as entidades/forças/energias, os sacrifícios de animais. No entanto, todos são aproveitados para alimentar os membros da comunidade. Nada se perde. E não existe em hipótese alguma, sacrifícios de pessoas, como alguns costumam acusar o Candomblé.

Em suas adorações os negros escravizados, astutamente vincularam os santos do catolicismo aos orixás, para que estes fossem cultuados, sem a censura do homem branco. A coisa deu certo. Quando a igreja e os sacerdotes pensavam que o negro tinha se convertido a fé católica, na verddae, ele estava adorando e prestando devoção ao seu orixá.

Uma afirmação curiosa é dita: os fiéis do Candomblé não são politeístas. São monoteístas. Existe apenas um deus. Os orixás são emanações desse único Ser. Numa comparação com a religião cristã popular, seriam espécies de anjos da guarda.

Uma importante mensagem de respeito e tolerância é deixada por um dos babalorixás entrevistados. Não importa a religião que você pratique, contanto que ela seja baseada no amor ao próximo, você estará perto de Deus. Seja o padre, seja o pastor, seja o pai de santo, o direcionador da devoção ao Criador. O que vale de verdade, é a busca do sagrado, do bem maior: Deus.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A Bíblia Proibida: Evangelhos Proibidos


É de conhecimento de todos os cristãos que a Bíblia possui quatro evangelhos, ou quatro biografias de Jesus, figura central do Novo Testamento e do Cristianismo. Mateus, Lucas, Marcos e João, formam o quarteto fantástico sobre a história do salvador.

Mas também já e de conhecimento de todos, que outros evangelhos existiram/existem, que não foram incorporados ao conjunto de livros que compõem o livro sagrado da religião cristã. O Evangelho de Tomé, de Judas, de Maria Madalena, de Felipe, de Pedro, etc.

Por que esses evangelhos foram rejeitados? Por que não fazem parte da leitura diária da liturgia cristã, tanto na igreja católica, como nas diversas comunidades protestantes? Teriam algo que pudesse mudar os rumos da fé cristã? Teriam o poder de solapar o poder que as igrejas têm sobre os seus fieis? Eles contradizem o que sabemos sobre Jesus? A igreja institucionalizada tem o que temer, frente ao conteúdo que brotam desses livros rechaçados por ela?

Um trecho do evangelho de Tomé é bem curioso:

“Simão Pedro disse a eles: Maria deveria deixar-nos, pois as mulheres não são dignas da vida.

Jesus disse: Eu a guiarei para fazer dela homem, de modo que também ela possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vocês homens. Pois toda mulher que se torna homem entrará no reino do céu".

O que diabos ele quis dizer aí, ninguém sabe ao certo. Certamente, as feministas atuais não curtiriam esse dito de Jesus. Soa extremamente “machista”. 

O Evangelho de Felipe parece sugerir que Jesus e Maria Madalena eram enamorados:

“Havia três que sempre caminhavam com o Senhor; sua mãe, Maria, sua irmã e Madalena, que era chamada sua companheira. Sua irmã, sua mãe e sua companheira todas chamavam-se Maria.”

No Evangelho de Judas, Jesus tem uma clara preferência por Judas. Nesse evangelho, o vilão torna-se o herói.

“Mas você [Judas] excederá a todos eles. Pois você sacrificará o homem que me reveste.”

Judas é o privilegiado; aquele agraciado em saber as maravilhas ocultas da missão de Jesus.

“Afaste-se dos outros e eu lhe contarei os mistérios do reino. É possível você alcança-lo, mas você sofrerá muito.”

No Evangelhos de Maria Madalena,  os discípulos se questionam se Jesus prefere ter mais intimidade com ela. Há um certo ciúme.

“Será que realmente ele conversou com uma mulher em particular e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos a ela? Ele a preferiu a nós?”

