quarta-feira, 31 de maio de 2017

O Físico


Filme de primeira linha. História fantástica.

Idade Média, no século X na Inglaterra. Tempos sombrios para quem ficasse doente. A ciência médica era paupérrima, limitada, amadora e supersticiosa. Os barbeiros andarilhos (Médicos itinerantes) faziam coisas triviais, como arrancar dentes, decepar membros, usar sanguessugas.  Havia pouquíssimos conhecimentos sobre o corpo humano, sobre as doenças, suas causas e tratamentos.

Um barbeiro, por nome Bader, perambulava de cidade em cidade, oferecendo os seus serviços medicinais – ora fazendo algo de útil, ora dando golpes nos pobres doentes. Um garoto órfão junta-se a ele, passando a ser seu discípulo. O seu mestre quase fica cego, mas é curado por barbeiro judeu, que diz ter aprendido várias técnicas cirúrgicas com o melhor Físico (Médico) do planeta, que dá aulas no Oriente, a cerca de um ano de viagem da Inglaterra.

Rob, o protagonista do filme e pupilo do barbeiro pilantra, resolve ir estudar com Ibn Sina, o grande Professor que “tudo” cura. Converte-se malandramente em judeu, visto que na Pérsia, lugar para onde vai, cristãos não são tolerados de forma alguma. Depois de muito esforço e grandes dificuldades, consegue chegar em seu destino, sendo aceito para ouvir e aprender as técnicas do grande Físico.

Os problemas logo começam a aparecer. Primeiro, a peste negra que invade a cidade, trazida pelos seljúcidas, grupo de muçulmanos fanáticos e extremos, que não toleram os infiéis e nem os próprios seguidores do islã, que consideram relapsos. A peste negra causa muitas mortes, caos e alvoroço na cidade. Rob descobre que as pulgas alojadas nos ratos são as verdadeiras transmissoras da doença. Com esse novo conhecimento adquirido, ele, Ibin Sina, e seus colegas da escola de Medicina, conseguem acabar com a peste, pondo fim as mortes, que estavam acontecendo as dezenas todos os dias.

Rob ganha destaque diante de seu mentor, e questiona os ensinamentos engessados do próprio mestre. Sugere que os corpos sejam abertos, para que possam ser estudados. É aí, que a coisa complica. As três religiões monoteístas proíbem sob a pena de morte, a abertura de um corpo humano. Para eles, é o pecado da necromancia.

Nesse momento, não há como não associar o atraso medicinal e científico daquele momento histórico, ao fanatismo religioso. Teria o filme esse objetivo? Por causa de pudores metafísicos baseados em tradições puramente humanas, não se podia avançar nos conhecimentos médicos e, assim, melhorar a vida das pessoas. A religião frequentemente tem esse histórico negativo em suas páginas. O corpo humano só pôde ser explorado de fato, a partir do século XV, devidos as proibições ridículas da igreja católica, que até hoje continua a fazer discursos ilegítimos contra certas pesquisas e práticas médicas.

Rob pega escondido o corpo de um velho morto, abre-o e começa a anotar e desenhar o que vê. É preso e condenado a morte. O rei da cidade, livra-o. Quando os fanáticos seljúcidas estão para atacar a cidade e matar os infiéis, em conluio com um mulá (chefe espiritual muçulmano) que habita a cidade, o rei é acometido pela misteriosa “doença do lado”. Enfermidade que perpassa o filme do começo ao fim. Rob, Ibn Sina e um aluno judeu, graças ao conhecimento adquirido pela “necromancia” de Rob, extirpam a “doença do lado” do rei. Tal doença não é nada mais, nada menos, que a incômoda apendicite, que se não tratada logo, mediante uma cirurgia banal, leva a pessoa a morte.

De qualquer forma, os seljúcidas invadem a cidade e a tomam para si. O fanatismo e obscurantismo religioso, pelo menos nessa cidade, venceu. Rob foge e abre um próspero hospital em Londres.

É um ótimo filme, que pode trazer discussões amplas e importantes reflexões. 

Link dele completo no Youtube:

terça-feira, 30 de maio de 2017

Depois que o Pornô Acaba 2


“Você tem que sair do negócio antes que o negócio canse de você. E para muitas pessoas já vi o negócio se cansar delas antes mesmo delas estarem prontas, e isso é devastador.” – Lisa Ann, ex-atriz pornô.

Da década de 1970 pra cá, a indústria dos filmes pornográficos inundou o mercado, com todos os tipos de filmes, temas, variedades sexuais e fetiches. É até difícil pensar em algo que eles já não tenham feito. De filmes comuns, com penetração pênis-vagina, pênis-anus, a filmes verdadeiramente bizarros e nojentos. Não obstante, o foco de todos eles serem o sexo, a multiplicidade de práticas é gigante. Tudo para entreter os tarados de plantão.

Assim como no futebol, a carreira de atriz de filmes adultos não tem muita longevidade. A idade chega, o corpo com o passar dos anos, não é mais o mesmo. Como diz a citação acima, o negócio se cansa de certas atrizes, quando elas menos esperam. Para que o negócio, ou seja, os cafetões empresariais das produtoras de películas adultas, não descartem logo os pedaços de carne femininos contratados, muitas atrizes se poupam, pelo menos a princípio de fazerem sexo anal e/ou dupla penetração. As atrizes da velha guarda entrevistadas nesse documentário, se pouparam assim, para que tivessem uma vida longa nos sets de filmagens.

