Uma guerra civil truculenta arrasta-se na
Síria desde 2011. O presidente é um péssimo líder. Tirano e incompetente. Daí surgiram
muitos grupos e facções islâmicas que o querem foram do poder.
“Diferentes grupos
islâmicos lutam, desde março de 2011 contra o governo de Assad e também entre
si. Os grupos recebem apoio estrangeiro, com isso, a guerra se tornou uma
guerra crescente, que envolve indiretamente outros países. Muitos lugares já
foram devastados. [...] Muitos cristãos também foram atingidos. [...] Algumas
áreas já estão sob controle islâmico.”
Nesta celeuma política, quem mais sofre,
naturalmente, são os civis cristãos, muçulmanos... Os traumas e resultados da
guerra são os mais macabros e diversificados possíveis: depressão, estresse
pós-traumático, mutilados, muita fome, desabrigados, errantes e mortes, muitas
mortes.
Rana é uma seguidora de Jesus que resiste
as investidas da guerra, fazendo o seu trabalho de caridade cristã. Ela diz:
“Nossas raízes
cristãs na Síria remontam ao tempo de Jesus. Nós convivíamos em paz com outros
grupos e outras religiões. Nunca nos sentimos isolados, de uma certa forma,
vivíamos livres. Nós podíamos realizar cultos, visitar a comunidade, construir
igrejas, realizar algumas festas e eventos. Morávamos em paz juntos e cooperávamos uns com
os outros; nós trabalhávamos juntos e íamos juntos à escola. Nunca nos sentimos
como em outros países, onde os cristãos são chamados de infiéis que não
acreditam num único Deus. Nunca nos sentimos assim na Síria. A religião não era
um problema.”
Diante de dias e mais dias assustadores,
com bombas, mísseis e explosões constantes, Rana teve depressão.
“Hoje, a depressão
é um grande problema, especialmente para [as] mulheres. Eu mesma sofri disso
por muito tempo. Por isso, eu consigo me compadecer das mulheres que chegam
arrasadas e com medos em nossa igreja. Elas precisam de apoio. Eu sofri por muito
tempo com isso. Mas Deus não queria que eu ficasse totalmente para baixo. Ele
me recolocou na direção certa através do apoio de outras mulheres, através do
meu marido e também da minha igreja.”
A igreja de Rana apoia milhares de pessoas.
“Nós apoiamos 1.500
famílias somente em Damasco e mais 2.000 na região de Homs. Falamos aos membros
da nossa equipe, que eles não devem fazer distinção entre cristãos e
muçulmanos. Naturalmente que mais cristãos do que muçulmanos vêm à igreja em
busca de ajuda. Mas nós não negamos ajuda a nenhum muçulmano que nos peça. Nós distribuímos
pacotes de alimentos às famílias, cobertores e colchões para o inverno. [...]
Nós tentamos fazer o nossos melhor para ajudar.”
Ela não coloca os muçulmanos comuns no
mesmo pacote dos jihadistas:
“É claro que os
muçulmanos não são todos iguais. Nós temos que diferenciar os muçulmanos
normais dos jihadistas. Muçulmanos normais não aceitam os jihadistas, são
totalmente contra eles. Muitas famílias de refugiados nos contam como foram
ameaçadas pelos radicais. Elas precisaram deixar tudo e procurar lugares mais
seguros. Alguns não tiveram sorte e foram mortos. [...] Isso é a lei deles
[jihadistas] e a crença deles, eles não têm problema em matar cristãos. [...]
Esses jihadistas são totalmente novos em nosso país. Nós nunca tínhamos ouvido
falar deles antes. [...] É claro que nenhum cristão vai morar numa área
controlada por jihadistas, pois eles têm de seguir a lei islâmica, a sharia.
[...] Nenhum cristão consegue viver sob o poder dos jihadistas. Eles precisam
abandonar sua casa e seus pertences, e fugir para salvar sua vida.”