O que noto na maioria dos eruditos apresentados no vídeo é que eles dão a entender que esses evangelhos têm mais valor histórico, que os evangelhos que estão em nossas bíblias. Posso estar enganado, mas se não tiverem o mesmo peso de historicidade, os apócrifos estão nivelados, segundo eles. Por que essa equivalência? Por que eles não levam em conta o fato bem estabelecido de que os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, foram escritos no século 1, muito mais próximos da vida e ministério de Jesus? Vejo irracionalidade e uma vontade imensa e descontrolada de solapar a mensagem tradicional do Cristianismo. Mas  a precedência dos quatro evangelhos não pode ser mudada. Esses acadêmicos passam por cima disso, e ignoram injustificadamente que os evangelhos apócrifos surgiram nos séculos posteriores ao nascimento da religião cristã; e ignoram que são de procedência gnóstica, pensamento estranho e antagônico ao Judaísmo. Portanto, não podem ter a mesma relevância das biografias de Jesus, que compõem nossas bíblias.

BICHAS



Viados, baitolas, boiolas, frescos, gazelas, mocinhas, efeminados, e finalmente, BICHAS. Outros adjetivos poderiam ser citados, para se referir aos homossexuais, aqui no Brasil.

No documentário da vez, várias garotos foram entrevistados falando sobre suas histórias de vida, que não se encaixam no padrão da heterossexualidade. Assumem-se com orgulho que são bichas. Não vêem esse termo como algo negativo e que lhes rebaixa como seres humanos. Se a sociedade o usa para discriminar e humilhar aos homens que vivenciam uma sexualidade diferente, eles pegam esse adjetivo e o tomam para si, como forma de empoderamento e reafirmação de sua condição homossexual.

Devido as várias piadas, achincalhamentos, preconceitos na família, na escola e entre amigos, eles resolveram enfrentar a discriminação sem temer o contraditório. Afinal, como um deles dizem, que se eles não abrirem a boca em causa própria, serão engolidos pelo sistema que lhes oprime. Nem governo, nem a igreja e nem ninguém, lutará por eles.

As histórias são sempre as mesmas. Meninos que desde crianças que se sentem diferentes dos demais. Não se encaixam nos papéis masculinos que a sua condição de homem exige. Na mais tenra idade começam a perceber que gostam de fazer coisas que o sexo oposto faz. Os trejeitos femininos desde pequenos tornam-se evidentes, daí vem os conflitos com a família e a sociedade em geral.

Alguns pais aceitam com alguma relutância inicial, outros acabam não falando mais com os filhos. Uma parcela antes de saber que os seus filhotes são gays, mostram-se bem modernos, antenados e aparentemente sem problema algum com a sexualidade entre iguais. Mas quando essa sexualidade diferente dá as caras em seu próprio lar, com suas próprias crias, a coisa muda.

Confesso que se tivesse visto esse tipo de documentário há uns 7 ou 8 anos, ou até menos, iria estar xingando os seus protagonistas de safados, sem-vergonhas e coisas do tipo. Acho que melhorei muito em relação a isso. Principalmente depois de ter conhecimento que um grande amigo meu é homoafetivo.

Em 2010, via MSN, ele me contou sua real condição sexual. Como eu poderia deixar de amá-lo como pessoa? De amá-lo como amigo? O que ele fazia dentro de um quarto com os namorados ou ficantes dele, não cabia a mim censurar. A amizade continuou a mesma.

Voltando ao vídeo, como não poderia deixar de faltar, a questão religiosa está presente. Uma das bichas era coroinha, participava de todas as atividades da igreja, mas chegou um momento em que ela percebeu que não dava mais para continuar ali. É óbvio e não é novidade que foram jogados versículos bíblicos em sua cara, condenando a conduta homossexual. Isso num primeiro momento lhe fez pensar, mas a natureza falou mais alto, como sempre ou geralmente fala, e ela assumiu sua "boiolice".

Posso estar enganado, mas parece que o número de homossexuais aumentou muito nos últimos anos. Por onde andamos nas ruas, nos ônibus, shoppings, festas e até nas igrejas, sempre nos deparamos com um "baitola". Ou será que no passado a quantidade de gays era a mesma, apenas que muitos por temor não saíram do armário? Bom, essa é uma possibilidade plausível. Hoje, com mais abertura, e com a força do movimento LGBT, eles têm um apoio e alicerce que antes estava completamente ausente.