As atrizes que aparecem, vão desde os anos 1970, até anos recentes. Fizeram a festa de muitos marmanjos, punheteiros de plantão, que compravam ou alugavam as fitas VHS, para se matarem vendo as performances dessas lindas e apetitosas mulheres.  Algumas lamentam que o mundo pornô tenha mudado tanto. Na verdade, veem uma decadência sem precedentes no mercado, devido à internet, que joga tudo de graça para os usuários. Foi-se o tempo em que as atrizes eram bem remuneradas pelo árduo trabalho sexual.

Elas se arrependem de algo? Claro que sim. Mas nada fora do normal. Na mesma proporção que qualquer pessoa. Erraram, acertaram, fizeram merda, ganharam muito dinheiro, gastaram além do que podiam, umas foram mais sensatas, outras mais deslumbradas... Pode até existir pesquisas científicas que evidenciem que esse trabalho de exposição sexual traz problemas psicológicos sérios a quem se arrisca a trabalhar na área, mas pelo menos no documentário aqui, parece que todas as atrizes estão dentro do padrão de saúde psicológica. São felizes e infelizes do mesmo jeito que nós, seres humanos “normais”.

O objetivo não é julgá-las, mas ouvir suas histórias. Os puritanos por mais que odeiem esse ramo, têm que conviver com a realidade de que os filmes pornográficos são os mais vistos e apreciados.    

A contradição da indústria que é tão liberal e despudorada é que inúmeras vezes as atrizes tocaram na questão das filmagens inter-raciais, que muitas delas não fizeram. Ainda é tabu gravar cenas com pessoas negras. O racismo está presente até onde (em tese) ele não deveria estar. Uma atriz diz que não grava com negros - aí quando uma mulher dessa sofre preconceito e discriminação da sociedade, acha ruim e injusto. Vai entender o ser humano.

Depois que o Pornô Acaba 2 é um ótimo documentário.

Link para o resumo do primeiro:

Eu Sou Sun Mu


Moroso, parado, lento, enfadonho. Talvez reflita o que é a vida monótona e sofrida da parte norte da Coreia. Sun Mu é um desertor da Coreia do norte. Uma alma abastarda que conseguiu fugir do país, por um rio, chegando a China, e por sorte, durante uma semana, passando por todo o território chinês, passando pela Tailândia, chegou finalmente a terra da liberdade, a Coreia do Sul. Caso ele fosse descoberto como um desertor na China, seria deportado para a Coreia do Norte, visto que os dois países são nações amigas, socialistas e parceiras nos crimes contra a humanidade.

Sun Mu é um artista, um pintor, que retrata em suas pinturas e quadros, a realidade do que é a vida em seu país natal. Vida nada fácil e nada agradável. Vida de escravidão e submissão completa aos três ditadores comunistas/socialistas daquele país.

É um artista talentoso, que ainda no período em que esteve na Coreia do norte, já fazia suas pinturas e quadros, tudo dentro das regras impostas pelo governo norte-coreano. Ele conta que era/é estritamente proibido fazer quadros, ou pinturas do chefe do governo, o ditador. Numa certa ocasião, ele fez um desenho de Kim II-Sung, o primeiro ditador morto em 1994, que ainda hoje, os habitantes coreanos são obrigados a prestar-lhes reverências, adorações e homenagens. Sun Mu teve medo de ser pego e punido severamente pela blasfêmia de desenhá-lo. Felizmente não chegou ao conhecimento de ninguém, o infame desenho.

Sun Mu, agora livre, expõe sua arte pelo mundo, nas várias galerias que o convidam para expor o seu talentoso trabalho. Sua arte pode ser mostrada sem muitos problemas, como já foi, em exposições na Coreia do Sul, seu novo país, e noutras galerias de arte na Europa, por exemplo. Apesar dele preservar o seu rosto, sendo bastante discreto e cuidadoso, visto que nunca se sabe o que governo da Coreia do Norte pode aprontar.

Sun Mu recebe um inusitado convite para apresentar seus quadros na China, país nada amigável da liberdade, e conhecido por restringir criminosamente a autonomia de seus cidadãos. Ele aceita o perigoso convite. Os preparativos vão sendo feitos pelo seu contratante, um artista chinês, preocupado em divulgar em seu país, o que um “rebelde” norte-coreano tem a dizer através da pintura o que é o dia a dia de seu antigo país “abandonado”.

Os materiais vão chegando, a galeria aos poucos vai sendo toda decorada com os quadros de Sun Mu, os detalhes vão sendo discutidos e ajeitados. Um clima de tensão se instala entre o dono da galeria que convidou Sun Mu, e este. Ambos devem ser extremamente cautelosos. Estão preocupados, mas mesmo assim, resolvem ir em frente. Sabem que em Pequin, existem vários agentes da Coreia do Norte.

O dia D chega. A galeria é aberta ao grande público. Sun Mu está em Pequin com a sua mulher e suas duas lindas filhas pequenas. Teme por ele e por sua família. Não demora muito para que a galeria comece a causar um grande incômodo ao governo chinês. A galeria é fechada. As autoridades não chegaram a ver Sun Mu. O dono da galeria é coagido a prestar depoimentos por vários dias, e seu telefone é vigiado pela polícia.