Mais uma confissão: apesar de minha visão menos preconceituosa e discriminatória, não queria que um filho meu, fosse gay. E isso não se deve apenas ao fato de que ele sofreria retaliação. Sei que isso soa ofensivo a comunidade homossexual, pois eles NÃO são menos humanos que nós, héteros.

Parabéns aos produtores e principalmente aos entrevistados, que não tiveram medo de expor suas opiniões, mesmo sabendo que esse nosso Brasil, precisa aprender muito a respeitar e ter empatia pelo próximo. Falta-nos muitas vezes humanidade, essa é verdade. Aprendamos a olhar o outro com respeito e amor.

Caçadores de OVNIs: Contatos Alienígenas



Provas concretas estão à espera de serem descobertas. Enquanto elas não vêm, se é que virão, os relatos de pessoas que juram ter tido contatos com OVNIS, são abundantes. 

Terrel Copeland e Michael Lee, são mais dois que se juntam a esse exército de pessoas que alegam ter visto e vivenciado de alguma maneira uma certa conexão com os alienígenas. 

Geralmente, os Ufólogos dizem que vestígios podem ser detectados, caso as pessoas realmente tenham tido contato mais próximos com esses misteriosos seres ou naves. 

Curiosamente, ambos (Copeland e Lee) possuem uma estranha anomalia em suas correntes sanguíneas. Uma quantidade elevada de Creatina. Eles moram em lugares distantes; avistaram e filmaram objetos não identificados semelhantes; e têm plena convicção de que tiveram experiências com extraterrestres. 

Essa anormalidade no sangue seria uma consequência de seus contatos com UFOs? Os Ufólogos acham que pode haver uma relação direta. 

No início do documentário, o Programa SETI, que busca através de potentes aparelhos, sinais de vida inteligente no espaço é mostrado e explicado como funciona. É um audacioso projeto, que começou na distante década de 1960, mas que ainda não obteve êxito em encontrar sinais de seres inteligentes universo a fora. 

Para os Cientistas do SETI, em questão de poucos anos, a prova virá. Alguns especulam que em 2025, a prova será plenamente detectada. 

Não nos empolguemos. Várias predições de isso e daquilo foram feitas por Cientistas e intelectuais eminentes no passado, e não se cumpriram. Hoje são motivos de piada. 

O SETI está ampliando a sua capacidade de detecção a cada ano. Mais tecnologia de ponta tem sido injetada no projeto. Veremos aonde isso vai dar. 

Eu mesmo não acho que seja tempo e dinheiro perdidos, o que esses Astrônomos e Físicos estão fazendo há mais de quatro décadas. A Ciência é assim mesmo, é um jogo de risco. É uma aventura de ganhos e perdas potenciais. 

Se um dia for descoberto que não estamos sozinhos, a percepção de muita coisa mudará. Nossas especulações e divagações metafísicas terão que ser ressignificadas e reavaliadas, como nunca se fez antes. 

As tradições religiosas monoteístas sofrerão grandes mudanças hermenêuticas. As grandes instituições eclesiásticas terão que explicar as pessoas que tanto devotaram a sua fé ao que eles pregavam, como isso não estava em seus livros sagrados. 

O discurso de muitos já está pronto. Sempre há uma brecha interpretativa nos livros sagrados, visto que são ambíguos, confusos, escritos numa linguagem muitas vezes distante do nosso cotidiano. Então não há problema, sempre haverá um jeitinho das coisas se encaixarem, pensam os líderes religiosos. 

Não posso falar do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, mas dá Bíblia, livro sagrado do Cristianismo, segundo vejo, ela não contempla em suas páginas, nem no Antigo e nem Novo Testamento, qualquer alusão a vida física inteligente fora desse planeta. 

A não ser, que reinterpretemos os vários relatos de contatos e visões de anjos que ela traz, como seres e naves de outros planetas, como já afirmam vários estudiosos do fenômeno UFO. 

Tá bom, o documentário nem fala sobre religião, e nem sobre mudanças conceituais que iremos enfrentar, caso encontremos esses bichos feios interplanetários. Tô só enchendo linguiça aqui. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O Homem Elefante


Huang Chuncai sofre de uma doença rara, por nome Fibromatose, que deixou um tumor gigantesco em seu rosto, desde criança. Agora com 31 anos, ele felizmente passará por uma delicada e perigosa cirurgia, para remover parte do tumor. São 25 quilos de cancro em sua face, que lhe deformou completamente o rosto e o corpo. Sua coluna acabou sendo seriamente prejudicada pela doença.

Ele mora em um vilarejo muito humilde no interior da China. De família muito pobre - seu pai um agricultor com a saúde debilitada, vende macarrão no mercado; sua mãe uma típica dona de casa; sua irmã, para ajudar a cuidar dele, teve que deixar o emprego; e seu irmão até o casamento deixou para trás, para cuidar do irmão.

Uma situação deprimente para todos, verem seu querido filho e irmão, numa situação absurdamente extrema. Sua mãe lamenta e chora, por seu filho não ser como os outros, e ter uma doença tão grave. Lembra que conforme os pais vão envelhecendo, o natural é que os filhos cuidem deles. Mas na família dela é o inverso. Com lágrimas nos olhos, pranteia o sofrimento de seu filho, e o fato dele não poder trabalhar e ajudá-los.

E Chuncai sabe que ele é um "fardo" para toda a família. Tem plena consciência que seu rosto tem um aspecto anormal, bizarro. Mas acertadamente tem total convicção de sua total HUMANIDADE.

"Sou um ser humano, e não um animal."

Ele como todos nós, sente o temor da morte, mesmo sabendo que ela pode acomete-lo a qualquer momento. Ele quer viver! Quer ter uma vida menos sofrida, pois está consciente que nunca terá um rosto normal e bonito. De todo jeito, qualquer melhora é significativa diante do estado tão assustadoramente grave em que se encontra há quase três décadas.

E então, chega o tão esperado dia da cirurgia. Toda a equipe médica pronta e muito apreensiva, visto que nunca tinha se deparado com um caso de Fibromatose tão crítico. Os riscos de morte são grandes - os órgãos de Chuncai podem entrar em colapso, fazendo-o falecer durante a operação. Ele pode não acordar mais. Ele sabe o risco que corre. Sua família sabe que poderá não vê-lo mais.

Não obstante, a cirurgia é um sucesso. Os médicos retiram cinco kilos de tumor de seu rosto. Quando comparamos o sua face antes e depois da cirurgia, o aspecto bizarro ainda é bem visível, mas para Chuncai, a diferença é bastante significativa. Ele ganhou um mínimo de qualidade de vida.

O cirurgião pretende fazer mais três cirurgias, para retirar o resto do tumor. Ele espera que pelo menos 80% seja retirado.

Terá sucesso esses próximos procedimentos? Não sei se houve. A National Geographic termina, aí. Numa rápida pesquisa na net, tentei saber e visualizar possíveis fotos ou vídeos do Chuncai, depois dessas outras cirurgias. Se é que ele teve condições físicas de fazê-las. Não encontrei nenhuma notícia.

É um documentário muito triste. Não querendo minimizar os problemas que passamos, no entanto, eles parecem piadas, quando postos ao lado dessa doença maldita que esse chinês enfrenta. Uma doença que prejudicou não só a vida dele, o que já seria suficiente, mas toda a sua família, que o ama, e que corajosamente não o abandonou.

A Bíblia Proibida: Sexo Sagrado


Pergunta que ecoa pelos séculos: Jesus pode ter deixado descendentes? Ele deu uma sapecada em Maria Madalena, resultando em algum rebento? Se bem que isso me parece ser uma "preocupação" moderna, mais precisamente da segunda metade do século XX. 

Os textos bíblicos desaprovam mesmo as relações homoafetivas? 