O documentário tem um final feliz, no sentido de que Sun Mu não é pego, embora esse fosse um perigo real. E tomara que o dono da galeria não seja mais importunado pelo governo chinês. Na China basta você soltar um pum que não agrade aos governantes, para que seja feito de cobaia pelo Estado.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Livros Lidos (33)


Jesus é de fato o salvador? Os autores defendem que sim. Mostrarão que várias profecias referentes ao futuro messias se cumpriram na pessoa de Jesus, no século I. As profecias citadas e explicadas neste livro, foram todas reconhecidas pelos judeus da antiguidade como messiânicas. Os autores recorrem a Ciência da Probabilidade para enfatizar que é impossível essas profecias terem sido cumpridas numa só pessoa por mera coincidência.


Este livro é uma resposta aos neo-ateus que vêm fazendo um  burburinho enorme mundo a fora dizendo que Deus é uma ilusão, mito, lenda, consolo para os fracos e etc. Esperava uma refutação mais bem elaborada. zacharias enrola muito no início. Mas tem coisas aproveitáveis.


Uma defesa bem fraca do cristianismo. Nada comparada as apologias do Geisler, Craig...


Livro muito bom, escrito por um Filósofo católico. É uma crítica ao secularismo e dogmatismo naturalista da Universidade de Harvard. O título é sensacionalista. Não há debate nenhum entre Jesus e Sócrates. O título no original em inglês é Sócrates encontra Jesus. Numa ficção muito bem articulada, Sócrates aparece na Universidade de Harvard e passa frequentar as aulas de Teologia dela. Tem contato com a história de Jesus e passa a fazer sérios questionamentos a teologia liberal do curso teológico.  


Livro introdutório para quem quer defender o cristianismo. O capítulo sobre A Crítica de Hume sobre a Causalidade e a Confiabilidade Básica do Senso de Percepção foi-me muito útil. Sprool ainda fala sobre a Lei da Não Contradição, Niilismo, Positivismo Lógico, Paradoxo, Causalidade, Mistério, Teologia Natural e etc. 

Livros Lidos (32)


O nazismo tinha uma estreita conexão com o ocultismo. A própria suástica, símbolo do partido nazista está vinculada as religiões pagãs. Centros budistas e hinduístas já usavam o infame símbolo. Houve uma substituição de Deus, sendo colocado Hitler em seu lugar. Não foram poucos os alemães que adoraram, idolatraram e consideraram Hitler como o Soberano. Neste livro vão sendo ligados os pontos que conectam o nazismo ao misticismo da nova era.


É claro que os autores são violentamente contra o aborto. Bíblia e Ciência são chamados a apoiar o seu ponto de vista, de que o aborto não deve ser uma opção para as mães. Segundo eles é assassinato; é pecado; é atentar contra a vida de um inocente indefeso. Ponto final.


Outro livro sobre o aborto. Nenhuma argumentação fora do padrão. Tudo bem trivial e incompleto.


Pensava eu que esse livro defenderia a malandragem da cobrança dos dízimos. Contrariamente, o autor mostra-nos que essa cobrança descarada está completamente fora do ensino da Bíblia e apela para a história dos primórdios do Cristianismo para evidenciar que a taxação do dízimo não era prática nos primeiros séculos da igreja.


Rob Bell, um conhecido evangélico norte-americano andou dizendo coisas sobre o inferno que não condizem com o ensinamento tradicional cristão sobre ele. Os autores escreveram Apagando o Inferno para refutar as suas declarações pouco ortodoxas. Curiosamente os autores rompem com a visão tradicional de como será a punição dos infiéis. Sempre ouvimos que os suplícios sofridos pelos rebeldes será numa fornalha que não se apaga nunca. Porém, eles reinterpretam os textos da Bíblia para afirmar que as chamas do inferno não serão literais.  

Livros Lidos (31)


Mais uma carrada de histórias inverossímeis e descabidas, contadas por esse casal. Mas evangélico pentecostal/neopentecostal é um bicho supersticioso ao extremo. Esse tipo de livro é venda na certa.


Umas das crendices existentes no meio pentecostal/neopentecostal é a crença de que maldições podem ser passadas pelos nos antepassados. O capeta inoportuno passa a encher o saco dos filhos, netos, bisnetos... Para se livrar, obviamente, Emerich tem a solução. Ao contrário dos vários livros sem embasamento bíblico-teórico escritos para defender a realidade das maldições hereditárias, Heranças do Passado é uma baita pesquisa exegética bem escrita e bem persuasiva. Emerich é habilidoso. Sabe dialogar academicamente sobre o tema, tendo destreza sobre sua apologia das maldições.


Outro que li que é pura besteira. Tudo é o demônio. Ele é um ser onipresente. Esse tipo de livro é um câncer no mercado editorial.


Neste livreto, o autor passa-nos um panorama de quem é o chifrudo. Livro simples, objetivo. Só lembrando que a figura de Satã não é muito bem desenvolvida no Antigo Testamento.


Outra modalidade de crença sobre espíritos malignos é que certas regiões geográficas podem ser habitadas por demônios específicos. Cemitérios, casas, florestas, montanhas... Alguns textos bíblicos pauperrimamente interpretados e histórias inverificáveis são a sustentação a essa crendice.     

Livros Lidos (30)



McLaren foi bastante criticado nos últimos anos por propor um evangelho relativista e pós-moderno. Há cerca de 9/10 anos, ele relativizou a homossexualidade, pois tinha dúvidas se ela era pecado ou não. Sua dúvida acabou quando casou o seu filho gay com outro homem. Nem lembro muito bem do que fala este aqui. Só sei quando o li pensei: Que amontoado de confusão é esse! Muito confuso tudo que ele escreve. Ele mesmo reconhece isso. Não que os livros dos auto-proclamados ortodoxos também não o sejam muitas vezes.