Maria era lacrada quando teve Jesus? 

O que os textos sagrados dizem sobre a sexualidade humana? O sexo é visto com aprovação? Ou os autores da Bíblia eram avessos a ele? Em que circunstâncias eles aprovavam e desaprovavam essa necessidade humana? 

Comecemos com o principal: Jesus. Ele pode ter tido um relacionamento amoroso com Maria Madalena, mulher de onde expulsou 7 demônios, segundo o relato bíblico? Nas palavras dos especialistas entrevistados, sim. É muito provável que o messias tenha dado umas chamuscadas nela!

O evangelho apócrifo de Filipe (livro rejeitado pela igreja) parece indicar que Jesus e Madalena formavam um belo casal que causava ciúmes nos discípulos. 

Jesus era judeu, e judeus não tinham problema com o prazer sexual. A igreja cristã foi quem desenvolveu uma aversão doentia ao sexo, principalmente através de Agostinho de Hipona, o mais importante Teólogo da igreja, em seus primeiros séculos. 

Segundo um especialista:

"Agostinho de Hipona tinha muitos problemas com sua sexualidade e com seu corpo. Então ele nos passou uma visão muito negativa do corpo e da sexualidade. Nesse aspecto o prazer sexual é algo que vem do mal. Então boa parte de sua doutrina influenciou o cristianismo posterior. Muito do que falamos da sexualidade, não vem de Jesus, ele não tinha conflito com seu corpo. Era judeu."

Uma erudita diz:

"O sexo como se diz, e como sustenta a igreja católica foi feito para procriar, e não para o prazer."

Mas afinal, Jesus deixou ou não deixou algum pimpolho nesse mundo louco? Uma tumba foi encontrada na década de 1980, que de acordo com alguns pesquisadores, estaria gravada nela, um suposto filhote dele. Mas nada é conclusivo. 

Os estudiosos liberais acreditam até que uma das mulheres da genealogia de Jesus fosse lésbica. O livro bíblico de Rute trariam indícios, de que Rute e Noemi se amavam sexualmente. 

Essa pra mim é nova. Já tinha ouvido falar que Jesus era gay, que Maria sua mãe teve relações sexuais com um soldado romano, que Jesus deu uns pega em Madalena, etc. Agora que existe um caso de lesbianismo no Antigo Testamento foi surpresa. Isso não passa de especulação vazia e sensacionalista de Teólogos liberais. Uma leitura simples do texto é o suficiente para descartar essa hipótese. 

O que o documentário defende é que o sexo tem um papel importante nas cinco mulheres da linhagem de Jesus, inclusive dona Maria, sua mamis. 

E a homossexualidade? Na opinião de um acadêmico consultado o mais famoso e aclamado rei da Bíblia, era gay. O rei Davi era namorado de Jônatas. Esta nas páginas das escrituras as palavras de Davi, onde o mesmo diz que o amor de Jônatas era melhor que o das mulheres. E outras passagens sugestivas. 

E outra novidade, diz-se que dois apóstolos tinha um caso. Filipe e Bartolomeu. Evidências na Bíblia para tal afirmação? Nenhuma. O que se tem são supostas histórias posteriores. 

A History trouxe eruditos que vão na contramão do que as igrejas pregam. Talvez ela pense que os conservadores já têm os púlpitos de suas igrejas e seminários para proclamar as suas verdades. Portanto, não precisam de seu canal para pregarem o que estamos acostumados a ouvir desde pequenos. 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Criacionismo: Verdade ou Mito?


HAM, Ken. Criacionismo: Verdade ou Mito? Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

Livro produzido pela instituição norte-americana Respostas em Gênesis, que tem por finalidade provar que a Teoria da Evolução não tem nenhum poder epistêmico para explicar a vida biológica, colocando em seu lugar o Criacionismo Bíblico da Terra Jovem.

Coitados!

Se a Teoria da Evolução não estiver correta, não será a concepção imaginativa patrocinada por esse livro que irá substituí-la. 

O pior é que os autores são Cientistas, ora com Doutorado, ora com Mestrado. Isso só prova uma coisa: titulação acadêmica, embora tenha o seu devido e reconhecido valor, não imuniza ninguém, contra idéias tolas. 

Os escritores dessa obra juram que o universo, os seres humanos, os animais, plantas, bactérias, vírus etc., têm apenas 6 mil anos de existência. É uma saraivada de besteira em quase todas as páginas. 

A capa parece daqueles livros infantis, cheios de ilustrações coloridas para entreter as crianças. Seria até melhor que assim o fosse. 

Mas estou com eles num ponto: na crença de que existe um Deus que criou toda essa bagaça aqui. E algumas pouquíssimas coisas que escreveram são válidas.

Ken Ham, Bacharel em Ciência Aplicada pelo Instituto de Tecnologia de Queensland, na Austrália, e Jason Lisle, Ph.D em Astrofísica na Universidade do Colorado, EUA, perguntam:

“De todo modo, é lógico aceitar a existência de um Ser eterno? Será que a ciência moderna, que produziu nossa tecnologia de computadores, o ônibus espacial e os avanços médicos, pode sequer levar em conta essa noção?” P. 11.

Acredito que pode.

Uma das questões que mais os inimigos de Darwin têm trazido para o debate público é o problema da perda de informação genética nas mutações. Lee Spetner, Ph.D em Biofísica pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, é chamado a falar:

“Não foi observada nem uma única mutação [uma das molas propulsoras da evolução] que acrescente um pouco de informação ao genoma. Isso, com certeza, mostra que não existem as milhões sobre milhões de mutações potenciais que a teoria exige. Pode bem não haver nenhuma mutação. O fracasso em observar até uma mutação que acrescente informação é mais apenas o fracasso em encontrar sustentação para a teoria; é uma evidência contra a teoria. Temos, aqui, um sério desafio para a teoria neodarwinista.” P. 19.

Werner Gitt, especialista em Teoria da Informação e Diretor do Instituto Federal e Tecnologia em Brunsvique, Alemanha, também é outro que toca nesse ponto:

“Essa noção é central nas representações de evolução, mas as mutações só podem causar mudanças em informação existente. Não pode haver multiplicação na informação, e os resultados, em geral, são prejudiciais. Não podem surgir novos códigos, para novas funções nem novos órgãos; as mutações não podem ser a fonte de nova informação (criativa).” P. 19.

Se nos processos de mutação, necessariamente se perde informação genética, como é possível acontecer à transformação de uma espécie mais simples (em termos genéticos) para uma mais complexa? Parece que deve haver mais informação! Não obstante, é exatamente a via oposta o que ocorre nos processos mutacionais, sendo estes benéficos ou perniciosos. 

Não sou Biólogo, na verdade, sou bem LEIGO, mas essa questão parece ser bem intrigante. Em conversa com o Filósofo Marcus Valério, conhecido por sua intrépida e bem sucedida defesa da evolução, ele me disse que esse papo de “origem e aumento da informação” é pura bobagem criacionista, se constituindo em seu “quinto estágio de desenvolvimento” na guerra contra a Teoria da Evolução. 

Terry Mortenson, Ph.D em História da Geologia na Conventry University, Reino Unido, revela uma das crenças chaves do criacionismo defendido no livro:

“[...] informações cronológicas da Bíblia deixam evidente que a semana da criação aconteceu há cerca de apenas 6.000.” P. 32-33.  

Pois é, até pessoas com formação acadêmica acreditam que a Terra e o Universo têm apenas 6 mil anos de existência. Esse tipo de declaração só atrapalha a relação entre Ciência e religião. O pressuposto fundamental desses criacionistas é que se a Bíblia é um livro inspirado pelo próprio Deus, então todo o empreendimento científico deve estar submetido a ela. Se a Ciência moderna entra em conflito com a interpretação que eles têm do Gênesis, é claro que essa “ciência” não é Ciência coisa alguma, mas erros de homens que estão comprometidos com falsas pressuposições.