O sistema dispensacionalista de hermenêutica da Bíblia é um dos mais bem sucedidos métodos de interpretação, no sentido de que é a linha majoritária no meio evangélico. Naturalmente, essa hegemonia suscitará fúria e críticas dos que não acreditam nessa linha de raciocínio. Pink ataca sem dó o dispensacionalismo, ou um espantalho dele.


Geralmente dizemos que Deus tem três atributos básicos. Onipresença, Onipotência e Onisciência. Este último (a Onipotência de certo modo, também) é reformulado pela Teologia Relacional, que diz que Deus não sabe exaustivamente o que acontecerá no futuro. Seria a versão tupiniquim do Teísmo Aberto, criado nos EUA. Gondim foi (e é) o grande proponente dessa teologia no Brasil. Nicodemus, um calvinista, logicamente repudia essa visão, visto que acredita que Deus determina tudo ativamente.


Peter Wagner é um dos grandes caciques da superstição evangélica norte-americana. Ensina um monte de besteiras sobre demônios, batalha espiritual e etc. O cara é loucão mesmo. Mas Humildade é um bom livro. A humildade é uma das virtudes mais difíceis de adquirirmos.


Palma é um dos maiores eruditos pentecostais. Neste livro, ele faz uma análise da controversa doutrina do batismo no Espírito Santo. Essa doutrina enfatiza o falar em línguas desconhecidas, como dádiva concedida por Deus, ao cristão que busca essa fonte de poder. Muitos eruditos evangélicos e católicos repudiam a interpretação pentecostal.   

domingo, 28 de maio de 2017

Livros Lidos (29)


Flew foi considerado o maior Filósofo ateu do século passado. Mas a coisa mudou. Depois de mais de 50 anos de reflexões filosóficas e científicas, ele finalmente veio a crer na existência de Deus. O Deus cristão? Não necessariamente. Ele virou uma espécie de deísta. No entanto, essa reviravolta causou um frisson enorme no meio acadêmico. A fúria de muitos ateus proeminentes, como Richard Dawkins, por exemplo. Dawkins até disse que Flew estava senil e, que por isso, chegou ao disparate de mudar de visão, depois de tantos anos militando contra a existência de Deus. Acusações de senilidade a parte, o fato é que o livro está aí. Nele, Flew revela o porquê da mudança. Se fosse o contrário, é claro que, os cristãos de um modo geral, entrariam em fúria contra o desertor da fé. É assim mesmo.


Jesus era um louco, um mentiroso ou o salvador? Para o apologista McDowell, baseado nessa tríade de C. S. Lewis, Jesus só pode ter sido uma dessas três opções. Neste livro, ele irá argumentar fortemente em favor da messianidade de Jesus, lançando vários argumentos pró-cristianismo e respondendo as objeções contra a historicidade da ressurreição física de Cristo, apoiando-se em estudiosos escolhidos a dedo, que ele não é besta, para “provar” o que deseja.  Tudo bem, em maior ou menor grau, todos fazemos isso.


Três figuras proeminentes do cristianismo protestante do século XX são biografadas, mostrando os seus caminhos até a fé cristã. C. S. Lewis, de longe o mais conhecido e importante; Charles Colson, importante apologista e com um ministério na restauração de prisioneiros; e o próprio autor do livro, que nos conta como ele veio ao cristianismo.


Hunt escreveu esse livro no formato de perguntas e respostas que incomodam e lançam dúvidas sobre a fé cristã. Olha, quando li esse livro em 2008, o capítulo que mais gostei, foi o capítulo sobre oração. Talvez se o lesse novamente, eu já não tenha a mesma impressão. O livro tem os seus méritos.


Hunt é conhecido por escrever livros longos e bem documentados, apesar de seus extremismos e idolatria pela nação de Israel. Este Um Apelo à Razão..., ele escreveu com muita preguiça, só pode. Livro fraco. Entretanto, quando o li, uma citação que ele faz, me chamou atenção. Um discurso do respeitado Paleontólogo Collin Paterson, em 1981, onde ele parece ser completamente cético a Teoria da Evolução. Mandei essa citação para um evolucionista conhecido na web, e ele me mandou um texto em inglês do TalkOrigins, explicando a distorção que os criacionistas fazem dessa palestra do Paterson.   

sexta-feira, 26 de maio de 2017

A Intolerância da Tolerância


CARSON, Donald. A Intolerância da Tolerância. São Paulo: Cultura Cristã, 2013.

"Longe de promover a paz, a nova tolerância está se tornando cada vez mais intolerante, fomentando a miopia moral, provando ser incapaz de engajar-se em discussões sérias e competentes sobre a verdade, deixando males pessoais e sociais inflamarem e permanecendo cega às percepções políticas e internacionais do nosso perfil cultural tolerante." P. 140.

Carson denuncia a (nova) tolerância como basicamente intolerante e incoerente. Para a (nova) tolerância, todas as ideias e ideologias se equiparam no mesmo nível. Portanto, ninguém pode abrir a boca e dizer que o outro está errado. As pessoas são sensíveis demais, podem se ofender. Naturalmente como Teólogo que é, ele leva esse problema para o campo da religião.