Sobre a biogênese, um dos autores, Jason Lisle, Ph.D em Astrofísica na Universidade do Colorado, EUA, escreve:

“Há uma lei da vida bem conhecida: a lei da biogênese. Essa lei simplesmente afirma que a vida sempre vem da vida. É isso que a ciência observacional nos diz; os organismos reproduzem outros organismos segundo sua própria espécie. Historicamente, Louis Pasteur refutou uma forma de geração espontânea; ele demonstrou que a vida vem da vida anterior. Desde essa época, percebemos que essa lei é universal - e não conhecemos nenhuma exceção a ela. Claro que isso é exatamente o que esperaríamos da Bíblia. De acordo com Gênesis 1, Deus criou de forma sobrenatural os primeiros tipos diversos de vida sobre a Terra e os fez produzir segundo sua espécie. Perceba que a evolução de moléculas para o homem viola a lei da biogênese. Os evolucionistas acreditam que a vida foi formada (pelo menos, uma vez) de forma espontânea a partir de matéria química nao-viva". P. 44.

Ele comete alguns equívocos bem evidentes. A lei da biogênese diz apenas que vida física só pode ser gerada por outra vida FÍSICA. Sendo assim, pelo menos a princípio, ela contraria tanto o criacionista, como o evolucionista. O próprio Lisle diz "que essa lei é universal - e [que] não conhecemos nenhuma exceção a ela". Mas logo em seguida, ele afirma uma exceção à mesma: Deus, um ser espiritual e, portanto, não físico, criou todas as formas de vida. Portanto, esse argumento precisa ser reformulado. Outros elementos científicos, e uma boa injeção de filosofia são precisos para que o argumento dele seja válido, consistente e coerente. Por enquanto, sua conclusão não se segue das premissas.

Lisle costuma sempre invocar as Leis da Lógica em suas investidas contra o ateísmo. 

"É possível imaginar um universo no qual as leis da física sejam diferentes; mas é difícil imaginar um universo (consistente) no qual as leis da matemática sejam diferentes. As leis da matemática são um exemplo de 'verdade transcendente'. [...] Todas as leis da natureza, da física e da química à lei da biogênese, dependem das leis da lógica. As leis da lógica, como as da matemática, são verdades transcendentes. Não se pode imaginar que as leis da lógica poderiam ser algo distinto do que são. [...] Sem as leis da lógica, o raciocínio seria impossível. P. 48, 49.

Agora esse infeliz acertou. Os filhotes de Foucault só faltam ter um infarto, quando ouvem isso. Que tenham. 

Lisle em seguida pergunta:

"Mas de onde vem as leis da lógica? O ateísta nao pode explicar as leis da lógica, embora possa aceitar que existam a fim de ter algum pensamento racional." P. 49.

Num mundo estritamente material, como as leis da lógica, que são imateriais poderiam existir? 

Monty White, Ph.D em Química na Universidade de Aberystwyth, Reino Unido, trás o repetido, porém, relevante problema dos fósseis:

"Não se pode exagerar o fato de que há muitos locais no registro fóssil em que se poderia esperar que encontrássemos essa abundância de formas intermediárias - porém, elas não estão lá. Todos os evolucionistas sempre apontam um punhado de formas transicionais altamente questionáveis (por exemplo, equinos), ao passo que deveriam ser capazes de nos mostrar milhares de exemplos incontestáveis". P. 306.

Geralmente os evolucionistas quando ouvem que o registro fóssil é uma evidência contrária a evolução gradualista, dizem que os criacionistas estão sendo desonestos, pois já foram encontrados vários fósseis intermediários. Entretanto, o evolucionista Eugene Koonin, Ph.D em Biologia Molecular na Universidade Estadual de Moscou, Rússia, estaria sendo desonesto quando fez está afirmação?