Podemos dizer que o islamismo, por exemplo, é uma religião e visão de mundo equivocada? Até podemos. Mas em certos círculos, onde a (verdadeira) tolerância deveria ser a mediadora no conflito de ideias, afirmar coisas contra Maomé, contra o Alcorão, pode jogar a vida acadêmica do Professor ou do estudante para o saco, sob a acusação de intolerância caso façam tal afirmação.

A coisa se inverteu. Em nome da tolerância (falsa tolerância, diga-se de passagem), na verdade o que tem prevalecido é a intolerância. Reformularam de tal modo o conceito de tolerância, que este perdeu o antigo e verdadeiro sentido.

A antiga ideia de Tolerância pode se resumir na frase erroneamente atribuída a Voltaire: "Posso discordar do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de poder dizê-lo."

Agora o novo conceito é: "Você não pode dizer que a cultura árabe (ou qualquer outra cultura, religião...) está errada, visto que isso se caracteriza como ofensa e intolerância para com eles. Em nome da tolerância não toleramos que você abra a boca para afirmar que os outros estão errados. Você está sendo desrespeitoso."

Para quem pensa que isso é bobagem, Carson enumera vários exemplos recentes de cerceamento de opinião nas várias instâncias da sociedade de seu pais, os EUA e da Inglaterra. Tristemente as Universidades estão se tornando em antros de intolerância, que impendem o diálogo sincero de ideias.

É o pós-modernismo em ação, com a sua negação dos valores; da verdade; das metanarrativas...

É legítimo termos convicção de que nossa religião é a melhor

"Não há nada de errado em acreditar que sua religião monoteísta é a melhor, contanto que você viva de acordo com uma conduta moral e deixe que os outros pensem que a religião deles é a melhor." P. 18.

A Crença nos Absolutos atacada 

“A Declaração de Princípios sobre a Tolerância (1995) das Nações Unidas afirma: ‘A tolerância (...) envolve a rejeição do dogmatismo e do absolutismo’. Mas por quê? Uma pessoa não pode afirmar que determinado dogma seja correto, sustentando-o de modo absoluto e, ao mesmo tempo, insistir que os outros tenham o direito de sustentar opiniões conflitantes como dogmaticamente verdadeiras? Na verdade, a afirmação ‘A tolerância (...) envolve a rejeição do dogmatismo e do absolutismo’ não soa, de certo modo, um tanto dogmática e absoluta?

Thomas A. Helmbock, vice-presidente executivo da fraternidade norte-americana Lambda Chi Alpha, escreve: ‘A definição da nova tolerância é que todas as crenças, todos os valores, todos os estilos de vida e todas as percepções de afirmações sobre a verdade dos indivíduos são iguais (...) Não há hierarquia da verdade. Suas crenças e minhas crenças são iguais e qualquer verdade é relativa’. Se, porém, a nova tolerância considera todos os valores e todas as crenças como posições dignas de respeito, podemos razoavelmente nos perguntar se isso inclui o nazismo, o stalinismo e o sacrifício infantil - ou as respectivas posições do Ku Klux Klan e de muitos outros grupos de supremacia racial.” P. 22.

A Universidade e sua Intolerância

“[...] algo muito interessante é o modo como as universidades, historicamente os baluartes da liberdade de expressão e de pensamento, têm, em nome da tolerância, demonstrado uma intolerância impressionante”. P. 38. 

Tolerância e Intolerância é algo intrínseco as todas as culturas

"Toda cultura e toda era necessariamente mostra certa tolerância e certa intolerância. Nenhuma cultura pode ser tolerante ou intolerante com tudo: é simplesmente impossível. Uma cultura que tolera o genocídio (por exemplo, os nazistas) não tolerará, digamos, os judeus a quem deseja exterminar ou a prática homossexual. Uma cultura que tolera quase todos os tipos de relacionamentos sexuais poderá, no entanto, rejeitar, por exemplo, o estupro ou a pedofilia ou, em muitos casos, a bigamia e a poligamia". P. 53.

A Intolerância dos muçulmanos 

“É importante notar que, na maior parte dos países muçulmanos, e certamente onde quer que a sharia seja aplicada, os não muçulmanos podem se converter ao islamismo, mas muçulmanos não podem se converter a nada. Sempre haverá sanções e, nos casos mais rigorosos, a punição é a morte. A afirmação de que o islamismo em seu cerne é uma religião de paz e tolerância não se sustenta muito bem se uma pessoa aplicar este simples teste duplo: (a) Os membros do ummah, o povo muçulmano, são livres para se converter a outra religião sem temer punições? (b) Os membros de qualquer religião ou não religião propagam suas crenças [em países muçulmanos] de modo tão aberto como os muçulmanos o fazem?” P. 73.

“De modo mais geral, quando líderes mundiais temem a violência, atentados à bomba e homicídios generalizados por causa da perspectiva da queima de uma cópia do Alcorão, mas não temem que haverá violência, atentados à bomba e homicídios generalizados por causa da perspectiva da queima de uma cópia da Bíblia, o que isso lhe diz sobre os níveis de tolerância dessas duas religiões?” P. 74.

A Intolerância para com os judeus

"Será que precisamos ressaltar que o antissemitismo na Europa está tendo um retorno terrível e impressionante? O número de judeus agredidos (principalmente se estiverem usando solidéus ou são identificáveis de outra forma) e o número de sinagogas danificadas e, ocasionalmente, destruídas, tem aumentado significativamente. O Congresso Judaico Mundial afirma que hoje o antissemitismo na Europa é o mais acentuado desde 1945.