“As principais transições em evolução biológica mostram o mesmo padrão de súbita emergência de diversas formas em um novo nível de complexidade. As relações entre os principais grupos dentro de uma nova classe de entidades biológicas emergentes são difíceis de decifrar e não parecem encaixar no padrão de árvore que seguindo a proposta original de Darwin, permanece a descrição dominante da evolução biológica. Os casos em questão incluem a origem das moléculas complexas de RNA e os desdobramentos das proteínas; os principais grupos de vírus; árquea e bactéria; e as principais linhagens dentro de cada desses domínios procarióticos; os supergrupos eucarióticos; e os filos animais. Em cada uma dessas conexões importantes na história da vida, os ‘tipos’ principais parecem surgir RAPIDAMENTE e PLENAMENTE equipados com as características de assinatura do respectivo novo nível de organização biológica. ‘GRAUS’ ou FORMAS INTERMEDIÁRIAS DIFERENTES ENTRE OS TIPOS NÃO SÃO DETECTÁVEIS”. (Ênfase acrescentada). P. 87-88.

(MAGALHÃES, Francisco Mário Lima. Design Inteligente: A Metodologia de Convergências das Ciências Sob a Ótica da Criação. São Paulo: Reflexão, 2014). 

Bodie Hodge, Mestre e Bacharel em Engenharia Mecânica na Universidade do Sul de Illinois, a exemplo de Lisle, fala sobre o pepino que os ateus têm diante da imaterialidade das Leis da Lógica.

 “[...] a lógica não é uma entidade material, por isso ela se torna um problema para o ateísta materialista que nega o reino imaterial. De uma perspectiva materialista, o pensamento lógico é a mesma coisa que o pensamento ilógico – apenas uma reação química que ocorre dentro no cérebro. Assim, de um ponto de vista materialista, a percepção da lógica deve-se a um processo aleatório. [...] em uma visão de mundo puramente materialista, não há base para existir lógica nem verdade, uma vez que elas são imateriais”. P. 217.

É isso mesmo! Como disse no início, estou com eles na crença de que existe um Deus. Um ser superior que trouxe tudo à existência: o cosmos e a vida biológica. Algumas objeções que eles lançaram contra a Teoria da Evolução, acho que são válidas. Mas a avalanche de besteiras que escrevem, é de espantar!

Repetindo o que escrevi lá em cima, aqui vai uma lista básica do que ensinam:

Universo – surge há 6 mil anos;

Humanidade – surgiu há 6 mil anos;

Todos os animais e plantas - surgiu há 6 mil anos;

Homens e dinossauros - foram contemporâneos;

Idiomas – surgem de uma hora pra outra na Torre de Babel;

Dilúvio de Noé – explica toda geologia do planeta.

Para defender todos esses pontos fazem uma mistura descarada e cara de pau de suposta ciência e teologia. Quando convém, usam a ciência, quando ela não pode lhes ser útil, invocam a Deus, e assim, vão construindo o seu “criacionismo científico”. Dessa maneira, convencem os incautos de suas igrejas.

Felizmente, grandes mentes cristãs protestantes, entre Teólogos, pastores, Filósofos e Historiadores, discordam veementemente deles.  

Fiquei impressionado com esse trecho:

“O ministério Answers in Genesis (AiG [Respostas em Gênesis]) afirma continuamente que alguém pode ser cristão independentemente de sua posição em relação à idade da Terra ou evolução. Todavia, esses cristãos, como a AiG também indica, não estão sendo coerentes.” P. 212.

Um mínimo de bom senso pelo menos. Tiveram a decência de não condenar ao inferno, quem discorda deles. Ate quem é evolucionista pode ser cristão.

Um criacionista vendo essa postagem pode disparar: “Você ainda não refutou com provas nenhuma afirmação que os autores fazem nesse livro.” Respondo: E precisa? Eles não mostraram absolutamente nenhuma evidência concreta, apenas especulações fantasiosas. Até cristãos conservadores, como Norman Geisler, William Lane, Hugh Ross, Bruce Waltke, Timothy Keller, entre outros, já escreveram livros e artigos refutando-os. Boa retórica não prova nada.

Respondendo a pergunta que o título faz:

O criacionismo é verdade ou mito?

O criacionismo defendido pelo Ham e seus coleguinhas é MITO.