Alguns anos atrás, um grupo de nações da União Européia mostrou que cerca de 60% dos europeus acham que Israel é a maior ameaça para a paz mundial - não a Coreia do Norte, não o Sudão, nem o Irã. Isso resulta da confluência de fontes altamente diversificadas: o racismo ressurgente de estilo nazista da extrema direita, o antissemitismo econômico e político da extrema esquerda (Israel e os Estados Unidos como o inimigo comum) e o ódio religioso dos judeus encontrado entre boa parte da população muçulmana europeia crescente". P. 90-91.

A Tolerância não vem só do secularismo

“O mito não é que as pessoas seculares possam ser tolerantes, pois muitas vezes o são. O mito da tolerância secular é que a tolerância vem naturalmente à pessoa secular; enquanto a intolerância vem naturalmente à pessoa religiosa. O mito sugere que, devido à sua virtude de ser secular, a pessoa esteja, de alguma forma, imune à tentação de difamar e perseguir o 'outro'. Isso é um mito, no sentido vulgar de que é uma crença sustentada com frequência e sem fundação sólida; mas também é um mito no sentido técnico - um conto moral que apoia e alimenta a cultura e as crenças daqueles que o sustentam.” P. 95. - John Coffey, Professor de História Moderna na Universidade de Leicester, Inglaterra. 

"[...] o relatório 'Mapeando a Homofobia na Austrália', recentemente publicado pelo Austrália Institute, diz que 62% dos cristãos evangélicos são homofóbicos. Com base em quê? A pergunta feita às pessoas foi se elas concordavam ou não com a seguinte afirmação, 'Acredito que a homossexualidade seja imoral'. Caso concordassem, eram classificadas como homofóbicas. Em outras palavras, sem qualquer engajamento moral com as complexidades em torno da sexualidade humana, uma classe inteira de pessoas foi meramente rotulada com a vergonha suprema: intolerância". P. 132.

Liberdade de religião 

"Um extenso legado de reflexão argumenta que se a liberdade de religião é progressivamente aparada, é apenas uma questão de tempo para que a liberdade, concebida em sua forma mais abrangente, também seja progressivamente aparada. Não é por acaso que a liberdade de religião é muitas vezes chamada de primeira liberdade - não meramente em seqüência histórica, mas também em seu poder fundacional." P. 150.

A Tolerância dos cristãos

"[...] para sermos justos, se algum imã na Arábia Saudita queimasse a Bíblia, seria difícil imaginar grupos de cristãos em alguma parte do mundo procurando uma mesquita para botar fogo". P. 162.

Rejeitando o relativismo

"Temos - interpreto assim - razões boas, mas não infalíveis para nossas perspectivas; e outros, com crenças diferentes, pensam que têm razões boas, mas não infalíveis para suas perspectivas. E mesmo se alguns de nós tivermos perspectivas infalivelmente verdadeiras, não podemos convencer a todos desse fato. No entanto esse fato, o fato de que pluralismo epistemológico não nos leva, ou não deveria nos levar, a pensar que o ceticismo é verdadeiro ou mesmo que o relativismo, o primeiro primo do ceticismo, é verdadeiro." P. 168.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Livros Lidos (28)


Foi uma febre O Código Da Vinci, de Dan Brown. Depois de todo o frisson desse livro, começaram a aparecer no mercado editorial, outras obras dele. Inclusive, livros bem mais antigos. Não li O Código..., mas Ponto de Impacto, peguei de meu vizinho emprestado. E olha, adorei. Fiquei um pouco frustrado quando terminei ele. Queria mais. Li na época, um carinha que tinha dado seu parecer sobre Ponto de Impacto, e ele especulava que Dan Brown, esperto, escreveu o livro, já pensando numa futura adaptação para as telinhas do cinema. Acho que ele tem razão. Ponto de Impacto traz muita tecnologia, ação e o seu final é surpreendente. Uma história de tirar o fôlego. Vale a pena lê-lo.   


Este livro por mais que esteja desacreditado e tenha sido amplamente refutado, talvez seja o maior clássico da Ufologia do século XX. Impressionou-me a leitura dele, quando o li em 2007. Não tenho noção se todas as teses de Von Däniken foram devidamente refutadas. A despeito de ser considerado um bonachão pela comunidade acadêmica, ele ainda escreve, vende muito e sempre está dando seus pitacos em documentários sobre OVNIs na TV a cabo.


Uma maravilhosa ficção tendo como protagonista um dos Filósofos mais amados e odiados de todos os tempos. Tanto o livro como o filme são espetaculares. Vale o tempo gasto se debruçando neles. Esse também peguei de meu vizinho.


A Bíblia é a palavra de Deus? Se sim, ela não pode errar, certo? Precisa está isenta de erros de qualquer ordem, seja ele moral, científico, histórico e geográfico, não é mesmo? É exatamente isso que os escritores desse livro defendem. Cada capítulo foi escrito por um Teólogo protestante conservador, para defender a Bíblia como um livro perfeito. Ela é inerrante, segundo eles. Não contém erros de nenhuma espécie. Mas eles são rápidos em dizer que tal perfeição está contida apenas nos textos autógrafos, os manuscritos originais - textos que já se perderam há trocentos anos. Farão uma apologia abarcando várias áreas delicadas do texto bíblico, respondendo a questões linguísticas, arqueológicas, filosóficas e teológicas.


Archer foi um Teólogo com especialidade no Antigo Testamento que sabia falar quase trinta línguas. Um baita acadêmico. Sua enciclopédia tem a finalidade de corrigir muitos equívocos que geralmente se tem sobre os textos da Bíblia. Livro prático, porém, ele deixa a desejar em muitos temas abordados. Simplesmente não convence, apesar de toda a sua bagagem intelectual. Mas é sim, uma ótima obra. Vale a pena considerá-la. 

Livros Lidos (27)


Hanegraaf foi durante muitos anos presidente do Instituto Cristão de Pesquisas, instituição protestante norte-americana que tem por finalidade denunciar os erros, fanatismos, perigos e falcatruas das várias seitas e religiões que infestam aquele país. O próprio autor que lutou tanto contra os falsos ensinos, acabou aderindo as crenças que ele condenava. Neste ano, depois de flertar por cerca de uma década com a igreja católica ortodoxa, ele finalmente deixou o protestantismo para torna-se católico.

Mas quando ele escreveu esse livro, em 1996, estava longe de uma mudança tão drástica. O cristianismo evangélico estadunidense estava/está em crise, porque aderiu acriticamente os postulados da confissão positiva e da teologia da prosperidade. Milhares de igrejas agora ensinam que o verdadeiro servo de Deus, não pode ficar doente, e nem passar dificuldades financeiras. Fora outras aberrações teológicas.
Hanegraaf dá nomes aos bois, e não são poucos. Parece que eles apostaram entre eles, sobre quem ensinaria mais besteiras. Esse livro foi e é de salutar importância, apesar de seu autor atualmente ser tão sem noção quanto aqueles a quem criticou aqui.


Paulo Romeiro, pastor pentecostal, escreveu esse livro em 1995. É impressionante a quantidade de coisas bizarras que as igrejas evangélicas estavam ensinando naquela época. A coisa já estava muito feia. O engraçado é que são essas mesmas igrejas e povo que viviam criticando o catolicismo por este ser supersticioso.


Esse foi o terceiro livro de Romeiro abordando o tema da teologia da prosperidade em solo brasileiro. Fechando a trilogia com Super Crentes e Evangélicos em Crise. Um ótimo livro para quem entender um pouco do cenário pentecostal/neopentecostal em nosso país.


Primeiro livro que li sobre a teologia da prosperidade. Capa feia e que não chama nenhuma atenção. Mas o conteúdo é muito bom. Dificilmente um leitor honesto dará algum crédito as ideias propagadas pelos pregadores da riqueza e saúdes ilimitadas, depois que folheá-lo.


Uma onda que invadiu o meio evangélico brasileiro no final dos anos 1990 foi o tal do movimento G12, outra criação teológica maluca, porém, não veio da terra do tio Sam, mas sim, da América Latina, precisamente da Colômbia. Esse tal de G12 dividiu várias igrejas. Há troco de quê? De introduzir besteiras teológicas na cabecinha dos evangélicos. Esse livro, naturalmente é uma crítica a ele. Não é tão bem escrito, mas foi um dos primeiros textos a serem lançados contra o G12.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Livros Lidos (26)


Pense num circo de horrores. É este livro. Li num certo lugar, aqui na web, que um Psiquiatra aconselha as pessoas não lerem essa pérola de Rebecca Brown. Motivo? Várias pessoas ficaram com problemas psicológicos seríssimos, devido a leitura de Ele Veio Para Libertar Os Cativos. Posso dizer uma coisa com convicção: por mais que eu seja incrédulo ao conteúdo dessa obra, que considero mentirosa e fruto das loucuras e charlatanice da Brown, tenho plena empatia pelas pessoas crédulas - evangélicas bem bobinhas, diga-se de passagem, que o lerem. As páginas do livro têm o poder de impressionar quem vai lê-lo com mente já predisposta a acreditar. As superstições das igrejas pentecostais/neopentecostais, dos quais são a maioria dos leitores deste livro, já pavimentou o caminho para a aceitação dos absurdos ditos nele. É um conteúdo pesado, de fato, apesar de ridículo. A ideia que o livro passa é que o diabo e seus empregados têm um poder quase absoluto sobre tudo na vida. A natureza da realidade é está. Ontologia das mais precárias. Aí o crentelho que o lê, fica perturbado. Daria um assustador filme de terror.


Esse foi o segundo livro da Brown que li. Agora ela arranjou um comparsa para inventar mais mentiras. O livro é semelhante ao primeiro, aí de cima. Histórias e mais histórias que ela diz ter passado com as forças infernais. Felizmente muitas igrejas evangélicas não dão a mínima para o que ela diz. Eu dou. Aqui estou eu, escrevendo sobre essa merda.


Outro. Neste, ela começa falando sobre visões proféticas, que jura, que Deus lhe deu. Um ponto positivo é que num determinado capítulo, ela critica a teologia da prosperidade. Mas não compensa o caráter fantasioso e lendário de todo o resto.


Esse é hilário. Não que os outros também não sejam, para quem os lê como ficção, como os li. Mas olha as dicas da mulher e de seu marido. Ungir o seu computador com óleo de cozinha, caso não tenha o óleo ungido da igreja, para conter quaisquer avanços do diabo, que pode chegar na sua vida, pela web; o negócio é bloquear todos caminhos que o capeta possa usar para destruir a sua vida.


Esse aqui é antigo. Está no mercado editorial há bem mais tempo que os livros anteriores. Os autores relatam terem presenciando várias manifestações demoníacas, e defendem que a esquizofrenia é causada por espíritos malignos. Lasquem-se a Medicina e os estudos científicos. Uma das piores doenças mentais pode ser resolvida com orações de exorcismos.  

Refém do Diabo

Recentemente terminei um livro sobre os exorcismos do falecido padre Gabriele Amorth, a maior autoridade católica em expulsar o demônio das pessoas. Para não perder o costume, em complemento, temos neste documentário, a história do ex-jesuíta, o padre Malachi Martin, que descontente com os rumos do Concílio do Vaticano II, na década de 1960, vai para Nova Iorque, e nesta cidade, começa a escrever livros e fazer exorcismos. Ele já é morto, morreu em 1999. Mas deixou um legado para quem acredita que o diabo está mais vivo do que nunca e que está fazendo o seu trabalho de destruir vidas muito bem. Para conter o trabalho sórdido do inimigo de Deus e dos humanos é preciso estar preparado para expulsá-lo das pessoas que ele oprime e incorpora. Malachi Martin passou a sua vida ensinando que o diabo existe, o inferno existe, possessões existem. De acordo com ele, muitos, mas muitos padres mesmos, já não acreditam faz tempo, nessas coisas. Mas ele insiste: estão nas escrituras, Jesus falou delas.

Indo para o exorcismo propriamente dito: uma coisa facilmente percebida entre os exorcistas católicos é que eles dizem que suas sessões de exorcismos podem durar anos, meses, semanas, dias e horas com uma mesma pessoa. Dependendo do grau em que ela esteja envolvida com o mal, um exorcismo não adiantará muita coisa. Eles usam toda uma parafernália de objetos sagrados para auxiliá-los na hora de enfrentar o capeta. A água benta, crucifixos, livros com orações já prontas, estão entre os principais artefatos usados em seus rituais.

Em contraste, nas expulsões de espíritos malignos realizadas pelos pastores pentecostais, a coisa é bem mais simples, rápida e eficiente, caso o fiel cristão que irá expulsar o diabo, esteja em dia com Deus, mediante uma vida consagrada de oração, santificação e jejum. Se esses requisitos estiverem preenchidos, segundo eles, não há legião ou exército de demônios que resista, quando eles os expulsarem em nome Jesus. Dura minutos ou segundos, e a pessoa liberta, entregando a sua vida a Deus, não precisará de mais nenhuma sessão de exorcismo para obter sua cura total, pois já estará curada.

Percebe-se uma diferença gigante entre os dois grupos de soldados contra Lúcifer. O primeiro bem menos eficiente e moroso. O segundo, ágil e sem delongas em vencer o diabo. Em teoria, o grupo pentecostal parece estar numa maior sintonia com o que Jesus e os seus apóstolos realizaram no primeiro século. Não vemos nem Jesus e nem os seus discípulos demorando horas e até anos para libertarem as pessoas da possessão maligna, e pior, não há indicações de que os futuros exorcistas de eras posteriores teriam tantas dificuldades quanto os padres católicos têm para mandar os demônios para o quinto dos infernos.

Lendo o livro do Gabriele Amorth, vendo este e outros documentários produzidos sobre os exorcismos católicos, fica claro, que o demônio deita e rola com os padres e com as vítimas das quais estão possuindo, e que a coisa quase fica empatada, entre ele e Deus. Passa uma ideia de uma eterna luta entre o bem e o mal, em que nenhum no final das contas sairá vencedor. Sinceramente, é um deus fraco, o invocado pelos católicos.

Devo salientar que com isso, não estou legitimando e nem aplaudindo os supostos exorcismos praticados pelos pentecostais. Não lhes dou crédito. Apenas vejo uma discrepância enorme sobre o que Jesus e seus apóstolos fizeram e o que fazem hoje os padres com seus supostos enfrentamentos contra o mal.

Sou bastante cético em relação aos dois. Ambos os grupos já deram evidências de sobra do quanto representam muitas coisas tolas e imundas.

Com isso, não quero dizer que descarto a existência do mal. E nem descarto, que existam padres e pastores comprometidos que fazem trabalhos sérios de ajuda aos mais oprimidos. O demônio pode existir, mas não temos provas concretas dele e nem de sua atuação. Prefiro ficar mais alinhado com o ceticismo da comunidade médica e científica. Embora alguns, ou muitos desta comunidade já não sejam céticos quanto ao demônio, exatamente por passarem por sérias experiências que lhes deixaram sem outra alternativa. E há ainda a visão dos Parapsicólogos que dão uma visão alternativa aos fenômenos de possessão.

E pra não ficar só na crítica a igreja católica, ela é muitíssimo mais prudente que os evangélicos pentecostais, que adoram ver o demônio e sua atuação em quase tudo. O catolicismo tem muito mais cautela nessas questões, visto que dá muita importância ao que a Psiquiatria diz sobre doenças mentais. A igreja católica rejeita quase todos os casos de pessoas que lhes procuram dizendo que estão com o diabo no corpo, pois sabe que são pessoas que precisam apenas de tratamento psicológico e psiquiátrico. Pentecostais/neopentecostais, não, eles são apaixonados pelo chifrudo, adoram ter contato com ele. Eu também adoro: lendo e vendo documentários e filmes que falam dele.